Bíblia Católica na Divina Vontade – Gênesis 3

Bíblia
Bíblia Católica na Divina Vontade – Gênesis 3
Clique na barra abaixo para escutar em áudio
[tta_listen_btn]

Gênesis 3

Capítulo 3
TENTAÇÃO DE EVA PELA SERPENTE. QUEDA DE EVA E DE ADÃO. A SERPENTE AMALDIÇOADA. O PRIMEIRO HOMEM CONDENADO E’ LANÇADO FORA DO PARAÍSO.
1 É de saber que a serpente era o mais astuto de todos os animais da terra, que Deus tinha feito: e ela disse à mulher: Por que vos proibiu Deus que não comêsseis do fruto de tôdas as árvores do paraíso? (1) 2 Respondeu-lhe a mulher: Nós comemos dos frutos das árvores, que há no paraíso.
3 Mas do fruto da árvore, que está no meio do paraíso, Deus nos proibiu não comêssemos, nem a tocássemos, sob pena de morrermos.
4 Mas a serpente disse à mulher: Bem podeis estar seguros que não haveis de morrer:
5 porque Deus sabe que tanto que vós comerdes desse fruto, se abrirão vossos olhos; e vós sereis como  uns deuses pelo conhecimento, que tereis do bem e do mal.
6 A mulher, pois, vendo que o fruto daquela árvore era bom para se comer, e era formoso, e agradável à vista, tomou dele, e comeu, e deu a seu marido, que comeu do mesmo fruto como ela.
7 No mesmo ponto se lhes abriram os olhos, e ambos conheceram que estavam nus; e tendo cosido umas com outras, umas folhas de figueira, fizeram delas umas cintas.
8 E Adão, e sua mulher, como tivessem ouvido a voz do Senhor Deus, que andava pelo paraíso,,/ ao tempo que se levantava a viração depois do meio-dia, se esconderam da face do Senhor Deus entre as árvores do paraíso.
9 E o Senhor Deus chamou por Adão, e lhe disse:
Onde estás ?
10 Respondeu-lhe Adão: Como ouvi a tua voz no paraíso, e estava nu, tive medo e escondi-me.
11 Disse-lhe Deus: Donde soubeste tu que estavas nu, se não porque comeste do fruto da árvore, de que tinha ordenado que não comesses?
12 Respondeu Adão: A mulher que tu me deste por companheira, deu-me desse fruto, e eu comi dêle.
13 E o Senhor Deus disse para a mulher: Por que fizeste tu isto? Respondeu ela: A serpente me enganou, e eu comi. *
14 E o Senhor Deus disse à serpente: Pois que tu assim o fizeste, tu és maldita entre todos os animais e bestas da terra: tu andarás de rôjo sôbre o teu ventre, e comerás terra tod.os os dias da tua vida.
15 Eu porei inimizades entre ti, e a mulher; entre a tua posteridade e a sua dela. Ela te pisará a cabeça e tu procurarás mordê-la no calcanhar. (2)
16 Disse também à mulher: Eu multiplicarei os trabalhos dos teus partos. Tu parirás teus filhos em dor, e estarás debaixo do poder d.e teu marido, e êle te dominará.
17 A Adão porém disse: Pois que tu deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste do fruto da árvore, de que eu te tinha ordenado que não comesses; a terra será maldita por causa da tua obra: tu tirarás dela o teu sustento à fôrça de trabalho.
18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos: e tu terás por sustento as ervas da terra.
19 Tu comerás o teu pão no suor do teu rosto, até que te tornes na terra, de que fôste formado. Porque tu és pó, e em pó te hás de tornar.
20 E Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, por causa de que ela havia de ser a mãe de todos os viventes.
21 Fêz também o Senhor Deus a Adão, e a sua mulher, umas túnicas de peles, e os vestiu com elas.
22 E disse: Eis-aqui está feito Adão como um de nós, conhecendo o bem, e o mal. Mas agora, para que não suceda que êle lance a mão, e tome do fruto da árvore da vida e coma dêle, e viva eternamente;
23 o Senhor Deus o pôs fora do paraíso; para que cultivasse a terra, de que tinha sido formado.
24 E depois que o deitou fora do paraíso, pôs diante dêste lugar de delícias a um querubim com uma espada cintilante e versátil, para guardar a entrada da árvore da vida. (3)
(1) .SERPENTES — A serpente foi o demónio sob aquela figura para assim tentar Eva. “ Como os anjos conversavam com os homens, — escreve Bossuet nas Elevations, — – Eva não se surpreendeu,
nem estradou tão singular aparição”. Foi escolhida a forma da serpente, por causa da astúcia dêste réptil: “ Ela sabe, diz Chateaubriand, à maneira do homem manchado com sinais de homicida, despir a pele maculada de sangue, com mêdo que a conheçam (Genic du Christianisme). Os livros sagrados da Pérsia confirmam esta passagem do sagrado texto. Arimã, sob a forma de serpente, lança-se na terra para destruir os homens, como se lê no notável livro indu Zcnd Avesta.

(2) POREI INIMIZADES — Contém êste versículo a primeira profecia messiânica, a que os Santos Padres chamam Proto Evangelho, e com sobeja razão, porque é êste o primeiro anúncio da boa nova da redenção dos homens. E’ de advertir que a tradução da Vulgata não concorda com o original hebreu. A tradução diz Ela te pisará a cabeça, quando o original diz clc, conforme se yô em tôdas as paráfrases caldaicas, versões de Onkelos,
as sirfacas, a copta, a arménia, e o texto samaritano. Que êste texto se refere ao Messias, e que a mulher de quem Êste provirá
é a Virgem, dizem-no os concludentes textos de todos os Doutores e Santos Padres das Igrejas Latina e Grega, verdadeiros representantes da fé nos primeiros séculos. Os esforços dos modernos racionalistas Eichorn, Less, Dath, Hufnazel Strauss, etc.,
longe de surtirem efeito põem mais em relêvo a realidade do Proto Evangelho, resplandecendo, com tôdas as luzes, por entre as brilhantes refutações dos apologetas insignes e de altíssimo valor, como Meignam, Reinke, etc.

(3) QUERUBIM — Alguns dos escritores alemães, querem ver neste Querubim apenas um símbolo, uma Imagem sem realidade; porém, o texto não autoriza a tirar esta conclusão, (jltimamente nas ruínas de Nínive e de Persépolis foi encontrado um alto relêvo com a imagem do Querubim bíblico, em figura liumana, com quatro asas, o que demonstra vestígios duma primitiva tradição. Não sabemos o que tornava a espada cintilante.
(Vigouroux).

A desobediência do primeiro casal 3.1-24

Esta passagem mostra como o pecado entrou no mundo (Rm 5.12). Também ensina que o ser humano é responsável pelas suas ações e sofre as consequências quando desobedece ao mandamento de Deus (Gl 6.7-8). Ele não pode culpar os outros, nem mesmo o diabo.
3.1 A cobra. Ap 12.9; 20.2. esperta. Indicando um espírito malicioso, que leva a cobra a mentir (Jo 8.44). o Senhor. Ver Gn 2.4b, n. havia feito. Ver Gn 1.7, n.
3.3 árvore… no meio do jardim. Gn 2.9. Deus nos disse. Gn 2.17. nem tocar nela. Isso Deus não tinha dito.
3.4 Vocês não morrerão coisa nenhuma! A tática da cobra é levantar suspeitas e dúvidas a respeito do que Deus tinha dito (Gn 2.16-17).

3.5 os seus olhos se abrirão. Isto é, o homem e a mulher ficariam sabendo coisas que não sabiam antes. como Deus, conhecendo o bem e o mal. v. 22; ver Gn 2.9, n. como Deus. O texto hebraico também pode ser traduzido assim: “como os deuses”.

3.6 A mulher… comeu;… e ele também comeu. A tentação era ser como Deus (v. 5), mas o pecado foi mesmo a desobediência a Deus (Gn 2.16-17; Rm 5.12,14). Na forma original da narrativa em hebraico vemos o progresso da tentação detalhado de maneira muito mais viva do que em nossa versão. Com desejo despertado a mulher contempla a árvore. A fruta parece convidativa aos olhos e possivelmente era muito boa para comer. Todo o aspecto da árvore era lindo; e, além disso, havia a promessa feita a ela de que possuía a misteriosa faculdade de desenvolver seus poderes intelectuais. A essa influência combinada de seus sentidos externos e sua ambição interna, ela foi incapaz de oferecer aquela resistência que teria sido possível apenas por uma fé viva na palavra falada de Deus. Ela come, portanto, e dá ao marido – assim chamado aqui pela primeira vez – e ele come com ela.
3.7 os olhos dos dois se abriram. Em parte aconteceu o que a cobra tinha dito que aconteceria (v. 5). Só que a afirmação de que eles não morreriam (v. 4) era pura mentira (v. 19). perceberam que estavam nus. Ver Gn 2.25, n. Essa consciência de culpa veio sobre eles assim que quebraram o mandamento de Deus comendo do fruto proibido; e é evidente pela narrativa que eles comeram juntos; pois, de outra forma, Eva teria sido culpada de levar Adão ao pecado depois que seu entendimento foi iluminado para perceber as consequências de seu ato. Mas, evidentemente, seu ato não foi sem seu conhecimento e aprovação, e ele havia compartilhado, à sua maneira, sua ambição de alcançar o semelhante a Deus. Mas quão miseravelmente esse desejo orgulhoso foi frustrado! Seu aumento de conhecimento trouxe apenas vergonha.
3.8 E eles ouviram a voz do Senhor Deus andando no jardim. A escola prática de comentaristas entende por isso que houve uma tempestade, e o casal culpado ouvindo pela primeira vez o alvoroço da natureza, esconderam-se aterrorizados e interpretaram os poderosos repiques como significando sua condenação. Realmente está em admirável harmonia com toda a narrativa; e Jeová aparece aqui como o dono do Paraíso, e tomando nele Seu exercício diário; pois o verbo está na conjugação reflexiva e significa “andar por prazer”. O tempo é “o fresco (literalmente, o vento) do dia”, a hora em um clima quente quando a brisa da tarde se instala, e os homens, levantando-se de seu sono do meio-dia, saem para o trabalho ou recreação. Nesta descrição, a lição principal é que até então o homem vivia em íntima comunicação com Deus.

Esconderam-se da presença do Senhor Deus. Isso não implica uma aparência visível, pois toda a narrativa é antropomórfica. Os Padres, no entanto, viram nestas descrições a prova de uma encarnação anterior do Filho Divino (ver Nota em Gn 12:7). Em seguida, encontramos em sua conduta uma tentativa de escapar do resultado adicional do pecado. O primeiro resultado foi a vergonha, da qual o homem se esforçou para se libertar cobrindo sua pessoa; o segundo era o medo, e esse homem curaria se afastando ainda mais de Deus. Mas a voz de Jeová o alcança, e com repreensão e punição também dá cura e esperança.

3.10 ouvi a tua voz… e fiquei com medo porque estava nu. Além do sentimento de vergonha (ver Gn 2.25, n.), existe, agora, um sentimento de culpa, que leva os seres humanos a se esconderem um do outro (v. 7) e de Deus (v. 9).
3.12 A mulher que me deste. Adão está passando a culpa adiante. Segundo ele, o culpado, no final das contas, é Deus, que foi quem lhe deu a mulher.
3.13 A cobra me enganou. Também a mulher está passando a culpa adiante (2Co 11.3; 1Tm 2.14).
3.14 vai andar se arrastando pelo chão. Somente a cobra anda assim. comer o pó da terra Sinal de castigo e humilhação (Mq 7.17).
3.15 Esta esmagará a sua cabeça. Os cristãos entendem que esta afirmação tinha em vista o Messias, que viria para derrotar o Diabo (Rm 16.20; Hb 2.14; Ap 12.17).
3.14-15 À serpente. Como a serpente havia tentado nossos primeiros pais proposital e conscientemente para levá-los ao pecado, ele ficou ali sem desculpa e recebeu uma penalidade tripla. A forma externa da condenação é adequada à forma que o tentador assumiu; mas a verdadeira força e significado, especialmente na última e mais intensa parte da frase, pertencem, não ao animal, mas ao próprio Satanás. A serpente é apenas o tipo: agência diabólica a realidade. Primeiro, portanto, a serpente está condenada a rastejar. Como ele é declarado “amaldiçoado acima (ou melhor, entre) todo o gado” – isto é, os animais mansos submetidos ao serviço do homem – e também “entre todos os animais do campo” – isto é, os animais selvagens, mas um termo não aplicável a répteis – supõe-se que a serpente era originalmente ereta e bonita, e que Adão até domou serpentes e as teve em sua casa. Mas tal transformação pertence à região da fábula, e o significado é que, doravante, o movimento rastejante da serpente deve ser para ela uma marca de desgraça, e para Satanás um sinal de mesquinhez e desprezo. Ele conquistou a vitória sobre nossos inocentes primeiros pais, e ainda assim ele entra e sai entre os homens, sempre trazendo degradação com ele, e sempre afundando com suas vítimas em abismos mais profundos de vergonha e infâmia. No entanto, mesmo assim, perpetuamente ele sofre derrota e, em segundo lugar, tem que “lamber o pó”, porque seus dispositivos mesquinhos levam, como neste lugar, apenas à manifestação da glória de Deus.
Sua semente… ferirá a cabeça. Temos aqui a soma de todo o assunto, e o resto da Bíblia apenas explica a natureza dessa luta, as pessoas que a travam e a maneira e as consequências da vitória. Aqui também aprendemos o fim e o propósito para o qual a narrativa é lançada em sua forma atual. Representa para nós, homem, uma relação íntima e amorosa, não com uma divindade abstrata, mas com um Jeová pessoal e pactuado. Este Ser, com terno cuidado, planta para ele um jardim, reúne nele o que há de mais raro e belo na vegetação e, tendo-o dado a ele para sua casa, até digna-se à tarde a caminhar com ele até lá. No cuidado deste jardim, Ele fornece a Adão um emprego agradável e observa o desenvolvimento de seu intelecto com tanto interesse quanto um pai sente no crescimento mental de seu filho. Dia a dia Ele traz novos animais à sua vista; e quando, depois de estudar seus hábitos, ele lhes dá nomes, a Divindade compartilha o prazer tranquilo do homem. E quando ele ainda sente um vazio e precisa de um companheiro que possa manter com ele um discurso racional, Jeová elabora para ele, a partir de si mesmo, um segundo ser, cuja presença satisfaz todos os seus anseios. Enquanto isso, de acordo com a lei universal que de mãos dadas com o livre-arbítrio vai a responsabilidade, uma prova fácil e simples está prevista para a obediência do homem. Ele falha, e daí em diante ele deve travar um conflito mais severo, e alcançar a vitória apenas por esforço e sofrimento. Nesta luta, o homem deve finalmente prevalecer, mas não ileso. E seu triunfo deve ser obtido não pela mera força humana, mas pela vinda daquele que é “a semente da mulher”; e em torno deste prometido Libertador se agrupa o restante da Escritura. Deixe de fora essas palavras, e todo o ensino inspirado que se segue seria um rio cada vez maior sem uma fonte. Mas necessariamente com a queda veio a promessa de restauração. A graça não é uma reflexão tardia, mas entra no mundo lado a lado com o pecado. Sobre este fundamento é construído o restante da Sagrada Escritura, até que a revelação finalmente alcance sua pedra angular em Cristo. A forma externa da narrativa oferece infindáveis ​​assuntos para discussão curiosa; seu significado interno e verdadeiro objetivo é estabelecer a base ampla de toda a verdade futura revelada.
No que diz respeito à leitura da Vulgata e de alguns dos Padres, ipsa conteret, “ela machucará”, não apenas o pronome masculino no hebraico, mas também o verbo. Este também é o caso do siríaco, em que a língua também os verbos têm gêneros. Muito provavelmente, uma edição crítica da Vulgata restauraria até lá ipse conteret, “ele machucará”.
Como uma grande proporção das palavras usadas em Gênesis, o verbo é raro, sendo encontrado apenas duas vezes em outras partes das Escrituras. Em Jó 9:17 o significado parece claramente ser quebrar, mas em Sl 139:11, onde, no entanto, J a leitura é incerta, o sentido exigido é cobrir ou velar, embora o Dr. Kay traduza oprimir. Algumas versões neste lugar o traduzem observar; e a Vulgata dá duas traduções, a saber: “Ela ferirá tua cabeça, e tu ficarás de emboscada para (seu ou ela) calcanhar” (gênero não marcado – calcaneo ejus). A tradução da Versão Autorizada pode ser considerada correta, apesar de não ser totalmente aplicável ao ataque de uma serpente natural no calcanhar de um viajante.
3.16 Vou aumentar o seu sofrimento na gravidez. A desobediência da mulher trouxe, por assim dizer, consequências apenas para as mulheres. A desobediência do homem trouxe maldição a toda a terra (vs. 17-19). o seu marido… a dominará. Ef 5.22-24; Cl 3.18; 1Tm 2.12; 1Pe 3.1; também 1Co 11.11-12; Gl 3.28.
3.17 Adão. A palavra hebraica adam pode significar “seres humanos” (Gn 1.26), “homem” (Gn 2.7), e também “humanidade” (Gn 5.2). É também o nome do primeiro homem. eu o proibi. Deus tinha dado a ordem ao homem antes da criação da mulher (Gn 2.16-17). a terra será maldita. Hb 6.8. A desobediência de Adão resultou em castigo para toda a terra (ver v. 16, n.). trabalhar duramente. O trabalho não é castigo (Gn 2.15). No entanto, também foi afetado pela desobediência do primeiro casal.
3.20 Eva. A palavra hebraica para Eva (chawa) soa parecida com a palavra que quer dizer vida (chay).
3.21 roupas de peles de animais. Para substituir as tangas feitas de folhas de figueira (v. 7).
3.22 se tornou como um de nós. Ver Gn 1.26, n. conhece o bem e o mal. Ver Gn 2.9, n. árvore da vida. Ver Gn 2.9, n.
3.24 para que ninguém chegasse perto da árvore da vida. Por meio do último Adão, Jesus Cristo (1Co 15.45; Rm 5.12-21), Deus deixa que outro se chegue perto da árvore da vida.
27 de agosto de 1944.
5.7 Jesus diz:
– Surge e apressa-te pequena amiga. Tenho um desejo ardente de te levar Comigo para o azul paradisíaco da contemplação da Virgindade de
Maria. Sairás com a alma jovem como se tu também fosses criada há pouco pelo Pai, uma pequena Eva que ainda não conhece a carne. Sairás com o
espírito repleto de luz, porque tu mergulharás, na contemplação da obra prima de Deus. Sairás com todo o teu ser saturado de amor, porque
compreenderás como Deus sabe amar. Falar da concepção de Maria, a sem mácula, quer dizer mergulhar-se no azul, na luz, no amor.
5.8Vem e lê [11] as suas glórias no Livro do Avo: “Deus me possuiu no início de suas obras, desde o princípio, antes da criação. “Ab aeterno” fui
predeterminada no princípio. Antes que fosse feita a terra, ainda não existiam os abismos e eu já era concebida. Nem as nascentes das águas
transbordavam, nem os montes tinham-se erguido em suas grandes dimensões, nem as colinas eram cadeias montanhosas ao sol, e eu já tinha
sido gerada. Deus ainda não tinha feito a terra, os rios, e as bases do mundo, e eu era. Quando preparava os céus eu estava presente, quando com lei
imutável fechou sob a orla celeste o abismo, quando tornou estável no alto a abóbada celeste e suspendeu as fontes das águas, quando fixava ao mar os
seus confins e dava leis às águas de não passar os seus limites, quando assentava os fundamentos da terra, eu estava com Ele a dispor todas as
coisas. Sempre na alegria brincava diante Dele continuamente, brincava no universo…”. Aplicaram estas palavras à Sabedoria, mas na realidade elas
falam dela: a bela mãe, a santa mãe, a virgem mãe da Sabedoria, que sou Eu que te falo.5.9Eu quis que tu escrevesses o primeiro verso deste hino no início do livro que fala dela, para que fosse confessada e percebida a consolação e a
alegria de Deus; a razão do constante, perfeito, íntimo regozijo deste Deus uno e trino, que vos guia e ama, que do homem teve tantas razões de tristeza; a razão pela qual Deus perpetuou a raça, mesmo quando, à primeira prova[12] , merecia ser destruída; a ra zão do perdão que vocês tiveram.
Ter Maria que o amasse. Oh! bem merecia criar o homem, e deixá-lo viver, e decretar perdoá-lo, para ter a virgem bela, a virgem santa, a virgem
imaculada, a virgem enamorada, a filha dileta, a mãe puríssima, a esposa amorosa! Muito e mais ainda vos deu e vos daria Deus para poder possuir a
criatura das suas delícias, o sol do seu sol, a flor do seu jardim. E muito continua a dar-vos por ela, a pedido dela, pela alegria dela, porque a sua
alegria se derrama na alegria de Deus e a aumenta de esplendor que enche de faíscas a luz, a grande luz do Paraíso; cada centelha é uma graça para o
universo, para a raça do homem, para os próprios bem-aventurados, que respondem-lhes com um grito radiante de aleluia a cada geração de milagre
divino, criado pelo desejo do Deus Trino de ver o cintilante riso de alegria da Virgem.5.10Deus quer um rei no universo que Ele havia criado do nada. Um rei que, pela natureza da matéria, fosse o primeiro entre todas as criaturas
criadas e dotadas de matéria. Um rei que, pela natureza do espírito, fosse quase divino, fundido na Graça como no seu inocente primeiro dia. Mas a
Mente suprema, onde são notórios todos os acontecimentos mais distantes em séculos, cuja vista vê incessantemente tudo quanto era, é, e será,
enquanto contempla o passado e observa o presente, eis que aprofunda o olhar no último futuro sem ignorar a morte do último homem, sem confusão
nem descontinuidade, esta Mente nunca ignorou o rei criado por Ele, para estar ao seu lado, semidivino, no Céu, herdeiro do Pai. Ao entrar adulto no
seu reino, depois de ter vivido na casa da mãe, a terra com a qual foi feito, durante a sua infância de Eterno, na sua jornada sobre a terra, este rei teria
cometido contra si mesmo o delito de matar-se na Graça e o latrocínio de furtar-se do Céu.

Por que então o criara? Certamente muitos se perguntam isto. Teríeis preferido não existir? Este dia não merecia ser vivido, por si mesmo, tão
pobre, nu e amargo pela vossa maldade, mas para conhecer e admirar a Beleza infinita que a mão de Deus semeou no universo?

Para quem teria feito estes astros e planetas que deslizam como setas e flechas, riscando o arco do firmamento? Ou os aparentemente lentos,
majestosos na sua corrida como bólidos, presenteando-vos com luzes e estações como se fossem eternos, imutáveis, ainda que em contínua mudança,
oferecendo-vos uma página nova para ser lida sobre o azul, toda noite, todo mês, todo ano, quase como dizendo-vos: “Esquecei-vos do cárcere, deixai
as vossas gravuras repletas de coisas obscuras, podres, sujas venenosas, enganosas, blasfemadoras, corruptoras e elevai, ao menos com o olhar na
ilimitada liberdade dos firmamentos. Tende uma alma azul olhando tão grande serenidade, criai-vos uma reserva de luz, para levar à vossa prisão
escura. Lede a palavra que nós escrevemos cantando o nosso coro sideral mais harmonioso do que acompanhado por um órgão de catedral. A palavra
que nós escrevemos brilhando, a palavra que nós escrevemos amando, visto que sempre temos presente Aquele que nos quis dar a alegria de existir, e o amamos por nos ter dado este ser, este esplendor, este deslizar, este sermos livres e belos em meio ao azul suave, além do qual vemos um azul ainda
mais sublime, o Paraíso. E do qual cumprimos a segunda parte do preceito de amor amando a vós, o nosso próximo universal, amando-vos doando guia, luz, calor e beleza. Lede a palavra que nós dizemos, e é aquela sobre a qual regulamos o nosso canto, o nosso resplandecer, o nosso riso: Deus?”
Para quem teria feito aquele líquido azul, que é um espelho para o céu, um caminho para a terra, sorriso das águas, voz das ondas, palavra também
essa que como os sussurros de seda farfalhando, com risadinhas de crianças serenas, com suspiros de velhos que lembram e choram, com bofetões
violentos e com chifradas, mugidos e estrondos, sempre fala e diz: “Deus?”

O mar é para vós, como o céu e os astros. E com o mar, os lagos, os rios, os pântanos, os riachos e as nascentes puras, que servem a todos para vos
transportar, nutrir, dessedentar e purificar, e que vos servem, servindo o Criador, sem saírem para fora dos seus limites, afogando-vos, como
mereceis.
Para quem teria feito todas as inumeráveis famílias dos animais, como flores que voam cantando, os servos que correm, que trabalham, nutrem e
são recreação para vós, os reis?
Para quem teria feito todas as inumeráveis famílias das plantas, e das flores que parecem borboletas, que parecem jóias e passarinhos imóveis,
dos frutos que parecem os cofres de pedras preciosas, como tapetes para vossos pés, proteção para as vossas cabeças, recreação útil, alegria para a
vossa mente, membros, vista e olfato?

Para quem teria feito os minerais nas entranhas da terra, os sais dissolvidos nas fontes de águas geladas ou ferventes, as fontes sulfurosas, as
iodadas, as alcalinas? Não teria sido para que alguém gozasse de tudo, alguém que não era Deus, mas filho de Deus? O homem.
Para a alegria de Deus, para as necessidades de Deus, nada era preciso. Deus se basta a Si mesmo. Não tem que se contemplar para alegrar-se,
nutrir-se, viver e repousar. Tudo o que foi criado não aumentou um átomo a sua infinita alegria, sua beleza, seu poder. Mas tudo Ele fez pela sua criatura, que Ele quis colocar como rei na Sua obra: o homem.
Para ver tão grandes obras de Deus e por reconhecimento para com o seu poder, vale a pena viver. Como viventes deveis ser gratos. Deveríeis ter
sido gratos, mesmo se não tivésseis sido redimidos, hoje ou no fim dos séculos, porque não obstante tenhais sido os Primeiros, singularmente, sois
até hoje prevaricadores, soberbos, luxuriosos, homicidas. Mas Deus ainda vos concede sabor de gozar das belezas do universo e da bondade do
universo, e vos trata como se fosseis bons, filhos bons aos quais tudo é ensinado e concedido, a fim de tornar-lhes mais doce e sadia a vida. Quanto
sabeis, vós o sabeis pela luz que Deus vos deu. Tudo quanto descobris, vós o descobris porque Deus vô-lo indica no Bem. Porque os outros
conhecimentos e descobertas, que têm o sinal do mal, vêm do Mal supremo, satanás.

5.11A Mente suprema, que nada ignora, antes ainda que o homem existisse,  sabia que o homem, por si mesmo, teria sido um ladrão e um homicida. E, já que a Bondade eterna não tem limites, antes que acontecesse a Culpa, pensou no meio para anulá-la. E o meio seria: Eu. E o instrumento para fazer do meio um instrumento operante seria: Maria. Assim é que a virgem foi criada no Pensamento sublime de Deus.

5.12Todas as coisas foram criadas para Mim, Filho dileto do Pai. Eu, como Rei, deveria ter tido sob os meus pés de Rei divino tapetes e jóias
como nenhum palácio real jamais teve. Cantos, vozes, servos e ministros tão numerosos ao redor de minha pessoa que nenhum soberano jamais teve.
Flores, pedras preciosas, todo o sublime, o grandioso, o gentil, o minucioso, tudo o que é possível buscar no Pensamento de um Deus.
Mas Eu devia ser Carne, além de ser Espírito. Carne, para salvar a carne. Carne para sublimar a carne, levando-a para o Céu, muitos séculos
antes da hora. Porque a carne, habitada pelo espírito, é a obra-prima de Deus, e por ela, o Céu fora feito. Para ser Carne, eu tinha necessidade de
uma mãe. Para ser Deus, eu tinha necessidade de que meu Pai fosse Deus.

Eis que, então, Deus criou para Si uma esposa, e lhe disse: “Vem comigo. A meu lado, vê tudo quanto Eu faço pelo nosso Filho. Olha e jubila-te, virgem eterna, menina eterna, que o teu riso encha todo este empíreo, e dê aos anjos a nota inicial, e ensina ao Paraíso uma harmonia celeste. Eu olho
para ti. E te vejo como serás, ó mulher imaculada que, por enquanto, és apenas espírito, o espírito em que me deleito. Olho para ti, e dou o azul do
teu olhar ao mar e ao firmamento, a cor dos teus cabelos ao trigo, a tua candura ao lírio, o tom róseo à rosa, semelhante à tua pele de seda. Imito nas
pérolas os teus dentes graciosos; olhando tua boca, faço os doces morangos, ponho na voz rouxinóis às tuas notas, e na das rolinhas o teu pranto. Ainda lendo os teus futuros pensamentos, ouvindo as palpitações do teu coração, eu encontrei os modelos de arte para criar. Vem, minha Alegria! Habita os mundos para divertimento teu, enquanto fores a luz que se move em meu Pensamento, teus hão de ser os mundos pelo teu sorriso, tuas as belas formações das estrelas e o colar dos astros todos. Coloca a lua sob os teus pés gentis, cinge-te com o cinto de estrelas da Via Láctea. As estrelas e os planetas são para ti. Vem e diverte-te, vendo as flores que serão o divertimento do teu Menino, servindo de almofada para o Filho do teu ventre. Vem, e vê como se criam as ovelhas e os cordeiros, as águias e as pombas. Fica perto de mim, enquanto eu faço como uns vasos, os mares e os rios, enquanto ergo as montanhas e as enfeito com a neve e as florestas, enquanto semeio as searas, as árvores, as videiras, enquanto faço para ti a
oliveira, minha rainha de paz, para ti a videira, meu sarmento que levará o Cacho eucarístico. Corre, voa, jubila-te, ó minha beleza, e que o mundo
todo, que vai sendo criado de hora em hora, aprenda contigo a me amar, ó amorosa, e se torne mais bonito com o teu sorriso, ó mãe do meu Filho ,
rainha do meu Paraíso, amor do teu Deus.” Vendo o Erro, e olhando para a Sem Erro diz ainda: “Vem a Mim, tu que anulas a amargura da
desobediência, da ingratidão, da fornicação humana com satanás. Eu terei contigo a desforra sobre satanás”.

5.13Deus, Pai Criador, criara o homem e a mulher com uma lei de amor tão perfeita, que não podeis, nem ao menos compreender. E vós vos
enganais ao pensar como teria aparecido a raça humana, se o homem não o tivesse alcançado pelo ensinamento de satanás.
Olhai as plantas que produzem fruto e semente. Por acaso elas conseguem ter semente e fruto por meio de uma fornicação ou de uma
fecundação em cada cem encontros conjugais? Não. Da flor masculina sai o  pólen, guiado por um complexo de leis meteóricas e magnéticas, vai ao
ovário da flor feminina. Esta se abre, o recebe e produz. Não se suja e o rejeita depois, como vós fazeis, para poderdes gozar, no dia seguinte, da
mesma sensação. Depois de produzir não floresce, até a próxima estação e, quando floresce, é para reproduzir.

Olhai os animais. Todos. Já vistes algum animal, macho ou fêmea, ir um  ao outro para algum abraço estéril, ou só para algum encontro lascivo? Não.
De perto ou de longe, voando, rastejando, pulando ou correndo, eles vão, quando chega a hora, ao rito fecundativo, e não se subtraem a isso para
ficarem só no prazer, mas vão além, vão até às conseqüências sérias e santas, que conduzem à geração da prole, o único escopo que, no homem,
semideus pela origem da Graça que Eu restituí inteira, deveria fazê-lo aceitar a animalidade do ato necessário, uma vez que descestes um grau no
nível do animal.
Vós não fazeis como as plantas e os animais. Vós tivestes por mestre satanás, pois o escolhestes e o desejais. As obras que praticais são dignas
do mestre que quisestes ter. Mas, se tivésseis sido fiéis a Deus, teríeis  tido santamente, sem dor, a alegria de filhos, sem vos esgotardes em cópulas
obscenas, indignas, que os próprios animais não conhecem, os animais que não têm alma racional e espiritual.
Ao homem e à mulher, depravados por satanás, Deus quis opor o  Homem nascido de mulher tão purificada por Deus, a ponto de poder gerá-Lo sem relação com homem. Flor que gera flor, sem necessidade de semente, mas apenas com o beijo do Sol sobre o cálice inviolado do Lírio que é Maria.

5.14A desforra de Deus!
Solta os teus silvos de inveja, ó satanás, enquanto ela está nascendo. Esta menina te venceu! Antes que tu fosses o Rebelde, o Tortuoso, o
Corruptor, já estavas vencido, e ela é a tua vencedora. Mil exércitos alinhados nada podem contra o teu poder, e contra as tuas couraças caem as
armas das mãos dos homens, ó perene, e não há vento que possa dispersar o mau cheiro do teu hálito. No entanto, este calcanharzinho de criança, tão
rosado, que parece o interior de uma camélia também rosada, tão liso e tão macio que a seda é áspera comparado a ele, tão pequenino, que poderia
caber no cálice de uma tulipa e usá-la como sapatinho, eis que ele te pisa sem medo, e te confina em teu antro. Eis que só o seu vagido já te põe em
fuga, a ti que não tens medo dos exércitos. O hálito dela purifica o mundo do teu fedor. Estás derrotado. Só o nome dela, só o seu olhar, só a sua pureza já são uma lança, um fulgor de raio, uma enorme pedra que te transpassam, que te abatem, que te aprisionam no teu covil do inferno, ó Maldito, que tiraste a Deus a alegria de ser Pai de todos os homens criados.

Foi inútil, pois, teres corrompido os que haviam sido criados inocentes, levando-os a conhecer e a conceber sinuosidades da luxúria, privando Deus,
de ser o doador dos filhos, em suas diletas criaturas, dando-lhes regras que, se respeitadas, teriam mantido sobre a terra um equilíbrio entre os sexos e as  raças, capaz de evitar guerras entre os povos e desventuras entre famílias.
Obedecendo, teriam conhecido o amor. Só obedecendo, teriam conhecido e conservado o amor. Uma posse plena e tranqüila desta emanação de Deus, que do sobrenatural desce ao inferior, para que também a carne se alegre santamente, esta que está ligada ao espírito, criada por Aquele que criou o espírito.

Agora, o vosso amor, ó homens, os vossos amores o que são? Ou libidinagem vestida de amor, ou medo insanável de perder o amor do cônjuge, seja pela libidinagem própria, ou alheia. Já não estais mais seguros quanto à posse do coração do esposo ou da esposa, desde quando a libidinagem entrou neste mundo. Tremeis, chorais e tornais-vos loucos de ciúmes, até assassinos, às vezes, para vingar alguma traição, desesperados, ou então abúlicos e até dementes.
Eis o que fizeste, satanás, aos filhos de Deus. Estes, que corrompeste, teriam conhecido a alegria de ter filhos sem sentirem dor, a alegria de nascer
sem o medo de morrer. Mas agora estás vencido em uma mulher e por uma mulher. De agora em diante, quem a amar, tornará a ser de Deus, superando as tuas tentações, para poder imitar a sua pureza imaculada. De agora em diante, não mais podendo conceber sem dor, as mães a terão para o seu conforto. De agora em diante, as esposas a terão por guia e os moribundos por mãe, sendo doce para eles morrer sobre aquele seio, que é um escudo contra ti, oh Maldito, e proteção, diante do julgamento de Deus.Maria, minha cara interlocutora, viste o nascimento do Filho da virgem e o nascimento da virgem no Céu. Viste, pois, que para os sem culpa é desconhecido o castigo de dar a vida e também o sofrimento de dar-se à morte. Mas, se à inocentíssima mãe de Deus foi reservada a perfeição dos
dons celestes, a todos, que tivessem permanecido inocentes e filhos de Deus, teria sido possível gerar sem dor e morrer sem afã, por justiça de terem
sabido unir-se e conceber sem luxúria.
A sublime desforra de Deus sobre a vingança de satanás foi a de elevar a perfeição da criatura dileta a uma super-perfeição, capaz de anular, ao
menos nela, toda lembrança de humanidade, que fosse suscetível ao veneno de satanás, e para a qual, não de um casto abraço de homem, mas de um
divino amplexo, que empalidece o espírito num êxtase de Fogo, lhe teria vindo o Filho.5.15A virgindade da Virgem!…
Vem. Medita nesta virgindade profunda, que produz em quem a contempla vertigens de abismo! O que é a pobre virgindade forçada da
mulher que por nenhum homem foi desposada? É menos do que nada. O que é a virgindade daquela que quer ser virgem, para ser de Deus, mas sabe sê-lo só no corpo e não no espírito, no qual deixa entrar muitos pensamentos estranhos, acaricia e aceita as carícias de pensamentos humanos? Isto já
começa a ser uma máscara de virgindade, mas muito pouco ainda. O que é a virgindade de uma enclausurada, que vive só para Deus? É muito. Mas,
mesmo assim, ainda não é uma virgindade perfeita, se comparada com a virgindade da minha mãe.

Sempre existiu um enlace, até mesmo no mais santo. O enlace da origem, entre o espírito e a Culpa. Só o Batismo o desfaz. Mas, é como uma mulher
separada do marido pela morte, não restitui mais em si a virgindade total, como a virgindade dos nossos Primeiros, antes do Pecado. Uma cicatriz
permanece, e dói ao ser lembrada, e está sempre pronta para reabrir-se em ferida, como certas doenças que periodicamente voltam com seus vírus,
ainda mais ativos. Na virgem não fica esse sinal de um enlace dissolvido com a Culpa. Sua alma apresenta-se bonita e intacta, como quando estava na
mente do Pai, e reúne em Si todas as Graças.

É a virgem, a única, a perfeita, a completa, foi assim pensada, gerada, querida, coroada. É eternamente a virgem, o abismo da intocabilidade, da
pureza, da graça que se perde no Abismo do qual brotou: em Deus, intangibilidade, pureza e graça perfeitíssima.

Aí está a desforra do Deus Trino e Uno. Contra suas criaturas profanadas, Ele ergue esta Estrela de perfeição. Contra a curiosidade doentia, esta se esquiva, recompensada em poder amar somente a Deus. Contra a ciência do mal, esta sublime ignorante. Nela não existe somente a ignorância do que é um amor aviltado; não há também somente a ignorância do amor que Deus havia dado aos esposos. E ainda mais. Nela há a ignorância das concupiscências, herança do pecado. Nela há somente a sabedoria gélida, mas incandescente, do Amor divino. Fogo que protege de gelo a carne, para que se torne espelho transparente no altar onde um Deus desposa uma virgem, e não se avilta, porque sua Perfeição abraça aquela que, como convém a uma esposa, só em um ponto é inferior ao esposo, sendo-lhe sujeita por ser mulher, mas é sem mancha, como Ele.

17. A desobediência de Eva e a obediência de Maria.
5 de março de 1944.
17.1 Jesus diz:
– […][37] .
Não se lê no Gênesis [38] que Deus fez o homem para dominar tudo o que havia sobre a terra, ou seja, tudo, com exceção de Deus e dos seus ministros
angélicos? Não se lê que fez a mulher para ser companheira do homem na alegria e na dominação de todos os seres vivos? Não se lê que eles podiam
comer de tudo, menos da árvore da ciência do Bem e do Mal? Por quê? O que está sub-entendido nas palavras “para que domines”? O que está subentendido na árvore da ciência do Bem e do Mal? Nunca vos fizestes tais perguntas, vós que viveis perguntando tantas coisas inúteis, mas não indagam vossa alma a respeito das verdades celestes?

A vossa alma, se estivesse viva, vos responderia. Quando ela está na graça de Deus, está bem segura, como uma flor entre as mãos do vosso anjo.
Quando está na graça de Deus, é como uma flor beijada pelos raios do sol, borrifada por um orvalho do Espírito Santo, que a aquece e ilumina, que a
irriga e adorna com suas luzes celestes. Quantas verdades vos diria a vossa alma, se soubésseis conversar com ela, se a amásseis, como se ama alguém
que voz faz semelhantes a Deus, que também é Espírito. Que grande amiga teríeis, se amásseis a vossa alma, em vez de odiá-la, ao ponto de matá-la?
Que grande e sublime amiga com a qual poderíeis falar das coisas do céu, vós que gostais tanto de falar, e vos arruinais reciprocamente, com amizades
que, se não são indignas, pelo menos são quase sempre inúteis, transformando-se num vazio vão e nocivo de palavras, totalmente terrenas.

Não disse [39] Eu: “Quem me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada”? A alma no estado de graça
possui o amor, possuindo então Deus, ou seja, o Pai que mantém esta alma, o Filho que a ensina, o Espírito que a ilumina. Possui, portanto, o
Conhecimento, a Ciência, a Sabedoria. Possui a Luz. Pensai, então, nas conversações sublimes que vossa alma poderia entabular convosco. São os
diálogos que encheram os silêncios dos calabouços, das celas, dos ermos, dos aposentos dos enfermos santos. Souberam confortar os que estavam
encarcerados, à espera do martírio, os enclausurados por amor à busca da Verdade, os ermitãos ansiosos pelo conhecimento antecipado de Deus, os
enfermos pela suportação. Em suma, souberam ensinar o amor à cruz.

17.2Se soubésseis fazer perguntas à vossa alma, ela vos diria que o significado verdadeiro, exato, vasto como a criação, da palavra “domina” é
este: “O homem deve dominar tudo, em todos os estados: o estado inferior, que é o animal; o estado mediano, que é o moral e o estado superior, que é o espiritual. O homem usa os três estados[40] para atingir um único fim, que é possuir a Deus.” Merecer isto através deste férreo domínio, que subjuga as forças do eu, tornando-as escravas deste único objetivo: merecer a possessão de Deus. Vossa alma vos diria que Deus proibira o conhecimento do Bem e do Mal, porque o Bem tinha sido dado por Ele às suas criaturas gratuitamente, mas Ele desejava que o Mal vós não conhecêsseis, porque é um fruto doce ao paladar, mas que, descendo para o sangue, desperta uma febre que mata, produzindo uma tal ardência, que quanto mais se bebe daquele suco mentiroso, mais se tem sede dele.

17.3Vós me objetareis: “Então, por que o Mal foi colocado diante de nós?” Porque é uma força que nasceu por si mesma, como nascem certos
males monstruosos até nos corpos mais sadios. Lúcifer era um anjo, o mais belo dos anjos. Espírito perfeito, inferior somente a Deus. No entanto em seu ser luminoso nasceu uma sombra de soberba, que ele não tratou de dispersar, mas, ao contrário, procurou condensar, incubando-a. Dessa incubação, nasceu o Mal. Este existia, antes que o homem fosse criado. Deus havia precipitado o maldito incubador do Mal para fora do Paraíso, que tinha se maculado com este Mal. Não podendo mais sujar o Paraíso, o eterno incubador do Mal sujou a Terra.

17.4A planta metafórica quer demonstrar esta verdade. Deus tinha dito ao
homem e à mulher: “Vós conheceis todas as leis e os mistérios da criação.
Mas não queirais usurpar-me o direito de ser o Criador do homem. Para
propagar a raça humana, bastará o meu amor, que circulará entre vós, sem
libido de sensualidade, mas pelo impulso da caridade, que suscitará novos
Adãos. Tudo eu vos dou. Só me reservo este mistério da formação do
homem.”
17.5Satanás quis tirar esta virgindade intelectual do homem e, com sua
língua serpentina, aplacou, acariciando membros e olhos da Eva, fazendo
surgir neles reflexos e sagacidades, que antes não tinham, quando a malícia
não os tinha intoxicado ainda.
Ela “viu.” E quis experimentar. A carne foi despertada. Oh! se tivesse
chamado por Deus! Se tivesse corrido para ir dizer-lhe: “Pai, eu estou
doente. A Serpente me acariciou, e estou perturbada.” O Pai a teria
purificado, e curado com o seu hálito, que podia infundir-lhe novamente a
inocência, como lhe havia infundido a vida, fazendo-a esquecer-se do tóxico
da Serpente, colocando nela a repugnância por ela, como acontece com
aqueles que foram assaltados por algum mal, guardando uma instintiva
repugnância dele. Mas Eva não foi ao Pai. Ela voltou à Serpente. Aquela
sensação foi doce para ela: “Vendo que o fruto da árvore era bom para se
comer, bonito de se ver e agradável ao aspecto, foi apanhá-lo, e comeu.”
E “compreendeu.” A malícia já tinha começado a morder-lhe as
entranhas. Ela passou a ver com outros olhos, e a ouvir com outros ouvidos,
os usos e as vozes dos irracionais. Passou a desejá-los com uma louca
cobiça.
17.6Ela iniciou sozinha o pecado. E o terminou com o seu companheiro.
Por isso é que sobre a mulher pesa uma pena maior. Foi por meio dela que o
homem se tornou rebelde a Deus e que ele conheceu a luxúria e a morte. Foi
por ela que ele não soube mais dominar os três reinos: do espírito, porque
permitiu que o espírito desobedecesse a Deus; da moral, porque permitiu
que as paixões o dominassem; e da carne, porque o aviltou, submetendo-o às
leis instintivas que regem os brutos. “A Serpente me seduziu”, diz Eva. “A
mulher me ofereceu o fruto, e eu o comi”, diz Adão. A tríplice
concupiscência rouba os seus três reinos do homem.
17.7Somente a Graça pode desacorrentar o homem preso àquele monstro
impiedoso. Mas, se a Graça é viva, mantida sempre assim pela vontade do
filho fiel, ela chega a destroçar o monstro, e não é preciso temer mais nada:
nem os tiranos internos, isto é, a carne e as paixões; nem os tiranos externos,
ou seja, o mundo e os poderosos dele. Nem as perseguições. Nem a morte. É
como diz o Apóstolo Paulo
[41] : “Nenhuma destas coisas eu temo, nem amo a
minha vida mais do que a mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a
minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, que é o de dar
testemunho do Evangelho da Graça de Deus.”
[…].
[8 de março de 1944.] 17.8Maria diz:
– Estou na alegria, pois, desde que compreendi a missão a que Deus me
destinava, fiquei repleta de alegria. O meu coração se abriu como um lírio
que desabrocha e o sangue derramou dele, como terreno para o Embrião do
Senhor.
17.9Alegria de ser mãe.
Eu me tinha consagrado a Deus desde a mais tenra idade, porque a luz
do Altíssimo me havia feito conhecer a causa do mal no mundo e eu quis, por
quanto estava em meu poder, anular, por mim mesma, o plano de satanás.
Eu ainda não sabia que não possuía a mancha do pecado. Nem eu podia
pensar nisso,pois, teria sido presunção e soberba, dado que, nascida de pais
humanos, não me era lícito pretender que logo eu é que seria a escolhida
para não ter mácula.
O Espírito de Deus me tinha instruído sobre a dor do Pai, diante da
corrupção de Eva, que tinha querido aviltar-se, pois, sendo criatura por
graça, desceu ao nível de uma criatura inferior. Havia em mim a intenção de
amenizar aquela dor, reconduzindo a minha carne à pureza angélica,
conservando-me inviolada por pensamentos, desejos e contactos humanos.
Só por Ele o meu coração palpitava de amor, só a Ele eu consagrava o meu
ser. Mas, se não havia em mim o ardor da carne, contudo ainda havia o
sacrifício de não ser mãe.
A maternidade, livre de tudo o que agora a avilta, tinha sido concedida
assim pelo Pai Criador também a Eva. Uma doce e pura maternidade, sem o
peso da sensualidade! Eu a experimentei! De quantas vantagens Eva se
despojou, quando renunciou a uma riqueza de tal porte! Essa riqueza era
muito mais do que a imortalidade. E que não vos pareça um exagero dizer
isso. De fato, o meu Jesus, e com Ele eu, sua mãe, tivemos de passar pelos
langores da morte. Eu passei por ela, como alguém que, cansado, adormece
docemente, e Ele, por meio do atroz sofrimento de quem está morrendo,
porque foi condenado a isso. Portanto, também para nós houve morte. Mas a
maternidade sem pesos e sem violações só aconteceu comigo, a nova Eva, a
fim de que ela pudesse dizer ao mundo que doçura teria sido para a mulher
chamada a ser mãe, se não sentisse dor em sua carne. Ora, o desejo dessa
maternidade pura estava também na virgem toda de Deus, pois a maternidade
é a glória da mulher. Se pensardes, então, na honra que era ser mãe para a
mulher israelita, ainda mais podereis compreender o meu sacrifício, ao
consagrar-me a Deus, com a privação da maternidade.
Mas o Eterno Bem quis dar à Sua serva este dom, sem deixá-la perder o
candor que a revestia, tornando-a uma flor no seu trono. Eu me sentia
jubilosa com a dupla alegria de poder ser a mãe de um homem e, ao mesmo
tempo, ser a mãe de Deus.
17.10AAlegria de ser aquela pela qual a paz se estabelecia entre o Céu e
a Terra.
Oh! Ter tanto desejado essa paz, por amor de Deus e do próximo, e
saber que através de mim, uma pobre serva do Todo-Poderoso, é que tal paz
viria ao mundo! Poder dizer: “Ó homens, não choreis mais, pois eu trago em
mim o segredo que vos fará felizes. Não posso lhes comunicar este segredo,
porque está selado no meu coração, assim como o Filho no meu ventre
inviolado. Mas já O trago em meio a vós, e cada hora que passa, fica mais
perto o momento em que o vereis, e conhecereis seu Nome Santo”.
17.11A Alegria de ter contentado a Deus: a alegria do fiel que faz feliz o
seu Deus.
Oh! Sim! Ter tirado do coração de Deus a amargura da desobediência de
Eva! Da soberba de Eva! Da sua incredulidade!
17.12Meu Jesus me explicou a culpa com que o primeiro casal se manchou.
Eu anulei aquela culpa, refazendo de modo retroativo as etapas da descida
deste casal, para depois subir de novo.
O princípio da culpa estava na desobediência: “Não comais daquela
árvore, e não toqueis nela”, Deus havia dito. Mas o homem e a mulher não
levaram em conta aquela proibição. Eles que eram os reis da criação,
podiam tocar em tudo, comer de tudo, menos daquela árvore, pois Deus
queria torná-los inferiores só aos anjos.
A árvore: meio para provar a obediência dos filhos.
O que é a obediência ao mandamento de Deus? É um bem, porque Deus
só exige o bem. O que é a desobediência? É um mal, porque põe a alma na
disposição de rebeldia, oferecendo a satanás um campo propício para as
suas operações.
Eva vai até à árvore, da qual receberia o bem, ao evitá-la, ou o mal,
aproximando-se dela. Ela é arrastada por uma curiosidade infantil que
deseja ver o que a árvore tem de especial. É levada pela imprudência, que
lhe faz conceber o mandamento de Deus como inútil, pois se sente forte e
pura, rainha do Éden, no qual tudo lhe obedece, onde nada lhe fará mal. Esta
presunção causa sua ruína. A presunção é um fermento da soberba.
Junto à árvore, ela encontra o sedutor, que se aproveita da sua
inexperiência, daquela inexperiência virgem e bela, tão mal protegida por
ela mesma, para cantar-lhe a canção da mentira: “Crês tu que isso seja um
mal? Não. Deus te disse isso porque vos quer conservar escravos do seu
poder! Pensais que sois reis? Nem liberdade tendes, como a têm os animais.
Pois aos animais foi concedido que se amem com verdadeiro amor. Mas a
vós, não. Ao animal foi concedido tornar-se criador, como Deus. Ele gerará
filhos e verá crescer sua família, à vontade. A vós, porém, é negada essa
alegria. Porque, então, ser homem ou mulher, se tendes que viver desse
modo? Sede deuses! Não sabeis que alegria é estarem ambos numa só carne,
para que dessa união se crie uma terceira criatura, e depois muitas outras
criaturas? Não acrediteis na promessa de Deus de que tereis alegria em
vossos descendentes, vendo os vossos filhos criarem novas famílias,
deixando pai e mãe, por causa delas. Deus vos deu apenas uma sombra de
vida: a verdadeira vida é conhecer as suas leis. Então, sim, sereis
semelhantes a deuses e podereis dizer a Deus: ‘Somos iguais a ti’.”
E a sedução continuou, porque não houve vontade de acabar com ela,
pelo contrário, houve vontade de continuar conhecendo o que não era lícito
ao homem conhecer. É aí que a árvore proibida se torna realmente mortífera
para a raça humana, pois dos seus ramos está o fruto da amarga sabedoria,
que vem de satanás. A mulher se torna fêmea e, com o fermento do
conhecimento satânico no coração, corrompe o companheiro, Adão.
Aviltada, pois, a carne, corrompida a moral, degradado o espírito, eles
passaram a conhecer a dor e a morte do espírito, sem a graça, e morte da
carne, sem a imortalidade. A ferida de Eva gerou o sofrimento, que não se
aplacará, enquanto não se extinguir a vida do último casal, sobre a terra.
17.13Eu percorri, de modo regressivo, os caminhos daqueles dois
pecadores. Obedeci. Obedeci de todos os modos. Deus me pediu que eu
permanecesse virgem. Eu obedeci. Tendo amado a virgindade, que me
tornava pura como a primeira das mulheres, antes de conhecer satanás, Deus
me pediu que fosse esposa. Eu obedeci, colocando o matrimônio naquele
primeiro grau de pureza conforme o pensamento de Deus, quando criou o
primeiro homem e mulher. Convicta de que estava destinada à solidão no
matrimônio, a ser desprezada pelos outros, pela minha esterilidade
voluntária, Deus me pedia para me tornar mãe. Eu obedeci. Eu acreditei que
seria possível e que aquela palavra tinha vindo de Deus, pois, ao ouvi-la,
difundiu-se em mim uma grande paz. Não fiquei pensando: “Eu mereci isto.”
Não fiquei dizendo a mim mesma: “Agora, o mundo vai me admirar, pois sou
semelhante a Deus, criando a carne de Deus.” Não. Eu me aniquilei na
humildade.
A alegria brotou-me do coração, como um pedúnculo de roseira florida.
Mas esta viu-se bem depressa ornada com agudos espinhos, apertada no
emaranhado da dor, como aqueles ramos que ficam enrolados por alguma
trepadeira. A dor pela dor do esposo: eis a angústia na minha alegria. A dor
pela dor do meu Filho: eis o espinho na minha alegria.
Eva quis o gozo, o triunfo, a liberdade. Eu aceitei a dor, o
aniquilamento, a escravidão. Renunciei à minha vida tranqüila, ao amor do
meu esposo, à minha própria liberdade. Não conservei nada para mim. Fizme a serva de Deus na carne, na moral, no espírito, confiando-me a Ele, não
só para a concepção virginal, mas para a defesa de minha honra, para a
consolação do esposo, para o meio com o qual ele pudesse entender a
purificação do matrimônio, de tal modo a fazer de nós dois os que haveriam
de restituir a dignidade perdida ao homem e à mulher.
17.14Abracei a vontade do Senhor, por mim mesma, pelo esposo e por meu
Filho. Eu disse “sim” pelos três, certa de que Deus não teria faltado com sua
palavra, quando prometeu me socorrer na minha dor de esposa, que está
sendo julgada culpada, de mãe que gera um Filho para entregá-Lo à dor.
Eu disse sim, e basta. Aquele “sim” anulou o “não” de Eva ao
mandamento de Deus. “Sim, Senhor, como quiseres. Conhecerei o que Tu
queres. Viverei como Tu queres. Alegrar-me-ei, se Tu quiseres. Sofrerei o
que Tu quiseres. Sim, sempre sim, meu Senhor, desde o momento em que o
Teu raio me fez mãe, até o momento em que me chamaste para Ti. Sempre
sim. Todas as vozes da carne, todas as paixões da moral, sob o peso deste
meu perpétuo sim. Acima, como num pedestal de diamante, o meu espírito,
ao qual faltam asas para voar a Ti, mas que é senhor de todo o eu domado,
servo teu. Serva na alegria, serva na dor. Sorri, ó meu Deus! Sê feliz! A
culpa foi vencida, excluída, destruída. Ela, agora sob o meu calcanhar, está
lavada em meu pranto, destruída pela minha obediência. De meu ventre
nascerá a árvore nova, que há de ter em si o Fruto, que conhecerá todo o
Mal, por tê-lo padecido em Si, e que doará todo o Bem. Os homens poderão
ir a Ele. Eu me darei por feliz, se eles colherem desse fruto, ainda que não se
lembrem que este fruto está nascendo de mim. Contanto que o homem se
salve, e que Deus seja amado, que se faça desta tua serva o que se faz do
solo sobre o qual surge uma árvore: um degrau para subir.”
17.15Maria, é preciso saber sempre ser degrau, para que os outros subam
para Deus. Se nos pisam, não faz mal. Contanto que consigam chegar à Cruz.
É a nova árvore que tem o fruto do conhecimento do Bem e do Mal, pois diz
ao homem o que é um e outro, a fim de que ele saiba escolher e viver. Esta
árvore também tornar-se-a licor que cura os intoxicados do mal que
quiseram saborear. O nosso coração esteja sob os pés dos homens, contanto
que o número dos redimidos cresça, e que o Sangue do meu Jesus não seja
derramado sem fruto. Eis a sorte das servas do Senhor. Depois mereceremos
receber no ventre a Hóstia santa e, aos pés da Cruz, impregnada pelo Seu
Sangue e pelo nosso pranto, dizer: “Eis aqui, ó Pai, a Hóstia imaculada, que
te oferecemos pela salvação do mundo. Olha para nós, ó Pai, unidas com ela
e pelos seus merecimentos infinitos, dá-nos a tua bênção.”
Eu te dou minhas carícias. Repousa, minha filha. O Senhor está contigo.
17.16 Jesus diz:
– A palavra de minha mãe deveria dissipar toda e qualquer titubeação
de pensamento, até mesmo dos mais bloqueados com relação às fórmulas.
[…].
Eu chamei antes de “árvore metafórica.” Agora vou chamar de “árvore
simbólica.” Talvez compreendais melhor. O símbolo é claro: assim como os
dois filhos de Deus procederam a respeito desta árvore, se entende como
estava neles a tendência para o Bem ou para o Mal. Como a água régia prova
o ouro, a balança do ourives pesa os quilates de ouro, aquela árvore tinha
assumido uma “missão” pela ordem de Deus a seu respeito, dando a medida
de pureza do metal que era Adão e Eva.
17.17Estou já ouvindo a vossa objeção: “Não foi rigorosa demais a
condenação, e pueril o meio usado para condená-los?”
Não foi. Uma vossa desobediência hoje, que sois os herdeiros de Adão
e Eva, é menos grave do que a deles. Vós fostes redimidos por Mim. Mas o
veneno de satanás continua sempre pronto a se reerguer, como certas
doenças que nunca saem totalmente do sangue. Os dois progenitores eram
possuidores da graça, sem nunca terem sido nem tocados pela desgraça. Por
isso eram mais fortes, mais amparados pela graça, que gerava neles
inocência e amor. O dom que Deus lhes havia dado era infinito. A queda
deles, portanto, foi bem mais grave, não obstante aquele dom.
17.18O fruto oferecido e comido também é simbólico. Era o fruto de uma
experiência que se quis fazer contra a ordem de Deus, por instigação
satânica. Eu não havia proibido o amor aos homens. Queria unicamente que
se amassem sem malícia; como Eu os amava com a minha santidade. Eles
deviam amar-se na santidade de afetos, sem sujarem-se com a luxúria.
17.19Não se há de esquecer que a graça é luz e quem a possui conhece o
que é útil e bom. Aquela que é cheia de graça conheceu tudo, porque a
Sabedoria a instruía. A sabedoria é graça, e ela soube guiar-se santamente.
Eva conhecia o que lhe era bom conhecer. Não mais do que isso, porque é
inútil conhecer o que não é bom. Não teve fé nas palavras de Deus e não foi
fiel à sua promessa de obediência. Acreditou em satanás, infringiu a
promessa, quis saber o que não é bom e o amou sem remorso, fazendo com
que o amor, que Eu lhe tinha dado como algo santo, se corrompesse, se
aviltasse. Anjo decaído, rolou na lama e no esterco, enquanto poderia correr
feliz entre as flores do Paraíso terrestre, vendo florescer a prole ao redor de
si, assim como uma árvore que se cobre de flores, sem precisar curvar sua
copa sobre o brejo.
17.20Não fiqueis como os meninos tolos de que Eu falo
[42] no Evangelho os
quais ouviram cantar, e taparam os ouvidos, ouviram tocar e não dançaram,
ouviram chorar, e quiseram rir. Não sejais mesquinhos, não sejais negadores.
Aceitai, aceitai a Luz sem malícia e teimosia, sem ironia e incredulidade. A
respeito deste assunto, basta por enquanto.
17.21Para fazer-vos compreender o quanto deveis ser gratos Àquele que
morreu para elevar-vos ao céu e vencer a concupiscência de satanás, neste
tempo de preparação para a Páscoa, Eu vos quis falar do primeiro elo da
corrente com que o Verbo do Pai foi arrastado à morte, do Cordeiro Divino
no matadouro. Eu vos quis falar disso, porque agora noventa por cento entre
vós é semelhante à Eva, intoxicada pelo hálito, pela palavra de lúcifer, e não
viveis para amar-vos, mas para saciar-vos de sensualidade, não viveis para
o Céu, mas para a lama, não sois criaturas dotadas de alma e de razão, mas
cães sem alma e sem razão. Vós já matastes a alma; já depravastes a razão.
Em verdade, vos digo que os animais irracionais estão acima de vós, na
honestidade dos seus amores.
[37] […] Este sinal indicará sempre a omissão de uma passagem não pertinente, que se encontrará referido em um dos volumes
intitulados “Os cadernos” ou então num outro ponto da obra.
[38] se lê no Génesis, é uma constante referência à história das origens (criação do universo e do homem, culpa de Adão e Eva
e suas consequências) pela qual se remete, uma vez por todas, a: Génesis 1-3

Compartilhe a Divina Vontade
Tags: , ,

Você também pode gostar

Cartas de Jeanne Guyon
Estudo 23- Livro do Céu Volume 1- Serva de Deus Luísa Piccarreta

Aplicativo Vida na Divina Vontade

ESCOLA DA DIVINA VONTADE

ENCONTRE TUDO RAPIDINHO

Horas da Paixão

31 Dias com Maria 

Giros da Alma

Escritos de Luisa PiccarretaLIVRO DO CÉU

Nossos vídeos no Youtube

Evangelho Maria Valtorta

Vida Intima de Ns Senhor 

VÍDEOS DA ESCOLA 
– ESCOLA DA DIVINA VONTADE

 

   Aplicativo para outros celulares: https://app.vc/dvbeta

Telegram: https://t.me/joinchat/Vy8mSSfh_lVs_nez

Whatszap:
12.988930463

Baixar os: Livros da Valtorta
e Livros da Vida intima

 

           ORAÇÃO DO DIA

¨Mãe celeste, Rainha Soberana do Fiat Divino, toma-me pela mão e mergulha-me na Luz do querer Divino. Tu serás a minha guia, minha terna Mãe, e me ensinarás a viver e a manter-me na ordem e no recinto da Divina Vontade. Amém, Fiat.¨

O que é o Reino da Divina Vontade?

Canal Divina Vontade

Como se faz os 31 Dias com Maria

Formação na Divina Vontade

Músicas da Divina Vontade

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Abrir bate-papo
1
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?