LIVRO DO CÉU VOLUME 1
Então não sabia dizer outra coisa senão o grave mal que tinha feito;
finalmente, um dia repreendeu-me e disse:
(31) “Não quero que penses mais nisto, porque quando uma alma se humilhou, convencida de ter
feito mal e lavado a sua alma no sacramento da confissão e está disposta a morrer antes de me
ofender, pensar nisso é uma afronta à minha Misericórdia, é um impedimento para a estreitar ao
meu Amor, Porque ela procura sempre, com a sua mente, envolver-se na lama do passado e
impede-me de a fazer voar para o Céu, porque sempre com essas ideias se fecha em si mesma, se
é que procura pensar nelas. E além disso, olha, Eu já não me lembro de nada, eu esqueci
perfeitamente; você vê alguma sombra de rancor da minha parte?”
(32) E eu dizia-lhe: “Não, Senhor, és tão bom”. Mas sentia partir-me o coração de ternura.
(33) E Ele: “E bem, quererás manter diante destas coisas?”
(34) E eu: “Não, não, não quero”.
(35) E Ele: “Pensemos em amar-nos e em contentar-nos mutuamente”.
(36) Daí em diante não pensei mais nisso, fazia quanto mais podia por satisfazê-lo e lhe pedia que
Ele mesmo me ensinasse o modo como devia fazer para reparar o tempo passado. E Ele me dizia:
Imitação da sua Vida. Imitação da vida de Jesus.
(37) “Estou pronto a fazer o que tu queres. Olha, a primeira coisa que eu disse que queria de ti era
a imitação da minha Vida, assim que vejamos o que te falta”.
(38) “Senhor”, dizia-lhe, “me falta tudo, não tenho nada”.
(39) “E bem”, dizia-me: “Não temas, pouco a pouco faremos tudo, Eu mesmo conheço como és
fraco, mas é de Mim que deves tomar força”.
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