LIVRO DO CÉU VOLUME 1
(44) Então recebia outras luzes sobre a aniquilação de mim mesma e me dizia:
(45) “Você não é outra coisa que uma sombra, que enquanto você quer tomá-la você foge, você é
nada”.
(46) Eu me sentia tão aniquilada que teria querido me esconder nos mais profundos abismos, mas
me via impossibilitada para fazê-lo, sentia tal vergonha que ficava muda. Enquanto estava neste
reconhecimento do meu nada, Ele me dizia:
(47) “Põe-te junto a Mim, apoia-te no meu braço, Eu te sustentarei com as minhas mãos e tu
receberás força. Você está cega, mas minha luz te servirá de guia. olha, eu vou estar na frente e
você não fará outra coisa que olhar para mim para me imitar”.
(48) Depois me dizia: “A primeira coisa que quero que mortifique é sua vontade, aquele “eu” deve
ser destruído em você, quero que a tenha sacrificada como vítima ante Mim, para fazer que de sua
vontade e da minha se forme uma só. Não estás contente?”
(49) Sim Senhor, mas dá-me a graça, porque vejo que por mim nada posso. E Ele continuava
dizendo-me:
(50) “Sim, Eu mesmo te contradirei em tudo, e às vezes por meio das criaturas”.
(51) E assim acontecia. Por exemplo: Se pela manhã eu acordasse e não me levantasse logo, a
voz interior me dizia: “Tu descansas, e eu não tive outro leito que a cruz, a cruz, logo, logo, sem
tanta satisfação”.
(52) Se caminhava e minha vista se ia um pouco longe, logo me repreendia: “Não quero, tua vista
não a afaste de ti além da distância de um passo a outro, para fazer que não tropeces”.
(53) Se me encontrava no campo e via flores, árvores, dizia-me: “Eu tudo criei por amor teu, tu
privas a tua vista deste contentamento por amor meu”.
(54) Mesmo nas coisas mais inocentes e santas, como por exemplo os ornamentos dos altares, as
procissões, dizia-me: “Não deves ter outro prazer senão em Mim sozinho”.
(55) Se, enquanto trabalhava, estava sentada, me dizia: “Está muito cômoda, não se lembra que
minha Vida foi um contínuo penar? E você? E você?”.
(56) Logo, para agradá-lo me sentava na metade da cadeira e a outra metade a deixava vazia, e
algumas vezes em brincadeira lhe dizia: “Olha, Senhor, a metade da cadeira está vazia, vem
sentar-te junto a mim”. Uma vez, senti-me tão feliz que nem sei dizer. Algumas vezes que estava
trabalhando com lentidão e desbotada me dizia: “Logo, depressa, que o tempo que ganhará se
apressando virá a passá-lo junto Comigo na oração.”
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