LIVRO DO CÉU VOLUME 1
(96) Agora, quem pode dizer a raiva do demônio, pois agindo assim todas as suas astúcias
resultavam para sua confusão, e onde acreditava ganhar perdia, já que de suas mesmas tentações
e artifícios a alma se servia para poder fazer atos de reparação e amor ao seu Deus?
(97) O outro modo que me ensinou para afastar as tentações foi o seguinte: Se me tentavam a
suicídio eu devia responder: “Não tendes nenhuma permissão de Deus, é mais, para vosso
despeito quero viver para poder amar mais a meu Deus”. Se eu fosse espancada, eu deveria me
humilhar, ajoelhar e agradecer ao meu Deus porque isso acontecia como penitência pelos meus
pecados, e não só isso, mas oferecer tudo como atos de reparação por todas as ofensas feitas a
Deus no mundo.
(98) Finalmente, uma tentação feia que durou pouco, Por cerca de um ano e meio com os
demônios tão feios, eu devia ficar grávida e depois parir um pequeno demônio com chifres. Minha
fantasia crescia tanto, que eu me via diante de uma confusão horrível, pelo que se teria dito de mim
por tão espantoso acontecimento.
(99) Depois de cerca de ano e meio desta luta, finalmente terminaram as crueldades dos
demônios e começou uma vida toda nova, mas os demônios não deixaram de me incomodar de
vez em quando, mas não eram tão freqüentes, não tão feroz a batalha, e eu me acostumei a
desprezá-los.
(100) A vida nova que começou foi na casa de campo chamada “Torre Desesperada”. Um dia, em
que mais do que nunca tinha sido atormentada pelo demônio, tanto que senti perder as forças e
desmaiar, pela tarde, enquanto estava assim senti vir-me uma coisa mortal e perdi os sentidos,
neste estado vi a Jesus Cristo rodeado de muitos inimigos, quem lhe golpeava, quem lhe
esbofeteava, quem lhe cravava os espinhos na cabeça, quem lhe partia as pernas, quem os
braços. Depois que o reduziram quase em pedaços o puseram nos braços da Virgem, e isto
acontecia um pouco longe de mim. Depois que a Virgem Santíssima o tomou em seus braços,
aproximou-se de mim e chorando me disse:
(101) “Filha, olha como é tratado meu Filho pelos homens, as horríveis ofensas que cometem
jamais lhe dão trégua, olhe como sofre”.
(102) Eu tentava vê-lo e via-o todo sangue, todo chagas, e quase despedaçado, reduzido a um
estado mortal, sentia tais penas que tivesse querido morrer mil vezes em vez de ver meu Senhor
sofrer tanto, me envergonhava de meus pequenos sofrimentos.
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