LIVRO DO CEU VOLUME 1
(141) Então, encontrando-me com o novo confessor, comecei, pouco a pouco a abrir meu interior,
o Senhor muitas vezes me ordenava que manifestasse ao confessor o que Ele me dizia, e quando
eu não o fazia, o Senhor me repreendia severamente e às vezes chegava a me dizer que se não o
fizesse, Ele não viria mais; isto é para mim a pena mais amarga, diante da qual todas as outras
penas não me parecem mais do que fios de palha; por isso, tanto era o temor de que não voltasse
mais, que fazia quanto mais podia manifestar meu interior. É verdade que às vezes me custava
muito, mas o medo de perder o meu amado Jesus fazia-me superar tudo. Por parte do confessor
também me via empurrada a lhe dizer de onde provinha tal estado meu, o que me acontecia
quando estava naquele adormecimento e qual era a causa; agora me ordenava manifestar, agora
me obrigava com preceito de obediência, e logo me punha diante o temor de que pudesse viver na
ilusão e no engano, vivendo para mim mesma, enquanto que se o manifestasse ao sacerdote
poderia estar mais segura e tranqüila, e que o Senhor jamais permite que o sacerdote se engane
quando a alma é obediente. Assim, Jesus Cristo me empurrava por um lado e o confessor por
outro; às vezes me parecia que se punham de acordo entre eles. Assim pude chegar a manifestar
meu interior. Isto não o fazia o confessor anterior, não me fazia nenhuma pergunta, não tratava de
saber que coisas me aconteciam naquele estado de dormência, pelo que eu mesma não sabia
como começar a falar destas coisas. O único cuidado que tomava era que estivesse resignada,
uniformizada ao Querer de Deus, que suportasse a cruz que o Senhor me tinha dado, tanto que se
às vezes me via um pouco perturbada, experimentava grande desgosto
(142) Depois aconteceu que passei cerca de outro ano com este confessor, no mesmo estado dito
acima, mas como sabia de onde provinha esse estado de sofrimento, me dizia que quando Jesus
Cristo quisesse que me viessem os sofrimentos, fosse pedir a ele a obediência para sofrer.
Recordo que uma manhã depois da comunhão o Senhor me disse:
(143) “Filha, são tantas as iniqüidades que se comete , que a balança de minha Justiça está por
transbordar. Deve saber que pesados flagelos farei cair sobre os homens, especialmente uma
feroz guerra na qual farei massacre da carne humana”. “Ah sim”, continuou quase chorando, “Eu
dei os corpos aos homens a fim de que fossem tantos santuários onde Devia ir me deleitar, mas os
transformaram em esgotos de imundícies, e é tanta a peste que me obrigam a estar longe deles.
Vê a recompensa que recebo diante de tanto amor e tanta dor que sofri por eles. Quem foi tratado
como Eu? Ah, nenhum, mas quem é a causa? É o tanto amor que tenho. Por isso vou tentar com
os castigos”
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade