(144) Eu me sentia partir o coração pela dor, me parecia que eram tantas as ofensas que lhe
faziam, que para fugir queria esconder-se em mim, para encontrar refúgio. Sentia também tanta
pena porque os homens deviam ser castigados, que me parecia que não eles, mas me parecia que
se eu tivesse podido, teria sido mais suportável eu sofrer todos aqueles castigos, antes de ver os
outros sofrer.
(145) Tratei de sensibiliza-lo o máximo que pude e com todo o coração lhe disse: “Ó Esposo
Santo, evita os flagelos que a tua Justiça tem preparados, se a multiplicidade das iniqüidades dos
homens é grande, está o mar imenso do teu sangue onde, podes enterrá-las, e assim a tua Justiça
ficará satisfeita. Se não tens onde ir para deleitar-te, vem em mim, te dou todo meu coração, para
que repouses, e te deleites com ele, é verdade que também eu sou um lugar imundo de vícios,
mas Tu podes purificar-me e fazer-me como Tu me queres. Mas aplata-te, se for necessário o
sacrifício da minha vida de bom grado o farei contanto que veja tuas imagens libertadas”. E o
Senhor interrompendo o meu falar continuou a dizer-me:
(146) “Precisamente isto é o que eu quero, se tu te ofereceres para sofrer, não como até agora, de
vez em quando, mas continuamente, todos os dias e por um curto período de tempo, Eu libertarei
os homens. Vê, pois, que te porei entre a minha justiça e as iniqüidades das criaturas, e quando a
minha justiça estiver cheia de iniqüidades, de modo que não as possa conter e se veja obrigada a
mandar os flagelos para punir as criaturas, encontrando-se você no meio, em vez de golpeá-los a
eles ficará golpeada você. Só assim poderei te contentar em livrar os homens, de outro modo,
não”.
(147) Eu fiquei toda confusa, e não sabia o que dizer, minha natureza fazia sua parte, se
assustava e tremia, mas via meu bom Jesus que esperava uma resposta, se aceitava ou não,
então vendo-me quase obrigada a falar lhe disse: “Ó Diviníssimo Esposo meu, por parte minha
estaria pronta a aceitar, mas como se arrumará por parte do confessor, se não quiser vir de vez em
quando, como será possível que queira vir todos os dias; liberte-me desta cruz de Precisamos do
confessor para me libertar, e então tudo ficará resolvido entre você e eu”. Então o Senhor me
disse:
(148) “Vai com o confessor e pede-lhe obediência, se ele quiser dizer-lhe tudo o que te tenho dito
e farás o que ele disser. Olhe, não será somente para bem das criaturas pelo que quero estes
sofrimentos contínuos, senão também para teu bem, neste estado de sofrimentos purificarei muito
bem tua alma, de modo de te dispor a formar Comigo um místico matrimonio , e depois disto farei a
última transformação, de modo que os dois seremos como duas velas que postas no fogo, uma se
transforma na outra e se forma uma só, assim transformarei a Mim em ti, e tu ficarás crucificada
Comigo. Ah, não ficaria contente se pudesse dizer: “O Esposo crucificado, mas também a esposa
está crucificada? Ah sim, não há nada que me faça diferente dele”.
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