(149) Então, quando pude falar com o confessor disse-lhe tudo o que o Senhor me tinha dito, e
como aquela palavra que o Senhor me disse: “Por um certo tempo”, sem me dizer o tempo preciso
que devia estar continuamente sofrendo, eu a tomei como por quarenta dias, mais ou menos, mas
já passaram cerca de doze anos que continuo assim, mas sempre seja bendito Deus, sejam
adorados sempre seus inescrutáveis julgamentos, eu creio que se o Senhor bendito me tivesse
feito entender com clareza o tempo que devia estar na cama, minha natureza teria se espantado
muito, e dificilmente se teria submetido, recordo que estive sempre resignada, mas então não
conhecia a preciosidade da cruz como o Senhor me fez conhecê-la no decorrer destes doze anos,
nem o confessor tivesse concordado em dar-me a obediência.
Então assim disse ao confessor, que por quarenta dias o Senhor queria que me desse a obediência de estar continuamente sofrendo, e
também lhe disse isso e também lhe disse o resto. Com grande surpresa minha, porque eu achava
impossível, o confessor me disse que se fosse verdadeiramente Vontade de Deus, ele me dava a
obediência, que na realidade não era que ele não pudesse vir, mas sim um pouco de respeito
humano. A minha alma alegrou-se muito porque podia contentar ao Senhor, e também livrar as
criaturas, mas a minha natureza se entristeceu muito ao receber esta obediência, tanto que por
alguns dias estive muito afligida, também a alma a sentia pensativa porque devia estar tanto tempo
sem poder receber a Jesus no Sacramento, minha única consolação; às vezes sentia uma guerra
tão feroz em mim, que eu mesma não sabia o que me havia acontecido, muitas coisas
acrescentava-as o demônio, mas o meu bom Jesus curou tudo, e eis como aconteceu.
Diferentes modos de falar de Jesus.
(150) Mas antes de continuar, por ordem do confessor atual devo manifestar os vários modos com
os quais o Senhor me falou: Parece-me que os modos com os quais Deus me fala sejam quatro,
mas estes quatro modos de falar de Jesus são muito diferentes das inspirações.
(151) 1.- O primeiro modo é quando a alma sai fora de si. Mas antes quero explicar o melhor que
possa, sair de mim mesma. Isto acontece de dois modos: O primeiro é instantâneo, quase como
relâmpago, e é tão repentino que me parece que o corpo se eleva um pouco da cama, para seguir
a alma, mas depois fica na cama e a mim parece que o corpo fica morto, e a alma em vez disso
segue a Jesus caminhando por todo o universo, a terra, o ar, os mares, os montes, o purgatório e o
Céu, onde muitas vezes me fez ver o lugar onde eu estarei depois de morta.
(152) O outro modo de sair a alma é mais tranqüilo, parece que o corpo se adormece
insensivelmente e fica como petrificado ante a presença de Jesus Cristo, mas a alma permanece
com o corpo, e este não sente nada das coisas externas, ainda que se transtornasse todo o
universo, mesmo que me queimassem e me reduzissem em pedaços.
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