(202) E enquanto dizia isto derramava da sua boca na minha, mas quem pode dizer o que
derramava? Parecia um veneno amargo, uma podridão hedionda, misturada com um alimento tão
duro, repugnante e nauseante, que às vezes eu não podia engolir, quem pode dizer os sofrimentos
que me produzia este derramar de Jesus? Se Ele mesmo não me tivesse sustentado, certamente
teria morrido vítima disso; todavia, só derramava em mim a mínima parte, o que será de Jesus que
contém tanto e tanto? Oh, como é feio o pecado! Ah! Senhor, faça-o conhecer a todos, a fim de
que todos fujam deste monstro tão horrível; mas enquanto via estas cenas tão dolorosas, outras
vezes fazia-me ver também cenas tão consoladoras e belas, que raptavam, e estas eram ver os
bons e santos sacerdotes que celebravam os Sacrossantos Mistérios. ¡ Oh Deus, como é alto,
grande, sublime seu ministério! Como era bonito ver o sacerdote que celebrava a missa e Jesus
transformado nele, parecia que não o sacerdote, mas que o próprio Jesus celebrava o Divino
Sacrifício, e às vezes fazia desaparecer completamente o sacerdote e Jesus só celebrava a missa
e eu a escutava, Oh, como era comovedor ver Jesus recitar aquelas orações, fazer todas aquelas
cerimônias e movimentos que faz o sacerdote! Quem pode dizer o quão consolador eu achava que
veria estas Missas junto com Jesus? Quantas graças recebia, quantas luzes, quantas coisas
compreendia! Mas como são coisas passadas e não as recordo claramente, por isso as passo em
silêncio.
(203) Mas enquanto dizia isto, Jesus moveu-se dentro de mim, chamou-me, e não quer que deixe
isto em silêncio. Ah, Senhor, quanta paciência é necessária Contigo! pois bem, te contentarei. Oh!
Doce amor, direi alguma pequena coisa, mas dá-me tua graça para poder manifestá-lo, porque por
mim não me atreveria a pôr nem uma palavra sobre mistérios tão profundos e sublimes.
(204) Agora, enquanto via Jesus ou o sacerdote que celebrava o Divino Sacrifício, Jesus me fazia
entender que na missa está todo o fundamento de nossa sacrossanta religião. Ah! Sim, a missa
nos diz tudo e nos fala de tudo. A Missa recorda-nos a nossa Redenção, fala-nos detalhadamente
das penas que Jesus sofreu por nós, manifesta-nos também o seu Amor imenso que não ficou
contente por morrer na cruz, mas quis continuar o estado de vítima na Santíssima Eucaristia. A
missa também nos diz que nossos corpos desfeitos, reduzidos a cinzas pela morte, ressurgirão no
dia do juízo junto com Cristo à vida imortal e gloriosa. Jesus me fazia compreender que a coisa
mais consoladora para um cristão e os mistérios mais altos e sublimes de nossa santa religião são:
Jesus no Sacramento e a ressurreição de nossos corpos à glória. São mistérios profundos que só
os compreenderemos além das estrelas. Mas Jesus no Sacramento faz-nos quase tocar com a
mão em vários modos: em primeiro lugar a sua Ressurreição, em segundo o seu estado de
aniquilamento sob aquelas espécies, mas também é verdade que está nelas vivo e verdadeiro,
mas consumidas essas espécies, sua real presença não existe mais; depois, consagradas as
espécies de novo, Jesus adquire novamente seu estado Sacramental.
Assim, Jesus no Sacramento nos recorda a ressurreição de nossos corpos à glória, e assim como Jesus, cessando
seu estado Sacramentado reside no seio de Deus, seu Pai, assim nós, cessando nossa vida,
nossas almas vão fazer sua morada no Céu, no seio de Deus, e nossos corpos ficam consumidos,
assim que se pode dizer que não existem mais, mas depois com um prodígio da Onipotência de
Deus, nossos corpos adquirirão nova vida, e unindo-se com a alma irão juntos a gozar a bem
aventurança eterna. Pode-se dar coisa mais consoladora para o coração humano, que não só a
alma, mas também o corpo deve agradar aos eternos contentes? A mim me parece que naquele
grande dia acontecerá como quando o céu está estrelado e sai o sol, o que acontece? O sol, com
sua imensa luz absorve as estrelas e as faz desaparecer, mas as estrelas existem. O sol é Deus e
todas as almas bem-aventuradas são estrelas, Deus com a sua imensa luz nos absorverá a todos
em Si, de modo que existiremos em Deus e nadaremos no mar imenso de Deus. ¡ Oh, quantas
coisas Jesus nos diz no Sacramento! Mas quem pode dizê-las todas? Certamente me estenderia
demasiado, se o Senhor o permitir reservarei para outra ocasião dizer alguma outra coisa.
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