LIVRO DO CÉU VOLUME 1
(224) Neste estado que mencionei, passei cerca de três anos, e ainda estava na cama. Quando
uma manhã Jesus me fez entender que queria renovar o noivado mas não já na terra como a
primeira vez, mas no Céu diante da presença de toda a corte Celestial, assim que estivesse
preparada para uma graça tão grande. Eu fiz quanto mais pude para dispor-me, mas que, sendo eu
tão miserável e insuficiente para fazer nenhuma sombra de bem, se necessitava a mão do Artífice
Divino para dispor-me, porque por mim jamais teria conseguido purificar minha alma. (225) Uma
manhã, era a véspera da natividade de Maria Santíssima, meu sempre benigno Jesus veio Ele
mesmo para me dispor. Não fazia mais que ir e vir continuamente, agora me falava da fé e me
deixava, eu me sentia infundir na alma uma vida de fé, minha alma, tosca como a sentia antes,
agora, depois de falar de Jesus me sentia levíssima, em modo de penetrar em Deus, e agora
olhava a Potência, Agora a Santidade, agora a Bondade e demais, e minha alma ficava estupefata,
num mar de espanto e dizia:
“Poderoso Deus, que poder diante de Ti não fica desfeito? Santidade
imensa de Deus, que outra santidade por quão sublime seja, ousará comparecer ante sua
presença?” Depois sentia-me descer em mim mesma e via o meu nada, a nulidade das coisas
terrenas, como nada é diante de Deus. Eu me via como um pequeno verme todo cheio de pó que
me arrastava para dar algum passo e que para me destruir não era preciso senão que alguém me
pusesse o pé em cima, e com isso ficava desfeita. Então, vendo-me tão feia, quase não me atrevia
a ir ante Deus, mas ante minha mente se apresentava sua bondade, e me sentia atraída como por
um ímã para ir até Ele e dizia entre mim: “Se é Santo, também é Misericordioso; se é Poderoso,
contém também em Si plena e suma Bondade”. Parecia-me que a bondade o circundava por fora,
e o inundava por dentro. Quando olhava a Bondade de Deus me parecia que ultrapassava a todos
os outros atributos, mas depois, olhando para os outros, via-os todos iguais em si mesmos,
imensos, incomensuráveis e incompreensíveis à natureza humana. Enquanto minha alma estava
neste estado, Jesus voltava e falava da Esperança.
(226) Recordo algo confusamente, porque depois de tanto tempo é impossível recordar
claramente, mas para cumprir a obediência que assim quer, direi por quanto possa.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade