261) Lembro-me de que, seguindo o meu pedido de crucificação e transportando-me para fora de
mim mesma, Jesus levou-me aos lugares santos de Jerusalém, onde Nosso Senhor padeceu a sua
dolorosa Paixão, e ali encontramos muitas cruzes e o meu amado Jesus disse-me:
(262) “Se tu soubesses que bem a cruz contém em si, como torna preciosa a alma, que gema de
inestimável valor adquire quem tem o bem de possuir os sofrimentos, basta dizer-te somente que
vindo à terra não escolhi as riquezas, os prazeres, mas tive como amadas e íntimas irmãs a cruz, a
pobreza, os sofrimentos e as ignomínias”.
263) Enquanto assim dizia, mostrava um gosto tal, uma alegria pelo sofrimento, que essas
palavras me trespassavam o coração como tantos dardos ardentes, tanto que me sentia faltar a
vida se o Senhor não me concedia o sofrer, e com toda a força e a voz que tinha não fazia outra
coisa que lhe dizer: “Esposo Santo, dá-me o sofrer, dá-me as cruzes, só com isto saberei que me
amas, se me contentares com as cruzes e com os sofrimentos”. E então tomava uma daquelas
cruzes maiores que via, punha-me sobre ela e rogava a Jesus que viesse crucificar-me, e Ele se
comprazia em tomar minha mão e começava a traspassá-la com o prego, de vez em quando o
bendito Jesus me perguntava:
(264) “Que, te dói muito? Quer que eu pare?”
(265) E eu: “Não, não, meu amado, continua, dói, sim, mas estou contente”. E temia tanto que não
acabasse de me crucificar, que não fazia outra coisa senão dizer-lhe: “Faze-o depressa, ó Jesus,
faze-o depressa, não demores tanto”. Mas o que, quando tinha que cravar a outra mão, os braços
da cruz se encontravam curtos, enquanto antes me haviam parecido suficientes para poder
crucificar-me. Quem pode dizer como ficou mortificada? Isto repetia-se em muitas ocasiões, e às
vezes se os braços da cruz eram adequados, o comprimento da haste não alcançava para poder
distender os pés, em uma palavra, faltava sempre alguma coisa para não se poder cumprir de todo
a crucificação. Quem pode dizer a amargura de minha alma e os lamentos que fazia com Nosso
Senhor porque não me concedia o verdadeiro sofrimento? Dizia-lhe: “Meu amado, tudo termina em
burla, dizias-me que querias levar-me ao Céu, e logo de novo me fazias voltar à terra, dizias-me
que querias crucificar-me, e jamais chegamos à completa crucificação”. E Jesus novamente me
prometeu que me crucificaria.
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