LIVRO DO CÉU VOLUME 1
(23) Às vezes eu me sentia dando tais e tantas reprovações amargas, que não fazia outra coisa
que chorar. Especialmente uma manhã, depois da Comunhão, deu-me uma luz tão clara sobre o
grande amor que Ele me dava e sobre a volubilidade e inconstância das criaturas, que o meu
coração ficou tão convencido, que daí em diante já não foi capaz de amar a nenhuma pessoa.
Ensinou-me a amar as pessoas sem me separar Dele, isto é, a olhar para as criaturas como
imagem de Deus, de modo que se recebia o bem das criaturas, devia pensar que só Deus era o
primeiro autor daquele bem e que se tinha servido da criatura para me dar, então meu coração se
unia mais a Deus. Se recebia mortificações, devia vê-las também como instrumentos nas mãos de
Deus para a minha santificação, por isso meu coração não ficava ressentido com meu próximo.
Então por este modo acontecia que eu olhava as criaturas todas em Deus, por qualquer falta que
visse nelas jamais lhes perdia a estima, se zombavam de mim me sentia obrigada com elas
pensando que me faziam fazer novas Aquisições para minha alma, se me louvavam, recebia com
desprezo estes louvores dizendo: “Hoje isto, amanhã podem me odiar, pensando em sua
inconstância”. Em suma, meu coração adquiriu uma liberdade que eu mesma não sei explicar.
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