Quando o Divino Mestre me libertou do mundo externo, então pôs a mão a purificar o interior, e com voz interior me dizia:
(24) “Agora estamos sozinhos, não há mais quem nos perturbe, não está agora mais contente que antes que devia contentar a tantos e tantos? Olha, é mais fácil contentar um só, deves fazer de conta que eu e tu estamos sozinhos no mundo, promete ser fiel e eu verterei em ti tais e tantas graças que tu mesma ficarás maravilhada”.
(25) Depois continuou a dizer-me: “Sobre ti fiz grandes desígnios, sempre e quando tu me corresponderes, quero fazer de ti uma perfeita imagem minha, começando desde que nasci até que morri; Eu mesmo te ensinarei um pouco cada vez o modo como o farás”. (26) E acontecia assim: Todas as manhãs, depois da Comunhão, dizia-me o que devia fazer no dia. Direi tudo brevemente, porque depois de tanto tempo é impossível poder dizer tudo. Não me lembro bem, mas me parece que a primeira coisa que me dizia que era necessária para purificar o interior de meu coração, era o aniquilamento de mim mesma, isto é, a humildade. E continuava dizendo-me:
27) “Olha, para fazer com que Eu derrame as minhas graças no teu coração, quero fazer-te compreender que por ti nada podes. Eu me cuido muito bem daquelas almas que se atribuem a si mesmas o que fazem, querendo me fazer tantos furtos de minhas graças. Em vez disso, com aquelas que se conhecem a si mesmas, Eu sou generoso em verter a torrentes minhas graças, sabendo muito bem que nada se referem a elas mesmas, agradecem-me e têm a estima que convém, Vivem com medo de que, se não me corresponderem, posso tirar-lhes o que lhes dei, sabendo que não é uma delas. Pelo contrário, nos corações que fedem de soberba, nem sequer posso entrar em seu coração, porque inflado deles mesmos não há lugar onde possa me colocar; as miseráveis não levam em conta minhas graças e vão de queda em queda até à ruína. Por isso quero que neste dia faça contínuos atos de humildade, quero que você esteja como um menino envolto em fraldas, que não pode mover nem um pé para dar um passo, nem uma mão para agir, senão que tudo o espera da mãe, assim você estará junto a Mim como um menino, me rogando sempre que te assista, que te ajude, confessando-me sempre teu nada, em suma, esperando tudo de Mim”.
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