O REINO DA DIVINA VONTADE EM MEIO AS CRIATURAS LIVRO DO CÉU
A PUREZA
no
LIVRO DO CÉU
Volume 2- 07 de Maio 7 de 1899
Da pureza da intenção e da verdadeira caridade.
(1) Enquanto no dia fiz a meditação, Jesus continuava a fazer-se ver junto a mim e disse-me:
(2) “Minha pessoa está circundada por todas as obras que fazem as almas como por um vestido, e à
medida da pureza de intenção e da intensidade do amor com o qual se fazem, assim me dão mais
esplendor, e eu lhes darei mais glória, tanto que no dia do juízo as mostrarei a todo o mundo para fazer
conhecer o modo como me honraram meus filhos e o modo como Eu os honro a eles”.
(3) Então, tomando um ar mais aflito acrescentou:
(4) “Minha filha, o que será de tantas obras, mesmo boas, feitas sem reta intenção, por costume e com
fins de interesse? Qual não será sua vergonha no dia do juízo, ao ver tantas boas obras em si mesmas,
mas murchas por sua intenção, que em vez de dar-lhes honra como a tantos outros, as mesmas ações
produzirão vergonha? Porque não são as grandes obras que olho, mas a intenção com a qual se fazem,
aqui está toda a minha atenção”.
(5) Por um momento Jesus fez silêncio e eu pensava nas palavras que tinha dito, e enquanto as estava
ruminando em minha mente, especialmente sobre a pureza de intenção e como fazendo o bem às
criaturas, as mesmas criaturas devem desaparecer, fazendo uma criatura com o mesmo Senhor, e fazendo
como se as criaturas não existissem, Jesus voltou a falar dizendo-me:
(6) “No entanto, é esse o caso. Olhe, meu coração é grandíssimo, mas a porta é estreitíssima, ninguém
pode preencher o vazio deste coração, senão só as almas desapegadas, nuas e simples, porque como você
vê, sendo a porta pequena, qualquer impedimento, ainda mínimo, isto é, uma sombra de apego, de
intenção errônea, uma obra sem o fim de me agradar, impede que entrem a deleitar-se em meu coração.
O amor do próximo muito agrada ao meu coração, mas deve estar tão unido ao meu, que deve formar um
só, sem poder distinguir-se um do outro; mas aquele outro amor ao próximo que não está transformado
em meu amor, Eu não o olho como coisa que me pertença”.
Volume 2 – 1 de Agosto de 1899
Silêncio e pranto de Jesus pelas criaturas. Fala sobre a pureza.
(1) Esta manhã, meu gentil Jesus, transportando-me para fora de mim mesma, fazia-me ver a corrupção
na qual caiu o gênero humano. ¡ Dá horror pensar! Enquanto me encontrava no meio destas pessoas,
Jesus dizia quase chorando:
(2) “Ó homem, como te desfiguraste, deformado, desnobrecido! Fiz-te para seres o meu templo vivo, e tu,
por outro lado, tornaste-te o quarto do demônio! ; até as plantas, estando cobertas de folhas, de flores e
de frutos, te ensinam a honestidade, o pudor que deves ter do teu corpo, e tu, tendo perdido todo o pudor
e também a vergonha natural que deverias ter, te tornaste pior do que os animais, Tanto que não tenho
mais ninguém para te comparar. Tu eras a minha imagem, mas agora já não te reconheces mais, antes
me dás tanto horror por tuas impurezas, que me dá náuseas ver-te, e tu mesmo me obrigas a fugir de ti”.
(3) Enquanto Jesus assim dizia, eu me sentia dilacerado pela dor ao ver tão amargado meu amado Jesus,
por isso lhe disse: “Senhor, tem razão de que não encontra mais nada de bem no homem e que chegou a
tal cegueira, que não sabe nem sequer respeitar as leis da natureza, então se quiser ver o homem, não
fará outra coisa que mandar castigos, por isso te peço que vejas tua misericórdia e assim será remediado
tudo”. Enquanto assim dizia, Jesus me disse:
(4) “Filha, dá-me tu um alívio às minhas dores”.
(5) Ao dizer isto, tirou-se a coroa de espinhos que parecia encarnada em sua adorável cabeça e a cravou
na minha, eu sentia uma dor fortíssima, mas estava contente de que Jesus se reconfortasse. Depois disto
me disse:
(6) “Filha, Eu amo grandemente as almas puras, e assim como das impuras sou obrigado a fugir, das puras
em troca como por um ímã sou atraído a fazer morada nelas. Às almas puras com prazer lhes empresto
minha boca para fazê-las falar com minha mesma língua, assim que não se cansam para converter às
almas; em ditas almas Eu me agrado não só de continuar nelas minha Paixão, e assim continuar ainda a
Redenção, mas o que é mais, me alegro sumamente de glorificar nelas minhas mesmas virtudes”.
Volume 2 – 22 de Agosto de 1899
Jesus comunica-lhe as suas virtudes.
(1) Meu amado Jesus continua vindo, todo amável e majestoso; enquanto estava neste aspecto me disse:
(2) “A pureza dos meus olhares resplandeça em todas as tuas obras, de modo que subindo de novo aos
meus olhos me produza um resplendor e me distraia das porcarias que fazem as criaturas”.
(3) Eu fiquei toda confusa diante destas palavras, tanto que não ousava dizer-lhe nada, mas Jesus me
alentou, para me dar confiança começou a dizer-me:
(4) “Diz-me, o que queres?”
(5) E eu: “Quando tenho a Ti, há mais alguma coisa que possa desejar?”
(6) Mas Jesus insistiu mais de uma vez que lhe dissesse o que queria; e eu olhando para ele, vi a beleza de
suas virtudes e lhe disse: “Meu dulcíssimo Jesus, dá-me suas virtudes”.
(7) E Ele, abrindo o seu coração, fazia sair tantos raios diferentes das suas virtudes, que ao entrar no meu
sentia-me fortalecido nas virtudes.
(8) Em seguida, acrescentou: “O que mais você quer?”
(9) E eu, lembrando-me que nos dias passados por uma dor que sofria não conseguia que meus sentidos
se perdessem em Deus, disse-lhe: “Meu benigno Jesus, faz que a dor não me impeça o poder perder-me
em Ti”.
(10) E Jesus, tocando-me com a sua mão a parte em que sofria, atenuou a acuidade da dor, de modo que
posso recolher-me e perder-me nele.
Volume 3 – 6 de Novembro de 1899
Pureza de intenção.
(1) Esta manhã, tendo vindo o adorável Jesus e transportando-me para fora de mim mesma, fez-me ver
ruas cheias de cadáveres. ¡ Que cruel carnificina! dá horror pensar. Depois fez-me ver que acontecia uma
coisa no ar e muitos morriam de improviso; vi isso também no mês de Março. Eu comecei, segundo meu
costume, a rogar-lhe que se acalmasse e que livrasse a suas mesmas imagens de suplícios tão cruéis, de
guerras tão sangrentas, e como tinha a coroa de espinhos a tirei para que eu a colocasse, e isto para
aplacá-lo principalmente; Mas com grande tristeza vi que quase todos os espinhos estavam quebrados na
sua cabeça santíssima, de modo que pouco me restava para sofrer a mim. Jesus se mostrava severo; quase
sem me prestar atenção o que significava aquilo, para romper esse ar severo que tinha lhe disse:
“Dulcíssimo amor meu, te ofereço estes movimentos de meu corpo que Tu mesmo me fizeste e todos os
demais que possa eu fazer, com o único fim de te agradar e te glorificar. Ah sim, quero que também os
movimentos das pálpebras, os de meus olhos, de meus lábios e de toda eu mesma sejam feitos com o
único fim de te agradar só a Ti. Faze, ó bom Jesus, que todos os meus ossos, os meus nervos, ressoem
entre eles e com clara voz te atestem o meu amor”.
(2) E Ele me disse: “Tudo o que se faz com a única finalidade de me agradar, resplandece Diante de mim
de uma maneira tal, que atrai meus olhares divinos, e me agrada tanto, que a essas ações, embora fossem
só um movimento de cílios, lhes dou o valor como se fossem feitas por Mim. Em troca as outras ações, que
em si mesmas são boas e ainda grandes, não feitas unicamente para Mim, são como esse ouro enlameado
e cheio de ferrugem que não resplandece, e Eu não me digno nem sequer olhá-las”.
(3) E eu: “Ah Senhor, que fácil é que o pó suje nossas ações”.
(4) E Ele: “Não se necessita prestar atenção ao pó, porque este se agita, ao que há que atender é à
intenção”.
(5) Agora, enquanto isso se dizia, Jesus se ocupava em atar-me os braços. Eu lhe disse: “Senhor, que
fazes?”
(6) E Ele: “Faço isto porque Tu estando na posição da crucificação me aplacas, e como Eu quero punir as
pessoas Eu estou amarrando-os a você”.
(7) E disse isso desapareceu.
Volume 3 – 21 de Dezembro de 1899
Luisa fala da virgindade e da pureza
(1) Depois de um longo silêncio, esta manhã o meu amável Jesus, interrompendo-o, disse-me:
(2) “Eu sou o receptáculo das almas puras”.
(3) E nestas suas palavras tive uma luz intelectual que me fazia compreender muitas coisas sobre a pureza,
mas pouco ou nada sei pôr em palavras do que ouço no intelecto. Mas a honorável senhora obediência
quer que escreva alguma coisa, mesmo desatinando, e para agradá-la direi meus desatinos sobre a pureza.
(4) Parecia-me que a pureza era a gema mais nobre que a alma poderia possuir. A alma que possui a
pureza está investida de cândida luz, de modo que Deus bendito, olhando-a encontra sua mesma Imagem,
sente-se atraído a amá-la, tanto que chega a apaixonar-se dela, e é tomado por tanto amor que lhe dá
por cidade seu puríssimo coração, Porque só o que é puro e puro entra em Deus, nada entra manchado
naquele seio puríssimo. A alma que possui a pureza conserva em si seu primeiro esplendor que Deus lhe
deu ao criá-la, nada há nela desfigurado, sem nobreza, senão que como rainha que aspira às núpcias do
Rei celestial, conserva sua nobreza até que esta nobre flor seja transplantada nos jardins celestiais ¡Oh,
como esta flor virginal é perfumada com aroma especial! Eleva-se sempre sobre todas as outras flores, e
mesmo sobre os mesmos anjos. ¡ Como se destaca com variadas belezas! Assim, todos são tomados por
estima e amor, e livremente todos lhe dão o passo até fazê-la chegar ao Esposo Divino, de modo que o
primeiro posto em torno de Nosso Senhor é destas nobres flores. Então Nosso Senhor se deleita
grandemente em passear no meio destes lírios que perfumam a terra e o céu, e muito mais se alegra em
estar circundado por estes lírios, porque sendo Ele o primeiro nobre lírio e o modelo, é o exemplar de
todos os demais. Oh, como é bonito ver uma alma virgem! Seu coração não emite outro alento que de
pureza e de candura, nem sequer tem a sombra de outro amor que não seja Deus, também seu corpo
exala cheiro de pureza; tudo é puro nela: Pura nos passos, pura no agir, no falar, no olhar, também no
mover-se, assim que ao só vê-la se sente a fragrância e se descobre uma alma virgem de verdade. ¡ Que
carismas, que obrigado, que recíproco amor, que estratagemas amorosas entre esta alma e o Esposo
Jesus! Só quem as sente pode dizer alguma coisa, porque nem sequer se pode narrar tudo, e eu não me
sinto em dever de falar sobre isto, por isso faço silêncio e passo adiante.
Volume 3 – 21 de Fevereiro de 1900
O dom da pureza é graça conseguida, e esta é obtida com a mortificação.
(1) Esta manhã meu amável Jesus começou a fazer suas habituais demoras. Seja sempre bendito; de
verdade que se necessita uma paciência de santo para suportá-lo, e há que tratar com Jesus para saber
quanta paciência se necessita. Quem não o experimenta não pode acreditar, e é quase impossível não ter
algum pequeno desgosto com Ele. Então, depois de ter usado a paciência ao esperá-lo e esperá-lo,
finalmente veio e me disse:
(2) “Minha filha, o dom da pureza não é dom natural, senão que é graça conseguida, e esta se obtém com
tornar-se atrativa, e a alma se faz tal com a mortificação e os sofrimentos. ¡ Oh, como se torna atrativa a
alma mortificada e sofredora como ela é bonita, e eu sinto tal atração por ela que enlouqueço por esta
alma e tudo o que ela quer dou-lhe. Você, quando estiver privada de Mim, sofre minha privação, que é a
pena mais dolorosa para você, por meu amor, e Eu sentirei mais atração que antes e te concederei novos
dons”.
Volume 3 – 25 de Abril de 1900
A pureza no agir é luz.
(1) Encontrando-me fora de mim mesma e não encontrando a meu doce Jesus, tive que girar muito para
ir em busca d’Ele. No final, encontrei-o nos braços da Rainha Mãe, a beber o leite do seu peito, e enquanto
eu lhe dizia e fazia, parecia que não me prestava atenção, ou melhor, nem sequer me olhava. Quem pode
dizer a dor de meu pobre coração ao ver que Jesus não me fazia caso? Depois de ter dado rédea solta às
lágrimas, tendo compaixão de mim veio em meus braços e derramou em minha boca um pouco desse
leite que tinha chupado da Mamãe Rainha.
(2) Depois disto olhei seu peito, e tinha uma pequena pérola, tão resplandecente que investia de luz a
Humanidade Santíssima de Nosso Senhor. Então, querendo saber o significado, perguntei a Jesus que
coisa era essa pérola, que enquanto parecia tão pequena expandia tanta luz. E Jesus:
(3) “É a pureza do teu sofrer, porque embora seja pequeno, mas como sofres somente por amor meu e
estarias disposta a sofrer mais se Eu te concedesse, esta é a causa de tanta luz. Minha filha, a pureza no
agir é tão grande, que quem opera com o único fim de agradar a Mim só, não faz outra coisa que mandar
luz em todo seu agir. Quem não age corretamente, mesmo o bem, não faz outra coisa senão espalhar
trevas”.
(4) Então eu vi no peito de Nosso Senhor, e ele tinha um espelho muito claro, e parecia que quem
caminhava retamente estava tudo absorvido naquele espelho, que não estava, ficava fora, sem que
pudessem receber qualquer marca da imagem do bendito Jesus. Ah Senhor! Tenha-me toda absorvida
neste espelho divino, a fim de que nenhuma outra sombra de intenção tenha eu em meu obrar.
Volume 3 – 04 de Setembro de 1900
A impureza e as boas obras feitas imperfeitamente, são alimento repugnante para Jesus.
(1) Tendo recebido a comunhão, meu adorável Jesus me transportou para fora de mim mesma, fazendo-me
parecer extremamente aflito e amargo. Então lhe pedi que derramasse em mim suas amarguras, mas
Jesus não me dava ouvidos, mas insistindo, depois de muito tempo se agradou em derramá-las. Depois
de ter derramado um pouco de amargura lhe perguntei: “Senhor, não te sentes melhor agora?”
(2) E Ele: “Sim, mas não foi o que derramei que me causou tanta pena, mas um alimento nauseante e
insípido que não me deixa repousar”.
(3) E eu: “Derrama um pouco em mim, assim te aliviarás um pouco”.
(4) E Ele: “Se não posso digeri-lo e suportá-lo Eu, como o poderás tu?”
(5) E eu: “Sei que a minha fraqueza é grande, mas Tu me darás graça e força, e assim terei êxito em contê-lo em mim”.
Compreendia que esse alimento nauseante eram as impurezas, o insípido, as boas obras mal
feitas, todas deterioradas, que a Nosso Senhor são bem de aborrecimento, de peso e quase desdenha
recebê-las, porque não podendo suportá-las quer atirá-las de sua boca. Quem sabe quantas das minhas
estavam ali! Então, como obrigado por mim derramou também um pouco daquele alimento. Quanta
razão tinha Jesus, que era mais tolerável o amargo que aquele alimento nauseante e insípido! ” Se não
fosse por seu amor, a nenhum custo o teria aceitado!
(6) Depois disto, o bendito Jesus pôs-me o braço atrás do pescoço, e apoiando a sua cabeça sobre o meu
ombro pôs-se em atitude de repousar. Enquanto repousava encontrei-me num lugar onde havia por piso
muitas tábuas móveis, e abaixo o abismo. Eu, temendo precipitar-me, despertei-o, invocando a sua ajuda,
e Ele disse-me:
(7) “Não temas, é o caminho que todos percorrem. Não é preciso outra coisa que toda a atenção, e como
a maior parte caminham distraídos, esta é a causa pela qual muitos se precipitam ao abismo, e poucos
são o que chegam ao porto da salvação”.
(8) Depois disto desapareceu, e eu encontrei-me em mim mesma.
Volume 6 – 04 de Março de 1904
A alma deve viver no alto. Quem vive no alto não pode ser danificado.
(1) Encontrando-me muito aflita e sofredora pela perda de meu bom Jesus, assim que o vi me disse:
(2) “Minha filha, tua alma deve tratar de ter o voo da águia, isto é, morar no alto, sobre todas as coisas
baixas desta terra, e tão alto, que nenhum inimigo a possa prejudicar, porque quem vive no alto pode ferir
os inimigos, mas não ser ferida. E não só deve viver no alto, mas deve tratar de ter pureza e acuidade de
olhos semelhantes aos da águia. Assim, tendo esta vista e vivendo no alto, com a acuidade de sua vista
penetra as coisas divinas, não de passagem, senão mastigando-as até fazer delas seu alimento predileto,
desgostando-se de qualquer outra coisa, mas também penetra as necessidades do próximo e não teme
descer entre eles e fazer-lhes o bem, e se for necessário põe sua própria vida. E com a pureza da vista, de
dois amores faz um, o amor de Deus tal deve ser a alma se quer me agradar”.
Volume 6 – 01 de Maio de 1904
O olho que se deleita só das coisas do Céu, tem a virtude de ver Jesus, e quem se deleita das coisas da
terra, tem a virtude de ver as coisas da terra.
(1) Encontrando-me no meu habitual estado, estava pensando em nosso Senhor, quando, tendo chegado
ao monte calvário, foi despido de tudo e amargurado com fel, e rogava-lhe, dizendo: “Adorável Senhor
meu, não vejo em Ti mais que uma veste de sangue adornada de chagas, e por gosto e deleite amarguras
de fel, por honra e glória confusões, opróbrios e Cruzes. Ah! não permitas que depois de que Tu sofreste
tanto, que eu não veja as coisas desta terra mais que como esterco e lama, que não me tome outro prazer
que em Ti só, e que toda minha honra não seja outro que a cruz”. E Ele fazendo-se ver me disse:
(2) “Minha filha, se você fizesse de maneira diferente perderia a pureza do olhar, porque fazendo-se um
véu à vista perderia o bem de me ver, porque o olho que se recria só das coisas do Céu tem a virtude de
me ver, e quem se recria das coisas da terra tem a virtude de ver as coisas da terra, porque o olho,
vendo-as diferentes do que são, vê-as e ama-as”.
Volume 6 – 20 de Abril de 1905
A humanidade nestes tempos encontra-se como um osso fora de lugar. Como saber se as paixões foram
dominadas.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, quando mal chegou o bendito Jesus, quase em ato de
castigar as nações, me disse:
(2) “Minha filha, as criaturas me laceram a carne, pisoteiam meu sangue continuamente, e Eu permitirei
que suas carnes sejam laceradas e seu sangue derramado. A humanidade nestes tempos se encontra como
um osso fora de lugar, fora de seu centro, e para colocá-lo em seu lugar e fazê-lo entrar novamente em
seu centro, é necessário que o destrua”.
(3) Depois, acalmando-se um pouco continuou: “Minha filha, a alma pode saber se tem dominado suas
paixões, se quando tocada pelas tentações ou pelas pessoas, não as toma em conta, como por exemplo:
É tentada pela impureza; se tem dominado esta paixão a alma não faz caso e a mesma natureza fica em
seu posto; se não a tem dominado, a alma se entristece, se aflige, e em seu corpo sente correr um rio
purulento. Ou uma pessoa mortifica, injuria a outra; se esta dominou a paixão da soberba fica em paz, se
não assim for, sente correr um rio de fogo, de desprezo, de altaneira, que a põe toda alterada, porque a
paixão quando existe, quando chega a ocasião, sai, e assim por diante”.
Volume 10 – 23 de Novembro de 1910
O amor basta para tudo, e muda as virtudes naturais em divinas.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado, estava pensando na pureza, e em como eu a esta bela
virtude não dedico nem um pensamento, nem a favor nem contra; me parece que neste ponto da pureza,
nem ela me incomoda, nem eu me dou um pensamento dela. E dizia entre mim: “Eu mesma não sei como
me encontro em relação a esta virtude, mas não quero intrometer-me nisso, basta-me o amor para tudo”.
E Jesus, retomando as minhas palavras, disse-me:
(2) “Minha filha, o amor prende tudo, acorrenta tudo, dá vida a tudo, sobretudo triunfa, tudo embeleza,
tudo enriquece. A pureza se contenta em não fazer nenhum ato, olhar, pensamento, palavra, que não seja
honesto, o resto tolera, com isto não se reduz a outra coisa que a adquirir a pureza natural; o amor é
zeloso de tudo, mesmo do pensamento, do respiro, ainda que fossem honestos, tudo quer para si, e com
isto dá à alma a pureza não natural mas divina, e assim de todas as outras virtudes. Assim que o amor
pode dizer-se que é paciência, o amor é obediência, é doçura, é força, é paz, é tudo, assim que todas as
virtudes, se não têm vida do amor, no máximo se podem chamar virtudes naturais, mas o amor as muda
em virtudes divinas. Oh! que diferença entre umas e as outras, as virtudes naturais são servas e as divinas
rainhas, por isso para tudo te basta o amor”.
Volume 10 – 3 de Fevereiro de 1912
Se não se encontra em uma alma a pureza, o justo agir e o amor, não pode ser espelho de Jesus.
(1) Continuando o meu estado habitual, o meu sempre amável Jesus veio, e pondo-me a sua santa mão
debaixo do queixo disse-me:
(2) “Minha filha, tu és o reflexo da minha glória”.
(3) Depois acrescentou: “01 é inútil àquela fonte vangloriar-se da preciosidade das pedras nas
quais está fundamentada se as águas são turvas; nem o sol pode fazer perpendiculares seus raios para
fazer aquelas águas prateadas e comunicar-lhes a variedade das cores; nem as pessoas podem olhar um
para o outro. Minha filha, as almas virgens são a semelhança da pureza da fonte, as águas cristalinas e
puras são o justo agir, o sol que faz perpendiculares seus raios sou Eu, a variedade das cores é o amor.
Então, se Eu não encontrar em uma alma a pureza, o justo agir e o amor, não pode ser meu espelho, estes
são meus espelhos nos quais faço refletir minha glória, todos os demais, apesar de serem virgens, não só
não posso me olhar neles, mas querendo fazer não me reconheço neles. E o sinal de tudo isto é a paz, por
isso conhecerás quão escassos espelhos tenho no mundo, porque pouquíssimas são as almas pacíficas”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade