MEDITAÇÃO
Meditação da Paixão de Nosso Senhor.
14
(63) “Minha amada as coisas passadas foram apenas uma preparação, agora eu quero vir a atos, e para dispor seu coração para fazer o que eu quero de você, isto é, imitação da minha Vida, quero que você entre no imenso mar da minha paixão, e quando tiver compreendido bem a amargura das minhas penas, o amor com que as sofri, quem sou eu que tanto sofri, e quem és tu, s criatura vil, ah, seu coração não se atreverá a se opor aos golpes, a cruz, que eu só preparei para o seu bem.
Em vez de apenas pensar que eu, seu mestre, ao que sofri, suas tristezas parecerão sombras comparadas às minhas, sofrimento será doce e você não poderá ficar sem sofrer ”.
(64) Minha natureza tremia só de pensar no sofrimento, pedi a Ele para me dar força, porque sem Ele eu teria usado seus próprios presentes para ofender o doador. Então comecei a meditar na Paixão, e isso fez tanto bem à minha alma, que acho que tudo o bem chegou a mim dessa fonte.
Via a paixão de Jesus Cristo como um imenso mar de luz, que com seus inúmeros raios eles me machucavam muito, isto é, raios de paciência, de humildade, de obediência e de tantas outras virtudes; Eu me vi toda cercado por essa luz e fui aniquilada me vendo tão diferente de Ele.
Aqueles raios que me inundaram eram para mim muitas outras censuras que me disseram:
(65) “Um Deus paciente, e você? Um Deus humilde e submetido até aos seus próprios inimigos, e você? Um Deus que sofre tanto por seu amor e seus sofrimentos por seu amor, onde estão eles?
(66) Às vezes, ele mesmo me narrava as penas sofridas por Ele, e ficava tão comovida que chorava amargamente. Um dia, enquanto trabalhava, eu estava considerando as penas muito amargas que meu bom Jesus sofreu, meu coração se sentiu tão oprimido pela dor, que me faltava a respiração; Temendo que algo acontecesse comigo, eu queria me distrair inclinando-me para a varanda a rua, mas o que eu vejo? Eu vejo a rua cheia de gente, e no meio meu amante Jesus com a cruz nas costas; um o empurrava de um lado e outro alguém pro outro, todo agitado, com o rosto pingando sangue, que levantou os olhos em minha direção, numa atitude de me pedir ajuda.
Quem pode conta a dor que senti, a impressão que uma cena tão lamentável causou em minha alma?
Entrei rapidamente no meu quarto, eu mesma não sabia onde estava, meu coração, o sentia rasgar em pedaços por causa da dor, e chorando lhe dizia:: “Meu Jesus, se ao menos eu pudesse ajudar, te pudesse libertar daqueles lobos furiosos! Ai! eu gostaria ao menos de sofrer essas penas em seu lugar, para aliviar minha dor. Ah, meu bem, me dê o sofrimento, porque não é justo que Tu sofras tanto, e eu, pecadora, fique sem sofrer ”.
2-7
Março 20, 1899
Jesus derrama suas amarguras e lhe diz a causa dos males do mundo.
(1) Esta manhã Jesus transportou-me para fora de mim mesma e fez-me ver muitas pessoas, todas em discórdia. Oh, quanta dor dava a Jesus! Eu, vendo-o sofrer muito, pedi-lhe que derramasse em mim suas amarguras, mas como continuava querendo castigar o mundo, Jesus não queria derramá-las em mim, mas depois de havê-lo pedido e voltado a pedir, para contentar-me derramou um pouco. Então, tendo-se aliviado um pouco, disse-me:
(2) “A causa pela qual o mundo se reduziu a este triste estado, é por ter perdido a subordinação às cabeças, e como a primeira cabeça é Deus, ao Qual se rebelaram, como conseqüência aconteceu que perderam toda sujeição e dependência à Igreja, às leis, e a todos os outros que se dizem cabeças.
Ah! Minha filha, o que será de tantos membros infectados por este mau exemplo dado por aqueles mesmos que se dizem cabeças, isto é, por superiores, por pais e por tantos outros? ¡ Ah, chegarão a tanto, que não se reconhecerão mais nem pais, nem
irmãos, nem reis, nem príncipes, estes membros serão como tantas víboras que reciprocamente se envenenarão, por isso vê como são necessários os castigos nestes tempos, e que a morte quase destrua esta gente, para que os poucos que restam aprendam às custas dos outros a serem humildes e obedientes! Por isso me deixe fazer, não queira se opor a que castigue as pessoas”.
3-8
Novembro,13 1889
Jesus sofre ao ver sofrer as criaturas. Luisa se oferece para consolá-lo.
(1) Esta manhã meu adorável Jesus parecia inquieto, não fazia outra coisa que ir e vir, agora se entretia comigo, agora quase atraído por seu ardente amor pelas criaturas ia ver o que faziam, e tudo se lamentava pelo que sofriam, como se Ele mesmo e não elas estivesse sofrendo. Muitas vezes vi o confessor, que com seu poder sacerdotal obrigava Jesus a fazer-me sofrer suas penas para poder aplacá-lo, e Ele, enquanto parecia que não queria ser aplacado, depois mostrava-se contente e agradecia de coração a quem se ocupava em sustentar seu braço indignado, e agora me participava um sofrimento e agora outro. Oh, como era terno e comovedor vê-lo neste estado!
Fazia destroçar o coração de compaixão. Muitas vezes me disse:
(2) “Conforme-se a minha Justiça, que não posso mais. Ah! o homem é muito ingrato e quase me obriga por toda parte a castigá-lo, arranca-me ele mesmo das minhas mãos os castigos. Se você soubesse quanto sofro ao fazer uso de minha justiça, mas é o próprio homem que me faz violência!
Ah! se não tivesse feito outra coisa que comprar a preço de sangue sua liberdade, mesmo assim deveria ser agradecido Comigo; mas o homem, para me fazer maior agravo vai inventando novas maneiras para fazer inútil meu desembolso”.
(3) E enquanto dizia isto chorava amargamente, e eu para consolá-lo eu disse: “Doce Bem meu, não te aflijas, vejo que a tua aflição é maior porque te sentes obrigado a punir as pessoas. Ah não, não seja jamais! Se Tu és tudo para mim, eu quero ser toda para Ti, assim que sobre mim manda os flagelos, aqui está a vítima sempre disposta e à tua disposição, podes fazer-me sofrer o que quiseres e assim ficará tua justiça de algum modo aplacada, e Tu aliviado da aflição que sentes ao ver as criaturas sofrerem. Foi sempre esta a minha intenção ao não me conformar à justiça, porque sofrendo o homem sofrerás mais Tu do que Ele mesmo”.
(4) Enquanto isso eu estava dizendo que a nossa Rainha Mãe veio, e eu me lembrei que, tendo pedido ao confessor a obediência de me conformar com a justiça, ele tinha me dito para perguntar à Virgem Santíssima se eu queria me uniformizar. Eu disse-lhe e ela disse-me: “Não, não, reza antes minha filha, e nestes dias trata por quanto mais possas ter a Jesus junto contigo e aplacá-lo, porque muitos castigos estão preparados”.
4-8
Setembro 18, 1900
A Caridade ao próximo. Luisa roga-lhe que a leve ao Céu.
(1) Esta manhã meu adorável Jesus me transportou para fora de mim mesma e me fazia ver os muitos males que se cometem contra a caridade do próximo, quanta pena davam ao pacientíssimo Jesus, parecia que os recebia Ele mesmo; então todo aflito me disse:
(2) “Minha filha, quem faz mal ao próximo se faz mal a si mesmo, e matando ao próximo mata sua alma, e assim como a caridade predispõe a alma a todas as virtudes, assim não ter a caridade predispõe a alma a cometer toda sorte de vícios”.
(3) Depois disto nos retiramos, e como há vários dias sofria uma dor intensa nas costelas, me sentia por isso sem forças. E o bendito Jesus, compadecendo-me, disse-me:
(4) “Amada minha, tu queres vir, não queres?”
(5) E eu: “Queira o Céu meu Senhor, que esta dor fosse causa para vir a Ti; como lhe estaria agradecida, como me seria querido, e tê-lo-ia por um de meus mais fiéis amigos, mas creio que queres me tentar como as outras vezes, e excitar-me com teus convites, e, ficando desiludida, virás a tornar mais crua e dilacerante o meu martírio. Mas, ah, tem compaixão de mim e não me deixe muito mais tempo sobre a terra! absorve em Ti este mísero verme que tem razão, porque de Ti mesmo saiu”. O amável Jesus enternecendo-se todo ao ouvir-me, disse:
(6) “Pobre filha, não temas, porque é certo que virá o teu dia no qual ficarás absorvida em Mim, no entanto, deves saber que as tuas contínuas violências de vir a Mim, especialmente depois dos meus convites, te servem muito e te fazem viver na atmosfera do ar, sem a sombra de nenhum peso terreno; tanto que tu és como aquelas flores que nem sequer têm a raiz na terra, e vivendo assim suspensa no ar, vens recriar o Céu e a terra, e tu, olhando para o Céu, somente nele te recrias e te nutres de tudo o que é celestial, e vendo a terra tens compaixão dela, e a ajudas por quanto podes por parte tua; mas em comparação com o cheiro do Céu advertes imediatamente a peste que exala da terra e a aborreces. Poderia te colocar em uma posição para Mim e para o Céu mais querido, e para ti e para o mundo mais proveitoso?”
(7) E eu: “Contudo, ó meu Senhor, deverias ter compaixão de mim por não alargar a minha morada aqui, pelas tantas razões que tenho; especialmente pelos tristes tempos que se preparam; quem terá coração para ver carnificina tão sangrenta? E além disso, por suas contínuas privações que me custam mais que a morte”. Enquanto dizia isto, vi uma multidão de anjos ao redor de Nosso Senhor que diziam:
8) “Senhor e nosso Deus, não vos façais mais importunar, contenta-la, nós com ânsia a esperamos. Feridos por sua voz viemos aqui para ouvi-la, e estamos ansiosos por levá-la conosco.
E tu, ó escolhida, vem alegrar-nos na nossa celeste morada”.
(9) O bendito Jesus, comovido, parecia que queria condescender e desapareceu, e encontrando-me em mim mesma me sentia aumentado a dor, tanto, que delirava continuamente; mas não me entendia a mim mesma pelo contentamento.
5-8
Abril 21, 1903
Jesus suspende Luisa de seu habitual estado para poder castigar.
(1) Tendo passado dias amargos de privações e lágrimas, com o acréscimo de me ver na possibilidade de que o Senhor me suspendesse do estado de vítima, como de fato me aconteceu, que porque me esforçava não podia perder os sentidos, Mas fiquei surpreendida por muitas dores internas que me inquietavam, sem que o pudesse compreender. Apenas um sonho na noite, no qual me parecia ver um anjo que me levava dentro de um jardim, no qual estavam todas as plantas enegrecidas, mas eu não fiz só pensava em como Jesus me tinha expulsado de Si. Então, ao fim da tarde, o confessor chegou, e encontrando-me em mim mesma, disse-me que as vinhas tinham
congelado. Fiquei aflita ao pensar nas pobres pessoas, e no temor de que não me fizesse cair em meu estado acostumado para poder livremente castigar. Mas esta manhã o Bendito Jesus veio-me fazendo cair no meu estado habitual, e eu mal o vi lhe disse:
(2) “Ah! Senhor, e ontem que fizeste? Então você saiu com a sua, e além disso, nem sequer me disse nada, que pelo menos teria implorado para evitar em parte o castigo”.
(3) E Ele: “Minha filha, era necessário que te suspendesse, de outra maneira tu me terias impedido, e Eu não poderia estar livre; e além disso, quantas vezes não fiz Eu o que tu quiseste? Ah! minha filha, é necessário que no mundo chovam os flagelos, de outra maneira por cuidar dos corpos se perderão as almas”.
(4) Dito isto desapareceu e eu me encontrei fora de mim mesma, sem meu doce Jesus, por isso ia buscando-o, e nesse momento via no céu um Sol diferente do sol que nós vemos, e junto uma multidão de santos, os quais ao ver o estado do mundo, a corrupção, e como se fazem zombaria de Deus, todos a uma voz gritavam: “Vingança de tua honra, de tua glória, faz uso da justiça enquanto o homem não quer reconhecer mais os direitos de seu Criador; mas como falavam em latim, eu pensava que fosse este o significado; ao ouvir isto eu tremia, me sentia gelar e implorava piedade e misericórdia.
6-8
Dezembro 3, 1903
Com a Divina Vontade somos tudo, sem Ela somos nada.
(1) Continuando o meu estado habitual, por pouco tempo veio o meu bendito Jesus dizendo-me:
(2) “Minha filha, qualquer ação humana que não tem nenhum nexo com a Vontade Divina, põe fora a Deus de sua própria criação; até mesmo o mesmo sofrer, por quão santo, nobre e precioso fosse a meus olhos, não obstante, se não é parto de minha Vontade, em vez de me agradar me indigna e me é desagradável”.
(3) Oh! poder da Vontade Divina, como é santa, adorável e amável, Contigo somos tudo, ainda que nada façamos, porque tua Vontade é fecunda e nos dá a luz todos os bens, e sem Ti somos nada, embora tudo façamos, porque a vontade humana é estéril e esteriliza todas as coisas.
7-8
Março 9, 1906
Vê as almas purgantes irem em socorro dos povos.
(1) Continuando meu habitual estado, vi o bendito Jesus e muitas almas purgantes que Jesus Cristo mandava em ajuda dos povos, nos quais parecia que deviam acontecer muitas desgraças de doenças contagiosas, em algum lugar terremotos; além disso, quem se suicidava, quem se atirava nos poços, nos mares, e quem matava a outros, parecia que o homem estava cansado de si mesmo, porque sem Deus não sente a força de continuar a vida. Oh Deus, quantos castigos e quantos milhares de pessoas serão vítimas destes flagelos!
8-9
Agosto 6, 1907
Não vê outra coisa que castigos.
(1) Continuando meu estado habitual, eu estava fora de mim dentro de uma igreja, e eu parecia ver uma bela senhora com seus seios tão cheios de leite, que parecia que gostaria de lhe abrir a pele.
Depois, chamando-me, disse-me:
(2) “Minha filha, este é o estado da Igreja, está cheia de amarguras internas, e, juntamente com elas, está no ato de receber as amarguras externas. Sofre tu um pouco para atenuá-las em algo”.
(3) E enquanto dizia isto, parecia que se abria os seios, e enchendo sua mão com leite me dava a momento via que faziam revoluções, entravam nas igrejas, despojavam altares, os queimavam, atentavam contra sacerdotes, rompiam estátuas, e milhares de outros insultos e infâmias.
Enquanto faziam isso, o Senhor mandava outros castigos do Céu, muitos ficavam mortos ou feridos, parecia uma briga geral contra a Igreja, contra o governo e entre eles mesmos. Eu fiquei espantada e me encontrei em mim mesma, e continuava vendo a Rainha Mãe, junto com outros santos, que rogavam a Jesus Cristo que me fizesse sofrer, mas parecia que Ele não prestava atenção, e entravam em conflito, e irritado respondeu o bendito Jesus:
(4) “Não me incomodem, Acalmem-se, senão trago-a para mim”.
(5) Mas apesar disso parece que eu sofri um pouco.
(6) Agora digo tudo junto, que em todos estes dias, encontrando-me em meu habitual estado, não vi outra coisa que revoluções e castigos. O bendito Jesus está quase sempre taciturno, e de vez em quando só me diz:
(7) “Minha filha, não me faças violência, de outra maneira te farei sair deste estado”.
(8) E eu digo: “Minha vida e meu tudo, se quiser ser deixado livre para fazer o que quiser, leve-me, e depois poderá fazer o que quiser”.
(9) Parece que nestes dias é preciso muita paciência para lidar com Jesus bendito.
9-8
Maio 25, 1909
Jesus confunde a alma de amor.
(1) Continuando meu estado habitual, o bendito Jesus não vinha, mas eu senti todo o dia como alguém que me apressava, que não me deixava perder nem um minuto de tempo, mas que me tinha sempre em contínua oração. Um pensamento queria distrair-me ao dizer-me: “Quando o Senhor não vem tu rezas mais, estás mais atenta, e com isto dás ocasião para que não venha, porque o Senhor dirá: Já que se porta melhor quando não venho, é melhor que a prive de Mim”. Eu não posso perder tempo e escutar o que dizia o pensamento, para fechar-lhe a porta na cara disse:
“Por quanto mais Ele não venha, eu mais o confundirei em amor, eu não quero dar-lhe ocasião, isto posso e isto quero fazer, e Ele é dono de fazer o que queira”. E sem pensar no desatino que me havia dito o pensamento continuei o que devia fazer. E na noite, quando já nem me lembrava disso, o bendito Jesus veio e sorrindo me disse:
(2) “Bravo, bravo a minha amante que quer me confundir em amor, entretanto te digo: Jamais me confundirá, e se alguma vez parecer que me confunde em amor, sou Eu quem te dá a liberdade de fazê-lo, porque o único alívio e a coisa que mais gozo por parte das criaturas é o amor. De fato era Eu quem te sugeria rezar, que rezava contigo, que não te dava descanso, assim que em vez de me confundires tu, Eu te confundia em amor, e como tu te sentias toda cheia de amor e por isso ficavas confusa, vendo o quanto meu amor derramava em ti, pensavas que me confundias com o teu amor, mas digo-te, contanto, desde que tu procures amar-me mais, gozo destes teus desatinos e faço deles um entretenimento entre tu e eu”.
10-8
Dezembro 24, 1910
Almas indecisas não são boas para nada.
(1) Tendo recebido a comunhão rogava ao bom Jesus por um sacerdote que queria saber se o Senhor o chamava ao estado religioso, e o bom Jesus me disse:
(2) “Minha filha, Eu o chamo e ele está sempre indeciso. As almas que não são decididas não são boas para nada; ao contrário quando são decididas e resolvidas, então todas as dificuldades as supera, as soluciona, aqueles mesmos que suscitam as dificuldades, vendo-o tão resolvido, se enfraquecem e não têm o valor de opor-se. É um pouco de apego o que o ata, e Eu não quero contaminar minha graça nos corações que não estão livres de tudo; se se separa de tudo e de todos, então minha graça o inundará de mais e sentirá a força necessária para seguir meu chamado”.
11-9
Março 3,1912
O temperamento de Jesus forma sua Vontade, e a alma que faz a Vontade de Deus toma parte em todas as qualidades de seu temperamento.
(1) Continuando meu habitual estado, veio meu adorável Jesus e me disse:
(2) “Minha filha, quem faz minha Vontade perde seu temperamento e toma o meu, e como em meu temperamento há tantas músicas que formam o paraíso dos bem-aventurados, isto é:
música é meu temperamento doce, música é a Bondade, música a Santidade, música a Beleza, a Potência, A Sabedoria, a Imensidão, e assim de tudo o resto de meu Ser, então a alma tomando parte em todas as qualidades de meu temperamento, recebe nela todas as variedades destas músicas, e conforme vai fazendo ainda as menores ações, me faz uma música e Eu ao ouvi-la conheço imediatamente que é música que a alma tomou de minha Vontade, isto é de meu temperamento, e corro e vou ouvi-la, e me agrada tanto que fico recriado e ressarcido por
todas as afrontas que me fazem todas as demais criaturas. Minha filha, o que será quando estas músicas passarem para o céu? A alma a porei diante de Mim, Eu farei minha música e ela a sua, nos flecharemos reciprocamente, o som de um será o eco do som da outra, as harmonias se confundirão, e com toda a clareza se conhecerá por todos os bem-aventurados que esta alma não é outra coisa senão fruto do meu Querer, portento da minha Vontade, e todo o Céu por ela gozará de um paraíso a mais. Estas são as almas às quais vou repetindo:
“Se não tivesse criado o Céu, por ti só o criaria”. Distendendo o céu de meu Querer nelas, e nelas faço minhas
verdadeiras imagens, nestes céus vou-me espalhando, divertindo-me e entretendo-me com elas; a estes céus repito: “Se não tivesse ficado no Sacramento, por vocês eu ficaria”. Porque elas são as minhas verdadeiras hóstias, e eu, assim como não poderia viver sem um Querer, assim também não posso viver sem estes céus da minha vontade; aliás, não são só as minhas verdadeiras hóstias, mas o meu calvário e a minha própria Vida. Estes céus de meu Querer são-me mais queridos e são mais privilegiados que os tabernáculos e que as mesmas hóstias consagradas, porque na hóstia, com o consumir-se as espécies minha Vida termina, em troca nestes céus de meu Querer minha Vida não termina jamais, antes me servem de hóstias na terra e serão hóstias eternas no Céu. A estes céus do meu Querer acrescento: “Se não tivesse encarnado no seio da minha Mãe, por estas almas ter-me-ia encarnado, por estas teria sofrido a Paixão”. Porque nelas encontro o verdadeiro fruto completo da minha Encarnação e da minha Paixão”.
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