Estudo 9 – Livro do Céu Vol.12 a 20 – Escola da Vontade de Deus

Escola da Divina Vontade
Estudo 9 – Livro do Céu Vol.12 a 20 – Escola da Vontade de Deus
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MEDITAÇÃO
12-11
Junho 7, 1917

A alma fica separada de Jesus quando faz entrar nela alguma coisa que não pertence a Ele

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, lamentava-me com meu doce Jesus de suas privações e lhe dizia: “Que amarga separação, separada de Ti tudo termina e me sinto a criatura mais infeliz que possa existir”. E Jesus, interrompendo o meu discurso, disse-me:
(2) “Minha filha, que separação encontras? A alma fica separada de Mim quando faz entrar alguma coisa que não me pertence a Mim. Por isso, se eu entrar na alma e encontrar a sua vontade, os seus desejos, os seus afetos, os pensamentos, o coração, todo meu, eu a absorvo em mim, e vou fundindo com o fogo do meu amor a sua vontade com a minha, e delas faço uma só; fundo seus desejos com os meus, os afetos, os pensamentos com os meus, e quando de tudo formei um só líquido, como celestial orvalho o despejo sobre toda minha Humanidade, que, dividindo-se em tantas gotas de orvalho por quantas ofensas recebe, me beijam, me amam, me reparam, embalsamam minhas feridas irritadas. E como estou sempre em ato de fazer o bem a todos, este orvalho desce a bem de todas as criaturas. Mas se encontro na alma alguma coisa estranha, que não me pertence, então não posso fundir o seu no meu, porque somente o amor é o que tem virtude de fundir-se e fazer-se um só; as coisas similares são as que podem trocar-se, e que têm o mesmo valor, por isso, se na alma há ferro, espinhos, pedras, como se podem fundir? E então são as separações, a infelicidade. Então, se nada entrou em seu coração, como posso me separar?”

13-9
Julho 20, 1921

Semelhança entre a água e a Divina Vontade.

(1) Continuando meu habitual estado me sentia muito amarga e dizia entre mim: “Só seu Querer me fica, não tenho nada mais, tudo desapareceu”. E meu doce Jesus movendo-se dentro de mim me disse:
(2) “Minha filha, minha Vontade é a única coisa que deve ficar para você, Ela é simbolizada pela água, que enquanto se vê abundante nos mares, nos rios, nos poços, no resto da terra se vê como se a água não estivesse, no entanto não há ponto da terra que não esteja impregnado pela água, não há edifícios nos quais a água não tenha sido o primeiro elemento para os edificar, não há alimento no qual a água não tenha o seu lugar primário, de outra maneira seria alimento árido que o homem nem sequer poderia deglutir.

É tal e tal a força que contém a água, que se tivesse o campo livre para sair do leito do mar, devastaria e abateria toda a terra. Mais que água é minha Vontade; é verdade que em certos pontos, épocas e circunstâncias tem estado como represa em vastíssimos mares, rios e poços, mas não há coisa, da maior à menor, na qual minha Vontade não corra e não tenha o posto primário, mas como escondida, como está escondida a água na terra, que embora não apareça, é ela que faz vegetar as plantas e dá a vida às raízes. Mas quando meu amor fizer despontar a era de minha Vontade, a nova era do máximo benefício sobre as criaturas, então transbordarão os mares, os rios de meu Querer, e pondo fora suas ondas gigantescas atropelarão tudo em meu Querer, mas não mais como escondido, mas suas ondas fragorosas se farão ver por todos e tocarão a todos, e quem quiser resistir à corrente estará em perigo de perder sua vida.
(3) Agora, tendo ficado só meu Querer, é como a água que tem seu lugar primário sobre todos os bens, e em todas as coisas, no Céu e na terra, e quando meu Querer sair de suas praias, seu querer fundido no meu terá seu primado. O que mais queres?”

14-9
Março 3, 1922

O Agricultor Celestial semeia sua palavra.

(1) Continuando meu estado habitual, meu doce Jesus veio, mas sem me dizer nada, todo taciturno e extremamente aflito, e eu disse:
(2) “O que tem Jesus que não fala? Você me é vida, sua palavra me é alimento, e eu não posso estar em jejum, sou muito débil e sinto a necessidade contínua do alimento para crescer e me manter forte”.
(3) E Jesus todo a bondade me disse: “Minha filha, também Eu sinto a necessidade de um alimento, e depois de que te alimentei com minha palavra, essa mesma palavra mastigada por ti, havendo-se convertido em sangue, germina o alimento para Mim, e se tu não podes estar em jejum, tampouco Eu quero estar em jejum, Quero a correspondência da comida que te dei, e depois volto para te alimentar. Sinto muita fome, em breve, tire-me a fome”.
(4) Eu fiquei confusa e não sabia o que lhe dar, porque nunca tive nada, mas Jesus com as suas duas mãos tomava o meu coração, o meu fôlego, os meus pensamentos, os afetos, os desejos, mudados em tantos globinhos de luz, e comia-os dizendo:
(5) “Isto é o fruto da minha palavra, é coisa minha, é justo que os coma”.
(6) Então ele parecia estar tomando um pouco de repouso, e então ele adicionou”.
(7) “Minha filha, agora convém que me ponha de novo ao trabalho, para trabalhar o terreno de sua alma, para poder semear a semente de minha palavra para alimentá-la. Eu faço como o camponês quando quer semear seu terreno, forma as valas, faz os sulcos e depois lança a semente neles, logo volta a cobrir de terra as valas e os sulcos onde tem jogado a semente, para tê-la defendida e dar-lhe tempo para fazê-la germinar, para recolher centuplicada para
fazer dela seu alimento, mas deve estar atento a não colocar muita terra, de outra maneira sufocaria sua semente e a faria morrer debaixo da terra e ele correria o risco de ficar em jejum.
Assim faço Eu, preparo as valas, formo os sulcos, ampliando a capacidade de sua inteligência para poder semear minha palavra divina, e assim poder formar o alimento para Mim e para ela, depois cubro as valas e os sulcos de terra, e esta terra é a humildade, o nada, o aniquilamento da alma, alguma pequena fraqueza ou miséria, isto é terra e é necessário que a tire dela, porque a Mim me falta esta terra e assim cubro tudo e espero com alegria minha colheita.
Queres saber o que acontece quando a minha semente fica cheia de terra? Quando a alma sente suas misérias, suas fraquezas, seu nada, e se aflige, pensa tanto nisto que perde o tempo e o inimigo se serve disso para jogá-la na turbação, na desconfiança e no abatimento; tudo isto é terra de mais sobre minha semente.  Oh, como minha semente se sente morrendo, como é difícil germinar sob esta terra! Muitas vezes essas almas cansam o Agricultor
Celestial e ele se retira. Oh! quantas dessas almas existem”.

(8) E eu: “Meu amor, sou eu uma dessas?”

(9) E Ele: “Não, não, quem faz minha Vontade não está sujeito a poder formar terra para sufocar minha semente, aliás, muitas vezes não se encontra nem sequer a humildade, senão só seu nada que produz pouca terra, e apenas uma capa posso pôr sobre minha semente, e o Sol da minha Vontade a fecunda e logo germina, e Eu faço grandes colheitas e volto logo para lançar minha semente, e podes estar segura disto, não vês como volto continuamente a semear novas sementes de verdade em tua alma?”

(10) Agora, enquanto dizia isto, sobre o rosto de Jesus via-se uma tristeza, e tomando-me pela mão transportou-me para fora de mim mesma e fez-me ver deputados e ministros, todos transtornados e como se eles mesmos tivessem preparado um grande fogo, no qual ficavam envoltos nas chamas; viam-se os chefes sectários, que cansados de esperar, de amaldiçoar contra a Igreja, ou queriam ser deixados livres para iniciar lutas sangrentas contra Ela, ou se queriam retirar de governar, viam-lhes faltar o piso debaixo de seus pés, tanto por finanças como por outras coisas, e para não fazer o ridículo queriam retirar-se de governar o destino da nação, mas quem pode dizer tudo? E Jesus, todo sofredor disse:

(11) “Terríveis, terríveis são os preparativos, querem fazer tudo sem Mim, mas tudo servirá para confundi-los”.

15-9
Março 12, 1923
Privação de Jesus e efeitos que produz. Como Jesus sofreu o afastamento da Divindade.

(1) Sentia-me a morrer de pena pela privação de meu doce Jesus, e se vem o faz como relâmpago que foge. Então, não podendo mais, e tendo ele compaixão de mim, saiu de dentro de mim, e eu, quando o vi, lhe disse: “Meu amor, que pena, me sinto morrer sem Ti, mas morrer sem morrer, que é a mais dura das mortes, eu não sei como a bondade de teu coração pode suportar me ver em estado de morte contínua, só por tua causa”.\

(2) E Jesus: “Minha filha, coragem, não te abatas demasiado, não estás sozinha em sofrer esta pena, também Eu a sofri, como também minha querida Mãe, oh, quanto mais dura que a tua! Quantas vezes minha gemente Humanidade, se bem que era inseparável da Divindade, mas para dar lugar às expiações, às penas, sendo estas incapazes de tocá-la, Eu ficava só e a Divindade como afastada de Mim. ¡ Oh! como sentia esta privação, mas isto era necessário. Tu deves saber que quando a Divindade pôs fora a obra da Criação, pôs também fora toda a glória,
todos os bens e felicidade que cada uma das criaturas devia receber, não só nesta vida mas também na pátria celestial. Agora, toda a parte que correspondia às almas perdidas ficava suspensa, não tinha a quem dar-se, então Eu, devendo completar tudo e absorver tudo em Mim, expus-me a sofrer a privação que os mesmos condenados sofrem no inferno.

Oh, quanto me custou esta pena! Me custou pena de inferno e morte impiedosa, mas era necessário. Devendo absorver tudo em Mim, tudo o que saiu de Nós na Criação, toda a glória, todos os bens e felicidade, para os fazer sair de Mim de novo, para os pôr à disposição de todos os que quisessem tirar proveito deles, devia absorver todas as penas e a mesma privação de minha Divindade, agora, todos estes bens absorvidos em Mim de toda a obra da Criação, sendo Eu a cabeça da qual todo bem desce sobre todas as gerações, vou buscando almas que me assemelham nas penas, nas obras, para poder participar tanta glória e felicidade que minha Humanidade contém, mas nem todas as almas as querem aproveitar, nem todas estão vazias de si mesmas e das coisas daqui abaixo para poder fazer-me conhecer e depois subtrair-me, e nestes vazios delas mesmas e do conhecimento que adquiriram de Mim, formar esta pena de minha privação, e na privação que sofre venha absorver nela esta glória de minha Humanidade que outros rechaçam. Se eu não tivesse estado quase sempre contigo, tu não me terias conhecido nem amado, e esta dor da minha privação não o sentirias nem poderia formar-se em ti, e em ti faltaria a semente e o alimento desta dor.  Oh! quantas almas estão privadas de Mim, e talvez ainda estejam mortas, elas doem se se vêem privadas de um pequeno prazer, de uma bagatela qualquer, mas privadas de Mim não têm nenhuma dor e nem sequer um pensamento, assim que esta dor deveria consolar-te, porque te dá
o sinal seguro de que vim a ti e que me conheceste, e que teu Jesus quer pôr em ti a glória, os bens, a felicidade que os demais rejeitam”.

16-9
Julho 27, 1923

Jesus faz o depósito dos bens, efeitos, prodígios, conhecimentos que contém sua Vontade numa criatura, para depois dá-los às demais.

(1) Esta manhã meu doce Jesus se fazia ver em modo maravilhoso, Ele estava de pé sobre meu coração, tinha posto duas hastes sobre as quais tinha formado um arco, e no meio havia afixado uma roda com duas cordas, uma à direita e outra à esquerda, e pendurada um balde; e Jesus com toda a pressa fazia descer o balde no meu coração, tirava-o cheio de água e derramava-a no mundo, tirava e derramava em modo tal de inundar a terra. Era deleitável ver a Jesus como afanar-se, jorrar suor pelo trabalho que fazia ao tirar tanta água. Então pensei entre mim: “Como é que sai tanta água do meu coração, se é tão Pequenino? E quando é que a pôs?” Então o bendito Jesus fazia-me compreender que todo esse aparato não era outra coisa que sua Vontade, que com tanta bondade havia operado em mim; a água que tirava eram todas as palavras e ensinamentos sobre sua adorável Vontade, que como em depósito tinha posto no meu coração, que mais do que água, querendo regar a Igreja para dar-lhe o conhecimento de sua Vontade, tirava-a para fazer que se cumpra como Ele quer. E depois disse-me:

2) “Minha filha, assim como fiz na Encarnação, em que primeiro depositei na minha querida Mamãe todos os bens que convinham para descer do Céu à terra, depois me encarnei e fiz o depósito de minha mesma Vida; e de minha Mamãe saiu este depósito como vida de todos, assim será da minha Vontade, é necessário que faça o depósito dos bens, efeitos, prodígios, conhecimento que contém, depois de feito o depósito em você, então se fará caminho e será dado às outras criaturas.
Por isso, olhe, tudo está preparado, o depósito está quase terminado, não resta outra coisa a não ser dispor aos primeiros para fazê-lo conhecer, a fim de que não fique sem o seu fruto”.

17-9
Agosto 14, 1924

O obrado na Divina Vontade contém a potência criadora. O obrar de Jesus forma a coroa ao obrar das criaturas.

(1) Estava pensando entre mim: “Queria girar sempre em seu Querer Divino, queria ser como roda de relógio que gira sempre sem parar jamais”. Mas enquanto isso eu pensava, meu doce Jesus se moveu dentro de mim e me disse:.
(2) “Minha filha, você quer sempre girar em meu Querer? Oh! com que vontades e com que amor quero que gires sempre em meu Querer, tua alma será a roda, minha Vontade te dará a corda para te fazer girar velozmente sem deter jamais, tua intenção será o ponto de partida de aonde queres ir, que caminho queres tomar, se ao passado ou bem no presente, ou queres deleitar-te nos caminhos futuros, à tua livre escolha, sempre me serás amada e me dará sumo deleite qualquer ponto de partida que tu tomes”..

(3) Depois acrescentou: “Filha amadíssima da minha Vontade, tudo o que se faz na minha Vontade contém a potência criadora. Olhe, tudo o que fez minha Humanidade estando na terra, como tudo foi feito na Vontade Suprema, tudo contém esta potência criadora, tanto, que assim como está um sol sempre em ato, sempre pleno de luz e de calor, sem diminuir jamais, nem crescer em seu pleno esplendor, tal como foi criado por Deus, assim tudo o que fiz, tudo está em ato, e como o sol é de todos e de cada um, assim o meu agir, enquanto é um de todos e de cada um, na verdade, meus pensamentos formam a coroa a cada inteligência criada, meus olhares, minhas palavras, minhas obras, meus passos, meus batimentos, minhas penas, formam a coroa dos olhares, das palavras,
das obras, das penas, etc., etc., das criaturas, poderia dizer que como coroa estão a guarda de tudo o que faz a criatura. Agora, se a criatura pensa em minha Vontade, a coroa de meus pensamentos se abre e fecha nos meus pensamentos, e tomando parte na potência criadora, fazem para Deus e para as criaturas o ofício de minha inteligência; assim se olhas, se falas, meus olhares, minhas palavras formam o posto para receber as tuas e formando uma só coroa fazem o ofício de meus olhares e de minhas palavras, e assim por diante. As almas que vivem em minha Vontade são minhas verdadeiras repetidoras, minhas inseparáveis imagens reproduzidas nelas e
absorvidas de novo em Mim, para fazer com que tudo o que fazem fique com o selo de que são obras minhas e continuem o meu mesmo ofício”.

18-9
Outubro 24, 1925
A Divina Vontade é um ato só, imenso e eterno que contém tudo junto: Criação, Redenção, Santificação. Quem vive na Divina Vontade possui este ato sozinho e toma parte em todas as suas obras, formando um ato só com o seu Deus.

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, sentia a meu doce Jesus mover-se em meu interior, em ato de estender-se em mim, como se me pusesse em agonia; eu ouvia seu estertor de agonizante e me sentia também eu agonizar junto com Ele. Depois de ter sofrido um pouco junto com Jesus me disse:

(2) “Minha filha, o pensar em minha Paixão, o compadecer-me em minhas penas me é muito grato, sinto que não estou só em minhas penas, senão que tenho junto Comigo a companhia da criatura, por causa da qual Eu sofro e a que amo tanto, e tendo-a junto Comigo o sofrer me faz mais doce. Como é duro o isolamento no sofrer! Quando me vejo sozinho não tenho a quem confiar minhas penas, nem a quem dar o fruto que minhas penas contêm, e por isso fico como afogado de penas e de amor, e por isso meu amor não podendo mais, venho a ti para sofrer em ti e tu sofres junto Comigo as penas de minha Paixão em ato, para repetir o que Eu fiz e sofri em minha Humanidade.
O repetir minha Paixão em ato na criatura difere de quem só pensa e compadece minhas penas; o primeiro é um ato de minha Vida que se põe em meu lugar para repetir minhas penas, e Eu sinto dar-me de novo os efeitos, o valor de uma Vida Divina; Em vez disso, pensar nas minhas mágoas e ter pena de mim, é apenas a companhia que sinto da criatura. Mas sabe você em quem posso repetir minhas penas em ato de minha Paixão? Em quem está como centro de vida minha Vontade.
Só minha Vontade é um ato único, que não tem sucessão de atos; este ato único está como fixado em um ponto que jamais se muda, este ponto é a eternidade, e enquanto é um ato só, é ato primeiro, ato interminável, porém sua circunferência é tão imensa que nada lhe pode escapar, abraça tudo e a todos com um só abraço, Então a Criação, a Redenção e a Santificação é um ato único para a Divindade, e somente porque é um ato só tem a potência de fazer seus todos os atos como se fossem um só. Agora, quem vive em minha Vontade possui este ato único, e não é maravilha que tome parte nas penas de minha Paixão como em ato; neste ato único encontra como em ato a seu Criador que cria a Criação, e ela, formando um ato só com seu Deus, cria junto com Ele, correndo como um só ato em todas as coisas criadas, e forma a glória da Criação a seu Criador; seu amor brilha sobre todas as coisas criadas, goza e toma prazer delas, as ama como suas coisas e de seu Deus. Naquele ato só ela tem uma nota que faz eco a todo o obrar divino, e diz em sua ênfase de amor: O que é teu é meu, e o que é meu é teu; sejam dados glória, Honra e amor ao meu Criador. Neste ato só encontra em ato a Redenção, a faz toda sua, sofre minhas penas como se fossem suas, corre em tudo o que Eu fiz, em minhas orações, em minhas obras, em minhas palavras, em tudo tem uma nota de reparação, de compaixão, de amor e de substituição à minha Vida’. Neste ato só encontra tudo, tudo o faz seu e por toda parte põe sua correspondência de amor, por isso viver em minha Vontade é o prodígio dos prodígios, é o encanto de Deus e de todo o Céu, porque vêem correr a pequenez da criatura em todas as coisas de seu Criador, e como raio solar unido a este ato só se difunde por toda parte e em todos. Por isso te recomendo que jamais, ainda que a custo de tua vida, saias deste ato só de minha Vontade, a fim
de que repita em ti como em ato, a Criação, Redenção e Santificação.

(3) Olhe, também a natureza contém a semelhança deste ato sozinho: Na atmosfera o sol tem um ato único, desde que foi criado por Deus faz sempre um ato só, sua luz, seu calor estão tão fundidos juntos que se tornam inseparáveis um do outro, e está sempre em ato, do alto, de mandar luz e calor, e enquanto do alto não sabe fazer outra coisa que um só ato, a circunferência de sua luz que desce ao baixo é tão grande, que abraça toda a terra, e com seu abraço produz inumeráveis efeitos, constitui-se vida e glória de todas as coisas criadas. Em virtude deste ato único tem virtude de encerrar em si cada planta, e fornece: a quem o desenvolvimento, a quem a maturação dos frutos, a quem a doçura, a quem o perfume, se pode dizer que toda a terra mendiga do sol a vida, e cada planta, mesmo o menor fio de grama implora do sol seu crescimento e cada fruto que devem produzir, mas o sol não muda jamais ação, se gloria de fazer sempre um ato só.
(4) Também a natureza humana contém a semelhança de um ato único, e esta é contida pelo bater do coração. Começa a vida humana com o bater do coração; este faz sempre um ato único, não sabe fazer outra coisa senão bater, mas a virtude deste bater, os efeitos, são inumeráveis sobre a vida humana: Conforme bate e a cada batimento faz circular o sangue nos membros, até nas partes extremas, e conforme bate dá força aos pés para andar, às mãos para trabalhar, à boca para falar, à mente para pensar; fornece o calor e a força a toda a pessoa, tudo depende do batimento cardíaco, assim é verdade, que se o batimento cardíaco é um pouco fraco perde-se a
energia, as vontades de agir; a inteligência diminui, enche-se de dores e chega um mal-estar geral;
e se cessa o batimento cardíaco cessa a vida. O poder de um único ato continuamente repetido é grande, muito mais o ato único de um Deus Eterno, que tem a virtude de fazer tudo com um único ato. Por isso nem o passado nem o futuro existem neste ato, e quem vive em minha Vontade se encontra já neste ato único, e assim como o coração faz sempre um batimento na natureza humana, que se constitui vida dela, assim minha Vontade no fundo da alma pulsa continuamente, mas com um batimento único, e à medida que bate lhe dá a beleza, a santidade, a força, o amor, a bondade, a sabedoria. Esta batida encerra Céu e terra, é como circulação de sangue, como circunferência de luz se encontra nos pontos mais altos e nas partes mais extremas. Onde este ato único, este bater da alma tem pleno vigor e reina completamente, é um prodígio continuado, é o prodígio que só um Deus sabe fazer e por isso se descobrem na alma novos céus, novos abismos de graças, verdades surpreendentes. Mas se lhe perguntarem, de onde tanto bem? “

Responderia unida com o sol, junto com o batimento humano e com o ato só do Deus eterno: Faço uma só coisa, faço sempre a Vontade de Deus e vivo nela, este é todo meu segredo e toda minha fortuna”.
(5) Dito isto desapareceu, mas depois encontrei-me fora de mim mesma com o menino Jesus nos braços. Estava tão pálido e tremia todo, com os lábios lívidos, frio e tão abatido que dava piedade; parecia-me que se tinha refugiado em meus braços para ser defendido. Eu apertei-o no meu coração para aquecê-lo, pegava suas mãozinhas e seus pezinhos em minhas mãos, apertava-os para que não tremesse, beijava-o e voltava a beijá-lo, dizia-lhe que o amava muito, muito, e enquanto fazia isto ia recuperando sua cor, Parava de tremer, reagia tudo e se estreitava a mim.
Mas enquanto eu acreditava que ficaria sempre comigo, com surpresa vi que pouco a pouco descia de meus joelhos, eu gritei, puxando-o com o braço: “Jesus, aonde vais? Como, me deixa?”.
(6) E Ele: “Devo ir”.
(7) E eu: “Quando voltas?”.
(8) E Jesus: “Daqui a três anos”..
(9) E tomou o caminho para se afastar. Mas quem pode dizer minha dor? Repetia entre mim, entre as lágrimas e chocada: “Daqui a três anos voltarei a vê-lo, ó Deus! Como farei?” Mas era tanto a dor que quase perdi o sentido e não compreendi mais nada; mas enquanto estava nisto, quando abri os olhos vi que Jesus havia dado a volta e subia por meu outro joelho, e pouco a pouco se aconchegava em meu regaço e com suas mãozinhas me acariciava, me beijava e me repetia:.
(10) “Acalma-te, acalma-te, que não te deixo”.
(11) E conforme me dizia não te deixo, eu me sentia recobrar, dar-me novamente a vida, e me encontrei em mim mesma, mas com tal temor, que me sentia morrer.

19-9
Março 31, 1926

Quem vive na Vontade de Deus deve possuir o que a Ela pertence. A alma que vive na Divina Vontade,
deve fazer a Vontade de Deus como a faz Deus.

(1) Minha pobre mente se perdia no Divino Querer, e uma luz interminável invadia o pequeno cerco de minha inteligência, e enquanto esta luz me parecia como concentrada em minha mente, se expandia fora, enchia toda a atmosfera e penetrando até os Céus me parecia como concentrada na Divindade; mas quem pode dizer o que sentia e compreendia estando naquela luz? Sentia-se a plenitude da felicidade, nada podia penetrar naquela luz que pudesse obscurecer a alegria, a beleza, a força e a penetração dos segredos divinos, e o conhecimento dos segredos supremos.
Então meu sempre amável Jesus, enquanto eu nadava naquela luz me disse:.
(2) “Minha filha, esta luz, este lugar tão encantador que não conhece nem ocaso nem noite é minha Vontade, tudo está completo nela, felicidade, força, beleza, conhecimento do Ser Supremo, etc.
Esta luz interminável que é nossa Vontade, saiu do seio da Divindade como herança do homem, a mais bela herança que podíamos dar-lhe; Ela saiu do íntimo de nosso seio, levando Consigo parte de todos nossos bens para fazê-los herdar pela criatura, e formá-la toda bela e santa e à semelhança d’Aquele que a criou. Veja então minha filha o que significa fazer e viver em minha Vontade, não há bem que exista no Céu e na terra que Ela não possua, quero que você os conheça, de outra maneira como pode amá-los, possuí-los e te servir deles nas diversas circunstâncias se você não os conhece? Se não sabes que tens uma força divina à tua disposição, por nada te abaterias; se não sabes que possuis uma beleza divina, não terias o valor de estar Comigo ao familiar, sentir-te-ias diferente de Mim e não terias a audácia de me arrebatar que o Fiat venha reinar sobre a terra; se não soubesses que tudo o que criei é teu, não me amarias em todas as coisas e não terias a plenitude do verdadeiro amor; e assim de todas as outras coisas.

Se tu não conheces todos os bens que possui a minha Vontade, que não há coisa que não pertença a Ela e que tu deves possuir, suceder-te-ia como a um pobre que lhe fosse dado um milhão, mas sem lhe fazer conhecer que em sua pequena cova lhe foi posta aquela soma de dinheiro; pobrezinho, como não conhece o bem que possui, continua sua vida pobre, mal comendo, vestido andrajosamente e bebendo a goles as amarguras de sua pobreza; mas se em troca o conhece muda sua fortuna, muda sua cova em um palácio, se alimenta abundantemente, Veste-se com decência e bebe os doces goles de sua riqueza. Portanto, por quantos bens alguém pode possuir, se não os conhece, é como se não os tivesse; eis a causa de por que muitas vezes aumento a tua capacidade, e te dou outros conhecimentos sobre a minha Vontade, e te faço conhecer tudo o que a Ela pertence, para que não possuas apenas a minha Vontade, mas tudo o que lhe pertence. Por outro lado, meu
Supremo Querer para vir a reinar na alma quer encontrar seus bens, seus domínios, e a alma deve torná-los seus, para que, vindo a reinar nela, encontre os seus próprios domínios onde possa estender o seu regime, o seu comando, e se não encontrar Céu e Terra na alma, sobre que deve reinar? “

Eis a necessidade pela qual o meu Querer quer concentrar em ti todos os bens e tu deves conhecê-los, amá-los e possuí-los, a fim de que estando em ti possa encontrar o seu reino, dominá-lo e governá-lo”.
(3) Depois estava pensando no que Jesus me havia dito, e mais que nunca via minha pequenez e dizia entre mim: “Como posso eu concentrar tudo o que o Querer Divino contém? Parece-me que quanto mais diz, menor me torno e mais incapaz me sinto, então, como pode ser isto?” E Jesus retornando adicionou:.

(4) “Minha filha, tu deves saber que minha Mãe Celestial pôde conceber a Mim, Verbo Eterno, em seu seio puríssimo, porque fez a Vontade de Deus como a fazia Deus. Todas as demais prerrogativas que possuía, como são, virgindade, concepção sem mancha original, santidade, mares de graça que possuía, não eram meios suficientes para poder conceber um Deus, porque todas estas prerrogativas não lhe davam nem a Imensidão, nem a onividência para poder conceber um Deus imenso que tudo vê, muito menos a fecundidade para poder concebê-lo; em suma, teria faltado o germe para a fecundidade divina.

Ao contrário, com possuir o Supremo Querer como vida própria, e com o fazer a Vontade de Deus como a fazia Deus, recebeu o germe da fecundidade divina, e com isso a Imensidão, a Onividência, e por isso em modo conatural pude me conceber nela, não me faltava nem a Imensidão, nem tudo o que a meu Ser pertence. Agora minha filha, também para você será como conatural a concentração de tudo o que a minha Vontade pertence se chegar a fazer a Divina Vontade como a faz o mesmo Deus.

A Vontade de Deus em ti e aquela que reina em Deus mesmo será uma só, que maravilha então se tudo o que é de Deus e que esta Vontade rege, conserva e domina, seja também teu? Pelo contrário, o que é necessário é que conheça o que a Ela pertence, a fim de que possa amar os bens que possui, e amando-os adquira o direito de posse. Este fazer a Vontade de Deus como a faz Deus, foi o ponto mais alto, mais substancioso, mais necessário para minha Mãe para obter o suspirado Redentor, todas as outras prerrogativas foram a parte superficial, a decência, o decoro que a Ela convinha. Assim é para ti, se queres obter o suspirado Fiat deves chegar a isto de fazer a Vontade de Deus como a faz Deus”.

20-9
Outubro 12, 1926

O que significa ser filha primogênita da Vontade Divina. Jesus se sente atraído pela Vontade Divina a visitar a alma e a dispõe a tratar com Ele.

(1) Sentia-me imersa no mar da dor da privação de meu sumo Bem Jesus, e por quanto o chamava girando por céu e terra, não me era dado encontrar Aquele por quem tanto suspirava, e por isso as águas da dor crescendo sempre mais, me afogavam de penas e de dor, mas daquela dor que só Jesus pode dar e sabe dar a um pobre e pequeno coração que ama, e porque é pequeno não pode sustentar toda a imensidão das águas amargas da dor de sua privação, e por isso ficou sufocada e oprimida esperando Aquele que tanto anseio e suspiro. Então, enquanto me encontrava toda oprimida, o meu sempre amável Jesus fazia-se ver dentro de mim, no meio de uma nuvem de luz e
disse-me:
(2) “Filha primogênita da minha Vontade, por que estás tão oprimida? Se você pensa em sua grande fortuna sua opressão irá embora de você. Você sabe o que significa filha primogênita de minha Vontade? Significa primeira filha no amor de nosso Pai Celestial, e primeira de todos em ser amada; significa primeira filha da graça, da luz, primeira filha da glória, primeira filha possuidora das riquezas de seu Divino Pai, primeira filha da Criação. Como filha primogênita do Supremo Querer contém todos os vínculos, todas as relações, todos os direitos que convêm a uma filha primogênita: Vínculos de filiação, relações de comunicação com todas as disposições de seu Celestial Pai, direitos de posse de todos os seus bens. Mas isto não é tudo, sabe você o que significa primeira filha saída de minha Vontade? Significa não só ser primeira no amor e em todas as coisas do seu Criador, mas encerrar em si todo o amor e todos os bens dos outros filhos, de modo que se os outros possuirão cada um a sua parte, ela como primogênita possuirá tudo junto os bens dos outros, e isto com direito e com justiça, porque como primogênita, a minha Vontade a ela confiou tudo, tudo doou, por isso nela se encontra a origem de todas as coisas, a causa pela
qual foi criada a Criação, a finalidade pela qual saiu em campo a ação e o amor Divino. Causa primária de todo o agir de um Deus foi quem devia ser filha primogênita de nossa Vontade, portanto, dela, como consequência, derivam todos os bens, dela partem e a ela regressam. Olhe então como é afortunada, tu não podes compreender completamente o que significa ter a primazia no amor e em todas as coisas do teu Criador”.

(3) Então, quando ouvi isto, disse-lhe: “Meu amor, que dizes? E, além disso, em que me aproveita tanta fortuna que Tu dizes quando me privas de Ti? Todos os bens me convertem em amarguras sem Ti, e além disso, já te disse tantas vezes, que só a Ti quero, porque Tu me bastas por tudo, e se tudo tivesse sem Ti, tudo me transforma em martírio e em dor indescritível. O amor, a graça, a luz, a Criação toda me falam de Ti, fazem-me conhecer quem és Tu, e não te encontrando dou em delírio, em ânsias mortais, por isso a primazia, a primogenitura, dá-las a quem queira, a mim não me interessam, se queres fazer-me feliz fica sozinho comigo e isto basta-me”. E Jesus
acrescentou:

(4) “Minha filha, não devo bastar-te só Eu, nem quero que digas que todo o resto não te interessa, não, não, se não me basta a Mim dar-te só a Mim, senão que te dou também todas as minhas coisas, se me interessa a Mim que a primazia, que a filha primogênita sejas tu, deve interessar-te também a ti, e você não sabe que minha frequência é porque você é minha filha primogênita? Não sabes tu que Adão até que se manteve como filho primogênito de minha Vontade, e por consequência tinha a primazia sobre tudo, Eu o visitava frequentemente? Minha Vontade reinante nele lhe fornecia todos os modos necessários para entreter-se Comigo como filho que forma a consolação de seu Pai, assim que Eu falava com ele como a um filho, e ele Comigo como a seu Pai, mas assim que se subtraiu de minha Vontade perdeu a primazia, a primogenitura e junto com isso perdeu todos meus bens, já não sentia nele a força de sustentar minha presença, nem Eu me sentia atraído por uma força e Vontade Divina para ir a ele, por isso todos os seus vínculos comigo ficaram despedaçados, por direito já nada lhe tocava, e não pode mais me ver revelado, senão entre raios e eclipsado em minha luz, naquela luz de minha Vontade que ele tinha rejeitado. Agora,
você não sabe que a primazia que perdeu Adão como filho primogênito de minha Vontade passou a você, e que Eu devo encerrar em você todos os bens que devia encerrar nele se não se houvesse subtraído de minha Vontade?

Por isso te vejo como a primeira criatura que saiu de nossas mãos, porque quem vive em minha Vontade é sempre a primeira diante de seu Criador, e apesar de que no tempo tenha nascido depois, isto diz nada, em nosso Querer é sempre primeira quem não fez nenhuma saída de dentro d‟Ele. Olha então como tudo deve interessar-te, a minha
vinda é a força irresistível da minha Vontade que te atrai a Mim e te dispõe. Por isso quero suma gratidão por sua grande fortuna de ser a filha primogênita da minha Vontade”.
(5) Eu não sabia o que responder, fiquei confusa e no íntimo da minha alma dizia: “Fiat, Fiat”.

 

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