VIDEO DA AULA
Matrimônio da cruz. Fala-lhe deste matrimônio e narra as crucifixões que sofreu.
(245) Regressando ao princípio, quando Jesus se dignava vir, freqüentemente me falava de sua
Paixão e punha atenção a dispor minha alma à imitação de sua Vida e de suas penas, dizendo-me
que além do matrimônio já descrito ficava outro por fazer, e este era o desponsório da cruz.
Lembro-me de me dizer:
(246) “Minha esposa, as virtudes tornam-se fracas se não forem corroboradas, fortificadas pelo
enxerto da cruz. Antes de minha vinda à terra, as penas, as confusões, os opróbrios, as calúnias,
as dores, a pobreza, as enfermidades, especialmente a cruz, eram consideradas como opróbrios,
mas desde que foram levados por Mim, todos ficaram santificados e divinizados por meu contato,
Assim que todos mudaram aspecto e se tornaram doces, gratos, e a alma que tem o bem de ter
algum deles fica honrada, e isto porque recebeu a divisa de Mim, Filho de Deus. E só experimenta
o contrário quem só vê e se detém na casca da cruz, e encontrando o amargo se desgosta, se
lamenta e parece que lhe chegou uma desgraça, mas quem penetra dentro, encontrando o
saboroso, aí forma sua felicidade. Minha filha amada, não desejo outra coisa que o crucificar na
alma e no corpo”.
(247) E enquanto dizia isto sentia-me infundir tais desejos de ser crucificada com Jesus Cristo, que
freqüentemente ia repetindo: “Meu Jesus, Meu Amor, faze-o logo, crucifica – me Contigo”. E
quando Jesus regressava, as primeiras petições que lhe fazia e que me pareciam mais importantes
eram estas: a dor dos meus pecados e a graça de que me crucificasse com Ele. Parecia-me que se
obtivesse isto teria obtido tudo.
248) Então, uma manhã, o meu amantíssimo Jesus apareceu diante de mim crucificado e disse-me
que queria crucificar-me com Ele, e, enquanto dizia isto, vi que de suas santíssimas chagas saíram
raios de luz, e dentro destes raios os pregos que vinham a mim. Enquanto estava nisto, não sei por
que, enquanto desejava tanto que me crucificasse, tanto que me sentia consumir, fui surpreendida
por um grande temor que me fazia tremer da cabeça aos pés, sentia tal aniquilamento de mim
mesma, me via tão indigna de receber esta graça, que não me atrevia a dizer: “Senhor, faze-me
Contigo”. Parecia que Jesus estava em suspenso esperando o meu querer. Quem pode dizer como
no íntimo de minha alma o desejava ardentemente, mas ao mesmo tempo me via indigna? Minha
natureza se assustava e tremia. Enquanto eu estava nisto, meu amado Jesus intelectualmente me
pedia que aceitasse, então com todo o coração lhe disse: “Esposo Santo, crucificado por mim,
peço-te que me concedas a graça de me crucificar, e ao mesmo tempo peço-te que não faças
aparecer nenhum sinal externo. Sim, dá-me a dor, dá-me as chagas, mas que tudo fique oculto
entre nós”.
(249) E assim aqueles raios de luz, juntamente com os pregos, trespassaram-me as mãos e os
pés, e o coração foi trespassado por um raio de luz juntamente com uma lança. Quem pode dizer a
dor e a alegria? Quanto mais depressa fui surpreendida pelo temor, mais tarde a minha alma
nadava no mar da paz, da alegria e da dor. Era tanto a dor que sentia nas mãos, nos pés e no
coração, que me sentia morrer; os ossos das mãos e dos pés sentia que me faziam pequenos
pedaços, sentia como se estivesse um prego dentro, mas ao mesmo tempo me causava tal
contentamento, que não sei explicar, e me fornecia tal força, que enquanto me sentia morrer pela
dor, essas mesmas dores me sustentavam para fazer que não morresse. Mas na parte externa do
corpo nada aparecia, mas sentia as dores corporalmente, tão é verdade, que quando vinha o
confessor para me chamar à obediência e me soltava os braços e as mãos contraídas, cada vez
que me tocava nesse ponto das mãos, onde tinha trespassado o raio de luz junto com o prego,
sentia penas mortais. No entanto, quando o confessor ordenava por obediência que cessassem
essas dores, muitas se mitigavam, porque essas dores eram tão fortes que me faziam perder os
sentidos, e se não se tivessem atenuado ante a obediência, dificilmente me teria prestado a
obedecer. ¡ Oh prodígio da santa obediência, você foi tudo para mim! Quantas vezes me encontrei
em contraste com a morte, tanta era a força das dores, e a obediência me restituiu a vida. Seja
sempre bendito o Senhor, seja tudo para sua glória.
(250) Agora, enquanto me sentia em mim mesma, nada via, mas quando perdia os sentidos via as
partes marcadas pelas chagas de Jesus, parecia-me que as chagas do próprio Jesus se tinham
transferido para as minhas mãos. Esta foi a primeira vez que Jesus me crucificou, porque destas
crucifixões tem havido tantas, que é impossível numera-las todas, direi somente as coisas
principais relacionadas com isto.
2-40
Junho 21, 1899
Medos. Jesus promete nunca deixá-la.
(1) Como Jesus não vinha, estava pensando entre mim: “Quem sabe, talvez Jesus não venha
mais e me deixe abandonada”. E não dizia outra coisa que: “Vem meu amado, vem!” De
improviso veio e me disse:
(2) “Não te deixarei, jamais te abandonarei, também tu, vem, vem a Mim”.
(3) Eu logo corri para me colocar em seus braços, e enquanto estava assim Jesus voltou a
dizer:
(4) “Não só não te deixarei a ti, senão que por amor teu não deixarei Corato”.
(5) Depois, quase sem me dar conta, num instante desapareceu e eu fiquei desejando-o mais
que antes e ia dizendo: “O que me fizeste? Quando é que te foste embora sem sequer me
dizeres adeus?”
(6) Enquanto desafogava minha dor, a imagem do Menino Jesus que tenho perto de mim,
parecia que se fazia viva e de vez em quando tirava a cabeça da coberta de cristal para ver que
coisa fazia eu, quando via que me dava conta, logo se metia. Eu disse-lhe: “Vê-se que és
demasiado impertinente e que queres portar-te como menino, eu sinto-me enlouquecer pela
pena de que não vens e Tu te pões a jogar, bom pois, joga e brinca também, que eu terei
paciência”.
3-40
Fevereiro 20, 1900
Jesus é a luz do Céu, da qual todos tomam as suas pequenas luzes.
(1) Continua a vir o meu benigno Jesus. Depois de ter recebido a Comunhão me renovou as penas
da crucificação, e eu fiquei tão entorpecida que sentia necessidade de um alívio, mas não me
atrevia a pedi-lo. Depois de um pouco voltou como menino e me beijava toda, e de seus lábios
corria leite, e eu bebi a grandes goles esse leite dulcíssimo de seus puríssimos lábios. Agora,
enquanto fazia isso, me disse:
(2) “Eu sou a flor do Éden celestial, e é tanto o perfume que expando, que diante de mim fragrância
fica atraído todo o empíreo, e como Eu sou a luz que manda luz a todos, tanto, de tê-los
abismados, todos meus santos tomam de Mim suas pequenas luzes, assim que não há luz no Céu
que não tenha sido tomada desta Luz”.
(3) Ah sim! não há nem mesmo cheiro de virtude sem Jesus, e não há luz, embora fosse ao mais
alto dos Céus, sem Ele.
4-44
Janeiro 4, 1901
Estado infeliz de uma alma sem Deus.
(1) Depois de ter passado dias amargos de privação e de perturbação, sentia-me dentro de mim
um místico inferno; sem Jesus todas as minhas paixões saíram à luz, e expandindo cada uma as
suas trevas obscureceram-me de tal maneira, que não sabia mais onde me encontrava. Quão
infeliz é o estado de uma alma sem Deus! Basta dizer que sem Deus a alma sente vivo dentro de si
o inferno; tal era meu estado, me sentia dilacerar a alma por penas infernais. Quem pode dizer o
que passei? Para não me alongar passo adiante. Então, esta manhã, tendo comungado e estando
no máximo da aflição, senti mover-me dentro de mim a Nosso Senhor, eu ao ver sua imagem quis
ver se era de madeira, ou estava vivo, de carne; olhei e era o Crucificado vivo, de carne, que
olhando para mim disse:
(2) “Se minha imagem dentro de você fora de madeira, o amor seria aparente, porque só o amor
verdadeiro e sincero, unido à mortificação, me faz renascer vivo, crucificado no coração de quem
me ama”.
(3) Eu, ao ver o Senhor, teria querido afastar-me de Sua presença, tão má me via, mas Ele
prosseguiu dizendo:
(4) “Para onde queres ir? Eu sou luz, e minha luz onde quer que vá te investe por todas partes”.
(5) À presença de Jesus, ante sua luz, a sua voz, minhas paixões desapareceram, não sei eu
mesma para onde se foram, fiquei como uma menina e retornei em mim mesma, toda mudada.
Seja tudo para glória de Deus e para bem da minha alma.
6-39
Maio 28, 1904
A mortificação derruba tudo e imola tudo a Deus.
(1) Continuando meu habitual estado, e estando com suma amargura pelas contínuas privações de
meu adorável Jesus, fez-se ver-me dizendo:
(2) “Minha filha, a primeira mina que se deve lançar no interior da alma é a mortificação, e quando
esta mina se põe na alma lança por terra tudo, e imola tudo a Deus, porque na alma há como
tantos palácios, mas todos de vícios, como seria o orgulho, a desobediência e tantos outros vícios,
e a mina da mortificação derrubando tudo reedifica muitos outros palácios de virtudes, imolando-os
e sacrificando-os todos à glória de Deus”.
(3) Dito isto desapareceu, e depois veio o demônio que só queria molestar-me eu, sem sentir
medo, disse-lhe: “O que ganhas em irritar-me? Quer aparentar ser mais valente, toma um pau e
golpeia-me até não me deixar sequer uma gota de sangue, entendendo no entanto, que cada gota
de sangue que derramo é um testemunho de mais de amor, de reparação e de glória que intento
dar ao meu Deus”.
(4) E aquele: “Não encontro paus para poder te golpear, e se vou buscá-lo você não me espera.
(5) E eu: “Vai então que aqui te espero”. E assim se foi, ficando eu com a firme vontade de esperá-
lo, quando com minha surpresa vi que tendo encontrado com outro demônio iam dizendo: “É inútil
que voltemos, em que aproveita a golpear se deve servir para nosso dano e com nossa perda? É
bom fazer sofrer quem não quer sofrer, porque este ofende a Deus, mas a quem quer sofrer,
fazemos- nos mal com as nossas mãos”. E não voltou, ficando eu mortificada.
7-42
Setembro 12, 1906
Onde Deus não está, não pode haver nem firmeza, nem verdadeiro bem.
(1) Estava pensando em meu estado, em que tudo parece paz, amor, que nada me perturba, que
tudo é bom, nada é pecado, e dizia entre mim: “O que será se no ponto de minha morte se muda
a cena e verei todo o contrário, isto é, que todas as coisas me turbarão, e que tudo o que fiz foi
uma cadeia de males?” Enquanto pensava isto, disse-me:
(2) “Minha filha, parece que queres perturbar-te à força e tirar-me o meu contínuo repouso em ti.
Diga-me, você acredita que é coisa sua a paciência, a constância, a paz deste seu estado, ou
bem fruto e graça de quem habita em você? Só Eu possuo estes dons, e pela constância, paz e
paciência podes conhecer quem é o que obra em ti, porque quando é a natureza ou o demônio,
a alma se sente dominada por contínuas mudanças, assim que agora se sente dominada por um
humor, agora por algum outro, agora toda paciência, agora toda irada; em suma, a pobrezinha é
dominada como uma cana por um vento vigoroso. Ah! Minha filha, onde não está Deus não
pode haver nem firmeza, nem verdadeiro bem, por isso não queira perturbar mais meu e seu
repouso, mas bem seja agradecida.
9-42
Agosto 22, 1910
Jesus foge e procura consolo.
(1) Continuando meu habitual estado, tendo perdido os sentidos via muitas pessoas que punham
em fuga o bendito Jesus, e Jesus fugia, fugia, mas aonde ia não encontrava lugar e fugia.
Finalmente veio a mim, suado, cansado, aflito, lançou-se em meus braços, se estreitou forte, e
disse àqueles que o seguiam: “Desta alma não podeis me fazer fugir”. E aqueles, envergonhados
se retiraram, e a mim me disse:
(2)”Filha, não posso mais, dá-me algum alívio”.
(3) E começou a sugar meu seio, e depois me encontrei em mim mesma.
10-41
Outubro 26, 1911
Jesus tem necessidade de desabafar no amor, e os desabafos de amor só os pode fazer com quem o ama e é todo amor por Ele.
(1) Continua a fazer-se ver, mas quer esconder-se em mim para não ver os males das criaturas.
Parecia que me encontrava fora de mim mesma, via homens veneráveis, todos consternados que
falavam da guerra e temiam fortemente. Depois se deixava ver a Rainha Mamãe, e eu: “Bela Mãe
minha, que será da guerra?”
(2) E Ela: “Minha filha, reza, oh, quantos ai! Reza, reza minha filha”.
(3) Eu fiquei consternada e rogava ao bom Jesus, mas parece que não me quer fazer caso, mas
parece que nem sequer quer que se fale disto, parece que só quer consolo, e consolo de amor; em
vez de derramar amarguras derrama doçuras, e se se disse-lhe: “Tu estás cheio de amargura; e
em mim derramas as doçuras?” Jesus diz:
(4) “Minha filha, as amarguras posso desabafar com todos, mas os desabafos de amor, as doçuras,
só as posso verter em quem me ama e é todo amor por Mim. Não sabes tu que também o amor é
necessidade em Mim, e que tenho necessidade dele mais que de tudo?”
11-37
Setembro 29,1912
Para quem atua na Divina Vontade, Jesus dispõe as intenções.
(3) Outra vez estava pensando como seria melhor oferecer nossas ações, orações, etc., se como
reparos, como adorações, etc. E meu sempre benigno Jesus me disse:
(4) “Minha filha, quem está em minha Vontade e faz suas coisas porque as quero Eu, não é
necessário que ela disponha suas intenções, estando em minha Vontade, conforme obra, reza,
sofre, assim Eu mesmo as disponho como mais me agrada, me agrada a reparação? Tomo-as
por reparação; agrada-me por amor? Tomo-o como amor. Sendo Eu o dono faço com elas o que
quero; não assim com quem não está em Minha Vontade, dispõem eles e Eu fico à vontade
deles”.
Uso dos bens naturais na Divina Vontade.
(5) Outro dia, tendo lido em um livro de uma santa, que primeiro quase não tinha necessidade de
alimento e depois tinha que comer freqüentemente e era tanta a necessidade que chegava a
chorar se nada lhe davam, eu fiquei pensativa meditando em meu estado, Porque antes tomava
pouquíssimo alimento e era obrigada a devolvê-lo, mas agora tomo mais e não o devolvo, e dizia
para mim: “Jesus bendito, como é isso? Isto para mim é como falta de mortificação e é a minha
maldade que me leva a estas misérias”. E Jesus abençoado, ao vir, disse-me:
(6) “Minha filha, queres saber porquê? Eis-me aqui para te alegrar. Primeiro, à alma para a fazer
toda minha, para a esvaziar de todo o sensível e colocar tudo o que é celestial, o divino, afasto-a
até da necessidade do alimento, de modo que quase não tem necessidade deste, por isso,
encontrando-se nestas condições, toca com a mão que só Jesus basta, que nada mais lhe é
necessário, e a alma se eleva ao alto, despreza tudo, não se preocupa com nada, sua vida é
celestial. Depois de haver fundado bem por anos e anos, não tendo Eu mais temor de que o
sensível leve a sombra das impressões, porque depois de ter gostado do celestial é quase
impossível que a alma goste dos resíduos, o esterco, então eu a restituo à vida ordinária, porque
quero que meus filhos tomem parte nas coisas criadas por Mim por amor deles segundo minha
Vontade, não segundo a deles, e é só por amor destes filhos que sou obrigado a alimentar os
outros; e não só isto, senão que é para Mim a mais bela reparação por todos aqueles que não
usam das coisas naturais segundo minha Vontade, ver estes filhos celestiais tomar as coisas
necessárias com sacrifício, com desapego e segundo minha Vontade. Como queres dizer que é
por isso que há maldade em ti? Nada em absoluto, que mal há em tomar um pouco de mais ou
de menos em minha Vontade do que não é senão escória? Nada, nada. Na minha Vontade nada
pode haver de mal, senão sempre bem, até nas coisas mais indiferentes”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade