LIVRO DO CEU VOLUME 1-35
Participação que Jesus faz Luísa na sua indizível
amargura e dores pelos diversos tipos de pecados com que
é ofendido
Outras vezes, enquanto me levava junto com Ele girando, se
eram pecados de blasfêmias, contra a caridade e outros, vertia
esse amargo venenoso; se eram pecados de desonestidade,
derramava uma coisa de podridão malcheirosa, e quando
voltava a mim mesma, sentia tão bem aquela pestilência, e era
tanto o fedor que me revolvia o estômago e me sentia
desfalecer; e às vezes tomando o alimento, quando o devolvia,
sentia que saía da minha boca aquela podridão misturada com
o alimento.
Às vezes então, levava-me às igrejas, e também ali o meu
bom Jesus era ofendido. Oh, como chegavam mal a seu coração
aquelas obras, santas, sim, mas descuidadamente feitas,
aquelas orações vazias de espírito interior. Aquela piedade
fingida, aparente, parecia que mais bem insultavam a Jesus em
vez de lhe darem honra. Ah! Sim, aquele coração santo, puro,
reto, não podia receber essas obras tão mal feitas. Oh! Quantas
vezes se lamentava dizendo: “Filha, também há gente que se
diz devota, olha quantas ofensas me fazem, mesmo nos
lugares mais santos, ao receber inclusive os Sacramentos, em
vez de saírem purificados, saem mais enlameados”.
Ah! Sim, quanta pena dava a Jesus ver pessoas que
comungavam sacrilegamente, sacerdotes que celebravam o
Santo Sacrifício da missa em pecado mortal, por costume, e
alguns, dá horror dizer, por fins de interesse. Oh! Quantas
vezes meu Jesus me fez ver estas cenas tão dolorosas. Quantas
vezes, enquanto o sacerdote celebrava o Sacrossanto Mistério,
Jesus era obrigado a descer – porque pelo poder sacerdotal era
chamado às mãos do sacerdote – e se viam aquelas mãos que
gotejavam podridão, sangue, ou então estavam manchadas de
lama. Ah! Como dava compaixão o estado de Jesus, tão santo,
tão puro, naquelas mãos que davam horror só de olhá-las,
parecia que Jesus queria fugir mas era obrigado a permanecer
naquelas mãos, até que se consumissem as espécies do pão e do
vinho.
Às vezes, enquanto permanecia ali, com o sacerdote, ao
mesmo tempo vinha-se apressadamente a mim e lamentava-se,
e antes que eu o dissesse, Ele mesmo me dizia: “Filha, deixa-me
derramar em ti, porque não posso mais, tem compaixão do
meu estado que é demasiado doloroso, tem paciência,
soframos juntos”. E enquanto dizia isto vertia da sua boca na
minha, mas quem pode dizer o que derramava? Parecia um
veneno amargo, uma podridão hedionda, misturada com um
alimento tão duro, repugnante e nauseante, que às vezes eu não
podia engolir, quem pode dizer os sofrimentos que me
produzia este derramar de Jesus? Se Ele mesmo não me tivesse
sustentado, certamente teria morrido vítima disso. Todavia,
só derramava em mim a mínima parte, o que será de Jesus que
contém tanto e tanto? Oh, como é bruto o pecado! “Ah! Senhor,
faz conhecer a todos, a fim de que todos fujam deste monstro tão
horrível”.
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