Livro do Céu – Volume 1-5
Depois o Divino Mestre dá início, põe sua mão para desapegar meu coração de todas as criaturas, e com a voz interior me diz: “Eu sou o único que merece ser amado. Vê; se tu não tirares este pequeno mundo que cerca a ti, isto é, pensamentos de criaturas, imaginações, Eu não posso entrar livremente em teu coração. Este murmúrio em tua mente é impedimento para
te deixar ouvir mais claramente a minha voz, para derramar as minhas graças e para apaixonar-te verdadeiramente por Mim. Promete-me ser totalmente minha e Eu mesmo porei mãos à obra. Tu tens razão de que não podes nada. Não temas, Eu farei tudo, dá-me a tua vontade e isso me basta”. E isso acontecia mais frequentemente na Comunhão; então lhe prometia ser toda sua, pedia-lhe perdão, visto que até aquele momento não o havia sido,
dizia-lhe que queria amá-Lo verdadeiramente e lhe rogava que não me deixasse nunca mais sozinha sem Ele. E a voz continuava: “Não, não, virei contigo para observar todas as tuas ações, movimentos e desejos” Todo o dia o sentia sobre mim, repreendia-me em tudo, como por exemplo se me entretinha demasiado, falando com a família de coisas indiferentes, não
necessárias, a voz interna me dizia: “Essas conversas enchem-te a mente de coisas que não pertencem a Mim, circundam-te o coração de pó, de modo que te fazem sentir débil a minha Graça, não mais viva. Ah! Imita-me quando estava na casa de Nazaré, minha mente não se ocupava de outra coisa que da glória do Pai e da salvação das almas, minha boca não dizia outra coisa que discursos santos, com minhas palavras buscava reparar as ofensas ao Pai, tratava de flechar os corações e atraí-los ao meu Amor, e primariamente à minha mãe e a São José. Em uma palavra, tudo nomeava a Deus, tudo era feito por Deus e tudo a Ele se referia. Por que tu não poderias fazer de igual forma? ” Eu ficava muda, toda confusa, tentava tanto quanto podia ficar sozinha; confessava-lhe minha debilidade, pedia-lhe ajuda e graça para poder fazer o que Ele queria, porque por mim mesma não sabia fazer nada
que não fosse mal. Se durante o dia minha mente se ocupava em pensar nas pessoas as quais eu amava, em seguida me repreendia dizendo: “Isto é o bem que me queres? Quem te amou como Eu? Veja, se tu não acabares com isso, Eu te deixarei”. Às vezes o sentia dando-me tantas e tais reprovações amargas, que não fazia nada além de chorar. Especialmente uma manhã, depois da Comunhão, deu-me uma luz tão clara sobre o grande amor que Ele me dava e sobre a volubilidade e inconstância das criaturas, ficando o meu coração tão convicto, que
daí em diante já não era capaz de amar a nenhuma pessoa. Ensinou-me a amar as pessoas sem me separar d’Ele, isto é, a olhar para as criaturas como imagens de Deus, de modo que se recebia o benefício das criaturas, devia pensar que unicamente Deus era o primeiro autor daquele bem e que tinha se servido da criatura para me dar; então meu coração se unia
mais a Deus. Se recebia mortificações, devia vê-las também como instrumentos nas mãos de Deus para a minha santificação, por isso meu coração não ficava ressentido com o meu próximo. Então, por este modo acontecia que eu olhava as criaturas todas em Deus, por qualquer falta que visse nelas jamais lhes perdia a estima, se zombavam de mim sentia-me obrigada, pensando que estavam fazendo novas aquisições para minha alma, se me louvavam, recebia com desprezo estes louvores dizendo: “Hoje isto, amanhã podem me odiar, pensando em sua inconstância”. Em suma, meu coração adquiriu tal liberdade, que eu mesma sou incapaz de expressá-la.
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