Livro do Céu Volume 1-56 Luísa faz a confissão de seus pecados a Jesus.

Jesus disse no Livro do céu
Livro do Céu Volume 1-56 Luísa faz a confissão de seus pecados a Jesus.
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Livro do Céu Volume 1- 56 

Lembro-me confusamente que lhe pedia frequentemente, quando me encontrava junto a Nosso Senhor: a dor dos meus pecados e a graça de que me perdoasse tudo o que de mal tinha feito. E às vezes chegava a dizer-lhe que estaria contente quando de sua própria boca me dissesse: “Eu perdoo todos os seus pecados”. E Jesus bendito, que nada sabe negar quando é para nosso bem, uma manhã fez-se ver e me disse: “Desta vez quero fazer Eu mesmo o ofício de confessor, e tu me confessarás todas as tuas culpas, e no momento em que fizeres isto, te farei compreender uma por uma as dores que destes ao meu coração ao me ofender, a fim de que compreendendo tu – por quanto pode uma criatura – o que é o pecado, tome a resolução de preferir morrer que me ofender. Enquanto isso, tu entras no teu nada e recita o eu pecador”.

Eu, entrando em mim mesma, advertia (percebia) toda a minha miséria e maldades, e diante de sua presença tremia toda, e me faltava a força de pronunciar as palavras do eu pecador, e se o Senhor não tivesse infundido em mim nova força, dizendo-me: “Não temas, se sou Juiz, sou também teu Pai, coragem, sigamos em frente”. Teria ficado lá sem dizer uma palavra. Então disse o eu pecador toda cheia de confusão e humilhação, e como me via toda coberta por minhas culpas, dando um olhar descobri que a culpa que mais tinha ofendido a Nosso Senhor era a soberba e por isso disse: “Senhor, me acuso ante tua presença de que tenho pecado de soberba”.


E Ele: “Aproxima-te do meu coração, ouve-me, e ouve o rasgo cruel que fizeste ao meu coração com
este pecado”.


Toda tremendo pus meu ouvido sobre seu coração adorável, mas quem pode dizer o que ouvi e compreendi naquele instante? Mas depois de tanto tempo direi só alguma coisa confusamente. Lembro-me que o seu coração batia tão forte que parecia que queria partir-lhe o peito, logo me parecia que se despedaçava e pela dor ficava quase destruído. Ah, se poderia ter destruído o Ser Divino com a soberba!

Ponho uma semelhança para fazer-me entender, de outra maneira não tenho palavras para expressar-me. Imagine um rei e a seus pés um verme, que elevando-se e inflando se começa a crer alguma coisa e que chega a tal atrevimento, que elevando-se pouco a pouco, chega à cabeça do rei e quer tirar-lhe a coroa para colocá-la sobre sua cabeça, logo o despoja de suas vestes reais, o lança do trono e finalmente trata de matá-lo. Mas o pior deste verme é que ele mesmo não conhece seu próprio ser, engana-se a si mesmo, pois para se desfazer dele só se necessita que o rei o ponha debaixo dos pés e o esmague, e assim terminariam seus dias. Isso causa raiva e compaixão, e ao mesmo tempo ridiculariza o orgulho deste verme se isto pudesse ser dado.

Assim me via eu diante de Deus, o que me encheu de tal confusão e dor que me senti renovar em meu coração
o rasgo que sofria o bendito Jesus. Depois disso me deixou, e eu sentia tanta pena e compreendia como é feio
este pecado de soberba, que é impossível descrevê-lo.

Quando pensei muito bem sobre tudo isso em mim mesma, meu bom Jesus voltou e me disse para continuar a confissão de minhas culpas, e eu, tremendo, continuei me acusando dos pensamentos, palavras, obras, causas e omissões, e quando via que eu não podia seguir fazendo a confissão pela pena que sentia de havê-lo tanto ofendido, porque tinha uma claridade tão viva diante daquele Sol divino, especialmente porque n’Ele descobria a pequenez, a nulidade do meu ser e ficava assombrada de como eu tinha tido tanta ousadia, de onde tinha tomado essa coragem de ofender a um Deus tão bom que no mesmo ato em que o ofendia, Ele me assistia, me conservava, me alimentava, e se tinha algum rancor comigo, era para o pecado que eu fazia, e que odiava sumamente, em troca a mim me amava imensamente, me desculpava ante a Divina Justiça, e se ocupava todo para remover aquele muro de divisão que tinha produzido o pecado entre a alma e Deus. Oh, se todos pudessem ver quem é Deus, e quem é a alma no momento em que peca, todos morreriam de dor e eu acredito que o pecado
seria exilado da Terra! Então, quando Jesus bendito via que pela pena não podia mais, retirava-se e me deixava para que compreendesse muito bem o mal que tinha feito, e depois voltava de novo e eu continuava acusando minhas culpas. Mas quem pode dizer tudo o que compreendi, e explicar, uma por uma, as diversas afrontas e as dores especiais que com as minhas culpas tinha causado a Nosso Senhor? Sinto-me quase impossibilitada de me explicar e também porque não me lembro muito bem.

Quando terminei minha acusação, que durou cerca de sete horas, o amável Jesus tomou o aspecto de pai amorosíssimo, e como eu me encontrava esgotada de forças pela dor, e muito mais porque via que não era uma dor suficiente para me doer como convinham a minhas culpas, Ele, para me animar disse-me: “Eu quero suprir-te, e aplico à tua alma o mérito da dor que tive no jardim do Getsêmani. Só isto pode satisfazer a Justiça Divina”.

Depois de ter aplicado a minha alma a sua dor, então me pareceu estar disposta a receber a absolvição. Toda humilhada e confusa como estava, e prostrada aos pés do bom Pai Jesus, com os raios que enviava à minha mente, tratava de me estimular principalmente à dor dizendo, se bem não recordo tudo: “Grande, supremo foi o mal que fiz a Ti. Estas potências minhas e estes sentidos do corpo deviam ter sido tantas línguas para te louvar, ah, em troca foram como tantas víboras venenosas que te mordiam e procuravam até mesmo te matar. Mas, Pai Santo, perdoa-me, não queiras me afastar de Ti pelo grande mal que cometi pecando”.

E Jesus: “E tu, prometes não pecar mais e afastar do teu coração qualquer sombra de mal que possa ofender o teu Criador?”

E eu: “Ah sim, com todo o coração te prometo. Mas bem quero mil vezes morrer que voltar a pecar, nunca mais, nunca mais”. 

E Jesus: “E Eu te perdoo e aplico à tua alma os méritos da minha Paixão e quero lavá-la em meu Sangue”. 

E, enquanto dizia isto, levantou a sua mão direita abençoada e pronunciou as palavras da absolvição, exatas às palavras que o sacerdote diz, e no ato em que isto fazia, de sua mão corria um rio de sangue, e minha alma ficava toda inundada por ele. Depois disso me disse: “Vem, ó filha, vem fazer penitência por teus pecados beijando minhas feridas”. Toda trêmula me levantei e lhe beijei suas Sacratíssimas Chagas e depois me disse: “Minha filha, sê mais atenta e vigilante, porque hoje te dou a graça de não caíres mais no pecado venial voluntário”. 

Depois me fez outras exortações que não recordo bem e desapareceu.

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