Começa sua narração aos 17 anos e só põe as primeiras duas meditações.
(8) E agora começo a Novena do Santo Natal. Aos dezessete anos, preparei-me para a festa do Santo Natal praticando diferentes atos de virtude e mortificação, honrando especialmente os nove meses que Jesus esteve no seio materno com nove horas de meditação por dia, referentes sempre
ao mistério da Encarnação.
(9) 1o. – Como por exemplo, em uma hora me punha com o pensamento no paraíso e me imaginava à Santíssima Trindade: ao Pai que mandava o Filho à terra, ao Filho que prontamente obedecia ao Querer do Pai, e ao Espírito Santo que consentia nisso. Minha mente se confundia tanto ao contemplar um mistério tão grande, um amor tão recíproco, tão igual, tão forte entre eles e para com os homens; e na ingratidão destes, especialmente a minha; que nisto teria ficado não uma hora, mas todo o dia, mas uma voz interna me dizia:
(10) “Chega, vem e vê outros maiores excessos do meu Amor”.
(11) 2o. – Então minha mente se punha no seio materno, e ficava estupefata ao considerar aquele Deus tão grande no Céu, e agora tão humilhado, diminuído, restringido, que quase não podia mover-se, nem sequer respirar. A voz interior dizia-me:
(12) “Vês quanto te amei? ” Ah! Dá-me um lugar em teu coração, tira tudo o que não é meu,
porque assim me dará mais facilidade para poder me mover e respirar”.
(13) Meu coração se desfazia, lhe pedia perdão, prometia ser toda sua, me desabafava em pranto, no entanto, digo-o para minha confusão, voltava a meus habituais defeitos. ¡ Oh! Jesus, quão bom foste com esta criatura miserável.
(14) E assim passava a segunda hora do dia, e depois, pouco a pouco o resto, que dizer tudo seria aborrecer. E isto fazia-o às vezes de joelhos e quando era impedida de fazê-lo pela família, fazia-o mesmo trabalhando, porque a voz interior não me dava nem trégua nem paz se não fizesse o que queria, assim que o trabalho não me era impedimento para fazer o que devia fazer. Assim passei os dias da novena, quando chegou a véspera me sentia mais que nunca acendida por um insólito fervor. Eu estava sozinha no quarto quando o menino Jesus me foi apresentado, todo bonito, sim, mas tiritando, em atitude de querer me abraçar, eu me levantei e corri para abraçá-lo, mas no momento em que o ia estreitar desapareceu, isto se repetiu três vezes. Fiquei tão comovida e acesa de amor, que não sei explicar; mas depois de algum tempo não o levei mais em conta, e não o disse a ninguém, de vez em quando caía nas habituais faltas. A voz interior não me deixou nunca mais, em cada coisa me repreendia, me corrigia, me animava, em uma palavra, o Senhor fez comigo como um bom pai com um filho que tende a desviar-se, e ele usa todas as diligências, os cuidados para mantê-lo no reto caminho, de modo de formar dele a sua honra, a sua glória, a sua coroa. Mas, ó! Senhor, muito ingrata te tenho sido.
Luisa começa a narração dos momentos mais importantes que ela recorda dos primeiros 17 anos dela vivendo com intenso relacionamento espiritual com o próprio Jesus, ela o considera essencial para sua vida, e dedica-se ao que Ele a inspira, e seu interior transborda vida interior, um desejo inquestionável de conhecer todos os mistérios da vida de Deus com profundidade, se prepara para o nascimento de Jesus com uma novena muito bem meditada, dos mistérios profundos da Vinda de Jesus à terra.
Ela começa a escrever com 34 anos, então esses relatos do Volume 1 dos seus Escritos ¨Livro do Céu¨, são memórias guardadas com muito carinho por ela, que busca não esquecer de nada do que aprendeu e viveu com seu mestre e pastor da alma.
Ela começa sua meditação dentro do Coração da Santíssima Trindade, quando pensavam em enviar Jesus o Filho de Deus, encarnado na terra. Com tanto amor que Ele aceitou prontamente a vir morar, viver e morrer por nós, um Deus que em três divinas pessoas, se amam de forma tão perfeita e agem em prol da criatura humana prontamente, buscando resgatar os seres já perdidos em seus pecados e ingratidão horrenda.
Sem nenhum merecimento, além somente, de serem criaturas criadas com um propósito divino, que somente Deus como Criador sabia o seu valor para Ele mesmo. E o não desistir de sua obra, faz Dele o que Ele realmente o é: Santo Santo Santo!
E Jesus a chama a conhecer todos os mistérios mais escondidos desses excessos de amor. Quer nascer em cada coração humano, assim como nasceu em sua Mãe, que somente tinha pensamentos sobre Ele e sobre o seu propósito de resgate das almas humanas. E pede que nada tenhamos a mais no coração além Dele e seu amor incondicional pelas criaturas.
Luisa sente o peso do amor de Deus ser tão infinito pelas criaturas, e percebe quão grande e infinito é também as ingratidões humanas, pensando primeiro nela mesma. Se sente também muito indigna pois percebe muitos defeitos nela mesma, distrações e quão o humano falha para com o seu Criador. Ela então procura da maior forma que consegue em si mesma, reparar e compensar a Deus por tudo. Passando o máximo de tempo possível reparando a Deus com suas meditações e reflexões, pedindo perdão e agradecendo também o máximo que consegue por cada mínimo detalhe que entende dos mistérios de amor de Deus na encarnação de seu filho.
E passava muito tempo refletindo, e via o menino Jesus aparecer para ela, e quando chegava para pegá-lo ele sumia, e assim passava o tempo. O trabalho de bordados que fazia não atrapalhava essas meditações e experiências espirituais. Ficava muito comovida e sentia muito amor, e uma voz interna constantemente lhe corrigia e a fazia penetrar mais e mais num ímpeto de reparações constantes à Jesus. Mas quanto mais ouvia, mais pequena e ingrata se sentia, exclamava com grande dor sua ingratidão e sua tamanha incapacidade que sentia em meio à tanto amor de Deus revelado no mistério da encarnação.
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