Luisa Piccarreta (1865–1947), conhecida como “A Pequena Filha da Divina Vontade”, foi uma mística católica italiana cuja vida e escritos se tornaram um farol de espiritualidade profunda. Nascida em Corato, na região da Puglia, viveu a maior parte de sua vida reclusa em um leito, por motivos de saúde, dedicando-se inteiramente à oração e à escuta de Deus. Sua obra magna, “O Livro do Céu” (36 volumes escritos entre 1899 e 1947), é fruto de diálogos místicos com Jesus, nos quais Ele revela os mistérios da Divina Vontade como caminho de santificação para a humanidade.
A Obediência: Chave das Revelações
Obediência não foi apenas uma virtude para Luisa — foi o alicerce sobrenatural que validou suas experiências. Desde os 17 anos, Jesus a chamou a viver em estado de contínua união com Ele, mas sempre sob a direção de confessores e autoridades eclesiásticas. Seu diretor espiritual, São Hannibal Maria Di Francia, e outros sacerdotes ordenaram-lhe que registrasse cada palavra, visão e inspiração recebida. Apesar de sua relutância inicial (“Meu Deus, preferiria mil mortes a escrever uma linha”, p. 4), Luisa obedeceu, transformando sua cela em um santuário de revelações.
Jesus mesmo justificou esse rigor:
“A obediência é a chave que abre Meus segredos… Sem ela, até os dons mais sublimes se tornam sombras” (p. 4).
A Essência da Obra: A Divina Vontade
Nos escritos de Luisa, a obediência humana à Vontade Divina é apresentada como o ápice da santidade, superior até mesmo aos martírios. Jesus lhe revelou que viver na Divina Vontade significa:
- Replicar a vida de Adão antes da Queda: “Fazer de cada ato um ato divino”.
- Unir-se à obediência de Cristo: “Minha obediência ao Pai, até a morte, será tua força” (p. 10).
Legado e Reconhecimento Eclesiástico
A obediência de Luisa garantiu que suas revelações fossem submetidas à Igreja. Seus escritos receberam o Imprimatur em 1926, e seu processo de beatificação está em andamento. Sua espiritualidade, centrada na fusão da vontade humana com a Divina Vontade, continua a inspirar fiéis, mostrando que a santidade não está em feitos heroicos, mas em um “sim” cotidiano, humilde e radical.
Uma Vida como Sacramento
Luisa não pregou milagres nem visões espetaculares, mas a beleza do ordinário santificado. Sua existência, confinada a um quarto escuro, prova que Deus escreve Seus maiores mistérios nas páginas mais simples — desde que a alma diga, como ela:
“Fiat… Faça-se em mim segundo Tua Palavra” (p. 4).
(Citações extraídas do “Livro do Céu”, Volume 1)
O livro “Livro do Céu” : escritos de Luisa Piccarreta, revela uma jornada espiritual profunda que ilustra como Deus se relaciona intimamente com a alma humana. Essa relação é marcada por quatro dimensões essenciais: formação, habitação, purificação e elevação. Cada etapa reflete a ação divina para moldar a alma à Sua imagem, conduzindo-a à plenitude do amor e da união com Ele.
Deus inicia Sua obra na alma como um Mestre amoroso, instruindo-a nos caminhos da virtude. Através de luzes interiores, repreensões suaves e convites à imitação de Cristo, Ele ensina a alma a renunciar ao mundo exterior e a buscar a retidão. Por exemplo, Jesus orienta Luisa a fixar o olhar apenas n’Ele, dizendo:
“Quero que sejas sempre reta no teu agir, com um olho deves olhar para Mim e com o outro deves olhar o que estás a fazer” (p. 10).
A formação inclui o aniquilamento do ego, onde a alma reconhece sua nulidade e dependência total de Deus. A humildade é a base desse processo, pois, como Jesus explica:
“Nos corações que fedem de soberba, nem sequer posso entrar… mas com aquelas que se conhecem a si mesmas, sou generoso em verter minhas graças” (p. 9 Volume 1 Livro do Céu)
Formação: A Educação Divina da Alma
Objetivo: Preparar a alma para receber Deus, removendo obstáculos e ensinando-a a renunciar ao mundo.
Como acontece:
- Luzes interiores: Deus revela à alma a feiura do pecado e a beleza das virtudes.
“Jesus me mostrou como o pecado era uma afronta horrenda… fiquei espantada” (p. 9).
- Exortações amorosas: Cristo corrige a alma com ternura, como um pai ensina um filho:
“Não quero que penses mais no passado… é uma afronta à Minha Misericórdia” (p. 10).
- Renúncia ao exterior: A alma é chamada a cortar apegos a pessoas, prazeres e distrações:
“Tira este pequeno mundo que te rodeia… Eu não posso entrar livremente” (p. 7).
Resultado: A alma aprende a depender totalmente de Deus, como uma criança (p. 9).
Habitação: Deus Faz Morada na Alma
Objetivo: Tornar a alma um tabernáculo vivo onde a Trindade habita.
Como acontece:
- Presença sensível: A alma experimenta Deus na oração, especialmente na Eucaristia:
“Sentia uma chama no coração… Ele estava dentro de mim” (p. 13).
- Desapego total: Para que Deus habite plenamente, a alma deve esvaziar-se de tudo que não é Ele:
“Estamos sozinhos… não há mais quem nos perturbe” (p. 8).
Condição: A alma deve viver como se estivesse “só no mundo com Deus”, ignorando distrações (p. 7).
Purificação: O Fogo do Amor que Limpa
Objetivo: Eliminar resquícios de egoísmo, soberba e apegos inconscientes.
Como acontece:
- Provações externas:
- Mortificações: Jejuns, renúncias a confortos (ex.: sentar-se na metade da cadeira, p. 12).
- Obediência: Aceitar orientações do confessor, mesmo quando incompreendida (p. 13).
- Provações internas:
- Tentações demoníacas: Ataques de desespero, ódio a Deus, medo da condenação (p. 20-21).
- Desolação espiritual: Sentir-se abandonada por Deus (p. 15).
Método divino:
“Deus permite que os demônios nos tentem… para que, vencendo, nos tornemos mais fortes” (p. 19).
Resultado: A alma torna-se “ouro puro”, capaz de refletir a luz divina (cf. Jó 23:10).
Elevação: A União Transformante na Divina Vontade
Objetivo: Fundir a vontade humana à Divina Vontade, tornando-as uma só.
Como acontece:
- Êxtases e visões:
- Encontros com Jesus e Maria: Luisa vê Cristo sofredor (p. 24) e recebe missões de reparação.
- União mística: A alma sente-se “consumida” pelo amor divino:
“Transforma tudo em teu Ser Divino” (p. 5).
- Vida na Divina Vontade:
- A alma age em sintonia com Deus, sem esforço, como Jesus em Nazaré:
“Meus atos eram feitos por Deus, com Deus e para Deus” (p. 10).
- A alma age em sintonia com Deus, sem esforço, como Jesus em Nazaré:
Frutos:
- Paz inabalável: A alma já não teme sofrimentos, pois tudo é visto como expressão do amor divino.
- Apostolado invisível: Sua existência torna-se reparação cósmica, como a de Luisa (p. 24) e ela também foi a ¨Depositária das Verdades do Fiat Supremo¨ vivendo na Divina Vontade.
A Jornada da Alma nos Escritos de Luisa Piccarreta
(Purificação, União e Missão – Um Caminho de Transformação Divina)
A Purificação da Alma – Do Pó ao Cristal
A alma é lapidada por Deus para refletir Sua luz.
O Despertar do Chamado
- A Voz do Esposo: Jesus convida a alma a sair das trevas:
“Desperta, alma adormecida… Teus pecados são névoa, mas Meu amor é sol” (p. 6). - Primeiro Passo: Reconhecer a necessidade de purificação (“Só os sedentos buscam a fonte”).
A Ciência da Humildade
- Aniquilamento: A alma aprende a dizer “nada sou” para que Deus seja “tudo” (p. 9).
O Fogo das Provações
- Crisol Divino: Jesus usa sofrimentos para “derreter o egoísmo e fundir-te em Mim” (p. 11).
- Exemplo de Luisa: Suas enfermidades tornaram-se “fornalha onde o ouro da paciência se refinou” (p. 13).
A União Transformante – Casamento das Vontades
A alma torna-se “uma só coisa” com Deus.
As Núpcias Místicas
- Aliança Eterna: “Tua vontade se perde na Minha… Já não és tu quem vive, mas Eu” (p. 25).
- Símbolos: Anel (fidelidade), Coroa (sofrimento compartilhado), Cálice (união de destinos).
A Paixão Compartilhada
- Comunhão nas Chagas: “Quero que sintas Minha dor na Cruz… Cada espinho teu alivia os Meus” (p. 15).
- Exercício Prático: “Ofereça uma dor física ou emocional como reparação pelas almas perdidas”.
A Habitação Divina
- Morada do Espírito: “Não sou hóspede em ti, mas dono… Teu coração é Meu trono” (p. 7).
- Frutificação: Paz, discernimento e “atos que nascem de Mim, não de ti” (p. 24).
A Missão da Alma – Do Santuário ao Mundo
A alma unida a Deus torna-se instrumento de renovação cósmica.
Intercessão e Reparação
- Sacerdócio Espiritual: “Teus sacrifícios são flechas que atingem Meu Coração… E Eu derramo graças” (p. 24).
- Exemplo: Luisa oferecia jejuns por sacerdotes e pela Igreja (p. 13).
Maternidade/Paternidade Espiritual
- Gerar Almas: “Teu amor silencioso será útero de novos santos” (p. 25).
O Legado Eterno
- Sementes do Céu: “Nada do que fazes por Mim se perderá… Serás lembrada nas estrelas” (p. 25).
- Missão Póstuma: Os escritos de Luisa continuam a guiar almas, décadas após sua morte.
Conclusão: A Alma como Epifania da Divina Vontade
A jornada (purificação → união → missão) não é linear, mas espiralada: cada etapa aprofunda a anterior.
Síntese dos Três Estados:
- Purificação: “Tirar o que não é Deus”.
- União: “Vestir-se de Deus”.
- Missão: “Refletir Deus”.
Últimas Palavras de Jesus nos Escritos:
“A alma que vive em Minha Vontade é Minha segunda humanidade… Por ela, o Céu desce à terra” (p. 25).
Apêndice Prático: Roteiro para a Jornada
- Autoavaliação:
- Qual etapa (purificação, união, missão) você identifica em sua vida atual?
- Que “espinho” precisa ser oferecido como reparação hoje?
- Compromisso:
- Escreva uma carta a Jesus, renovando seu “sim” à Divina Vontade.
(Todas as citações são do “Livro do Céu”, Volume 1)
Esta estrutura temática não é apenas um guia, mas um mapa do tesouro: onde X marca o lugar do coração humano, e o tesouro é o próprio Deus. 🗝️**
1. Exortações à Entrega Total
Jesus não pede migalhas, mas tudo:
“Entrega-Me tua vontade… Não quero parte de ti, quero-te inteira(o)” (p. 6).
- Conselhos práticos:
- “Renuncia até ao direito de escolher… Deixa-Me dirigir teus passos” (p. 9).
- “Sê como a pomba que não traça seu voo, mas confia no vento” (p. 12).
Exemplo nos escritos:
Quando Luisa hesita em escrever por medo, Jesus insiste:
“Por obediência, escreve… Cada palavra será tijolo no Reino da Minha Vontade” (p. 4).
2. Sofrimentos Transformadores: “Minha Cruz é Teu Tesouro”
Jesus convida a alma a abraçar a cruz como ferramenta de santificação:
“Quero que bebas Meu cálice… Cada dor será pérola em tua coroa eterna” (p. 15).
- Como aceitar o sofrimento:
- “Oferece cada espinho como reparação pelas Minhas chagas” (p. 25).
- “Não temas a dor, teme o vazio de uma vida sem Mim” (p. 14).
Promessa divina:
“Transformarei tuas lágrimas em rios de graça para o mundo” (p. 24).
3. Oração e Silêncio: “Fala Menos, Ouve Mais”
- Oração como respiração da alma:
“Quero que tua oração seja contínua… Como o bater do teu coração” (p. 8). - Silêncio como linguagem do amor:
“Calando tua mente, ouvirás Meus segredos… No silêncio, te farei Minha confidente” (p. 18).
Conselho de Jesus a Luisa:
“Nas horas mais agitadas, fecha os olhos e repete: ‘Jesus, eu Te amo’… Isso basta” (p. 13).
A Resposta da Alma a Deus
1. Anseios: “Quero Amar-Te, mas Não Sei Como”
A alma clama por mais de Deus, mesmo na fraqueza:
“Meu coração desfaz-se de saudade… Quando virás, ó Bem Amado?” (p. 7).
- Exemplo de Luisa:
Ela confessa: “Senhor, meu amor é uma faísca… Sopra-Te sobre mim para que vire chama!” (p. 5).
2. Temores: “E Se Eu Falhar?”
O medo da imperfeição paralisa, mas Jesus responde:
“Não olhes para ti… Olha para Mim. Tua fraqueza é Meu campo de batalha” (p. 10).
- Luta interior de Luisa:
“Temia tanto desagradar-Te que me escondia… Mas Tu me encontraste” (p. 9).
3. Atos de Amor: “Fazer Tudo por Ti”
A alma responde aos pedidos de Jesus com gestos concretos:
- Sacrifícios escondidos:
“Troquei o pão fresco por um mais duro… E sorri, pensando em Teu jejum no deserto” (p. 13). - Obediência heroica:
“Escrevi, mesmo tremendo… Pois Tua vontade era minha paz” (p. 4).
A Ação Divina na Alma
1. Graça: “Sopros do Espírito Santo”
A graça age como força sobrenatural:
- “Minha graça te fará caminhar sobre as ondas do medo” (p. 15).
- Exemplo:
Luisa, incapaz de resistir aos demônios, recebe “força de um anjo” ao invocar Jesus (p. 20).
2. Luzes Interiores: “Lâmpada para Teus Pés”
Jesus ilumina a mente em momentos decisivos:
- Discernimento:
“Mostrei a Luisa a vaidade das honras humanas… E ela escolheu o desprezo” (p. 8). - Revelações:
“Compreendi, numa luz clara, que o sofrimento é chave do Céu” (p. 14).
3. Provações: “O Fogo que Purifica”
Deus permite provas para fortalecer, não destruir:
- Tipos de provações:
- Tentações violentas: Demônios que aterrorizam Luisa à noite (p. 21).
- Desolações: Jesus esconde-Se para testar sua fé (p. 16).
- Propósito:
“São golpes de cinzel… Para esculpir em ti Minha imagem” (p. 11).
4. Êxtases: “Vislumbres do Céu”
Nos momentos de união mística, a alma toca a eternidade:
- Experiências de Luisa:
- Visão de Jesus no presépio: “Vi-Te pequenino, tremendo de frio… E meu coração derreteu-se” (p. 6).
- Êxtases na Paixão: “Senti os espinhos perfurarem-me a alma… Era Tua dor, não a minha” (p. 15).
A Alquimia da Alma
Jesus transforma oferta humana em glória divina:
- Pedidos d’Ele (entrega, sofrimento, oração) +
- Resposta da alma (anseios, temores, amor) +
- Ação divina (graça, luzes, provações) =
Uma alma transfigurada, pronta para o Céu.
Última exortação de Jesus nos escritos:
“Não te canses de dizer ‘sim’… Cada ‘sim’ teu é um raio de Minha glória na terra” (p. 25).
A Alma como Morada Divina
O Chamado à Intimidade
Nos escritos místicos de Luisa Piccarreta, a alma é revelada como um santuário vivo, um espaço sagrado onde o próprio Deus deseja habitar. Jesus compara-Se a um “Sol Eterno” cuja luz quer penetrar cada canto desse santuário, mas adverte: “Se não tirares este pequeno mundo que te rodeia, não posso entrar livremente em teu coração” (p. 6).
O Convite: “Dá-Me um Lugar em Teu Coração”
Jesus inicia Seu diálogo com um pedido comovente:
“Ah! Dá-me um lugar em teu coração, tira tudo o que não é meu, para que Eu possa mover-Me e respirar em ti” (p. 6).
- A imagem do útero materno: Assim como Jesus esteve “restringido” no ventre de Maria, Ele deseja a intimidade de um coração que O acolha sem resistências (p. 6).
- O obstáculo: As “conversas inúteis”, as “imaginações” e os afetos desordenados que enchem a alma de “pó” (p. 7-8).
- A promessa: “Promete ser toda Minha, e Eu mesmo porei mãos à obra” (p. 6).
Exemplo místico:
Luisa descreve como, após a Comunhão, Jesus lhe mostrava que até os pensamentos sobre pessoas amadas eram “grilhões” que O impediam de agir livremente nela (p. 8).“Dá-me um lugar em teu coração… Tira tudo o que não é Meu, para que Eu possa respirar em ti.”
— Jesus a Luisa (Livro do Céu, p. 6)A alma, nos escritos de Luisa Piccarreta, é revelada como um jardim fechado (Ct 4,12), espaço sagrado onde Deus anseia habitar. Jesus inicia Seu diálogo com um pedido urgente: “Limpa os cantos escuros do teu coração… Só assim Minha luz poderá inundar-te” (p. 4).
A Metáfora do Jardim
- Beleza e Ordem: O jardim simboliza a alma cultivada pela graça, onde cada virtude é uma flor que perfuma o Céu.
- Invasões perigosas: “Pensamentos desordenados são ervas daninhas que sufocam Minhas sementes” (p. 6).
A Luta contra as Trevas
Jesus adverte que as “trevas” não são ausência de Deus, mas acúmulo de apegos:
- Exemplo de Luisa: Ela descreve como conversas mundanas a deixavam “coberta de poeira, incapaz de sentir a leveza da graça” (p. 7).
- Remédio divino: “Meus raios de luz queimam a sujeira… Mas só entram onde há espaço” (p. 5).
Exercício Prático:
- Exame de consciência: Liste três “ervas daninhas” (distrações, vícios) que ocupam seu coração.
- Oração de entrega: “Jesus, entra com Teus raios de luz e converte este jardim em Teu santuário.”
A Purificação: “Estamos Sós, Nada Mais Nos Perturba”
Uma vez que a alma renuncia ao mundo exterior, Jesus começa a purificar seu interior:
“Agora estamos sós… Quero fazer de ti uma perfeita imagem Minha” (p. 9).
- A humildade como alicerce:
- A alma deve tornar-se como “um menino envolto em fraldas” — incapaz de dar um passo sem Deus (p. 9).
- Jesus repreende Luisa quando ela se atribui méritos: “Eu cuido muito bem daquelas almas que se gloriam a si mesmas” (p. 9).
- O esquecimento das culpas:
“Não quero que penses mais em teus pecados… Pensemos em amar-nos” (p. 10).
- Aqui, Jesus revela um paradoxo: só a alma que se reconhece verdadeiramente humilde pode receber o perdão pleno.
Metáfora luminosa:
A alma é como uma casa cujas janelas são lavadas pela luz de Cristo. Quanto mais se abre, mais a luz revela até as menores poeiras — e as dissolve (p. 4-5).
A Transformação: “Eu Sou o Espírito de Paz”
Quando a alma está purificada, Jesus ensina-a a viver em união contínua:
“Quero que em todas as tuas ações, até as mais necessárias, haja espírito de sacrifício” (p. 11).
- A mortificação como moeda divina:
Assim como uma moeda só tem valor com a imagem do rei, as obras da alma só são válidas se marcadas pela cruz (p. 11).
- Exemplos concretos de Luisa:
- Sentar-se na metade da cadeira, deixando o outro lado para Jesus (p. 12).
- Trocar alimentos saborosos por pão seco, oferecendo o sacrifício como “repouso” para Cristo ofendido (p. 13).
- A voz interior:
Jesus torna-Se um guia sensível, corrigindo até o ritmo do trabalho:
“Depressa! O tempo que ganhares, passarás Comigo em oração” (p. 12).
A Alegria da Presença Divina
A alma que se torna morada de Deus experimenta uma liberdade paradoxal:
- Já não busca criaturas, pois tudo vê “em Deus” (p. 8).
- Sofre, mas sente “uma paz que a faz esquecer as penas” (p. 17).
- Torna-se, finalmente, aquilo para que foi criada: um reflexo do Amor.
Palavras de Jesus a Luisa:
“Não temas… Minha Vontade será tua coroa. Eu e tu estamos sós no mundo” (p. 25).
O Diálogo de Correção e Amor
“Olha, se não tirares este pequeno mundo que te rodeia, não posso entrar livremente em teu coração.”
— Jesus a Luisa (p. 6)Jesus não é um juiz distante, mas Pai que corrige com ternura. Seus alertas são atos de amor para salvar a alma da mediocridade:
A Voz que Purifica
- Repreensões cotidianas:
- “Por que ocupas tua mente com trivialidades? Em Nazaré, só pensava no Pai” (p. 8).
- “Teus afetos desordenados são correntes… Quebremo-las juntos” (p. 9).
- Método divino: Jesus usa contrastes para despertar a alma:
“Eu, Rei do Céu, me fiz pequeno no presépio… E tu, criatura, buscas grandeza?” (p. 6).O Processo de Libertação
Luisa relata como Jesus a libertou dos laços humanos:
- Passo 1: “Mostrou-me a vaidade dos elogios… Hoje, louvores me parecem vento” (p. 8).
- Passo 2: “Ensinou-me a ver as pessoas em Deus… Quem me fere é instrumento de Sua mão” (p. 8).
Fruto da Correção:
“Adquiri uma liberdade que nem eu mesma entendo… Já não sou escrava de nada, exceto do Teu amor” (p. 8).O Diálogo de Correção Amorosa – Quando as Repreensões se Tornam Abraços
“Filha, olha como Eu te corrijo: não como juiz, mas como Esposo que quer te ver bela.”
— Jesus a Luisa (Livro do Céu, p. 10)A Linguagem do Amor Divino
Enquanto o mundo grita condenações, Deus sussurra correções. Nos escritos de Luisa Piccarreta, Jesus revela um mistério surpreendente: Suas repreensões são provas de um amor que não suporta ver a alma manchada. Este capítulo desvenda como Ele transforma falhas em degraus de santidade, sempre com três marcas:
- Precisão cirúrgica (sabe exatamente o que corrigir)
- Ternura incondicional (nunca humilha, apenas convida)
- Proposta concreta (oferece um caminho para a cura)
A Pedagogia do Céu: Como Jesus Corrige
(Baseado em pp. 8-11 do manuscrito)
a) A Correção Instantânea
Jesus não espera “o momento certo”:
- Exemplo 1: Quando Luisa conversa demais com a família, Ele intervém:
“Essas palavras enchem tua mente de pó… Quero que me imites em Nazaré: Minha boca só falava do Pai” (p. 8).- Exemplo 2: Se ela demora a levantar-se, ouve:
“Tu descansas, e Eu não tive outro leito que a Cruz” (p. 12).Por que isso importa?
Deus não é um Pai distante. Ele está presente nos detalhes, como um artista que ajusta cada pincelada em sua obra-prima (a alma).b) A Linguagem dos Contrastes
Jesus usa comparações que ferem para curar:
“Um Deus paciente — e tu? Um Deus humilde — e tu?” (p. 14).Esses “golpes de amor” (como Luisa os chama) não esmagam, mas despertam saudade do Céu.
Os Três Frutos da Correção Divina
a) Humildade Verdadeira
- Jesus revela à Luisa:
“Quanto mais te aniquilas, mais Minhas graças caem em ti como chuva” (p. 9).- Diferente da culpa tóxica:
A humildade divina não paralisa, mas liberta. Quando Luisa se reconhece “um verme”, Jesus a abraça: “Esquece teus pecados… Pensemos em amar-nos” (p. 10).b) Libertação dos Afetos Desordenados
- Após ser corrigida, Luisa confessa:
“Já não sou capaz de amar criatura alguma por si mesma” (p. 8).- Segredo revelado:
Quem se deixa moldar por Deus passa a ver todas as pessoas como telas onde Ele pinta Seu rosto — nem as ofensas ferem, nem os elogios intoxicam.c) Alegria na Exatidão
- Jesus promete:
“Se caminhares reta diante de Mim, nada te turbará” (p. 11).- O paradoxo:
Quem aceita ser “ajustado” por Deus experimenta uma paz que o mundo não pode dar.
Como Responder às Correções de Deus
(Lições práticas extraídas dos diálogos de Luisa)
- Silêncio imediato:
“Ficava muda, toda confusa” (p. 8) — a primeira reação deve ser acolher, não justificar.- Pergunta de conversão:
“Senhor, como posso reparar?” (p. 10) — substituir a autopiedade por ação.- Agradecimento:
Luisa beijava a mão que a corrigia (p. 17) — sinal de que entendia: cada repreensão é um bilhete de amor.
A Oficina do Espírito Santo
Deus não corrige a alma para puni-la, mas para prepará-la como morada. Como um ourives que não desiste da pepita até ver nela seu brilho original, Jesus insiste:
“Não temas… Cada ‘não’ que te digo é um ‘sim’ para tua liberdade” (p. 11).
A alma como morada divina exige dois movimentos:
- Esvaziar-se: Remover tudo que impede a entrada de Deus (trevas, apegos).
- Acolher: Permitir que a luz de Cristo transforme o jardim interior em reflexo do Céu.
A Jornada de Purificação – O Fogo que Torna a Alma Espelho do Divino
(Uma imersão nos escritos de Luisa Piccarreta sobre a arte sagrada de ser moldada por Deus)
Por que a Purificação?
A alma que aceita ser morada de Deus não escapa do fogo — ela o abraça. Nos diálogos de Jesus com Luisa, a purificação não é castigo, mas o processo de desbastar o mármore bruto para revelar a imagem de Cristo escondida nele. Jesus explica:
“Quero queimar em ti tudo o que não é meu… Só assim poderás refletir Minha luz” (p. 11).
Nesta jornada, três etapas se destacam:
- Humilhação (reconhecer-se “nada”).
- Mortificação (negar a vontade própria).
- Abandono (confiar na ausência sensível de Deus).
A Ciência do Aniquilamento – “Sê um Menino Envolto em Fraldas”
(pp. 9-10 do Livro do Céu Vol. 1)
O Que É Aniquilamento?
Não é autoflagelação, mas esvaziar-se de toda ilusão de autossuficiência. Jesus pede à alma:
“Sê como um menino que não pode mover um pé sem a mãe… Assim, esperarás tudo de Mim” (p. 9).
- Exemplo de Luisa:
Após a comunhão, ela se via como “a mais feia, a mais indigna” (p. 9). Essa não era falsa modéstia, mas visão sobrenatural de sua pequenez diante de Deus. - Fruto paradoxal:
Quanto mais a alma se reconhece “nada”, mais Deus a inunda de graças:
“Nas almas humildes, Minhas graças caem como chuva… Nos orgulhosos, sequer encontro espaço” (p. 9).
Exercício prático:
- Diário da Humildade: Anote uma qualidade (ex.: “sou organizado(a)”) e pergunte a Jesus: “Como isso pode ser Teu, não meu?”
- Oração do “Nada”: Repita diante do espelho: “Sem Ti, sou pó. Em Ti, sou luz”.
A Linguagem da Purificação: Dor, Aniquilamento e Renúncia
A purificação é narrada com termos concretos e imagens vívidas:
a) Sofrimento como Linguagem de Amor
- A coroa de espinhos:
“Cada movimento da cabeça me fazia crer expirar… oferecia tudo como reparação” (p. 25).
A dor física torna-se símbolo da união à Paixão de Cristo.
b) Aniquilamento do “Eu”
- Humilhação como caminho:
“Reduz-me a nada… como um menino envolto em fraldas” (p. 9).
Verbos como “desfazer”, “consumir” e “esmagar” marcam a linguagem de autonegação.
c) Batalha Espiritual
- Diálogos com o demônio:
“Os demônios diziam: ‘Você é nossa!’… eu lhes respondia: ‘Mentirosos!’” (p. 20-23).
A linguagem adota tons bélicos (“batalha”, “fuga”, “vitória”) para descrever o combate às tentações.
- A coroa de espinhos:
A espiritualidade de Luisa Piccarreta descreve a purificação não como um fim, mas como um caminho sagrado que parte da renúncia ao mundo, atravessa o vale da cruz e culmina no êxtase da união divina. Este capítulo desvenda as etapas dessa transformação, mostrando como cada prova, cada lágrima e cada visão mística são degraus para a alma se tornar “uma só vontade” com Deus.
Purificação Exterior: Renúncia ao Mundo
Antes de mergulhar nas profundezas do espírito, a alma é chamada a despojar-se das amarras materiais:
a) Renúncia às Criaturas
Jesus ensina Luisa a cortar apegos, mesmo aos legítimos:
“Se você não tirar este pequeno mundo que te rodeia… Eu não posso entrar livremente em teu coração” (p. 7).
Isso inclui evitar conversas vãs e fixar o olhar apenas n’Ele (p. 8).
b) Mortificação dos Sentidos
Atos concretos de abnegação preparam a alma para a intimidade divina:
- Jejum: Renunciar a alimentos agradáveis por amor (p. 12).
- Trabalho como oração: Realizar tarefas cotidianas com espírito de sacrifício (p. 6).
Purificação Interior: Aniquilamento do Ego
Com o exterior despojado, Deus ataca o núcleo da alma — o ego:
a) Humilhação como Caminho
Luisa é reduzida a “um menino envolto em fraldas” (p. 9), incapaz de agir sem Deus:
“Meu ser quase se desfazia… não podia dar um passo sem Seu sustento” (p. 9).
b) Combate às Tentações
Demônios assediam a alma com dúvidas e desespero (p. 20-21), mas Jesus ensina a resistir:
“Declare diante do Céu e dos demônios: Não quero ofender a Deus!” (p. 23).
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade