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Maio 2, 1938
Como a Divina Vontade pede a cada instante a vontade humana para lhe dizer: “Não me
negaste nada, nem Eu posso te negar nada”. Como forma seu marzinho de amor no mar
divino. A Criação. Doce encanto das manifestações do amor divino para com a criatura.
(1) Meu voo continua no Querer Divino, e oh! como fico surpreendida ao ver que a cada instante
pede a vontade humana para fazer nela algum de seus presságios amorosos, como fica comovido
ao ver que um Fiat Divino pede à criatura sua vontade humana. E meu doce Jesus, ao me ver
comovida, repetindo-me sua breve visita, todo bondade me disse:
(2) “Minha filha, é sempre nosso amor que nos empurra com uma força irresistível para a criatura, e
nos põe em atitude de pedir, como se tivéssemos necessidade dela, para dizer-lhe: ‘Me amou e te
amo, te doou a Mim e me doo a você’. Agora, você deve saber até onde chega nosso amor, cada
vez que lhe pedimos sua vontade e ela nos dá, tantas vidas nos dá por quantas vezes nos dá, e
Nós, para dar-lhe a ocasião, o mérito de nos dar não uma vez sua vida, mas tantas vezes quantas
vezes a pedimos, estamos sempre em ato de pedir-lhe. E parece-te pouco que a criatura possa
dizer-nos: ‘Tantas vidas vos dei, e não uma vez, mas milhares de vezes, por quantas vezes me
pedistes?’ E Nós não só a amamos com duplicado amor por quantas vezes nos dá sua vontade, e
a recompensamos cada vez, mas também nos sentimos glorificados e amados demais por quantas
vidas nos deu. Isto não é outra coisa que nosso amor exuberante, as finezas, as estratagemas, os
excessos, as loucuras de nosso amor trabalhador, que não sabe estar sem inventar novas
maneiras para ter o que fazer com a criatura e para poder dizer: ‘Quantas vezes a pedimos, não
nos negou jamais, tampouco Nós podemos negar-lhe nada’.
Não é isto um trato de amor insuperável que só um Deus pode fazer? Além disso, nosso amor não se detém, buscamos sempre
fundi-la conosco, e conforme a criatura ama em nossa Vontade, assim lhe fazemos formar seu
pequeno mar de amor na interminabilidade de nosso mar imenso de amor, e isto para sentir que
seu amor está no nosso e ama com o nosso; será menor, e isto sabemos, que o amor criado não
pode jamais alcançar o amor criante, mas nosso contentamento indizível é que ama em nosso
amor, e com nosso amor. Um amor dividido, separado de Nós, não pode nos agradar jamais, nem
nos pode ferir, e além disso perderia o mais belo do amor. E cada vez que nos ama em nosso Fiat,
tanto mais cresce seu pequeno mar de amor em nosso mar divino, e Nós nos sentimos mais
glorificados e amados ao ver aumentado o amor de nossa criatura”.
(3) Depois disto estava fazendo meu giro na Criação para encontrar todos os atos feitos pela Divina
Vontade, e meu sempre amável Jesus acrescentou:
(4) “Minha filha bendita, a Criação é o mais doce encanto da manifestação de nosso amor para
com as criaturas, está o azul do céu com suas estrelas, o resplandecente sol, o ar, o vento, o mar,
sempre fixos, jamais se afastam, para dizer ao homem nosso amor que jamais cessa. Há também
na baixa terra: Plantas, flores, árvores, grama, e todos têm uma voz, um movimento, uma vida de
amor de seu Criador, para dizer a todos, até ao menor fio de erva, a história de amor d’Aquele que
os criou para o homem. Agora, as coisas criadas no subsolo parece que morrem, mas não é
verdade, mas sim ressurgem mais belas, isto não é outra coisa que a nova ressurreição do amor
de Deus para as criaturas, e para fazer uma doce surpresa de amor, enquanto parece que morrem
ressurgem mais belas, e põe diante do olho humano o novo encanto das flores e dos frutos para
ser amado, pode-se dizer que cada flor e planta leva o beijo, o te amo de seu Criador àquele que
as olha e se faz possuidor delas. Por isso nosso amor supremo espera que em cada coisa nos
reconheça e nos mande seu te amo, mas em vão esperamos. Em todas as coisas criadas nosso
Ser Supremo manifesta a nossa força, sabedoria, bondade, ordem do nosso amor, e o damos ao
homem a fim de que nos ame com amor potente, sábio, cheio de bondade, isto é, que esteja nele a
imagem do nosso amor divino, e isto só o pode receber quem vive em nossa Vontade, porque
podemos dizer que vive da nossa Vida; ao contrário, fora d’Ela, o amor é débil, a sabedoria é
insípida, a bondade se transforma em defeitos, a ordem em desordem. Pobre criatura sem nossa
Vontade, como nos dá piedade! Muito mais que Nós amamos com amor incessante a criatura, e
quer encontrar nela o amor que jamais cessa, e quando não nos ama forma grandes vazios de
nosso amor em sua alma, e nosso amor não encontrando seu amor nestes vazios, não tem onde
apoiar-se, fica suspenso, vai errante, corre, voa e não encontra quem o receba, e grita, sofre pela
dor e diz: Não sou amado, Eu amo e não encontro quem me ame!”
(5) Depois acrescentou com um acento mais terno: “Filha amadíssima, se tu soubesses até onde
chega meu amor por quem vive em minha Divina Vontade, me amarias tanto, que te estouraria o
coração pela alegria, e teu amor e meu amor te fariam ficar consumida, devorada de puro amor por
Mim. Agora, tu deves saber que minha Divina Vontade é a coletora de tudo o que faz a criatura que
vive n’Ela; tudo o que é feito em meu Fiat, não sai, mas sim fica em nossos campos de luz, e minha
Vontade, para deleitar-se, vai recolhendo o movimento, o amor, a respiração, a passo, as palavras,
os pensamentos, tudo o que a criatura fez em nosso Querer para incorporá-lo em nossa própria
Vida; se não fizesse isto nos faltaria um respiro, um movimento, e tudo o que a criatura tem feito
em nosso Querer à nossa Vida. Portanto, sendo partes de nossa Vida, sentimos como a
necessidade de que continuem seu respiro no nosso, seu movimento, seu passo nos nossos, por
isso chamamos a quem vive em nosso Querer: ‘Respiro nosso, batimento, movimento, amor
nosso’. Separar de Nós mesmo o respiro de quem vive em nosso Querer não o podemos fazer,
nem o queremos fazer, sentiríamos arrancar a Vida, por isso, conforme a criatura se move, respira,
etc., minha Vontade se põe em festa e vai recolhendo o que faz a criatura, e sente amá-la tanto,
como se Ela contribuísse para formar o respiro, o movimento na criatura, e como se a criatura
contribuísse para dar o respiro, o movimento a Deus. São os excessos e as invenções do nosso
amor, que só está contente quando pode dizer: ‘O que faço Eu faz ela, movemo-nos, respiramos e
amamos juntos’. E então sentimos a felicidade, a glória, a correspondência de nossa obra criadora,
que assim como saiu de nosso Seio Paterno em uma chama de amor, assim nos retorna, todo
amor a nosso Seio Divino”.
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