Aqui está um material estruturado para um curso sobre **São Policarpo de Esmirna**, sua **Carta aos Filipenses** e seu **martírio**, com enfoque histórico, teológico e literário:
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### **Curso: São Policarpo de Esmirna — Vida, Obra e Martírio**–
Contexto Histórico e Biografia**
**Objetivo:** Compreender o cenário do cristianismo primitivo e a vida de Policarpo.
1. **Contexto do Século II:**
– Império Romano sob Antonino Pio/Marco Aurélio.
– Perseguições esporádicas aos cristãos.
– Smyrna (atual Izmir, Turquia): centro comercial e religioso.
2. **Biografia de Policarpo:**
– Discípulo do Apóstolo João (segundo Ireneu de Lyon).
– Bispo de Esmirna († c. 155–156 d.C.).
– Figura de transição entre a era apostólica e os Padres da Igreja.
3. **Fontes Primárias:**
– Carta de Inácio de Antioquia a Policarpo.
– Relatos de Ireneu de Lyon (*Contra as Heresias*).
Dica
– Mapear a rota das comunidades cristãs na Ásia Menor.
– Análise de trechos de Inácio de Antioquia sobre Policarpo.
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A Carta aos Filipenses**
**Objetivo:** Analisar a carta como texto pastoral e doutrinário.
1. **Estrutura e Autenticidade:**
– Datação: c. 110–140 d.C.
– Debate sobre se é uma única carta ou duas compiladas.
2. **Temas Principais:**
– Exortação à virtude e unidade da comunidade (Filipenses 1:27–2:4).
– Combate ao docetismo e marcionismo (negação da encarnação).
– Imitação de Cristo e dos mártires (Cap. 8–9).
3. **Conectando com o Novo Testamento:**
– Citações de Paulo, Mateus e Pedro.
– Paralelos com a Primeira Carta de João.
Dica:
– Comparar trechos da carta com Filipenses de Paulo e 1 João.
– Debate: Como Policarpo lida com heresias e promove a ortodoxia?
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O Martírio de Policarpo**
**Objetivo:** Explorar a teologia do martírio e a narrativa histórica.
1. **O Texto *Martyrdom of Polycarp*:**
– Um dos primeiros relatos pós-apostólicos de martírio (séc. II).
– Estrutura: prisão, interrogatório, execução (queima e lança).
2. **Elementos Teológicos:**
– Policarpo como “imitação de Cristo” (nega fugir, ora pelos perseguidores).
– Relatos sobrenaturais (fogo não o consome, aroma de incenso).
– Martírio como testemunho (*martyria*) e coroação.
3. **Contexto da Perseguição:**
– Motivações políticas (negar o culto ao imperador).
– Comparação com outros mártires como Inácio e Perpétua.
Dica:
– Análise comparativa entre o martírio de Policarpo e a paixão de Cristo.
– Discussão: O martírio era buscado ou evitado pelos cristãos primitivos?
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Legado e Relevância Contemporânea**
**Objetivo:** Refletir sobre a influência de Policarpo na Igreja.
1. **Patrística e Tradição:**
– Policarpo como elo entre os apóstolos e Ireneu de Lyon.
– Papel na transmissão da doutrina joanina.
2. **Mártires na Espiritualidade Cristã:**
– Veneração de relíquias (tradição do aniversário do martírio).
– Martírio como resistência cultural hoje.
3. **Debates Modernos:**
– Como narrativas de martírio moldam identidades religiosas?
– Policarpo ecumênico: diálogo entre católicos, ortodoxos e protestantes.
Dica para fixação:
– Redação: “Policarpo e a defesa da ortodoxia no século II”.
– Seminário: Apresentar um mártir moderno e comparar com Policarpo.
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### **Recursos Principais:**
1. **Textos Primários:**
– *Carta aos Filipenses* (tradução em *Os Pais Apostólicos*, Paulus Editora).
– *Martyrdom of Polycarp* (disponível em CCEL.org).
2. **Literatura Secundária:**
– *The Apostolic Fathers* (Bart D. Ehrman, Loeb Classical Library).
– *Polycarp and the New Testament* (Michael W. Holmes).
– *Martyrdom and Memory* (Elizabeth Castelli).
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### **Tópicos para Discussão:**
1. Policarpo era mais um pastor prático ou um teólogo sistemático?
2. Como sua carta reflete preocupações comunitárias ainda relevantes?
3. O martírio como forma de poder espiritual vs. resistência política.
**Atividade Prática:**
– Dramatização do interrogatório de Policarpo perante o procônsul.
– Criação de uma linha do tempo interativa com eventos do século II.
Nasceu no ano 69-70 de pais cristãos. Aprendeu dos Apóstolos os ensinamentos de Cristo, tornando-se discípulo de João. Narram Ireneu – seu aluno e mais tarde bispo de Lyon – e o historiador Eusébio de Cesareia: “Policarpo não somente foi educado pelos Apóstolos e viveu com muitos daqueles que haviam visto o Senhor: mas foi também dos Apóstolos que se estabeleceram na Ásia como bispo da Igreja de Esmirna” (Adversus Haereses III 3,4; Historia Eclesiastica IV 14,3,4).
É de um tal de Marcião (testemunha ocular de seu martírio) o Martyrium Polycarpi, considerado por muitos o mais antigo e autêntico dos Atos dos Mártires. Trata-se da primeira obra na qual é definido mártir quem morrer por causa da fé.
Durante o seu longo episcopado, Policarpo distinguiu-se pelo zelo em conservar fielmente a doutrina dos Apóstolos ao difundir o Evangelho entre os pagãos e em combater as heresias. Ireneu o define como pregador paciente e amável e destaca sua grande solicitude pelas viúvas e pelos escravos.
A amizade no episcopado com Inácio de Antioquia
Em 107 Policarpo acolhe em Esmirna Inácio de Antioquia, de passagem e sob escolta, em direção a Roma para ser julgado. Célebres as sete cartas que Inácio endereçou às Igrejas ao longo de seu caminho; as primeiras quatro partem justamente de Esmirna. De Tróade, depois, escreve aos fiéis de Esmirna e ao seu bispo Policarpo, encarregando-o de transmitir à Igreja de Antioquia a sua última recordação e descrevendo-o um bom pastor e combatente pela causa de Cristo.
E é a Policarpo que os Filipenses pedem para recolher as cartas de Inácio. O bispo de Esmirna envia a eles o que foi pedido, junto a uma carta sua, para exortá-los a servir a Deus no temor, a crer n’Ele, a esperar na ressurreição, a caminhar no caminho da justiça, tendo sempre diante dos olhos o exemplo dos mártires e principalmente de Inácio.
Também a Epístola aos Filipenses de Policarpo é bastante conhecida. Chegada aos nossos dias, é importante em particular pelas notícias históricas que dela se podem tirar e pelos dogmas sobre o Credo que são recordados.
Por volta do final de 154, Policarpo parte para Roma, como representante dos cristãos da Ásia Menor, para tratar com o Papa Aniceto sobre diversas questões, e principalmente sobre a data da Páscoa: nas Igrejas Orientais era celebrada no dia 14 do mês judaico de Nisan, enquanto na capital do Império no domingo sucessivo. Não se chega a um acordo, mas as relações entre as Igrejas permanecem amigáveis.
Mártir aos 86 anos
Sob o Imperador Antonino Pio desencadeiam perseguições também em Esmirna. Policarpo é preso. Os atos de seu martírio narram que “levado diante do pró-Cônsul, ele…procurou persuadi-lo a renegar, dizendo: “Pensa na tua idade…muda de pensamento…jura e eu te liberto. Amaldiçoe Cristo”. Policarpo responde: “Por 86 anos eu O servi, e não me fez mal algum. Como então poderia blasfemar contra meu Rei e meu Salvador?…ouçam claramente. Eu sou cristão”. Foi decidido que seria queimado, mas permanece ileso e é morto pela espada.
“Estes os fatos – lê-se no Martyrium Polycarpi – sobre o beato Policarpo que com aqueles de Filadélfia foi o 12º a sofrer o martírio em Esmirna. O beato Policarpo testemunhou o segundo dia de Santico, o sétimo dia antes das calendas de março, do grande sábado, na hora oitava. Foi preso por Herodes, pontífice de Tralli, durante o proconsulado de Statius Quadratus, rei eterno nosso Senhor Jesus Cristo”.
EPÍSTOLA DE POLICARPO AOS FILIPENSES
Policarpo e os presbíteros que estão junto dele, à Igreja de Deus que está em Filipos:
Piedade a vocês, e paz do Todo-poderoso Deus, e do Senhor Jesus Cristo, nosso
Salvador, sejam multiplicadas.
I. Exortação aos Filipenses
Tenho me alegrado grandemente convosco em nosso Senhor Jesus Cristo, pois vocês
têm seguido o exemplo do verdadeiro amor [como mostrado por Deus], e tenho
acompanhado, assim como vocês, todos aqueles que estão acorrentados, os ornamentos
dos santos, e aqueles que são de fato os diademas dos verdadeiros eleitos de Deus e de
nosso Senhor; e porque as fortes raízes de vossa fé, falando de dias a muito tempo
transcorridos, suportaram até agora, e trouxeram frutos a nosso Senhor Jesus Cristo, que
por nossos pecados sofreu até a morte, [mas] “que Deus ressuscitou da morte, tendo
afrouxado as faixas do túmulo”. “No qual, embora não O vejam, acreditem, e
acreditando, regojizem-se em inexprimível alegria e cheios de glória”; onde todos os
homens desejam entrar, sabendo que “pela graça vocês serão salvos, não pelas obras”,
mas pela vontade de Deus através de Jesus Cristo.
II. Exortação à Virtude.
Por causa disso, cinjam suas cinturas, “sirvam o Senhor no temor” e na verdade, como
aquele que tem renunciado ao inútil, as conversas vãs e os erros da multidão, e
“acreditado nAquele que ressuscitou nosso Senhor Jesus Cristo da morte, e Lhe deu a
glória”, e um trono a sua direita. Por Ele todas as coisas no Céu e na Terra estão
subordinadas. A Ele todo espírito serve. Ele vem como o Juiz dos viventes e dos
mortos. Deus pedirá conta do sangue dEle por aqueles que não acreditam nEle. Mas
Aquele que ressuscitou dentre os mortos também nos ressuscitará, se fizermos sua
vontade e seguirmos seus mandamentos, e se amarmos o que Ele amou, abstendo-nos de
toda injustiça, arrogância, amor ao dinheiro, murmurações, falsos testemunhos, “não
pagando mal por mal, injúria por injúria”, golpe por golpe, maldição por maldição, mas
sendo misericordiosos por causa do que o Senhor disse em seus ensinamentos: “Não
julguem para não serem julgados; perdoem e serão perdoados; sejam misericordiosos e
alcançarão misericórdia; pois com o que medirem vocês serão medidos”; e uma vez
mais: “Abençoados são os pobres, e aqueles que são perseguidos por causa da verdade,
pois deles é o Reino de Deus”.
III. Fé, esperança e caridade.
Não é por mim mesmo, irmãos, que lhes escrevo sobre a justiça, e sim porque vocês me
pediram primeiro. Pois nem eu, nem ninguém como eu, pode chegar a sabedoria do
abençoado e glorificado Paulo. Ele, estando entre vocês, comunicou com exatidão e
força a palavra da verdade na presença daqueles que estão vivos ainda. E quando vos
deixou, escreveu-lhes uma carta, que, se a estudarem com cuidado, encontrarão o
sentido de terem sido erguidos na fé que lhes foi dada, e que, sendo seguida da
esperança e precedida pelo amor para com Deus e Cristo, assim como para nosso
próximo, “é a mãe de todos nós”.
Pois todo aquele que permanecer nessas virtudes, este cumpriu os mandamentos da
justiça. Pois quem permanece na caridade está longe de todo pecado.
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