Ó meu Senhor Jesus Cristo, prostrado diante da Tua Presença divina, suplico ao Teu amorosíssimo Coração que me admita à dolorosa meditação das Vinte e Quatro Horas da Tua Paixão durante as quais, por amor a nós, tanto sofreste no Teu Corpo adorável e na Tua Alma santíssima, até a morte de cruz. Ajuda-me e dá-me graça, amor, profunda compaixão e compreensão dos Teus sofrimentos, agora, enquanto medito a Hora_18__ (Jesus toma a Cruz e dirige-se rumo ao Calvário, onde é despojado)
E por aquelas Horas que não posso meditar, Te ofereço a vontade e o desejo que tenho de as meditar em todas as horas que sou obrigado a me aplicar aos meus deveres ou a repousar. Ó misericordioso Senhor, aceita a minha amorosa intenção e faz com que ela seja de proveito para mim e para todos, como se, efetiva e santamente, realizasse o quanto eu desejaria praticar. Eu Te dou graças, ó meu Jesus, que por meio da oração me chamas à união Contigo; e, para Te agradar ainda mais, tomo os Teus pensamentos, a Tua língua, o Teu Coração e, com eles, desejo rezar, me unindo inteiramente a Ti, na Tua Vontade e no Teu amor.
Ao estender meus braços para Te abraçar, apoio a minha cabeça no Teu Coração e dou início a esta Hora.
DÉCIMA OITAVA HORA
Das 10 às 11 da manhã
Jesus toma a Cruz e dirige-se rumo ao Calvário, onde é despojado
Meu Jesus, Amor insaciável, vejo que não tens paz. Sinto Tua ânsia de amor e as Tuas dores; o Teu Coração pulsa com força e, a cada palpitação, ouço estalos e sinto tormentos e violências de amor. E Tu, não podendo conter o fogo que te devora, angustia-Te, suspiras, gemes e, a cada gemido, ouço-Te dizer: “Cruz!”. Cada gota do Teu sangue repete: “Cruz! ”. Todas as Tuas dores nas quais Tu nadas, como em um mar interminável, repetem: “Cruz!” E Tu exclamas: “Ó cruz dileta e desejada, só tu salvarás Meus filhos. Concentro em ti todo o Meu amor!”
Segunda coroação de espinhos
Os Teus inimigos levam-Te de novo para dentro do Pretório, tiram-Te a púrpura e querem cobrir-Te com Tuas vestes. Ah, mas quanta dor! Seria mais fácil para mim morrer que ver-Te sofrer tanto assim! A veste cola-se à coroa e eles não podem levantá-la; assim, com imensa crueldade, tiram-Te a veste e a coroa ao mesmo tempo. No puxão cruel, muitos espinhos se quebram e permanecem fincados em Tua santíssima cabeça; Teu sangue brota como um rio e a Tua dor é tanta que gemes. Mas desconsiderando os Teus padecimentos, os Teus inimigos recobrem-Te com a veste e voltam a coroar-Te. E, apertando com força sobre Tua cabeça, os espinhos chegam aos olhos e aos ouvidos; assim, não há parte da Tua santíssima cabeça que não sinta as picadas. A Tua dor é tanta que vacilas sob aquelas mãos cruéis; tremes da cabeça aos pés e, entre espasmos atrozes, estás prestes a morrer. Com os olhos apagados e repletos de sangue, Tu me olhas, com dificuldade, para me pedires ajuda no meio de tanta dor!
Meu Jesus, Rei das dores, deixa-me amparar-Te e Te estreitar ao meu coração. Gostaria de pegar no fogo que Te consome, para reduzir a cinzas Teus inimigos e salvar-Te. Mas não queres porque as ansiedades da cruz se tornam mais ardentes, e desejas ser imolado depressa sobre ela, inclusive, em favor de Teus próprios inimigos! Mas, enquanto Te aperto ao meu coração, Tu, estreitando-me ao Teu, dizes-me: “Meu filho, faz-me derramar o Meu amor e repara Comigo por aqueles que fazem o bem, mas Me desonram. Estes judeus cobrem-Me com Minhas vestes para Me desacreditarem ainda mais perante o povo, para convencê-lo de que sou um malfeitor. Aparentemente, a ação de Me vestirem é boa, mas em si mesma, é perversa. Ah, quantas pessoas fazem boas obras, administram Sacramentos e os recebem com finalidades humanas e até mesmo perversas! O bem, realizado com maldade, leva à insensibilidade. Quero ser coroado pela segunda vez, com dores mais atrozes que a primeira, para despedaçar esta insensibilidade e, assim, com os Meus espinhos, atraí-los a Mim. Ah, Meu filho, esta segunda coroação é muito mais dolorosa para Mim; sinto como se a Minha cabeça flutuasse entre os espinhos e, a cada movimento que faço ou empurrão que Me dão, padeço muitas mortes cruéis. Assim, reparo a malícia das ofensas, reparo por aqueles que, em qualquer estado de ânimo que se encontrem, em vez de pensar em sua própria santificação, distraem-se, rejeitam a Minha Graça, voltando a dar-Me espinhos pontiagudos; entretanto, sou obrigado a gemer, a chorar com lágrimas de sangue e a suspirar a sua salvação.
Ah, faço de tudo para amá-las, e as criaturas fazem de tudo para Me ofender! Pelo menos, tu não me deixarás sozinho nas Minhas dores e nas Minhas reparações.”
Jesus abraça a Cruz
Meu martirizado bem, Contigo reparo e sofro; mas vejo que os Teus inimigos fazem com que caias das escadas, enquanto o povo Te espera com furor e ânsia. Fazem-Te chegar à cruz já preparada que, com tantos suspiros, Tu procuras. Olhas para ela com amor enquanto, com passo firme, Tu Te aproximas para abraçá-la; mas antes, Tu lhe dás um beijo e, enquanto um arrepio de alegria percorre a Tua santíssima Humanidade, com grande júbilo voltas a olhá-la, medindo o seu comprimento e largura. Nela já defines uma medida para todas as criaturas; e lhes dás uma medida suficiente para vinculá-las à Divindade com um laço esponsal e torná-las herdeiras do Reino dos Céus. Em seguida, não conseguindo conter o amor com que as amas, voltas a beijar a cruz e lhe diz: “Adorada cruz, finalmente te abraço; eras tu o suspiro do Meu Coração, o martírio do Meu amor. Mas tu, ó cruz, esperaste até agora, enquanto os Meus passos se dirigiam sempre rumo a ti. Cruz Santa, Tu eras a meta das Minhas aspirações, a finalidade da Minha existência aqui na terra. Em ti concentro todo o Meu ser, em ti ponho todos os Meus filhos e tu serás a sua vida, a sua luz, a defesa, guarda e fortaleza. Tu os ajudarás em tudo e, gloriosos, os conduzirá ao Céu, a Mim. Ó cruz, Cátedra de sabedoria, somente tu ensinarás a verdadeira santidade, só tu formarás os heróis, os atletas, os mártires e os santos. Bela cruz, tu és Meu Trono e, como devo partir da Terra, tu ficarás no Meu lugar. Eu te dou, como dote, todas as almas; guarda-as, salva-as. Eu as confio a ti!”
Assim dizendo, ansioso, fazes com que a coloquem sobre os Teus santíssimos ombros. Ah, meu Jesus, para o Teu amor, a cruz é demasiado leve, mas ao seu peso une-se o das nossas culpas enormes e tão imensas quanto o firmamento. Ó meu atormentado Bem, Tu Te sentes esmagado sob o peso de tantas culpas; a Tua alma horroriza-se à vista delas e sente a dor de cada uma; Tua santidade fica perturbada diante de tanta baixeza e, por isso, tomando a cruz aos ombros, Tu Te inquietas, vacilas, e de Tua santíssima Humanidade desce um suor mortal. Por favor, meu Amor, não tenho paz na alma ao deixar-Te sozinho, quero partilhar Contigo o peso da cruz e, para Te aliviar do peso das culpas, abraço-me aos Teus pés; em nome de todas as criaturas, quero Te dar amor por quem não Te ama, louvores por quem Te despreza, bênçãos, ação de graças e obediência por todos.
Prometo-Te, em qualquer ofensa que receberes, oferecer-Te todo o meu ser como reparação, realizar o ato oposto às ofensas que as criaturas Te fazem e consolar-Te com meus beijos e contínuos atos de amor. Mas vejo que sou demasiado miserável e tenho necessidade de Ti para poder reparar-Te verdadeiramente. Por isso, uno-me à Tua santíssima Humanidade. Uno os meus pensamentos aos Teus para reparar os pensamentos negativos, meus e de todos; os meus olhos aos Teus, para reparar os olhares malvados; a minha boca à Tua, para reparar as blasfêmias e os pronunciamentos malignos; o meu coração ao Teu, para reparar as tendências, os desejos e os afetos nocivos. Enfim, quero reparar tudo o que a Tua santíssima Humanidade repara, unindo-me à imensidão do Teu amor por todos e ao imenso bem que fazes a todos.
Mas ainda não estou satisfeito; quero unir-me à Tua Divindade e n’Ela fazer desaparecer este meu nada, e assim dar-Te o tudo. Dou-Te o Teu amor para restabelecer as Tuas amarguras; dou-Te o Teu Coração para revigorar-Te de nossa insensibilidade, pela falta de correspondência, por nossa ingratidão e pela falta de amor das criaturas. Dou-Te as Tuas harmonias para aliviar o Teu ouvido dos ensurdecimentos que recebes com as blasfêmias. Dou-Te a Tua beleza para Te refazer da feiura de nossas almas, quando nos manchamos no pecado. Dou-Te a Tua pureza, para Te refazer da falta de retidão de intenções e da mácula e da podridão que vês em muitas almas. Dou-Te a Tua imensidade para Te tranquilizar sobre a voluntária penúria em que se situam as nossas almas. Dou-te o Teu ardor para queimares os pecados de todos os corações, para que todos Te amem e ninguém mais Te ofenda. Enfim, eu Te dou tudo o que Tu és para Te dar satisfação infinita, amor eterno, imenso e infinito.
A Via Dolorosa rumo ao Calvário
Meu pacientíssimo Jesus, vejo que dás os primeiros passos sob o enorme peso da cruz; uno os meus passos aos Teus e quando Tu, debilitado, sangrando e vacilante, estiveres prestes a cair, eu estarei ao Teu lado para Te amparar e Te emprestar meus ombros para partilhar Contigo o peso da cruz. Não me afastes, mas aceita-me como Teu companheiro fiel. Ó Jesus, olhas para mim e vejo que reparas por aqueles que não carregam com resignação a sua própria cruz, mas ao contrário, irritam-se, suicidam-se e cometem homicídios. Tu imploras para todos amor e resignação à própria cruz. Mas a Tua dor é tanta que Te sentes esmagado sob a Tua cruz. Apenas dás os primeiros passos e logo cais sob seu peso. E, ao caíres, bates nas pedras; os espinhos penetram ainda mais em Tua cabeça, enquanto todas as chagas se tornam mais ásperas e, de novo, fazem jorrar sangue. E, não tendo forças para Te ergueres, Teus inimigos, irritados, procuram levantar-Te com pontapés e empurrões.
Meu Amor caído, deixe-me Te ajudar a Te levantares. Deixe-me Te abraçar e enxugar o Teu sangue e, Contigo, reparar-Te por aqueles que pecam por ignorância ou fragilidade. Imploro-Te que ajude estas almas.
Jesus, minha Vida, fazendo-Te padecer dores horríveis, Teus inimigos chegaram a pôr-Te de pé e, enquanto caminhas cambaleando, ouço a Tua respiração ofegante; Teu Coração bate com mais força e novas dores O afligem intensamente. Balanças a cabeça para tirar o sangue que Te tapa os olhos e, ansioso, olhas à Tua volta. Ah, meu Jesus, entendi tudo; avistas a Tua Mãe que, como pomba ferida, vai à Tua procura para dizer-Te a última palavra e receber o Teu último olhar. Tu sentes as suas dores; sentes o Coração dilacerado da Mãe dentro do Teu, enternecido e ferido pelo amor da Mãe e pelo Teu. Consegues vê-la avançando por entre a multidão, pois a todo o custo, quer ver-Te, abraçar-Te e Te dar o último adeus. Mas Tu ficas mais aflito ao ver a sua palidez mortal e todas as Tuas dores reproduzidas nela, pela força do amor. Se ela está viva, é por um milagre de Tua Onipotência. Dás passos em direção aos seus e, com muita dificuldade, conseguis uma troca de olhares!
Ó angústia de corações em ambas as partes! Os soldados percebem e, com socos e empurrões, impedem que Mãe e Filho se concedam o último adeus. É tanta a aflição de ambos, que a Tua Mãe permanece petrificada de dor e quase sucumbe. O fiel João e as mulheres piedosas socorrem-na, enquanto Tu cais de novo ao peso da cruz. Então, aquilo que não faz com o corpo, porque é impedida, a Tua Mãe dolorosa o faz com a alma: entra em ti, faz sua a Vontade do Eterno e, associando-se a todas as Tuas dores, faz o seu ofício de Mãe: beija-Te, resgata-Te, cura-Te e, sobre cada uma de Tuas chagas, derrama o bálsamo do seu amor doloroso!
Meu Jesus sofredor, também eu me uno à Tua Mãe trespassada. Faço minhas todas as Tuas dores e, em cada gota de Teu sangue e em cada chaga, quero ser a Tua Mãe. Com ela e Contigo, reparo por aqueles que promovem encontros perigosos e por aqueles que se colocam em ocasiões de pecar, ou são forçados pela necessidade a se expor, permanecendo ligados ao pecado.
Meu Jesus, gemes, sob o peso da cruz. Os soldados temem que Tu morras sob o peso de tantos martírios e em virtude do derramamento de tão grande quantidade de sangue. Por isso, com açoites e pontapés, tratam de levantar-Te novamente. Assim, reparas as repetidas quedas no pecado, os pecados graves cometidos por todas as classes de pessoas; suplicas pelos pecadores obstinados e, com lágrimas de sangue, choras pela sua conversão.
Meu Amor aflito, enquanto Te acompanho nas reparações, vejo que não aguentas o enorme peso da cruz. Já estás tremendo todo. Com os contínuos socos que recebes, os espinhos penetram cada vez mais em Tua santíssima cabeça. De tão pesada, a cruz quase entra nos Teus ombros, formando uma chaga tão profunda que chega a descobrir os ossos. A cada passo que dás, parece que estás para morrer, por isso, és impossibilitado de prosseguir. Mas o Teu amor, que tudo pode, dá-Te força e, ao sentires que a cruz penetra os Teus ombros, reparas pelos pecados ocultos que, não sendo resgatados, fazem aumentar a crueldade de Teus espasmos. Meu Jesus, deixe-me colocar os meus ombros sob a cruz para Te aliviar e, Contigo, reparar todos os pecados escondidos.
Teus inimigos, com medo de que Tu morras sob a cruz, obrigam o Cireneu a ajudar-Te e a carregá-la. Ele ajuda-Te, não por amor, mas à força, de má vontade e a resmungar. Então, em Teu Coração, fazem eco todas as lamentações de quem sofre, a falta de resignação, as rebeliões, a ira e o desprezo pelo sofrimento; mas ficas muito mais magoado quando vês que as almas a Ti consagradas, que chamas a acompanhar-Te e a ajudar-Te na Tua dor, fogem de Ti; e, se Tu as unes a Ti pela dor, elas fogem de Teus braços para ir em busca de prazeres, deixando-Te sozinho no sofrimento!
Meu Jesus, enquanto reparo Contigo, rogo-Te que me apertes em Teus braços com tanta força, que não haja dor que Tu sofras de que também eu não participe, para me transformar nelas e para Te consolar pelo abandono de todas as criaturas. Meu Jesus aflito, caminhas com dificuldade e totalmente encurvado. Mas vejo que paras para olhar. Meu Coração, mas o que acontece? O que queres? Ah, é a Verônica que, não temendo nada, chega corajosamente e enxuga com um pano o Teu rosto todo coberto de sangue. E Tu, em sinal de gratidão, deixas Teu rosto impresso sobre o linho.
Meu generoso Jesus, também eu quero enxugar-Te, não com um pano, mas quero oferecer todo o meu ser para Te aliviar e entrar em Ti e Te dar, ó Jesus, palpitações por palpitações, respiros por respiros, afetos por afetos, desejos, por desejos. Quero mergulhar na Tua santíssima Inteligência e, fazendo fluir todas estas palpitações, respiros, afetos e desejos na imensidade da Tua Vontade, quero multiplicá-los ao infinito. Ó meu Jesus, desejo formar ondas de palpitações para fazer com que nenhuma palpitação perversa se repercuta no Teu Coração, e assim, cures todas as amarguras interiores. Desejo formar ondas de afetos e de desejos, para afastar todos os afetos e desejos maus que possam contristar o Teu Coração. Ó Meu Jesus, quero formar ondas de respirações e de pensamentos para afastar qualquer respiro e pensamento que possam minimamente desagradar-Te. Ó meu Jesus, estarei bem vigilante, para que mais nada aflija ou acrescente outras amarguras às Tuas dores internas. Ó meu Jesus, faz com que todo o meu interior mergulhe na imensidade do Teu. Assim, poderei encontrar amor e vontade suficientes para fazer com que no Teu interior, não repercuta nada que Te desagrade.
Ó meu Jesus, para estar mais seguro, rogo-Te que seles os meus pensamentos com os Teus, minha vontade com a Tua, meus desejos com os Teus, meus afetos com os Teus e minhas palpitações com as Tuas, a fim de que, selados, só adquiram vida a partir de Ti. Peço-Te ainda, ó meu Jesus, que aceites o meu pobre corpo; gostaria de despedaçá-lo por amor a Ti e reduzi-lo em minúsculas partículas, para colocá-las sobre cada uma das Tuas feridas. Naquela chaga, ó Jesus, que Te causa dor pelas inúmeras blasfêmias, deposito uma partícula do meu corpo e quero que Te diga sempre: “bendigo-Te”. Naquela ferida que Te provoca tanto sofrimento pelas inúmeras ingratidões, ó Jesus, quero colocar uma porção do meu corpo para atestar-Te a minha gratidão. Naquela chaga, ó Jesus, que tanto Te faz sofrer pela insensibilidade e falta de amor, desejo colocar muitas partículas da minha carne, para que Te digam sempre: “Amo-Te, amo-Te, amo-Te!”. Naquela ferida que Te dá tanta dor pelas muitíssimas irreverências à Tua santíssima Pessoa, quero depositar um pedaço de mim mesmo, que Te diga sempre: “Adoro-Te, adoro-Te, adoro-Te!”. Ó meu Jesus, desejo difundir-me em tudo e, nas chagas mais dolorosas causadas pelo grande número de incredulidades, quero que os pedacinhos do meu corpo Te digam sempre: “Creio, creio em Ti, ó meu Jesus, ó meu Deus, e na Tua Santa Igreja, e desejo dar a minha vida para testemunhar-Te a minha Fé!”
Ó meu Jesus, mergulho na imensidade da Tua Vontade e, fazendo-a minha, quero suprir por todos, encerrar as almas de todos no poder da Tua santíssima Vontade. Ó Jesus, ainda me resta o meu sangue, o qual quero derramar como bálsamo e calmante em Tuas feridas, para Te aliviar e poder curar-Te totalmente. Ó Jesus, quero ainda fazer fluir os meus pensamentos no coração de cada pecador, para alertá-lo continuamente, a fim de que não ouse ofender-Te. Rogo-Te, com as vozes do Teu sangue, para que todos se rendam às minhas pobres orações; desta forma poderei levá-los ao Teu Coração! Peço-Te mais uma graça, ó meu Jesus: faz com que em tudo o que vejo, toco e sinto, eu veja, toque e sinta sempre a Ti; e que Tua santíssima imagem e Teu santíssimo Nome sejam sempre impressos em cada partícula do meu pobre ser.
Entretanto, mal percebendo este ato de Verônica, Teus inimigos açoitam-Te, empurram-Te e Te fazem prosseguir! Mais uns poucos passos e paras de novo: sob o peso de tantas penas, Teu amor não se detém e, vendo as mulheres piedosas que choram por causa das Tuas dores, Tu esqueces de Ti mesmo e vais consolá-las, dizendo-lhes: “Filhas, não choreis pelas Minhas dores, mas pelos pecados vossos e dos vossos filhos”. Que ensinamento sublime, come é suave a Tua palavra! Ó Jesus, Contigo reparo as faltas de caridade e imploro-Te a graça de me fazer esquecer de mim mesmo, a fim de me recordar exclusivamente de Ti.
Mas ouvindo-Te falar, Teus inimigos se enfurecem, puxam-Te pelas cordas, empurram-Te com tanta ira, que Te fazem cair e, ao caíres, bates contra as pedras: o peso da cruz angustia-Te e tens a sensação que estás para morrer! Deixa que Te ampare e ofereça um abrigo com as minhas mãos ao Teu santíssimo rosto. Vejo que tocas o chão e Te sufocas no sangue; mas Teus inimigos querendo pôr-Te em pé, puxam-Te com as cordas, levantam-Te pelos cabelos e Te dão pontapés, mas tudo em vão. Tu morres, meu Jesus! Que dó! Sinto que meu coração se parte de dor. E, quase arrastando-Te, levam-Te ao monte Calvário. Enquanto Te puxam, sinto que reparas todas as ofensas das almas a Ti consagradas, que Te dão tanto peso, que por mais que Te esforces para Te levantares, não consegues; é tudo em vão! E assim, arrastado e espezinhado, chegas ao Calvário, deixando um rastro vermelho do Teu precioso sangue por onde passas.
Jesus é despojado e coroado de espinhos pela terceira vez
Mas aqui, esperam-Te novas dores, pois despojam-Te novamente e Te arrancam as vestes e a coroa de espinhos. Ah, Tu gemes ao sentir que Te arrancam os espinhos da cabeça; e, enquanto Te despojam da veste, dilaceram também a Tua carne a ela coladas. As chagas rasgam-se, o sangue escorre como um rio por terra; a dor é tanta que, quase morto, Tu cais.
Mas ninguém se deixa mover pela compaixão por Ti, meu Bem! Pelo contrário, com fúria brutal colocam-Te de novo a coroa de espinhos, forçando-a com violência. É tanta a angústia pelas lacerações e pelos puxões que dão em Teus cabelos misturados com o sangue coagulado, que somente os Anjos poderiam dizer o que padeces enquanto, horrorizados, contorcem seu olhar celeste e choram!
Meu Jesus despojado, permite-me que Te aperte ao meu coração para Te aquecer, porque vejo que tremes, e um suor gélido e mortal invade a Tua santíssima Humanidade. Como eu gostaria de te dar a minha vida, o meu sangue para substituir o Teu, que perdeste para me dar a vida!
Observando-me com o Seu olhar apagado e agonizante, parece que Jesus me diz: “Meu filho, quanto me custam as almas! Este é o lugar em que espero a todos para salvá-los, onde quero reparar os pecados daqueles que chegam a se degradar mais do que as bestas e persistem tanto em ofender-Me, que chegam a não saber viver sem cometer pecados. Sua razão fica obcecada e pecam desenfreadamente; eis por que Me coroam de espinhos pela terceira vez. E, ao Me despojarem, reparo por aqueles que se cobrem com indecentes vestes de luxo, pelos pecados contra a modéstia e por aqueles que se encontram tão ligados às riquezas, às honras e aos prazeres, que disto fazem um deus para os seus corações.
Ah, sim, cada uma destas ofensas é uma morte que sinto e, se não morro, é porque a Vontade do Meu Pai Eterno ainda não decretou o momento da Minha morte!”
Meu despojado Bem, enquanto reparo Contigo, peço-Te que me despojes de tudo com as Tuas santíssimas mãos e não permitas que qualquer afeto maldoso entre em meu coração; vigia-o, rodeia-o com as Tuas dores e cumula-o com o Teu amor. A minha vida não seja senão a repetição da Tua, e com a Tua bênção confirma o meu despojamento; abençoa-me de coração e dá-me a força para assistir à Tua dolorosa crucifixão, para permanecer crucificado Contigo!
Reflexões e práticas
Jesus carrega a cruz. O amor de Jesus pela cruz e o Seu ansioso desejo de morrer nela para salvar as almas são imensos! E nós, amamos o sofrimento como Jesus? Podemos dizer que as nossas palpitações fazem eco às Suas palpitações divinas e que também nós pedimos a nossa cruz?
Quando sofremos, temos a intenção de ser companheiros de Jesus para aliviar o peso da sua cruz? Como o acompanhamos? E nos insultos que recebe, estamos prontos a oferecer-Lhe o nosso pequeno sofrimento para alívio das suas dores?
Nas nossas ações e orações, e quando sob o peso de dores internas, sentimos as dificuldades do nosso sofrimento, fazemos com que a nossa dor se dirija a Jesus, para que, como um véu, Lhe enxugue o Seu suor, O alivie, fazendo nosso o Seu padecimento?
Ó meu Jesus, chama-me sempre para perto de Ti e permite que Tu estejas sempre perto de mim, para que Te conforte sempre com as minhas dores.
Ó meu Jesus, Tu me chamaste para Te fazer companhia nesta Hora da Tua Paixão e eu vim. Parecia-me que Te ouvia, angustiado e sofredor, a reparar e sofrer, e a pedir, com as palavras mais comovedoras e eloquentes, a salvação das almas.
Procurei Te seguir em tudo e agora, ao Te deixar para me dedicar aos meus afazeres, sinto o dever de dizer: eu Te agradeço e bendigo! Sim, ó Jesus, repito: eu Te agradeço milhares de vezes e Te bendigo por tudo o que fizeste e sofreste por mim e por todos. Eu Te agradeço e bendigo por cada gota de sangue que derramaste, por cada respiro, palpitação, passo, palavra, olhar; e também pela amargura e ofensa que padeceste. Por tudo, ó meu Jesus, eu Te agradeço e bendigo!
Ó Jesus, faz com que de todo o meu ser brote um fluxo contínuo de gratidão e bênçãos, de forma a atrair sobre mim e sobre todos o derramamento das Tuas bênçãos e graças. Ó Jesus, me aperta ao Teu Coração e com as Tuas mãos santíssimas, assinala cada partícula do meu ser com o Teu “abençoo-Te”, para que de mim brote um hino contínuo de louvor a Ti.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade