O dom do temor de Deus e seus efeitos ( esse dom abrange não ter medo algum só paz em conhecer Deus, e abrange a segurança de aceitar ser morada divina e agir como Deus)
610. Em último lugar encontra-se
o dom do temor de Deus tão louvado,
encarecido e repetidamente recomendado
na Sagrada Escritura (SI 2; 18; 33; 110;
118; Pr 9; 14; 15) e pelos santos doutores,
como fundamento da perfeição cristã e
princípio da verdadeira sabedoria.
O temor de Deus é o primeiro que
se opõe à estulta arrogância dos homens e
o que, com mais energia, a combate e destrói. Este dom tão importante consiste num
amoroso retraimento e nobre confusão da
alma, quando ela compara sua própria condição e baixeza com a suprema grandeza e
majestade de Deus, temendo presumir alta
mente de si, como advertiu o Apóstol
(Rm U , 21). °
O santo temor tem diversos grausa princípio, chama-se inicial e depois, fil j a ]
Começa por fugir da culpa, por ser contrária ao sumo bem, que ama com reverência
e prossegue no próprio abatimento e desprezo, ao comparar seu ser com a majestade
sua ignorância com a sabedoria, sua pobreza com a infinita opulência.
Submete-se plenamente à divina
vontade e, por Deus, humilha-se a todas as
criaturas, consagrando a Ele e a elas, íntimo
amor para chegar à perfeição dos filhos de
Deus, e à suprema união espiritual com o
Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Os dons em Maria
611. Se me estendesse mais na
explicação destes dons, sairia muito de
meu assunto e me alongaria demasiado; o
que disse, parece-me suficiente para se
entender sua natureza e propriedades.
Depois disto, leve-se em consideração que, na soberana Rainha do céu.
todos os dons do Espírito Santo não estiveram só no grau suficiente e comum que,
conforme a própria capacidade, todos possuem, pois isto se dá com os outros santos.
Nesta Senhora encontraram-se com privilégio e excelência especiais que não pôde
caber em santo algum, nem seria possível
a algum inferior a Ela.
Ficando entendido em que consiste o temor santo, a piedade, a fortalew,
a ciência e o conselho, dons especiais do
Espírito Santo, dilate-se o julgamento humano e o entendimento angélico, para
imaginar o mais elevado, nobre, excelente,
perfeito e divino. Tudo quanto podem
conceber todas as criaturas reunidas, ainda estará abaixo dos dons de Maria. O
menor deles é o supremo do pensamento
criado, assim como o supremo nesta Senhora e Rainha das virtudes toca, de certo
modo, ao ínfimo em Cristo e na Divindade.
: (191) Um dia, enquanto estávamos nisto e era tanta a pena que eu sentia que não podia deixar de chorar, meu bom Jesus me disse: (192) “Quero te contentar em tudo, sinto-me tão atraído por você que não posso fazer menos que fazer o que você quer. Se até agora te tirei a vida exterior e me manifestei a ti, agora quero atrair tua alma para Mim, a fim de que onde quer que eu vá possas vir junto Comigo, assim poderás desfrutar mais e te estreitar mais intimamente a Mim, o que não fizeste no passado.
(193) Uma manhã, não me lembro muito bem, creio que tinham passado cerca de três meses desde que comecei a estar continuamente na cama, enquanto estava no meu estado habitual, veio meu doce Jesus com um aspecto todo amável, como um jovem, como de dezoito anos. ¡ Oh como era belo! , com sua cabeleira dourada e toda encaracolada, parecia que encadeava os pensamentos, os afetos, o coração. Sua fronte serena e ampla, onde se olhava como dentro de um cristal o interior de sua mente, e se descobria sua infinita sabedoria, sua paz imperturbável. ¡ Oh como me sentia tranquilizar minha mente, meu coração, aliás, minhas mesmas paixões diante de Jesus caíam por terra e não se atreviam a me dar o mínimo incômodo. Eu acredito, não sei se estou errada, que não se pode ver a este Jesus tão belo se não se está na calma mais profunda que o mínimo assombro de intranquilidade impede ter uma vista tão bela. Ah sim! Ao ver a serenidade de sua fronte adorável, é tanta a infusão de paz que se recebe no interior, que creio que não há desastre, guerra mais feroz que diante de Jesus não se acalme. Ó meu todo e belo Jesus, se por poucos momentos que te manifestas nesta vida comunicas tanta paz, de modo que se podem sofrer os mais dolorosos martírios, as penas mais humilhantes com a mais perfeita tranquilidade, me parece uma mistura de paz e de dor, o que será no Paraíso? Oh, como são belos seus olhos puríssimos, cintilantes de luz; não é como a luz do sol que querendo olhá-la danifica nossa vista, não, em Jesus enquanto é luz, pode-se muito bem fixar o olhar, e só de olhar o interior de sua pupila, de uma cor celeste escura oh, quantas coisas me dizia. É tanta a beleza de seus olhos, que um só olhar seu basta para me fazer sair de mim mesma, e me fazer correr atrás Dele por caminhos e por montes, pela terra e pelo céu, basta um só olhar para me transformar Nele e sentir descer em mim algo de Divino. Quem pode dizer além da beleza de seu rosto adorável? Sua tez branca semelhante à neve tingida de uma cor de rosas, das mais belas; em suas bochechas rosadas descobre-se a grandeza de sua pessoa, com um aspecto majestoso e todo Divino, que infunde temor e reverência, e ao mesmo tempo dá tanta confiança, que quanto a mim jamais encontrei pessoa alguma que me dê ao menos uma sombra da confiança que dá meu amado Jesus, nem em meus pais, nem nos confessores, nem nas minhas irmãs. Ah sim, esse rosto santo, enquanto é tão majestoso, ao mesmo tempo é tão amável, e essa amabilidade atrai tanto, de modo que a alma não tem a mínima dúvida de ser acolhida por Jesus, por quão feia e pecadora se veja.
Belo é também o seu nariz afiado, proporcional ao seu rosto. Graciosa é sua boca, pequena, mas extremamente bela, seus lábios finíssimos de uma cor escarlate, enquanto fala contém tanta graça que é impossível poder descrevê-lo. É doce a voz de meu Jesus, é suave, é harmoniosa, enquanto fala sai de sua boca um perfume tal, que parece que não se encontra sobre a terra, é penetrante, de modo que penetra tudo, sente-se descer pelo ouvido ao coração, e oh, quantos afetos produz, Mas quem pode dizer tudo? Além disso, é tão agradável que acho que não se pode encontrar outros prazeres como os que se podem encontrar numa só palavra de Jesus. A voz de meu Jesus é potentíssima, é obrante, e no mesmo ato que fala obra o que diz. Ah sim, é formosa sua boca, mas mostra mais sua formosa graça no ato de falar, então se vêem seus dentes tão nítidos e bem alinhados, e exala seu sopro, amor que incendia, setas são lançadas, consome o coração. Belas são suas mãos, suaves, brancas, delicadíssimas, com seus dedos proporcionados, e os move com uma maestria tal, que é um encanto. ¡¡¡¡¡¡ Oh, como você é bonito, todo bonito, oh meu doce Jesus! O que eu disse sobre sua beleza é nada, é mais, eu acho que disse muitos desatinos. Mas o que queres de mim? Perdoe-me, é a obediência que assim o quer, por mim não me teria atrevido a dizer nem uma palavra, conhecendo minha incapacidade.
(194) Agora, enquanto via Jesus com o aspecto já descrito, de sua boca me enviou um alento que me investía toda a alma, e me parecia que Jesus me atraía com esse alento a Ele e comecei a sentir que a alma saía do corpo, me sentia realmente sair de todas partes, da cabeça, das mãos e até dos pés, sendo esta a primeira vez que me sucedia dentro de mim comecei a dizer: “Agora morro, o Senhor veio para me levar”. Quando me vi fora do corpo, a alma tinha a mesma sensação do corpo, com esta diferença, que o corpo contém carne, nervos e ossos, a alma não, é um corpo de luz, portanto senti um temor, mas Jesus continuava a enviar-me esse alento . Vol.1
2-89 Outubro 29, 1899 Jesus a leva nos braços e a instrui.
(1) Continua vindo meu adorável Jesus, mas esta manhã, quando veio me tomou em seus braços e me transportou para fora de mim mesma; e eu, encontrando-me naqueles braços compreendia muitas coisas e especialmente que para poder estar livremente nos braços de Nosso Senhor e também para entrar boamente em seu coração e sair dele como a alma mais lhe agrade, e para não ser de peso e aborrecimento ao bendito Jesus, é absolutamente necessário despojar-se de tudo. Portanto, com todo o coração lhe disse: “Meu amado e único Bem, o que te peço para mim é que me despojes de tudo, porque bem vejo que para ser revestida por Ti e viver em Ti, e que Tu vivas em mim, é necessário que não tenha sequer a sombra do que não te pertence”. E Ele, toda benignidade, me disse:
(2) “Minha filha, a coisa principal para que Eu entre em uma alma e forme minha habitação nela, é o desapego total de toda coisa. Sem isto, não só não posso viver nela, como nem sequer uma virtude pode tomar lugar na alma.Depois que a alma fez sair tudo de si, então eu entro nela e unido com a vontade da alma fabricamos uma casa, os fundamentos desta casa se baseiam na humildade, e quanto mais profundos forem, tanto mais altos e fortes são os muros; estas paredes serão feitas de pedras de mortificação, cobertas de ouro puríssimo de caridade. Depois que os muros foram construídos, Eu, como um pintor excelentíssimo, não com cal e água, mas com os méritos da minha Paixão, simbolizados pela cal, e com as cores do meu sangue, simbolizados pela água, os revesti e neles formo as mais Excelentíssimas pinturas, e isto serve para protegê-la bem das chuvas, das nevadas e de qualquer golpe.
Imediatamente depois vêm as portas, e para fazer que estas sejam sólidas como madeira, não presas à mariposa, é necessário o silêncio, que forma a morte dos sentidos exteriores. Para guardar esta casa é necessário um guardião que vigie por toda parte, por dentro e por fora, e este é o santo temor de Deus, que a guarda de qualquer inconveniente, vento, ou qualquer outra coisa que possa ameaçá-la.Este temor será a salvaguarda desta casa, que fará agir a alma não por temor da pena, mas por temor de ofender ao proprietário desta casa. Este santo temor deve fazer com que tudo seja feito para agradar a Deus, sem nenhuma outra intenção. Logo se deve adornar esta casa e enchê-la de tesouros, estes tesouros não devem 96 ser outra coisa que desejos santos, lágrimas; estes eram os tesouros do Antigo Testamento e neles encontraram sua salvação, no cumprimento de seus votos sua consolação, a força nos sofrimentos; em suma, toda a sua fortuna se baseava no desejo do futuro Redentor e nesse desejo agiam como atletas. A alma sem desejo trabalha quase como morta; mesmo as mesmas virtudes, tudo é tédio, aborrecimento, animosidade, nada lhe agrada, caminha quase arrastando-se pelo caminho do bem. Ao contrário a alma que deseja, nada lhe causa peso, tudo é alegria, voa, nas mesmas penas encontra seus gostos, e isto porque havia um antecipado desejo, e as coisas que primeiro se desejam, depois vêm a amar-se, e amando-se, encontram-se os prazeres mais agradáveis. Por isso este desejo deve acompanhar a alma desde antes de que se fabrique esta casa.
(3) Os adornos desta casa serão as pedras mais preciosas, as pérolas, as gemas mais caras desta minha vida, baseada sempre no sofrer e no puro sofrer; e como Aquele que a habita é o doador de todo bem, põe nela o enxoval de todas as virtudes, a perfuma com os mais suaves odores, semeia as flores mais encantadoras e perfumadas, faz soar uma música celestial das mais agradáveis, faz respirar um ar de Paraíso.
(4) Esqueci de dizer que é preciso ver se há paz doméstica, e esta não deve ser outra coisa que o recolhimento e o silêncio dos sentidos interiores”.
(5) Depois disto, eu continuava nos braços de Nosso Senhor e me encontrava despojada de tudo; enquanto estava nisto, via o confessor presente e Jesus me disse, mas me parecia que queria fazer uma brincadeira para ver o que eu dizia:
(6) “Minha filha, você se despojou de tudo, e você sabe que quando se despoja se necessita outra pessoa que pense em vesti-lo, em alimentá-lo e que lhe dê um lugar onde viver. Tu, onde queres estar, nos braços do confessor ou nos meus?” (7) E enquanto dizia isto, tentava colocar-me nos braços do confessor. Eu comecei a insistir que não queria ir, e Ele que queria. Depois de um pouco de disputa me disse:
(8) “Não temas, te tenho em meus braços”.
(9) E assim ficamos em paz.
* * * * * *
6-118 Julho 3, 1905 Declarações de Jesus sobre o estado de Luisa.
(1) Continuando o meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma, e encontrei a Rainha Mãe com o menino Jesus nos braços, que lhe estava dando seu dulcíssimo leite; eu ao ver que o Volume 06 67 menino sugava o leite do peito de nossa Mãe, lentamente o tirei do peito e me pus eu a sugar. Ao ver-me fazer isto, ambos sorriram da minha astúcia, mas deixaram-me chupar. Então depois disso, a Rainha Mãe me disse: (2) “Toma o teu Querido e desfruta dele.”. (3) Eu o tomei em braços e enquanto, fora, se escutavam rumores de armas e Ele me disse: (4) “Este governo cairá”.
(5) E eu: “Quando?” (6) Tocando-se a ponta do dedo continuou: “Outra ponta de dedo”. (7) E eu: “Quem sabe quanto será esta ponta de dedo ante Ti”. Ele não me prestou atenção, e eu não querendo saber estava dizendo: “Como gostaria de conhecer a Vontade de Deus a respeito de mim”. (8) E Ele me disse: “Toma um papel, que Eu mesmo te escreverei e declararei minha Vontade sobre ti”. (9) Eu não tinha e fui buscá-lo e dei-lhe, e o menino escrevia:
(10) “Declaro perante o Céu e a terra que é minha Vontade que a escolhi vítima; declaro que me fez doação da alma e do corpo, e sendo Eu o absoluto dono, quando a Mim me agrada participo das penas de minha Paixão, e eu em correspondência lhe abri a porta de minha Divindade; declaro que neste acesso me roga continuamente cada dia pelos pecadores, e toma um fluxo contínuo de vida em proveito dos mesmos pecadores”.
(11) E escreveu tantas outras coisas que eu não me lembro muito bem, por isso as omito. Eu ao ouvir isto me senti toda confusa e disse: “Senhor, perdoa-me se me torno impertinente, isto que escreveste não queria sabê-lo, basta-me que o saibas Tu sozinho, o que queria saber é se é Tua vontade que continue neste estado”. Eu em minha mente continuava pensando em se é Sua vontade que venha o confessor a me chamar à obediência, ou bem é minha fantasia o tempo que perco com o confessor, mas não quis dizê-lo temendo querer saber muito, convencendo-me eu mesma que se é Sua uma coisa, Será sua a outra vontade”. E o menino Jesus continuou a escrever: (12) “Declaro que é Minha vontade que continue neste estado, que venha te chamar à obediência o confessor o tempo que perdes com ele, e é Minha vontade que te surpreenda o temor de não ser Minha Vontade teu estado, este temor e dúvida te purifica de todo mínimo defeito”. (13) A Rainha Mãe e Jesus abençoaram-me, beijei-lhe a mão e encontrei-me em mim mesma. + + +
35-11 Outubro 12, 1937 Para quem vive no Querer Divino, suas orações são ordens, seus atos são mensageiros entre o Céu e a terra. Para quem vive no Querer Divino, todas as coisas se tornam Vontade Divina.
(1) Estou em poder da Divina Vontade, sinto suas ânsias, seus delírios de amor porque quer fazer-se conhecer, não para fazer-se temer, senão para fazer-se amar, possuir-se, identificar-se, para dizer à criatura: “Façamos vida juntos, de modo que o que faço Eu faça você. Sinto que meu amor me dá a necessidade de viver coração com coração, mais como um coração com você. Ah! não me negues tua companhia, sei que muitas coisas te faltam para viver junto Comigo, mas não temas, Eu pensarei em tudo, te vestirei com minhas vestes reais de luz, te armarei com minha potência, te farei alarde de meu amor fazendo correr em tuas mais íntimas fibras a Vida, o amor de minha Vontade, basta que você o queira e tudo está feito”. Eu fiquei surpreendida e pedia que me desse a graça de viver de Vontade Divina, porque muito temia de mim mesma, e meu doce Jesus me fazendo sua breve visita, todo bondade me disse:
(2) “Minha pequena filha de meu Querer, por que temes? Em minha Vontade não há temor senão Volume 35 27 sumo amor, ânimo e firmeza, e decidida uma vez não se muda jamais, tanto, que para quem vive n‟Ela suas orações não são rogos mas ordens, e ela mesma como dona pode tomar o que quer, colocamos tudo a sua disposição, e isto porque tudo nela é sagrado, tudo é santo, muito mais que vivendo em nosso Querer não quererá nem nos ordenará senão o que queremos Nós, por isso suas ordens nos deleitam, nos fazem gozar e Nós mesmos lhe dizemos: „Tome, o que mais você quer? É mais, quanto mais você tomar mais você nos fará felizes’. Quando a criatura quer nossa Vontade, todos seus atos são como tantos mensageiros entre o Céu e a terra, descem e sobem continuamente, fazendo hora de mensageiros de paz, hora de mensageiros de amor, hora de glória, e às vezes chegam a ordenar à divina justiça que se detenha, tomando sobre eles seu justo furor. Quanto bem fazem estes mensageiros, quando os vemos vir diante de nosso trono nos reconhecemos a Nós mesmos nestes atos, que disfarçados pelos véus humanos dos atos da criatura escondem nossa Vontade, mas é sempre Ela, e agradando-nos dizemos-nos: „Quanta arte de amor tem, esconde-se nos atos da criatura para não se fazer conhecer’. Mas Nós a conhecemos igual, e amando também Nós a fazemos fazer o que quer; por isso a estes atos os chamamos atos nossos, e por tais os reconhecemos, só que a criatura tem concorrido, e com seus atos lhes deu como as vestes para cobrir-se, por isso ela é o apoio onde se apoia minha Vontade Divina, e onde se deleita desenrolando sua Vida, fazendo prodígios inauditos, escondendo-se na criatura, como se cobrindo de suas vestes, muito mais que a Criação, todas as criaturas, tiveram origem de seu Fiat, vivem, crescem e são conservadas n‟Ele, Ele é ator e espectador de todos seus atos, cumprirão sua vida no Fiat e voará ao Céu em um ato querido por seu Querer; assim que tudo é seu, todos os direitos são seus, nenhum pode escapar-lhe, a única diferença, é que quem vive n‟Ele faz vida junto, o conhece, está em dia do que faz, o alegra com sua companhia, forma a sua alegria e a confirmação do que a minha Vontade quer fazer nela. Ao contrário, quem não vive n‟Ele não o conhece, fica isolado e forma sua dor contínua”.
(3) Depois disso, acrescentou com uma ternura de amor indizível:
(4) “Minha filha bendita, como é belo viver em meu Querer, esta criatura nos tem sempre em festa, ela não conhece nenhuma outra coisa senão só nossa Vontade, e tudo se torna para ela Vontade de Deus: A dor, Vontade Divina; a alegria, seu batimento, o respiro, o movimento, se tornam Vontade Divina; seus passos, suas obras, sentem os passos de meu Querer e a santidade das obras de meu Fiat; o alimento que toma, o sono, as coisas mais naturais se tornam para ela Vontade de Deus; o vê, sente, ouve e toca, vê, sente, ouve e toca a Vida palpitante de meu Querer;
minha Vontade a tem tão ocupada e investida d‟Ela, que ciúmes não permite que nem sequer o ar não seja Vontade Divina. E como para ela tudo é nossa Vontade, assim para Nós, a sentimos em todo o nosso Ser Divino, no bater do coração, no movimento, não sabemos fazer nada, nem Volume 35 28 queremos fazer nada sem quem vive no nosso Querer; nosso amor é tanto que a fazemos correr em todas as nossas obras, e junto Conosco mantém e participa em nosso ato criante e conservante, assim que está junto Conosco para fazer o que fazemos Nós, e querer o que queremos Nós; não podemos deixá-la de lado sendo uma a Vontade que possuímos, um o amor, um o ato que fazemos, e é propriamente isto viver em nosso Querer, viver sempre juntos, fazer uma só coisa; era esta a necessidade que sentia nosso amor, ter a companhia da criatura, alegrar-nos juntos, tê-la em nosso colo para fazer-nos felizes juntos, e como a criatura é pequena queremos dar-lhe nossa Vontade para ter ocasião em cada ato seu de dar-lhe nossa Vida, nosso ato, nossos modos, Nós por natureza e ela por graça; e esta é nossa alegria, a maior glória para Nós, te parece pouco dar nosso Ser e que a criatura não podendo contê-lo, porque é pequena, nos dê novamente junto com ela, e Nós de novo voltamos a dar-nos? É um contínuo dar-nos mutuamente, e isto faz surgir tal amor e glória que nos sentimos como pagos por ela por lhe ter dado a vida. Por isso em cada coisa que faz na que não faz entrar a nossa Vontade, é um rasgo que sentimos, um direito que nos sentimos tirado, uma glória, uma alegria que perdemos. Por isso seja atenta e faça que tudo se torne para ti Vontade Divina.
(5) Além disso, a cada ato que a criatura faz em nosso Querer Divino duplicamos nosso amor para com ela, este nosso amor, conforme a investe, leva consigo nossa santidade, nossa bondade e sabedoria, assim que ela fica duplicada na santidade, na bondade, no conhecimento de seu Criador, e assim como Nós a amamos com amor duplicado, assim ela nos ama com amor duplicado, com santidade e bondade duplicadas. Nosso amor é operativo, conforme parte de nosso Ser Supremo para amar à criatura com duplo amor, assim lhe dá a graça de nos fazer amar a Nós com amor sempre crescente. Não dar nada de mais a um ato tão grande feito em nossa Vontade, nos resulta impossível, estes atos, podemos dizer, são os raptores de nosso amor, nos arrebatam nossa santidade e se formam os caminhos para conhecer quem somos Nós e quanto a amamos”.
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