10 – 2 Novembro 12, 1910
Por quantos modos se doa a alma a Deus, em outros tantos se doa Ele à alma.
(1) Estava pensando no bendito Jesus quando levava a cruz ao calvário, especialmente quando encontrou a Verônica, que lhe ofereceu a tela para secar seu rosto banhado em sangue, e dizia a meu amável Jesus:
“Meu amor, Jesus, coração do meu coração, se a Verônica te ofereceu a tela, eu não quero te oferecer telas para secar o sangue, senão que te ofereço meu coração, meu batimento contínuo, todo meu amor, minha pequena inteligência, o respiro, a circulação do meu sangue, os movimentos, todo o meu ser para te enxugar o sangue, e não só do teu rosto mas de toda a tua santíssima Humanidade, intento desfazer-me em tantos pedaços por quantas são as tuas chagas, as tuas dores, as tuas amarguras, as gotas de sangue que derramas, para pôr em todos os teus sofrimentos, com meu amor, com um alívio, com um beijo, com uma reparação, com um compadecimento, com um agradecimento, etc., não quero que fique nenhuma parte de meu ser, nenhuma gota de meu sangue que não se ocupe de Ti, mas, sabe oh Jesus que recompensa quero? Que em todas as partes de meu ser me imprima, me sele sua imagem, a fim de que te encontrando em tudo e em todo lugar, possa multiplicar meu amor”. E tantos outros absurdos que dizia. Agora, tendo recebido a comunhão, e olhando para mim mesma, via em todas as partes do meu ser Jesus inteiro dentro de uma chama, e esta chama dizia amor, e Jesus me disse:
(2) “Eis que me contentei com a minha filha; por quantos modos foi dado a Mim, em muitos outros e triplicados modos me doei a ela”.
+ + + +
11-2
Bom dia para Jesus.
(1) Oh, meu Jesus! Doce prisioneiro de amor, estou aqui contigo de novo, deixei-te dizer “adeus”, e agora volto a Ti dizendo: “Bom dia”. Me consumia a ânsia de voltar a te ver nesta prisão de amor para te dar minhas amorosas saudações, meus batimentos afetuosos, meus respiros incendidos, meus desejos ardentes, e toda eu mesma para fundir-me toda em Ti e deixar-me toda em Ti em perpétua lembrança e penhor do meu amor constante por Ti.
(2) Oh, meu sempre adorável amor Sacramentado! , sabe? Enquanto venho para entregar-me toda eu mesma a Ti, vim também para receber de Ti todo Tu mesmo, eu não posso estar sem uma vida para viver, e por isso quero a tua, pois a quem tudo dá tudo se dá, não é certo, oh! Jesus? Assim, hoje amarei com o teu coração de amante apaixonado, respirarei com o teu afável fôlego em busca de almas, desejarei com os teus desejos incomensuráveis a tua glória e o bem das almas no teu pulsar divino correrão todos os batimentos das criaturas, tomá-las-emos todas, salvá-las-emos, não deixaremos escapar nenhuma, mesmo que custe qualquer sacrifício, ainda que eu tenha que sofrer todas as suas penas. Se Tu me expulsares da tua presença, eu me lançarei ainda mais para dentro, gritarei mais alto para suplicar junto de Ti a salvação dos teus filhos e irmãos meus.
(3) O meu Jesus! Minha vida e meu tudo, quantas coisas me diz este voluntário cativeiro teu, mas o emblema com o qual te vejo todo marcado é o emblema das almas, e as correntes que tão forte te atam são o amor. As palavras almas e amor parecem que te fazem sorrir, te enfraquecem e te obrigam a ceder em tudo, e eu, valorizando bem estes teus excessos amorosos, estarei sempre em torno de Ti, e junto Contigo, com meu refrão de sempre: “Almas e amor”. Por isso neste dia quero a Ti, sempre junto comigo, na oração, no trabalho, nos gostos e nos desgostos, no alimento, em cada passo, no sono, em tudo, e estou segura que não podendo obter nada por mim mesma, Contigo obterei tudo, E tudo o que vamos fazer vai aliviar-te de toda a dor, adoçar-te de toda a amargura, reparar-te qualquer ofensa, compensar-te por tudo e conseguir qualquer conversão, mesmo que seja difícil e desesperada. Iremos mendigando a todos os corações um pouco de amor para te fazer mais contente e mais feliz, não está bem assim, oh! Jesus?
(4) Oh amado prisioneiro de amor, ata-me com suas correntes, sela-me com seu amor! Ah! mostre-me seu belo rosto. Oh Jesus, que formoso és! Os teus cabelos loiros atam e santificam todos os meus pensamentos; a tua fronte calma e serena no meio de tantas afrontas, dá-me paz e deixa-me na mais perfeita tranquilidade, mesmo no meio das maiores tempestades, no meio das tuas próprias privações, e dos teus caprichos que me custam à vida. Ah! Você sabe, mas eu vou em frente, isso é dito pelo coração que sabe dizer melhor do que eu. Oh amor! seus belos olhos azuis, cintilantes de luz divina me raptam ao Céu e me fazem esquecer a terra, mas, ai de mim! com grande dor minha se prolonga meu desterro ainda. Pronto, pronto, ó Jesus! Sim, és belo, ó Jesus, parece-me ver-te naquele tabernáculo de amor, a beleza e majestade do teu rosto me apaixona e me faz viver no Céu; ali, tua boca graciosa me dá seus beijos em cada momento; tua voz suave me chama e convida a te amar em cada momento, teus joelhos me sustentam, Teus braços me estreitam com vínculo indissolúvel, e eu mil e mil vezes porei meus beijos ardentes sobre teu rosto adorável. Jesus, Jesus, seja um nosso querer, um o amor, única nossa alegria, não me deixe nunca só que sou nada, e o nada não pode estar sem o Tudo, promete-me, oh! Jesus? Parece que me diz que sim. E agora me abençoa, abençoa a todos, e na companhia dos anjos, dos santos, da doce mãe e de todas as criaturas te digo: “Bom dia, oh Jesus, bom dia”.
(5) Agora, depois de ter escrito as orações anteriores sob a influência de Jesus, na noite ao vir Jesus fazia-me ver que o adeus e o bom dia os tinham conservados em seu coração, e me disse:
(6) “Minha filha, estas orações saíram do fundo de meu coração, e quem as reza com a intenção de estar Comigo, como está expresso nelas, Eu o terei Comigo e em Mim fazendo o que faço Eu, e não somente os encherei de fervor em meu Amor, mas cada vez que o fizer aumentarei meu amor à alma, admitindo-a a união da vida divina e de meus mesmos desejos de salvar a todas as almas”.
(7) Gostaria de Jesus na mente, de Jesus nos lábios, de Jesus no coração, de só olhar para Jesus, de só ouvir Jesus, de me estreitar só com Jesus, de fazer tudo com Jesus, de amar com Jesus, de sofrer com Jesus, de brincar com Jesus, de chorar com Jesus, escrever com Jesus, e sem Jesus não quero nem sequer respirar, estarei como uma bebezinha chorona sem fazer nada, a fim de que Jesus venha fazer tudo junto comigo, contentando-me em ser seu brinquedo, abandonando-me ao seu Amor, a seus castigos, a suas cruzes e a seus amorosos caprichos sempre e quando tudo faça junto com Jesus. Você sabe, oh! meu Jesus? Esta é a minha vontade e eu não vou mudar, você ouviu? Então agora venha escrever comigo.
+ + + +
12- 2 Março 18, 1917
Efeitos da fusão em Jesus.
(1) Estava rezando fundindo-me toda em Jesus, e queria em meu poder cada pensamento de Jesus para poder ter vida em cada pensamento de criatura, para poder reparar com o mesmo pensamento de Jesus, e assim por diante. E o meu doce Jesus disse-me:
(2) “Minha filha, minha humanidade sobre a terra não fazia outra coisa que unir cada pensamento de criatura com os meus, assim que cada pensamento de criatura se repercutia em minha mente, cada palavra em minha voz, cada batida em meu coração, cada ação em minhas mãos, cada passo em meus pés, e assim por diante; com isto dava ao Pai reparações divinas. Agora, tudo o que eu fiz na terra eu continuo no céu, e conforme as criaturas pensam, os seus pensamentos derramam-se na minha mente; conforme elas olham, eu sinto os seus olhares nos meus, e passa entre Mim e elas como uma eletricidade contínua, como os membros estão em contínua comunicação com a cabeça, e digo ao Pai: “Meu Pai, não sou só Eu que te rogo, que reparo, que satisfaço, que te aplaco, senão que há outras criaturas que fazem em Mim o que faço Eu, mais bem suprem com seu sofrer a minha Humanidade, que gloriosa é incapaz de sofrer”.
(3) A alma com fundir-se em Mim repete tudo o que fiz e continuo a fazer, mas qual será o contentamento destas almas que fizeram a sua vida em Mim, abraçando juntamente Comigo todas as criaturas, todas as reparações, quando estiverem comigo no Céu? Sua vida continuará em Mim, e conforme as criaturas pensarem ou me ofenderem com os pensamentos, estes pensamentos se repercutirão em sua mente e continuarão com as reparações que fizeram na terra; serão junto Comigo diante do trono divino, as sentinelas de honra, e conforme as criaturas me ofenderem na terra, elas farão as ações opostas no céu, vigiarão meu trono, terão seu posto de honra, serão as que mais me compreenderão, as mais gloriosas, sua glória estará toda fundida na minha e a minha na delas. Assim que a tua vida estiver toda fundida na minha, não faças nenhum ato que não o faças passar em Mim, e cada vez que te fundires em Mim, derramarei em ti nova graça e nova luz, e me farei vigilante sentinela do teu coração, para te manter afastada qualquer sombra de pecado, Te guardarei como a minha própria humanidade, enviarei aos anjos que te façam coroa, a fim de que fique defendida de tudo e de todos”.
+ + + +
13 – 2 Maio 21, 1921
Jesus encontra repouso nas almas que vivem em seu Querer.
1) Encontrando-me no meu estado habitual, o meu sempre amável Jesus fazia-se ver nos meus braços, em atitude de descansar, eu o estreitava ao coração dizendo-lhe: “Meu amor, dize-me uma palavra, por que te calas?”
(2) E Jesus: “Minha querida filha, é-me necessário o repouso depois de te ter falado tanto, quero em ti os primeiros efeitos das minhas palavras, tu trabalhas fazendo o que te ensinei e Eu repouso, e quando tiveres posto em prática os meus ensinamentos, Eu voltarei de novo para falar-te de coisas mais altas e sublimes, para poder encontrar em ti um repouso mais belo. E além disso, se não descanso nas almas que vivem em meu Querer, em quem poderia esperar repouso? Só as almas que vivem em meu Querer são capazes de me dar repouso; viver em meu Querer me forma a permanência, os atos feitos em minha Vontade me formam o leito, os atos repetidos e a constância em repeti-los são os arrulhos, a música e o ópio para conciliar o sono. Mas enquanto durmo Eu te vigio, de modo que tua vontade não é outra coisa que o desabafo da minha, teus pensamentos o desabafo da minha Inteligência, tua palavra o desabafo da minha, teu coração o desabafo de meu coração; assim, se bem não me ouves falar, estás tão perdida em Mim que não queres, nem pensas, nem fazes senão o que quero e faço Eu. Por isso, mesmo que vivas no meu Querer, podes ter a certeza que tudo o que se desenvolve em ti, sou eu”.
+ + + +
14-2 Fevereiro 9, 1922
O corpo dilacerado de Jesus é o verdadeiro retrato do homem que comete pecado. Jesus na flagelação fez-se arrancar a carne em pedaços, reduziu-se tudo a uma chaga para dar novamente a vida ao homem.
(1) Encontrando-me no meu habitual estado, estava seguindo as horas da Paixão e meu doce Jesus, enquanto o acompanhava no mistério de sua dolorosa flagelação, fazia-se ver todo descarnado, seu corpo nu não só de suas vestes, mas também de sua carne; Seus ossos podiam ser numerados um por um; seu aspecto era não só dilacerante mas horrível ao ser visto, tanto que infundia temor, espanto, reverência e amor ao mesmo tempo. Eu me sentia muda diante desta cena tão dilacerante, teria querido fazer não sei o que para aliviar a meu Jesus, mas não sabia fazer nada, a vista de suas penas me dava a morte, e Jesus todo bondade me disse:
(2) “Querida filha minha, olhe-me bem para que conheça a fundo minhas penas. O meu corpo é o verdadeiro retrato do homem que comete pecado; o pecado o despoja da veste da minha graça, e eu, para lha dar de novo, me despojei das minhas vestes; o pecado deforma-o, e enquanto é a mais bela criatura que saiu de minhas mãos, torna-se a mais feia e dá asco e horror. Eu era o mais belo dos homens, e para dar de novo a beleza ao homem, posso dizer que minha Humanidade tomou a forma mais feia; olhe como estou horrível, fiz-me tirar a pele pelos açoites e fiquei irreconhecível. O pecado não só tira a beleza, senão que forma chagas profundas, putrefatas e gangrenosas que corroem as partes mais íntimas, consomem os humores vitais, assim que tudo o que o homem faz em estado de pecado são obras mortas, esqueléticas, o pecado lhe arranca a nobreza de sua origem, a luz de sua razão e se torna cego, e Eu para encher a profundidade de suas chagas me fiz arrancar a carne, me reduzi tudo a uma só chaga, e com derramar a rios meu sangue fiz correr os humores vitais em sua alma, para dar-lhe novamente a vida. ¡ Ah! Se não tivesse em Mim a fonte da vida de minha Divindade, Eu teria morrido desde o princípio de minha Paixão, porque a cada pena que me davam minha humanidade morria, mas ela me restituía a vida.
(3) Agora, minhas penas, meu sangue, minhas carnes arrancadas a pedaços estão sempre em ato de dar vida ao homem, mas o homem rechaça meu sangue para não receber a vida, pisoteia minhas carnes para ficar chagado, oh! Como eu sinto o peso da ingratidão”.
(4) E lançando-se em meus braços quebrou em pranto. Eu o apertei a meu coração, mas Ele chorava fortemente, que dilaceramento ver chorar a Jesus! Teria querido sofrer qualquer pena para não fazê-lo chorar. Então eu o compadeci, beijei suas chagas, sequei suas lágrimas, e Ele como reconfortado acrescentou:
(5) “Você sabe como eu faço? como um pai que ama muito a seu filho, e este filho é cego, deformado, aleijado; e o pai que o ama até a loucura, o que faz? Tira os olhos, arranca as pernas, tira a pele e dá tudo ao filho e diz: estou mais contente em ficar cego, coxo, deformado, desde que te veja a ti, meu filho, que podes ver, que podes caminhar, que és belo”. Oh, como está contente aquele pai porque vê seu filho olhar com seus olhos, caminhar com suas pernas e coberto com sua beleza! Mas qual seria a dor do pai se visse que seu filho, ingrato, lança de si os olhos, as pernas, a pele, e se contenta em permanecer feio como está? Assim sou Eu, em tudo pensei, mas eles, ingratos, formam minha mais acerbada dor”.
+ + + +
15-2 Dezembro 21, 1922
Privação de Jesus e penas da alma.
(1) Sentia-me toda afligida pela privação de meu adorável Jesus, mas bem me sentia torturada, meu pobre coração agonizava e se debatia entre a vida e a morte e enquanto parecia que morria, uma força oculta o fazia ressurgir para continuar sua amarguíssima agonia. Oh! privação de meu Jesus, como é impiedosa e cruel, a mesma morte seria um nada diante de você, pois a morte não faz outra coisa que levar à vida eterna, em troca a privação faz fugir a mesma vida. Mas tudo isso era nada ainda, minha pobre alma enquanto queria a minha vida, a mim tudo, deixava meu corpo para encontrá-lo ao menos fora de mim, mas em vão, melhor me encontrava numa imensidão, da qual a profundidade, a grandeza, a altura, não se descobria o termo; Fixava meus olhares por toda parte naquele grande vazio, quem sabe se ao menos pudesse vê-lo de longe para tomar o voo e me jogar em seus braços, mas tudo era inútil, temia me precipitar naquele grande vazio, e sem Jesus, para onde teria ido? O que teria sido de mim? Tremia, gritava, chorava, mas sem encontrar piedade; teria querido retornar ao meu corpo, mas uma força oculta me impedia. Meu estado era horrível, porque a alma encontrando-se fora de mim mesma se precipitou para seu Deus como para seu centro, mais veloz que uma pedra quando se desprende do alto e cai até o centro da terra, não é da natureza da pedra ficar suspensa e busca a terra como apoio e repouso; assim, não é natureza da alma sair de si mesma e não precipitar-se no centro do qual saiu; esta pena dá tal espanto, temor, dor, que poderia chamá-la pena de inferno. Pobres almas sem Deus, como, como fazem? Que pena será para elas a perda de Deus? Ah! Meu Jesus, não permitas que nenhum, nenhum te perca”.
(2) Agora, estando neste estado tão doloroso me encontrei em mim mesma e meu doce Jesus estendendo um braço me cercou o pescoço, logo fez ver que tinha em seus braços uma pequena menina, mas de uma pequenez extrema; a menina agonizava e enquanto parecia que morria, Jesus agora lhe dava seu alento, agora lhe dava um pequeno gole, agora a apertava a seu coração, e a pobre pequenina voltava de novo à agonia, mas nem morria nem saía de seu estado agonizante. Jesus era todo atenção, vigiava-a, assistia-a, sustentava-a, não perdia nenhum movimento desta criança agonizante. Eu sentia como repercutir no fundo de meu coração todas as penas daquela pobre pequena, e Jesus me olhando me disse:
(3) “Minha filha, esta pequena menina é sua alma. Olha quanto te amo, com quantos cuidados te assisto, te mantenho em vida com os sorvos de minha Vontade, meu Querer te apequenece, te faz morrer e ressurgir, mas não temas, porque jamais te deixarei, meus braços te terão sempre apertada a meu seio”.
+ + + +
16 – 2 Julho 16, 1923
Jesus tudo fez e sofreu em Sua Vontade.
(1) Estava a pensar na Paixão do meu doce Jesus e sentia as suas dores ao meu lado, como se agora as estivesse Ele sofrendo, e olhando me disse:
(2) “Minha filha, Eu sofri tudo em minha Vontade, e à medida que sofria minhas penas abriam tantos caminhos em minha Vontade para chegar a cada criatura. Se não tivesse sofrido em minha Vontade, que envolve tudo, minhas penas não teriam chegado até você, nem até todos e cada um, teriam ficado com minha Humanidade; e mais, com havê-las sofrido em minha Vontade não somente abriam tantos caminhos para ir a todas as criaturas, mas abriam também tantos outros para as fazer entrar nelas até Mim, e unir-se com essas penas e dar-me cada uma das penas que com suas ofensas deviam me dar em todo o curso dos séculos, e enquanto Eu estava sob a tempestade dos golpes. Por isso, não foram só aqueles que me flagelaram, senão as criaturas de todos os tempos, que teriam com suas ofensas convergido à bárbara flagelação, e assim em todas as demais penas minha Vontade me trazia a todos, nenhum faltava à chamada, todos me estavam presentes, nenhum faltou, por isso minhas penas foram oh, quanto mais duras, mais múltiplas que as que se viram! Então Se queres que o oferecimento de minhas dores, a tua compaixão e reparação, as tuas pequenas penas, não só cheguem até Mim, senão que façam os mesmos caminhos das minhas, faz que tudo entre em meu Querer, e todas as gerações receberão os efeitos. E não só minhas penas, mas também as minhas palavras, porque ditas na minha Vontade chegavam a todos, como por exemplo quando Pilatos me perguntou se Eu era rei e Eu lhe respondi: Meu reino não é deste mundo, se deste mundo fora, milhões de legiões de anjos me defenderiam’. E Pilatos ao me ver tão pobre, humilhado, desprezado, se surpreendeu e disse mais marcado: Como! Tu és rei? E eu Respondi com firmeza a ele e a todos os que se encontram em algum lugar: eu sou Rei, e vim ao mundo para ensinar a verdade, e a verdade é que não são os postos, os reinos, as dignidades, o direito de comando o que faz reinar o homem, o que o enobrece, o que o eleva sobre todos. E mais, estas coisas são escravidão, misérias, que o fazem servir a vis paixões, a homens injustos, cometendo também ele tantos atos de injustiça que o desnobrecem-no, atiram-no para a lama e atraem o ódio dos seus dependentes, assim que as riquezas são escravidão, os postos são espadas com as quais muitos ficam mortos ou feridos; o verdadeiro reinar é a virtude, o despojamento de tudo, o sacrificar-se por todos, o submeter-se a todos, e isto é o verdadeiro reinar que vincula a todos e se faz amar por todos, por isso o meu reino nunca terá fim, e o teu está próximo de perecer’. E estas palavras em minha Vontade as fazia chegar aos ouvidos de todos aqueles que se encontram em postos de autoridade, para fazê-los conhecer o grande perigo em que se encontram, e para colocar em guarda a quem aspira aos postos, às dignidades, ao comando”.
+ + + +
17-2 Junho 14, 1924
Importância da ordem nestes escritos. Deus é ordem. A beleza da alma que opera no Querer Supremo.
(1) Esta manhã, quando me encontrava no meu estado habitual, não sei se foi sonho, via o meu confessor falecido e parecia-me que tomava alguma coisa torcida de dentro da minha mente, e a consertava e a endireitava. Perguntei-lhe porque fazia isso, e ele disse-me:
(2) “Vim para te dizer que sejas atenta à ordem, porque Deus é ordem, e basta uma frase, uma palavra do que te diz o Senhor que não esteja na ordem, e poderá suscitar dúvidas e dificuldades em quem possa ler o que escreves sobre sua adorável Vontade”.
(3) Eu, ao ouvir isto, disse: “Acaso sabe você que escrevi coisas desordenadas até agora?”.
(4) E o confessor: “Não, não, mas fica atenta para o futuro, faze com que as coisas que escreves sejam claras e simples como te dizem Jesus, e nada omitas, porque basta uma pequena frase, uma palavra que falte das que te diz Jesus, ou que a escrevas diversamente, para que falte a ordem; Porque essas palavras servirão para dar luz, para fazer compreender com mais clareza, e para ligar a ordem das verdades que o bom Jesus te manifesta. É fácil para voce omitir algumas pequenas coisas, enquanto as coisas pequenas unem as grandes, e as grandes às pequenas, por isso seja atenta no futuro para que tudo esteja ordenado”.
(5) Isto desapareceu e eu fiquei um pouco pensativa. Depois estava me abandonando toda no santo Querer Divino, e meu doce Jesus movendo-se em meu interior me disse:.
(6) “Minha filha, como é bonito ver uma alma operar em minha Vontade, ela submerge sua ação, seu pensamento, sua palavra em minha Vontade, é como uma esponja que impregna-se de todos os bens que o Querer Supremo contém, se veem na alma tantos atos divinos que irradiam luz, e quase não se sabe distinguir se são atos do Criador ou da criatura, e como se impregnaram desta Vontade eterna, absorveram neles a potência, a luz e o modo do obrar da Majestade Eterna. Olha para ti como o meu Querer te fez bela; e não só isto, senão que em cada ato teu me encerra a Mim mesmo, porque encerrando o meu Querer, tudo encerras”..
(7) Eu olhei para mim, e! quanta luz saía, mas o que mais me impressionou e deu prazer foi ver meu Jesus encerrado em cada ato meu, sua Vontade o aprisionava em mim.
+ + + + +
18-2 Agosto 15, 1925
Todas as coisas criadas caminham para o homem. A festa da Assunção deveria se chamar a festa da Divina Vontade.
(1) Continuava me lançando no Santo Querer Divino para corresponder a meu Jesus com meu pequeno amor por tudo o que tem feito pelo gênero humano na Criação; e meu amado Jesus, movendo-se em meu interior, para dar mais valor a meu pequeno amor, fazia junto comigo o que eu fazia, e enquanto eu estava nisso ele me disse:.
(2) “Minha filha, todas as coisas criadas foram feitas para o homem, e todas correm para ele, não têm pés, mas todas caminham, todas têm um movimento, ou para encontrá-lo ou para fazer-se encontrar: A luz do sol parte da altura dos céus para encontrar a criatura, iluminá-la e aquecê-la; a água caminha para chegar até as vísceras humanas para tirar a sede e refrescá-la; as plantas, as sementes, caminham e rasgam a terra, formam seu fruto para dar-se ao homem, não há coisa criada que não tenha um passo, um movimento, para quem o Eterno Artífice as tinha dirigido em sua criação. Minha Vontade mantém a ordem, a harmonia e as mantém a todas em caminho para as criaturas, assim que é minha Vontade que caminha sempre nas coisas criadas para a criatura, não se detém jamais, é todo movimento para quem tanto ama, No entanto, quem diz um obrigado à minha Vontade que lhe leva a luz do sol, a água para beber para lhe tirar a sede, o pão para lhe tirar a fome, o fruto, a flor para o recriar e tantas outras coisas que lhe leva para o fazer feliz? Não é justo que a minha Vontade, fazendo tudo para ele, o homem fez tudo para cumprir a minha Vontade? Oh! se você soubesse a festa que faz minha Vontade nas coisas criadas quando caminha e serve a quem cumpre minha Vontade. Minha Vontade obrante e cumprida na criatura, e minha Vontade obrante nas coisas criadas, enquanto se encontram juntas se beijam, harmonizam, se amam e formam o hino, a adoração a seu Criador, e o portento maior de toda a Criação. As coisas criadas se sentem honradas quando servem à criatura que é animada por essa mesma Vontade que forma sua própria Vida delas; em troca minha Vontade se põe em atitude de dor nas mesmas coisas criadas quando deve servir a quem não cumpre minha Vontade; Eis por que acontece que muitas vezes as coisas criadas se põem contra o homem, o golpeiam, o castigam, porque elas se tornam superiores ao homem, conservando íntegra nelas aquela Vontade Divina pela qual foram animadas desde o princípio de sua criação, e o homem desceu ao baixo, não conservando nele a Vontade do seu Criador”.
(3) Depois disto pus-me a pensar na festa da minha Celestial Mãe Assunta ao Céu, e o meu doce Jesus com um acento terno e comovedor acrescentou:.
(4) “Minha filha, o verdadeiro nome desta festa deveria ser: Festa da Divina Vontade’. Foi a vontade humana que fechou o Céu, que destruiu os vínculos com seu Criador, que fez sair todas as misérias, a dor, e que pôs fim às festas que a criatura devia gozar no Céu. Agora, esta criatura, Rainha de todos, com fazer sempre e em tudo a Vontade do Eterno, e mais, pode-se dizer que sua vida foi só a Vontade Divina, abriu o Céu, se vinculou com o Eterno e fez voltar as festas no Céu com a criatura; cada ato que fazia na Vontade Suprema era uma festa que iniciava no Céu, eram sóis que formava como ornamentos desta festa, eram músicas que enviava para alegrar a Jerusalém Celestial, assim que a verdadeira causa desta festa é a Vontade Eterna obrante e cumprida em minha Mãe Celestial, que operou tais prodígios nela, que deixou estupefatos Céus e Terra, acorrentou o Eterno com os vínculos indissolúveis de amor, raptou o Verbo Eterno até seu seio, os mesmos anjos, arrebatados, repetiam entre eles: donde tanta glória, tanta honra, tanta grandeza e tantos prodígios jamais vistos, nesta excelsa Criatura? Não obstante é do exílio que vem’. E maravilhados reconheciam a Vontade de seu Criador como vida e obrante nela, e estremecendo-se diziam: Santa, Santa, Santa, honra e glória à Vontade de nosso Soberano Senhor e glória e três vezes Santa Aquela que fez atuar esta Suprema Vontade! ‘ Portanto, é a minha Vontade que mais do que tudo foi e é festejada no dia da Assunção ao Céu da minha Mãe Santíssima; foi a minha Vontade unicamente que a fez ascender tão alto que a distinguiu entre todas as criaturas, tudo o resto teria sido nada se não tivesse possuído o prodígio do meu Querer. 8 Foi minha Vontade que lhe deu a Fecundidade Divina e a fez Mãe do Verbo, foi minha Vontade a que lhe fez ver e abraçar todas as criaturas juntas, fazendo-se Mãe de todas e amando a todas com um amor de Maternidade Divina, e fazendo-a Rainha de todos a fazia imperar e dominar. Naquele dia a minha Vontade recebeu as primeiras honras, a glória e o fruto abundante do seu trabalho na Criação, e começou a sua festa que jamais interrompe pela glorificação do seu agir na minha amada Mãe; e embora o Céu tenha sido aberto por Mim, e muitos santos já estavam em posse da Pátria Celestial quando a Rainha Celestial foi assunta ao Céu, porém a causa primária era precisamente Ela, que havia cumprido em tudo a Suprema Vontade, e por isso se esperou Aquela que tanto a tinha honrado e continha o verdadeiro prodígio da Santíssima Vontade para fazer a primeira festa ao Supremo Querer. ¡Oh, como todo o Céu glorificava, abençoava, louvava a Eterna Vontade quando via esta sublime Rainha entrar no Empírico, no meio da corte celestial, toda fundida no Sol Eterno do Querer Supremo! A viam toda adornada pela potência do Fiat Supremo, não tinha havido nela nem sequer um batimento que não tivesse impresso este Fiat, e atônitos a olhavam e lhe diziam: em Ascenda, ascende mais acima, é justo que Aquela que tanto honrou o Fiat Supremo e que por meio dele nos encontramos na Pátria Celestial, tenha o trono mais alto e que seja nossa Rainha’. “E a maior honra que recebeu minha Mamãe foi ver glorificada a Divina Vontade”. + + + +
+ + + +
19-2 Fevereiro 28, 1926
Cada vez que a alma se ocupa de si mesma, perde um ato na Vontade Divina. O que significa perder este ato.
(1) Continuava em meus acostumados temores, e meu sempre amável Jesus fazendo-se ver, todo bondade me disse:.
(2) “Minha filha, não perca tempo, porque cada vez que se ocupa de você é um ato que perde em minha Vontade, e se soubesse o que significa perder um só ato em minha Vontade: Você perde um ato divino, aquele ato que abraça tudo e todos e que contém todos os bens que há no Céu e na terra, muito mais que minha Vontade é um ato continuado que não se detém jamais em seu curso, nem pode te esperar quando por seus temores te detém, É a ti que convém segui-la em seu curso continuado, não a Ela esperar a ti a quando tu te puseres a caminho para segui-la. E não só você perde o tempo, senão que Eu, devendo apaziguar-te e tirar-te de teus temores para pôr-te em caminho em minha Vontade, obriga-me a ocupar-me de coisas que não pertencem ao Supremo Querer, teu mesmo anjo guardião que te está próximo fica em jejum, porque cada ato que fazes 6 nela e conforme segues seu curso, é uma bem-aventurança acidental a mais que ele goza estando perto de ti, é um paraíso duplicado de alegria que tu lhe ofereces, de modo que se sente feliz de sua sorte por te ter sob sua custódia, e como as alegrias do Céu são comuns, teu anjo oferece a bem-aventurança acidental que recebeu de ti, seu paraíso duplicado, a toda a corte celestial, como fruto do Querer Divino de sua protegida, todos fazem festa e magnificam e louvam o poder, a santidade, a imensidão da minha Vontade. Por isso seja atenta, em meu Querer não se pode perder o tempo, há muito que fazer, convém que você siga o ato de um Deus não interrompido jamais”.
(3) Dito isto desapareceu e eu fiquei pensativa ao ver o mal que eu fazia, e dizia para mim: “Como pode ser possível que com me colocar no Querer Divino, esquecendo todo o resto como se nada mais existisse para mim senão a eterna Vontade, eu tomei parte em tudo o que contém este amável Querer?” E Jesus retornando adicionou:.
(4) “Minha filha, quem nasceu em meu Querer, é justo que saiba os segredos que Ele contém, ademais a coisa em si mesma é facilíssima e como conatural: Suponha que passe a habitar em uma casa, ou por pouco tempo ou para sempre, na qual há uma bela música, um ar perfumado pelo qual se sente infundir uma nova vida; tu, certamente, não puseste aquela música nem aquele ar balsâmico, mas como tu te encontras naquela habitação, não tua, você vem a desfrutar tanto da música como do ar perfumado que regenera as forças a vida nova; acrescente que aquela habitação contém pinturas encantadoras, coisas belas que embelezam, jardins jamais vistos por você, com tanta variedade de plantas e flores que é impossível numerá-los todos; também há comidas deliciosas que jamais gostou, oh, como te recria, te deleitas e desfruta ao olhar tantas belezas, ao provar alimentos tão deliciosos! Mas de tudo isto nada é feito ou posto por ti, Mas tu fazes parte de tudo só porque estás naquele quarto. Agora, se isto acontece na ordem natural, muito mais fácil pode acontecer na ordem sobrenatural de minha Vontade, a alma com o entrar nela forma um só ato com a Divina Vontade, e como conatural toma parte no que Ela faz e contém; muito mais que a alma para viver em minha Vontade, primeiro é despojada das vestes do velho Adão culpado, e é revestida pelas vestes do novo e santo Adão, sua vestidura é a luz da mesma Vontade Suprema, na qual lhe vêm comunicados todos seus modos divinos, nobres e comunicativos a todos. Esta luz fá-lo perder as facções humanas e restitui-lhe a fisionomia do seu Criador. Que maravilha então em que tome parte em tudo o que possui o Divino Querer, sendo uma a Vida e uma a Vontade? Por isso seja atenta, te recomendo que me seja fiel e seu Jesus manterá a batuta de te fazer viver sempre em meu Querer, estarei em guarda a fim de que jamais possa sair Dele”.
+ + + +
20-2 Setembro 20, 1926
Quem não faz a Vontade de Deus é como uma constelação celestial que sai de seu posto, é como um membro deslocado. Ela é dia para quem a faz e noite para quem não a faz.
(1) Tendo terminado de escrever o livro anterior e devendo começar outro, sentia o peso de escrever, e quase amarga tenho suspirado, e meu doce Jesus movendo-se em meu interior fazia-se ver que movia a cabeça, e suspirando me disse:
(2) “Minha filha, o que há, o que há, como, você não quer escrever?”
(3) E eu, quase tremendo ao vê-lo suspirar por minha causa disse: “Meu amor, quero o que queres Tu, é verdade que sinto o sacrifício de escrever, mas por amor teu farei tudo”. E Jesus acrescentou:
(4) “Minha filha, tu não compreendeste bem o que significa viver na minha Vontade, enquanto tu suspiravas, a Criação e todos, e até Eu suspirei junto contigo, porque para quem vive n‟Ela, uma é a vida, um é o ato, um é o movimento, um é o eco, não se pode fazer menos que fazer a mesma coisa, porque Deus é o movimento primeiro, e todas as coisas criadas tendo saído de um movimento cheio de vida, não há coisa que não possua seu movimento, e todos giram em torno do movimento primeiro de seu Criador, então a Criação toda está em minha Vontade e seu giro é incessante, rápido, ordenado, e quem vive n‟Ela tem seu posto de ordem no meio delas, e gira com rapidez junto com todas as coisas criadas sem cessar jamais. Minha filha, esse teu suspiro de pesar, em todas formou seu eco, e sabes o que sentiram? Como se uma constelação quisesse sair de seu posto, da ordem, do rápido giro em torno de seu Criador; e ao ver esta constelação celestial como sair do meio delas, todas ficaram sacudidas e como obstruídas em seu giro, mas rapidamente recuperadas pela tua rápida adesão continuaram com ordem seu rápido giro, louvando o seu Criador que as tem unidas a Si para as fazer girar em torno d‟Ele. O que dirias se visses uma estrela a sair do meio das outras e a descer? Não dirias: Saiu do seu posto, não faz mais vida comum com as demais, é uma estrela perdida? Tal é quem vivendo em minha Vontade gostaria de fazer a sua, afasta-se de seu posto, desce da altura dos Céus, perde a união com a família celestial, separa-se de minha Vontade, separa-se da luz, da força, da santidade, da semelhança divina, separa-se da ordem, da harmonia e perde a rapidez do giro em torno do seu Criador. Por isso fique atenta, porque no Reino de meu Querer não há pesares, amarguras, mas tudo é alegria; não há coisas forçadas, mas tudo é espontaneidade, como se a criatura quisesse fazer o que Deus quer, como se o quisesse fazer ela mesma”.
(5) Eu fiquei espantada ao ouvir isso de meu doce Jesus, e compreendia o grande mal que é fazer a própria vontade e lhe pedia de coração que me desse tanta graça para não me fazer cair em um mal tão grave. Mas enquanto fazia isso, o meu amado Bem voltou, mas se fazia ver com seus membros quase todos deslocados, que lhe davam uma dor indescritível e lançando-se em meus braços me disse:
(6) “Minha filha, estes membros deslocados que me dão tanta dor, são todas as almas que não fazem minha Vontade, Eu ao vir à terra me constituí cabeça da família humana e elas são meus membros, mas estes membros vinham formados, cheios de nós novamente, vinculados, por meio dos humores vitais de minha Vontade, conforme Ela corre neles, assim vêm em comunicação com meu corpo e ficam reafirmados cada um em seu posto. Minha Vontade como médico piedoso, não só faz correr seus humores vitais e divinos para formar a circulação necessária entre a cabeça e os membros, mas também lhes forma sua perfeita atadura para fazer que fiquem atados e firmes os membros sob sua cabeça. Agora, faltando a minha vontade neles, falta quem ponha o calor, o sangue, a força, o comando da cabeça para voltar a pôr os membros em campo; falta quem os vende, se estiverem deslocados; falta tudo, pode-se dizer que todas as comunicações entre os membros e a cabeça estão quebradas, e estão no meu corpo para me dar dor. É só minha Vontade que põe de acordo e em comunicação ao Criador e à criatura, ao Redentor e aos redimidos, ao Santificador e aos santificados, sem Ela, a Criação, a Redenção, são como se fossem nada para eles, porque não há quem faça correr a vida e os bens que contêm. Os próprios Sacramentos servirão de condenação, porque faltando minha Vontade neles falta quem rompa o véu dos Sacramentos para dar-lhes o fruto e a vida que contêm. Por isso minha Vontade é tudo, sem Ela nossas obras mais belas, nossos prodígios maiores, ficam estranhos às pobres criaturas, porque Ela sozinha é a depositária de todas nossas obras, e portanto só por meio seu são dadas à luz às criaturas. Oh! se todos soubessem o que significa fazer ou não fazer minha Vontade, todos se poriam de acordo com Ela para receber todos os bens possíveis e imagináveis, e a transmissão da mesma Vida Divina”.
(7) Depois disto estava fazendo meus acostumados atos no Supremo Querer, e como era quase o alvorecer do dia estava dizendo: “Meu Jesus, meu amor, já é o princípio do dia, e eu em teu Querer quero girar por todas as criaturas, a fim de que ressurgindo de seu sono ressurjam todas em tua Vontade, para te dar a adoração de todas as inteligências, o amor de todos os corações, o ressurgimento de todas as suas obras e de todo o seu ser na luz que este dia fará resplandecer em todas as gerações”. Enquanto isso e outras coisas dizia, meu doce Jesus se moveu em meu interior e me disse:
(8) “Minha filha, em minha Vontade não há dias nem noites, nem alvoradas nem pores do sol, mas sim um é seu dia, sempre na plenitude de sua luz, e quem vive n‟Ela pode dizer: „Para mim não há noites, mas sim sempre é dia, por isso um é meu dia.‟ E conforme age para cumprir minha Vontade e para desenvolver sua vida n‟Ela, forma outras tantas luzes fulgidíssimas no dia de sua vida, que voltam mais glorioso, mais belo, o dia de meu Querer onde ela vive. Sabe para quem vem formado o dia e a noite, a alvorada e o pôr do sol? Para quem ora faz a minha Vontade e ora a sua: Se faz a minha forma o dia, se faz a sua forma a noite, quem vive totalmente n‟Ela forma a plenitude do dia, quem não vive de todo, e só com esforço faz a minha Vontade, forma a alvorada; quem se lamenta do que Ela dispõe e quer subtrair-se, forma o pôr do sol; e para quem de fato não faz minha Vontade, é sempre noite perene, princípio daquela noite eterna do inferno que não terá jamais fim”.
+ + + +
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade