10-4
Novembro 28, 1910
A falta de amor lançou o mundo numa rede de vícios.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado via a meu sempre amável Jesus, e eu me sentia em
meu interior toda transformada no amor de meu amado Jesus, e hora me encontrava dentro de
Jesus e enchia em atos de amor junto com Ele, e amava como amava Jesus, mas não sei dizê-lo
bem, me faltam palavras; hora encontrava a meu doce Jesus em mim e me enchia só em atos de
amor, e Jesus os ouvia e dizia:
(2) “Diz, diz, repete de novo, me alivie com teu amor; a falta do amor lançou ao mundo numa rede
de vícios”.
(3) E fazia silêncio para me ouvir, e eu repetia de novo os atos de amor; direi o pouco que recordo:
(4) “Em todos os momentos, em todas as horas, quero sempre amar-te com o teu coração. Em
todos os respiros de minha vida, respirando te amarei; em todos os batimentos de meu coração,
amor, amor repetirei; em todas as gotas de meu sangue, amor, amor gritarei; em todos os
movimentos de meu corpo, só amor abraçarei. Só de amor quero falar, só ao amor quero olhar, só
ao amor quero escutar, sempre no amor quero pensar. Só de amor quero arder, só de amor quero
consumir, só o amor quero gostar, só ao amor quero contentar. Só de amor quero viver, e no amor
quero morrer. Em todos os instantes, em todas as horas, a todos ao amor quero chamar. Sozinha e
sempre com Jesus, e em Jesus sempre viverei, em seu coração mergulharei, e junto com Jesus e
com seu coração, amor, amor, te amarei”.
(5) Mas quem pode dizer tudo? Ao fazer isto, sentia-me completamente dividida em muitas
pequenas chagas, e depois faziam uma só chama.
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11-4
Fevereiro, 1912
Oferta de uma vítima.
(1) Continuando o meu estado habitual, o meu adorável Jesus fazia-se ver crucificado e com
uma alma junto a Ele, a qual se oferecia vítima a Jesus, e Jesus disse-lhe:
(2) “Minha filha, aceito-te como vítima da dor. Tudo o que podes sofrer sofrerás como se
estivesses Comigo na cruz, e com teus sofrimentos me consolarás; muitas vezes te escapa isto
de consolar-me com teus sofrimentos, deves saber que Eu fui vítima e hóstia pacífica e assim
também tu, não te quero vítima oprimida, mas pacífica e alegre, serás como um cordeirinho dócil
e o teu balir, isto é as tuas orações, os teus sofrimentos, as tuas obras, servirão para adoçar as
minhas amargas chagas”.
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12-4
Abril 2, 1917
As penas da privação de Jesus são penas divinas.
(1) Estava me lamentando com meu sempre amável Jesus de suas habituais privações e lhe
dizia: “Meu amor, que morte contínua, cada privação tua é uma morte que sinto, mas morte tão
cruel e impiedosa, que enquanto faz sentir os efeitos da morte, não faz morrer “. Eu não
entendo como a bondade de seu coração pode resistir em me ver sofrer tantas mortes
contínuas, e depois me fazer viver ainda. E o bendito Jesus veio por pouco tempo e me
apertando ao seu coração me disse:
(2) “Minha filha, abraça-te ao meu coração e toma vida. Saiba que a pena mais satisfatória,
mais agradável, mais potente, que mais me iguala e pode me enfrentar, é a pena da minha
privação, porque é pena divina. Você deve saber que as almas estão tão unidas Comigo que
formam muitos elos unidos juntos em minha Humanidade, e à medida que as almas se perdem
rompem estes elos, e Eu sinto por isso uma dor como se se arrancasse um membro do outro.
Agora, quem pode me unir estes anéis? Quem pode soldar de novo para fazer desaparecer a
ruptura? Quem poderá fazê-los entrar de novo em Mim para dar-lhes vida? As penas de minha
privação, porque é divina. Minha pena pela perda das almas é divina; a pena da alma que não
me vê, não me sente é divina, e como as duas são penas divinas, podem beijar-se, unir-se,
fazer-se frente, e ter tal poder, de tomar as almas desvinculadas e uni-las em minha
Humanidade. Minha filha, te custa muito minha privação? então, se te custa, não tenha inútil
uma pena de tanto custo. Assim como eu te faço dom dela, não a tenhas para ti, mas fá-la voar
no meio dos combatentes e arranca as almas do meio das balas e encerra-as em Mim, e como
fechadura e selo põe a tua pena, e depois a tua pena faz girar por todo o mundo para fazê-la
pescar almas e conduzi-las novamente a todas em Mim, e à medida que sentes as penas das
minhas privações, assim irás pondo o selo de nova união”.
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13-4
Junho 6, 1921
O maior milagre que Deus pode fazer, é que uma alma viva de seu Fiat.
(1) Estava me perdendo no Santo Querer de Jesus bendito e pensava entre mim: “Qual será
maior, mais variada, mais múltipla, a obra da Criação ou a obra da Redenção?” E meu sempre
amável Jesus me disse:
(2) “Minha filha, a obra Redentora é maior, mais variada e múltipla que a obra da Criação, tão
maior, que cada ato da obra Redentora são mares imensos que circundam a obra da Criação, a
qual, circundada pela obra Redentora, não é mais que pequenos riachos circundados pelos
vastíssimos mares da obra Redentora. Agora, quem vive em minha Vontade, quem toma por
vida meu Fiat Voluntas Tua, corre nestes mares imensos da obra Redentora, difunde-se e
amplia-se junto, de modo que supera a mesma obra da Criação por isso unicamente a vida do
meu Fiat pode dar verdadeira honra e glória à obra da Criação, porque o meu Fiat se multiplica,
se estende em qualquer lugar, não tem limites; em troca a obra da Criação tem seus limites e
não se pode fazer maior do que é.,
(3) Minha filha, o maior milagre que a minha onipotência pode realizar é que uma alma viva do
meu Fiat. Parece-te pouco que minha Vontade santa, imensa, eterna, desça em uma criatura, e
pondo juntas minha Vontade com a sua a perco em Mim e me faço vida de todo o obrar da
criatura, ainda das mais pequenas coisas? Assim, o seu palpitar, a palavra, o pensamento, o
movimento, o respiro, é do Deus vivo na criatura; esconde nela Céu e Terra e, aparentemente,
vê-se uma simples criatura. Graça maior, prodígio mais portentoso, santidade mais heróica não
poderia dar que meu Fiat. Olhe, a obra da Criação é grande, a obra da Redenção é maior
ainda, mas meu Fiat, fazer viver a criatura em minha Vontade supera a uma e a outra, porque
na Criação meu Fiat criou e pôs fora minhas obras, mas não ficou como centro de vida nas
coisas criadas; na Redenção, o meu Fiat ficou como centro de vida na minha humanidade, mas
não ficou como centro de vida nas criaturas, aliás, se a sua vontade não se adere à minha,
deixam inúteis os frutos da minha Redenção; em troca o meu Fiat, ao fazer viver a criatura no
meu Querer, Eu fico como centro de vida da criatura, e por isso te repito, como outras vezes,
que meu Fiat Voluntas Tua será a verdadeira glória da obra da Criação, e o cumprimento dos
copiosos frutos da obra da Redenção. Eis a causa pela qual não quero outra coisa de você,
senão que meu Fiat seja sua vida, que não olhe outra coisa que meu Querer, porque quero ser
centro de sua vida”.
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14-4
Fevereiro 17, 1922
O amor é o berço do homem.
(1) Sentia-me oprimida pela privação do meu doce Jesus e não fazia outra coisa que chamá-lo,
desejá-lo, mas em vão. Então, depois de ter esperado muito, quando já não podia mais, veio, e
eu quem sabe quantas coisas queria lhe dizer, mas Ele se elevou em alto sem me dar tempo,
eu o olhava e o chamava: “Jesus, Jesus, vem”. Também Ele me olhava e fazia chover de Sua
pessoa um orvalho sobre mim que me embelezava toda, e este orvalho o atraía para mim, de
maneira que se abraçou para mim e me disse:
(2) “Minha filha, o desejo de me querer ver rompe o véu que existe entre o tempo e a
eternidade, e o repetido desejo lhe dá o vôo para aproximar-se de Mim. Meu amor está quase
inquieto quando vejo que a alma me anseia e Eu não me faço ver, e somente se acalma
quando não só me faço ver, senão que lhe dou novos carismas e novas prendas de amor. Meu
amor está sempre em ato de querer dar novas prendas de amor à criatura, e enquanto vejo que
minha Vontade toma a parte obrante, dirigente de dar-se à criatura, meu amor faz festa, corre,
voa para ela, faz-se berço do homem, E, se ele não repousar no seu berço, embala-o, canta-lhe
para o fazer repousar e dormir no seu ventre, e, enquanto dorme, ele lhe dá o fôlego na boca
para lhe dar uma nova vida de amor. Se vê, por seu respiro entrecortado, que seu coração não
é feliz, com o alento que lhe dá, meu amor lhe forma o berço no coração para tirar-lhe as
amarguras, os estorvos, as moléstias e fazê-lo feliz de amor. E quando acorda, oh, como se
alegra meu amor ao vê-la renascida, feliz e cheia de vida e lhe diz: “Olha, eu te trouxe em meu
seio para te dar repouso, eu vigiei a seu lado em seu sono para te fazer acordar forte, feliz e
toda diferente da que era, agora quero ser berço a seus passos, a suas obras, a suas palavras,
a tudo, pense que está balançado por mim, e no berço do meu amor põe teu amor, a fim de que
nos fundindo nos façamos felizes reciprocamente, mas tenha cuidado de pôr alguma outra
coisa, porque então me entristeceria e me faria chorar amargamente”.
(3) É o meu amor que mais se aproxima do homem, mas é o berço onde ele nasceu, se bem
que na minha Divindade tudo é harmonia, como estão em plena harmonia os membros ao
corpo. Assim como no homem a inteligência toma a parte dominante, pois é onde reside a
vontade do homem, e se ela não quer se pode dizer que o olho não vê, a mão não trabalha, o
pé não caminha; mas se quiser, o olho vê, a mão trabalha, o pé corre, todos os membros se
põem de acordo; assim minha Divindade, minha Vontade toma a parte dirigente e todos os
outros atributos se põem em plena harmonia para seguir o que meu Querer quer, assim que
concorra a sabedoria, a potência, a ciência, a bondade, etc., mas como todos meus atributos,
embora distintos ente eles, vivem na fonte do amor, transbordam de amor, eis por que enquanto
é o amor que corre, que obra, que se doa, todos meus outros atributos concorrem juntos.
(4) Além disso, o que ao homem é mais necessário é o amor, o amor é como o pão à vida
natural, assim pode prescindir da ciência, da potência, da sabedoria, porque ao mais são coisas
que se necessitam em algum tempo ou circunstância, Mas o que se diria se Eu tivesse criado o
homem e não o amasse? E além disso, para que criá-lo se não deveria amá-lo? Isto me serviria
para desonra e seria uma obra não digna de Mim, que não sei fazer outra coisa que amar; e o
que seria do homem se não tivesse um princípio de amor e não pudesse amar? Seria um bruto
e não seria digno nem de ser olhado, por isso em tudo deve correr o amor, o amor deveria
correr em todas as ações humanas como corre a imagem do rei na moeda do reino; e se na
moeda não está impressa a imagem do rei, não é reconhecida por moeda; Assim, se não corre
o amor, não é reconhecida por obra minha”.
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15-4
Janeiro 24, 1923
A Santíssima Trindade refletida na terra. Os atos triplos. Como estava reservado abrir as
portas do Eterno Querer a Luisa.
(1) Todos estes dias passei-os num mar de amargura, porque frequentemente o bendito Jesus me
priva de sua amável presença, e se se faz ver, vejo-o em meu interior imerso em um mar, cujas
ondas se elevam acima Dele em ato de submergi-lo, e Jesus para não ficar submerso e afogado
move seu braço e rejeita a onda, e com olhar piedoso me olha, me pede ajuda e me diz:
(2) ” Minha filha, veja como as culpas são tantas que querem me submergir, não vê as ondas que
me mandam, que se não agitasse meu braço ficaria afogado? Que tempos tão tristes, que trarão
tristes consequências”.
(3) E enquanto isto diz se esconde mais dentro de mim. Que pena ver Jesus neste estado! São
penas que dilaceram a alma e a fazem em pedaços. Oh! como se quisesse sofrer qualquer martírio
para consolar a meu doce Jesus. Depois, esta manhã me parecia que meu amável Jesus não
podia mais, e fazendo uso de seu poder saiu desse mar cheio de todas essas armas prontas para
ferir e também para matar, que dava terror só olhá-lo, e apoiando sua cabeça sobre meu peito,
todo aflito e pálido, mas belo e de uma beleza que raptava me disse:
(4) “Minha querida filha, não podia mais, e se a justiça quer seu curso, também meu amor quer seu
desabafo e fazer seu caminho, por isso saí desse mar horrível que me formam as culpas das
criaturas, para dar campo a meu amor para vir me desabafar com minha pequena filha de minha
Vontade. Também você não podia mais, escutei o estertor de sua agonia por minha privação
naquele mar horrível, e, tendo posto todos de lado, corri a ti para desabafar e fazer-te desabafar
em amor Comigo, para te dar de novo a vida”.
(5) E, enquanto dizia isto, apertava-me fortemente a Ele, beijava-me, punha-me a sua mão na
garganta para me aliviar da dor que Ele mesmo me tinha dado, porque há dias, havendo-me
puxado com força os nervos da parte do coração que corresponde à garganta, fiquei como que
sufocada; meu Jesus era todo amor e queria que eu lhe devolvesse os beijos, as carícias, os
abraços que Ele me dava. Depois disto compreendi que queria que eu entrasse no mar imenso da
sua Vontade para ser aliviado do mar das culpas das criaturas, e eu estreitando-me mais forte a
Ele disse:
(6) “Meu amado bem, junto Contigo quero seguir todos os atos que fez tua Humanidade na
Vontade Divina, aonde chegou Tu quero chegar também eu, para fazer que em todos teus atos
encontre também o meu; então, assim como sua inteligência na Vontade Suprema percorreu todas
as inteligências das criaturas, para dar ao Pai Celestial a glória, a honra, a reparação por cada um
dos pensamentos de criatura em modo divino, e selar com a luz, com a graça de tua Vontade cada
pensamento delas, assim também eu quero percorrer cada um dos pensamentos, desde o primeiro
até o último que terá vida nas mentes humanas, para repetir o que está feito por Ti; Além disso,
quero unir-me aos pensamentos de nossa Celestial Mãe, que nunca ficou para trás, mas que
sempre correu junto Contigo, e com os pensamentos que fizeram seus santos”.
(7) A estas últimas palavras, Jesus olhou para mim e todo ternura me disse:
(8) “Minha filha, na minha Vontade Eterna encontrarás todos os meus atos, assim como todos os
de minha Mãe, que envolviam todos os atos das criaturas, desde a primeira até a última que
deverá existir como dentro de um manto, e este manto como formado em duas partes, uma
elevava-se ao Céu para dar ao meu Pai, com uma Vontade Divina, tudo o que as criaturas lhe
deviam: Amor, glória, reparação e satisfação; a outra parte ficava para defesa e ajuda das
criaturas. Nenhum outro entrou em minha Vontade Divina para fazer tudo o que fez minha
Humanidade; meus santos fizeram minha Vontade, mas não entraram dentro para fazer tudo o que
faz minha Vontade e tomar como de um só golpe todos os atos, do primeiro até o último homem, e
tornar-se ator, espectador e divinizador. Com fazer minha Vontade não se chega a fazer tudo o que
meu Eterno Querer contém, senão que desce na criatura limitada, por quanto a criatura pode
conter, só quem entra dentro se amplia, se difunde como luz solar nos eternos vôos de meu
Querer, e encontrando as minhas ações e as da minha mãe, põe neles o seu. Olhe em minha
Vontade, há outros atos de criatura multiplicados nos meus que cheguem até o último ato que deve
cumprir-se sobre esta terra? Olhe bem, não encontrará nenhum, isto significa que nenhum entrou,
estava reservado abrir as portas de meu Eterno Querer à pequena filha minha, para unificar seus
atos aos meus e aos de minha Mamãe, e tornar triplos todos os nossos atos perante a Majestade
Suprema e para o bem das criaturas. Agora, havendo aberto as portas, podem entrar outros, desde
que se disponham a um bem tão grande”.
(9) Então continuei junto com Jesus girando em Sua Vontade para fazer o que estava feito por Ele.
Então olhamos juntos para a terra, quantas coisas horríveis se viam, e como continuam os
preparativos para a guerra, que fazem estremecer; e toda tremendo, me encontrei em mim mesma.
Pouco depois voltou e continuou a falar da sua Santíssima Vontade, dizendo-me:
(10) “Minha filha, minha Vontade no Céu continha ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, uma era a
Vontade das Três Divinas Pessoas, enquanto eram distintas entre elas, mas a Vontade era uma, e
Esta sendo a única que operava em Nós formava toda nossa felicidade, nossa igualdade de amor,
de potência, de beleza, etc. Se em vez de uma Vontade fossem três Vontades, não poderíamos ser
felizes, muito menos tornar felizes aos demais; teríamos sido desiguais na potência, na sabedoria,
na santidade, etc., assim que nossa única Vontade, obrante em nós, é todo o nosso bem, do qual
brotam tantos mares de felicidade, que nenhum pode penetrar até ao fundo. Agora, nossa Vontade,
vendo o grande bem do agir sozinha em Três Pessoas distintas, quer operar sozinha em três
pessoas distintas na terra, e estas são: a Mãe, o Filho, a Esposa. Delas quer fazer brotar outros
mares de felicidade que levarão bens imensos a todos os viajantes”.
(11) E eu toda maravilhada disse: “Meu amor, quem será esta Mãe afortunada, este Filho e esta
Esposa que refletirão a Trindade sobre a terra, e que tua Vontade será uma nelas?
(12) E Jesus: “Como!, não compreendeste? Dois já estão em seu posto de honra: Minha Mãe
Divina, e Eu, Verbo Eterno, Filho do Pai Celestial e Filho da Mãe Celestial. Com encarnar-me no
seio dela fui seu próprio Filho. A Esposa é a pequena filha de meu Querer. Eu estou no meio,
minha Mãe à direita e a Esposa à esquerda; conforme minha Vontade obra em Mim, faz o eco à
direita e à esquerda, e forma uma só Vontade, por isso derramei tantas graças em ti, abri as portas
de meu Querer, te revelei os segredos, os prodígios que Ele contém, para abrir tantos caminhos
para te fazer chegar o eco do meu Querer, a fim de que perdendo o teu pudesses viver com a
minha Vontade; não estás contente?”
(13) E eu: “Obrigado, ó Jesus! e faz, rogo-te, que siga o teu Querer”.
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16-4
Julho 18, 1923
Sobre a Concepção do Verbo Eterno.
(1) Estava a pensar no ato no qual o Verbo Eterno desceu do Céu e ficou concebido no seio da
Imaculada Rainha, e meu sempre amável Jesus, desde dentro de meu interior puxou um braço, me
cercou o pescoço, e em meu interior me dizia:
(2) “Minha querida filha, se a Concepção da minha Mãe Celestial foi prodigiosa e foi concebida no
mar que saiu das Três Divinas Pessoas, minha concepção não foi no mar que saiu de Nós, mas no
grande mar que residia em Nós, nossa própria Divindade que descia no seio virginal desta Virgem,
e fiquei concebido. É verdade que se diz que o Verbo foi concebido, mas meu Pai Celestial e o
Espírito Santo eram inseparáveis de Mim; é verdade que Eu tive a parte atuante, mas Eles a
tiveram concorrente. Imagine dois refletores, que um reflita no outro o mesmo sujeito, estes sujeitos
são três, o do meio toma a parte obrante, sofredor, suplicante, os outros dois estão juntos,
concorrem e são espectadores, então eu poderia dizer que um dos dois refletores era a Trindade
Sacrossanta, O outro, minha querida mãe. Ela, no breve curso de sua vida, com viver sempre em
meu querer me preparou em seu virginal seio o pequeno terreno divino onde Eu, Verbo Eterno,
devia me vestir de carne humana, porque jamais teria descido dentro de um terreno humano, e a
Trindade refletindo nela ficou concebida. Então, aquela mesma Trindade, enquanto ficava em Céu,
foi concebido no seio desta nobre Rainha.
(3) Todas as outras coisas, por quão grandes, nobres, sublimes, prodigiosas, até a mesma
Concepção da Virgem Rainha, todas ficam para trás, não há nada que se possa equiparar, nem
amor, nem grandeza, nem potência à minha Concepção; aqui não se trata de formar uma vida,
mas de encerrar a Vida que dá vida a todos; não se trata de ampliação, mas de restringir-me para
poder me conceber, não para receber mas para dar, quem criou tudo encerrar-se em uma criada e
pequeníssima Humanidade. Estas são obras só de um Deus, e de um Deus que ama, que a
qualquer custo quer atar com seu amor à criatura para fazer-se amar. Mas isto é nada ainda, você
sabe onde todo o meu amor, todo o meu poder e sabedoria refulgiu? Assim como a potência divina
formou esta pequeníssima Humanidade, tão pequena que podia comparar-se ao tamanho de uma
avelã, mas com os membros todos fornecidos e formados, o Verbo foi concebido nela, a imensidão
da minha Vontade encerrando todas as criaturas passadas, presentes e futuras, concebeu nela
todas as vidas das criaturas, e conforme crescia a minha, assim cresciam elas em Mim, assim
enquanto aparentemente parecia sozinho, visto com o microscópio da minha Vontade se viam em
Mim concebidas todas as criaturas; sucedia de Mim como quando se veem águas cristalinas, que
enquanto parecem claras, vistas com o microscópio, quantos micróbios não se veem? Foi tal e
tanta a grandeza de minha Concepção, que a grande roda da eternidade ficou comovida e estática
ao ver os inumeráveis excessos do meu amor, e todos os prodígios unidos juntos; todo a massa do
universo estremeceu ao ver fechar-se à Aquele que dá vida a tudo, restringir-se, diminuir-se, fechar
tudo, para fazer o que? Para tirar a vida de todos e fazer renascer a todos”.
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17-4
Julho 1, 1924
Quem se doa a Deus perde seus direitos. O sangue de Jesus é
defesa das criaturas diante dos direitos da Divina Justiça.
(1) Sentia-me muito oprimida pela privação do meu adorável Jesus. Oh, como me sangra o coração
e me sinto submetida a sofrer mortes contínuas! Sentia que não podia mais sem Ele, e que mais
duro não podia ser o meu martírio, e enquanto tentava seguir o meu Jesus nos diferentes mistérios
da sua Paixão, cheguei a acompanhá-lo no mistério da sua dolorosa flagelação. Enquanto eu
estava nisto, mexeu-se dentro de mim, enchendo-me de toda a sua adorável Pessoa; eu ao vê-lo
queria dizer-lhe o meu duro estado, mas Jesus impôs-me silêncio disse-me:.
(2) “Minha filha, rezemos juntos; há certos tempos tão tristes nos quais minha justiça, não podendo
conter-se pelos males das criaturas, gostaria de inundar a terra de novos flagelos, e por isso é
necessária a oração em minha Vontade, que se espalhando sobre todos se põe em defesa das
criaturas, e com seu poder impede que minha justiça se aproxime da criatura para golpeá-la”.
(3) Como era belo e comovente ouvir Jesus rezar! E como o acompanhava no doloroso mistério da
flagelação, fazia-se ver jorrando sangue, e ouvia que dizia:.
(4) “Meu Pai, ofereço-te este meu sangue, ah! Faz com que este sangue cubra todas as
inteligências das criaturas e torne vãos todos os seus maus pensamentos, diminua o fogo das suas
paixões e faça ressurgir inteligências santas. Este sangue cubra os seus olhos e faça véu à sua
vista, para que não entre no sabor dos maus prazeres, e não se suje com a lama da terra. Este
meu sangue cubra e encha a sua boca e deixe mortos os seus lábios às blasfêmias, às
imprecações, a todas as suas más palavras. Pai meu, este meu sangue lhe cubra as mãos e lhe dê
terror de tantas ações infames. Este sangue circule em nossa Vontade Eterna para cobrir a todos,
para defender e ser arma defensora em favor das criaturas ante os direitos de nossa justiça”.
(5) Mas quem pode dizer o modo como Jesus rezava e tudo o que dizia? Depois fez silêncio e me
sentia em meu interior que Jesus tomava em suas mãos minha pequena e pobre alma, a apertava,
a retocava, a olhava, e eu lhe disse:
(6) “Meu amor, o que fazes? Há alguma coisa em mim que te desagrada?”.
(7) E Ele: “Estou trabalhando e alargando a tua alma na minha Vontade. Além disso, não devo darte conta do que faço,
porque tendo-te dado toda a Mim, perdeste os teus direitos, agora todos os direitos são meus. Sabes qual é o teu único direito? Que a minha Vontade seja tua e te forneça
tudo o que pode fazer-te feliz no tempo e na eternidade”.
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18-4
Outubro 1, 1925
A Divina Vontade estava no centro da Humanidade de Nosso Senhor, e quem vive nela vive
neste centro.
(1) Estava segundo meu costume acompanhando as penas da Paixão de meu doce Jesus, e
oferecia sua mesma privação, a tortura que me causava, como testemunho de meu doloroso amor
para aliviá-lo e compadecê-lo em suas penas. Agora, enquanto fazia isso, meu amado bem moveu
um braço em meu interior, levantando sua mão direita fazendo correr de seus dedos rios de sangue
e de luz sobre minha pobre alma que estava murcha e queimada pelo vento potente de sua
privação, e com uma tristeza tal, que o próprio Jesus se exaltou, e se enterneceu por compaixão, e
querendo consolar-me, disse-me:.
(2) “Minha filha, coragem, não temas, quem vive em minha Vontade está no centro de minha
humanidade, porque a Vontade Divina está em Mim como o sol em sua esfera, que apesar de que
os raios invadam a terra, não se afasta jamais do alto, de seu centro, está sempre em sua esfera,
em seu majestoso trono, e enquanto a sua luz percorre tudo, dominando tudo, tudo lhe serve de
escabelo, esperando todos a sua benéfica luz; assim se encontrava em Mim a Vontade Divina,
como centro na esfera da minha humanidade, e dela partia a luz a todos e em toda a parte.
(3) Tinha sido este o primeiro ato do homem, rejeitar minha Vontade Suprema; convinha então a
minha Humanidade dar o primeiro passo para Ela, concentrando em Mim como centro de vida esta
Vontade Eterna, e por meio de minha Vida, de minhas obras e penas, levá-la de novo ao homem, a
fim de que regressasse ao seu Criador, pondo-se na ordem para a qual tinha sido criado. Olha
então minha filha, a alma que vive em minha Vontade está no centro de minha humanidade, e tudo
o que Eu fiz e sofri está tudo em torno dela e em sua ajuda: Se é débil lhe fornece minha fortaleza,
se está sujo meu sangue a lava e a embeleza, minhas orações a sustentam, meus braços a têm
estreitada e a cobrem com minhas obras, em suma, tudo está em sua defesa e em sua ajuda; por
isso, o pensamento de minhas penas é como conatural em ti, porque vivendo em minha Vontade
elas te circundam como tantas nuvens de luz e de graça. Minha Vontade na esfera de minha
Humanidade punha como em caminho minhas obras, meus passos, minhas palavras, meu sangue,
minhas chagas, minhas penas, e tudo o que Eu fiz para chamar o homem e dar-lhe as ajudas e
meios suficientes para salvá-lo e fazê-lo voltar de novo ao seio de minha Vontade. Se minha
Vontade quisesse chamar diretamente ao homem, este se teria espantado; em troca quis chamá-lo
com tudo o que fiz e sofri, como se fossem tantas seduções, ajudas, estímulos e meios para fazê-lo
voltar a meus braços, Então tudo o que eu fiz e sofri é o portador do homem para Deus. Agora,
quem vive em minha Vontade, vivendo no centro de minha Humanidade, toma todos os frutos de
tudo o que Eu fiz e sofri, e entra na ordem da Criação, e minha Vontade cumpre nele a plena
finalidade para a qual foi criado. “Outros, que não vivem em minha Vontade, encontram os meios
para salvar-se, mas não gozam de todos os frutos da Redenção e da Criação”.
(4) Agora, enquanto dizia meu amável Jesus, eu lhe disse: “Meu amor, eu não sei, me diz que eu
vivo em sua Vontade e logo me deixa, ah! a que duro martírio me submetes, enquanto Tu me
deixas tudo para mim se muda, eu mesma não me reconheço mais, tudo para mim morre: morre a
luz, o amor, o bem. É só Tu que mantém a batida da vida de minha pobre alma; enquanto Tu
partes e me deixas, assim morre tudo. Veja então em que condições tão duras e dolorosas me
deixa. Ah! Tenha piedade de mim e não me deixe, porque não posso mais”. E enquanto eu queria
dizer mais, meu Jesus suspirando adicionou:.
(5) “Minha filha, cale-se, não siga adiante, suas palavras ferem meu coração. Oh! como gostaria de
tirar do teu coração este prego tão duro que Eu te deixei, de que pudesse te deixar. Sei também
Eu, que para quem me ama este prego é insuportável, mata continuamente sem piedade, por isso
tira o pensamento de que Eu poderia te deixar. Em vez de te deixar, deverias estar convencida de
que me dentro mais em ti, e faço silêncio na nave de tua alma, tão é verdade, que nada mudou em
ti, os preparativos que estavam, todos na ordem, tão certo, que basta que minha Vontade o queira
e Eu dou uma voltinha pelos preparativos que há, e que já são teus. Além disso, como posso
deixar-te? Para quem faz minha Vontade e vive nela, mantém íntegros os vínculos da Criação que
há entre Criador e criaturas, os vínculos da Redenção e os vínculos que há entre o Santificador e
os santificados; Minha Vontade sela todos esses vínculos e torna a criatura inseparável de Mim.
Por isso deves estar segura de que teu Jesus não te deixa”..
(6) Enquanto dizia isto, via como inúmeros fios de luz atados ao meu coração, que alguns estavam
atados a todas as coisas criadas, outros fios saíam de tudo o que Jesus tinha feito e padecido,
outros dos Sacramentos. Seja tudo para glória de Deus e para o bem de minha alma e de todas as
almas. Amém.
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19-4
Março 6, 1926
Assim como da Mãe Celestial soube a coisa mais importante,
que o Filho de Deus era Seu Filho, assim será da filha da Divina
Vontade, só saberá o mais importante para fazê-la conhecer
a Ela. O bem não conhecido não tem caminho para comunicar-se.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, Meu sempre amável Jesus veio, e tomando-me a mão
na sua me atraía a Ele no alto, entre o céu e a terra, e eu quase temendo me apertava a Jesus,
tomando-me forte de sua santíssima mão, e querendo desafogar com Ele minha pena que tanto me
oprime lhe tenho dito:.
(2) “Meu amor e minha vida, Jesus, tempos atrás Você me dizia que queria fazer de mim uma
cópia de minha Mãe Celestial, entretanto dela quase nada se soube dos tantos mares de graça
com os quais Você a cada instante a inundava, não disse nada a nenhum, tudo o reservou para Si,
nem o evangelho diz nada, só se sabe que foi tua Mãe e que deu ao mundo o Verbo Eterno, a Ti,
mas tudo o que aconteceu entre Tu e Ela de favores, de graça, Ela guardou tudo para si mesma.
Mas para mim queres o contrário, queres que manifeste o que me dizes, não queres o segredo do
que se passa entre nós. Por isso estou dolorida, onde está então a cópia que queres fazer em mim
da minha Mãe Celestial?” E meu doce Jesus me apertando forte a seu coração, todo ternura me
disse:
(3) “Minha filha, coragem, não temas, assim como foi de minha Mãe, que não se soube outra coisa
senão o que foi necessário, que Eu era seu Filho e que por meio dela vim redimir as gerações
humanas, e que foi Ela a primeira na qual Eu tive meu primeiro campo de ações divinas em sua
alma; todo o resto, dos favores, dos mares de graças que recebeu, ficou no sacrário dos segredos
divinos, no entanto se soube a coisa mais importante, maior, mais santa, que o Filho de Deus era
Seu Filho, isto para Ela era a maior honra e que a punha acima de todas as criaturas; portanto,
sabendo o mais da minha Mãe, o menos não era necessário. Assim será de minha filha, só se
saberá que minha Vontade teve seu primeiro campo de ação divina em tua alma, e tudo o que é
necessário para fazer conhecer o que concerne a minha Vontade e como quer sair em campo para
fazer com que a criatura regresse à sua origem, como com ânsia a espera em seus braços, a fim
de que não haja mais divisão entre Eu e ela. Se isto não se soubesse, como podem suspirar este
grande bem? Como dispor-se a uma graça tão grande? Se minha Mãe não tivesse querido fazer
saber que Eu era o Verbo Eterno e Filho seu, que bem teria produzido a Redenção? O bem
desconhecido, por maior que seja, não tem caminhos para comunicar o bem que possui. E assim
como a minha mãe não se opôs, assim a minha filha não se deve opor a comunicar o que diz
respeito à minha Vontade, todo o resto dos segredos, os voos que fazes no meu Querer, os bens
que tomas, as coisas mais íntimas entre Eu e tu permanecerão no sacrário dos segredos divinos.
Não temas, teu Jesus te contentará em tudo”.
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20-4
Setembro 26, 1926
A única palavra Vontade de Deus contém um prodígio eterno.
Como tudo se converte em amor e oração.
(1) Sentia-me toda imersa no Querer Supremo, e minha pobre mente pensava em tantos
admiráveis efeitos que Ele produz, e meu sempre amável Jesus me disse:
(2) “Minha filha, a única palavra Vontade de Deus contém um presságio eterno que não há quem o
possa igualar; é uma palavra que abraça tudo, Céu e terra. Este Fiat contém a fonte criadora e não
há nada de bom que não possa fazer sair. Assim, quem possui minha Vontade, em virtude d‟Ela
adquire com direito todos os bens que este Fiat possui, por isso adquire o direito à semelhança de
seu Criador, adquire o direito à santidade divina, a sua bondade, a seu amor; com direito céu e
terra são seus, porque todos tiveram existência deste Fiat, com razão seus direitos se estendem
sobre tudo. Assim, o maior dom, a maior graça que posso dar à criatura, é dar-lhe a minha
Vontade, porque com Ela vêm junto todos os bens possíveis e imagináveis, e com direito, porque
tudo pertence a Ela”.
(3) Depois meu doce Jesus se fazia ver que saía de dentro de mim e me olhava, mas fixava tanto
seus olhares em mim, como se quisesse pintar-se, imprimir-se dentro de minha pobre alma, e eu
ao ver isto lhe disse: “Meu amor, Jesus, tem piedade de mim, não vê como sou feia? Sua privação
nestes dias me tornou mais feia ainda, sinto que não sou boa para fazer nada, os mesmos giros
em seu Querer me resultam difíceis. Oh! como me sinto mal, tua privação é para mim como fogo
que consome, que me queimando tudo me tira a vida para fazer o bem, me deixa só sua Vontade
adorável que me ligando toda a Ela, não me deixa querer outra coisa que seu Fiat, nem ver, nem
tocar outra coisa que sua Santíssima Vontade”. E Jesus tomando de novo a palavra acrescentou:
(4) “Minha filha, onde está a minha Vontade tudo é santidade, tudo é amor, tudo é oração.
Portanto, estando em ti a sua fonte, os teus pensamentos, os teus olhares, as tuas palavras, o teu
bater do coração e até os teus movimentos, todos são amor e orações. Não é a forma das palavras
que forma a oração, não, é minha Vontade trabalhadora, que dominando todo seu ser forma de
seus pensamentos, palavras, olhares, batidas e movimentos, tantas forças que surgem da Vontade
Suprema e elevando-se até o Céu, em sua linguagem muda, quem reza, quem ama, quem adora,
quem abençoa, em suma, Ela o faz fazer o que é santo, o que pertence ao Ser Divino. Por isso a
alma que possui como vida o Querer Supremo é o verdadeiro céu, que ainda que fosse mudo narra
a glória de Deus e se apresenta como obra de suas mãos criadoras. Como é bonito ver a alma
onde reina meu Querer! Conforme ela pensa, olha, fala, bate, respira, move-se, assim forma as
estrelas para adornar seu céu, para narrar mais a glória d’Aquele que a criou. Minha Vontade
abraça como de um só golpe tudo e nada deixa escapar à alma de tudo o que é bom e santo”.
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