10-9
Dezembro 25, 1910
Os sacerdotes apegaram-se às famílias, ao interesse, às coisas exteriores, etc., esta é a
necessidade das casas de reunião de sacerdotes.
(1) Esta manhã o bendito Jesus se fazia ver pequeno, pequeno, mas tão gracioso e belo que me
arrebatava em doce encanto, depois se tornava mais benévolo porque com suas pequenas
mãozinhas pegava pequenos cravos e me cravava com uma maestria digna só de meu sempre
amável Jesus, e depois enchia-me de beijos e de amor, e eu a Ele. Depois disto, parecia-me que
estava na gruta do meu recém-nascido Jesus, e o meu pequeno Jesus disse-me:
(2) “Minha querida filha, quem veio visitar-me na gruta do meu nascimento? Os pastores foram os
primeiros visitantes, os únicos que faziam um ir e vir e me ofereciam dons e coisas deles, e os
primeiros que tiveram o conhecimento de minha vinda ao mundo, e por consequência os primeiros
favorecidos cheios de minha graça. Eis por que escolho sempre pessoas pobres, ignorantes,
desprezíveis, e delas faço portentos de graça, porque são sempre as mais dispostas, as mais
dispostas a ouvir-me, a crer-me sem pôr tantas dificuldades, tantas cavilações, como o fazem as
pessoas cultas. Depois vieram os magos, mas não se viu nenhum sacerdote, enquanto eles
deviam ser os primeiros a cortejar-me, porque eles sabiam mais do que todos os demais segundo
as escrituras que estudavam, sabiam o tempo, o lugar, e era mais fácil vir visitar-me, mas nenhum,
nenhum se moveu, é mais, enquanto eles apontaram para os magos, eles não se moveram, nem
se incomodaram em dar um passo para ir em busca de minha vinda. Isto foi uma dor, para Mim
amarguíssima, no meu nascimento, porque naqueles sacerdotes era tanto o apego às riquezas, ao
interesse, às famílias e às coisas exteriores, que como resplendores lhes cegava a vista, lhes
endurecia o coração e tornava estranha a inteligência para conhecer as verdades mais sagradas,
mais certas, e estavam tão preocupados nas coisas baixas da terra, que jamais teriam acreditado
que um Deus pudesse vir à terra em tanta pobreza e em tanta humilhação, e não só em meu
nascimento, mas também no curso de minha vida, quando fazia os milagres mais estridentes,
nenhum me seguiu, mas bem planejaram minha morte e me assassinaram sobre a cruz. E Eu,
depois de ter usado toda a minha arte para os atrair a Mim, os coloquei no esquecimento e escolhi
pessoas pobres, ignorantes, como foram meus apóstolos e formei a minha Igreja, os segreguei das
famílias, os libertei de qualquer vínculo de riquezas, enchi-os dos tesouros da minha graça e
torneios hábeis para a direção da minha Igreja e das almas. Agora, deves saber que esta dor ainda me
dura, porque os sacerdotes destes tempos se irmanaram com os sacerdotes daqueles tempos, se
deram a mão no apego às famílias, ao interesse, às coisas exteriores e pouco ou nada põem
atenção ao interior, é mais, alguns se degradaram tanto, que chegaram a fazer entender aos
mesmos leigos que não estão contentes de seu estado, abaixando sua dignidade até o ínfimo e
abaixo dos mesmos leigos. Ah! minha filha, que prestígio pode ter sua palavra nas pessoas? Pelo
contrário, os povos por sua causa vão descendo na fé e no abismo de piores males, caminham a
tropeções e nas trevas, porque luz nos sacerdotes não veem mais. Esta é a necessidade das
casas de reunião dos sacerdotes, a fim de que o sacerdote seja libertado das trevas de que é
invadido, das famílias, do interesse e dos cuidados das coisas exteriores, possa dar luz de
verdadeiras virtudes e os povos possam sair dos erros em que caíram. São tão necessárias estas
reuniões, que cada vez que a Igreja chegou ao ínfimo, quase sempre este tem sido o meio para
fazê-la ressurgir mais bela e majestosa”.
(3) Quando ouvi isto, disse: “Meu sumo e único bem, doce vida minha, compadeço tua dor e queria
adoçá-lo com meu amor, mas Tu sabes bem quem sou eu, como sou pobre, ignorante, má, e além
disso, extremamente presa pela paixão de meu ocultamento, amo tanto que pudesse me esconder
tanto em Ti, que ninguém possa crer que eu existo mais, e Tu em troca queres que fale destas
coisas que tanto afligem teu amantíssimo coração e tão necessárias para a Igreja. Oh! meu Jesus,
fala-me de amor, e vai em busca de outras almas boas e santas para falar destas coisas tão úteis
para a Igreja”. E o bom Jesus disse:
(4) “Minha filha, também eu amava o ocultamento, mas cada coisa tem seu tempo, quando a honra
e a glória do Pai e o bem das almas o requereu, manifestei-me e fiz minha vida pública. Assim faço
com as almas, às vezes as tenho escondidas, outras vezes as manifesto, e tu deves ser indiferente
a tudo, querendo só o que Eu quero, é mais, te bendigo o coração, a boca, e falarei Eu em ti com
minha mesma boca e com minha mesma dor”.
(5) E assim me abençoou e desapareceu.
11-9
Março 3,1912
O temperamento de Jesus forma sua Vontade, e a alma que faz a Vontade de Deus toma
parte em todas as qualidades de seu temperamento.
(1) Continuando meu habitual estado, veio meu adorável Jesus e me disse:
(2) “Minha filha, quem faz minha Vontade perde seu temperamento e toma o meu, e como em
meu temperamento há tantas músicas que formam o paraíso dos bem-aventurados, isto é:
música é meu temperamento doce, música é a Bondade, música a Santidade, música a Beleza,
a Potência, A Sabedoria, a Imensidão, e assim de tudo o resto de meu Ser, então a alma
tomando parte em todas as qualidades de meu temperamento, recebe nela todas as variedades
destas músicas, e conforme vai fazendo ainda as menores ações, me faz uma música e Eu ao
ouvi-la conheço imediatamente que é música que a alma tomou de minha Vontade, isto é de
meu temperamento, e corro e vou ouvi-la, e me agrada tanto que fico recriado e ressarcido por
todas as afrontas que me fazem todas as demais criaturas. Minha filha, o que será quando estas
músicas passarem para o céu? A alma a porei diante de Mim, Eu farei minha música e ela a sua,
nos flecharemos reciprocamente, o som de um será o eco do som da outra, as harmonias se
confundirão, e com toda a clareza se conhecerá por todos os bem-aventurados que esta alma
não é outra coisa senão fruto do meu Querer, portento da minha Vontade, e todo o Céu por ela
gozará de um paraíso a mais. Estas são as almas às quais vou repetindo: “Se não tivesse criado
o Céu, por ti só o criaria”. Distendendo o céu de meu Querer nelas, e nelas faço minhas
verdadeiras imagens, nestes céus vou-me espalhando, divertindo-me e entretendo-me com
elas; a estes céus repito: “Se não tivesse ficado no Sacramento, por vocês eu ficaria”. Porque
elas são as minhas verdadeiras hóstias, e eu, assim como não poderia viver sem um Querer,
assim também não posso viver sem estes céus da minha vontade; aliás, não são só as minhas
verdadeiras hóstias, mas o meu calvário e a minha própria Vida. Estes céus de meu Querer são
me mais queridos e são mais privilegiados que os tabernáculos e que as mesmas hóstias
consagradas, porque na hóstia, com o consumir-se as espécies minha Vida termina, em troca
nestes céus de meu Querer minha Vida não termina jamais, antes me servem de hóstias na terra
e serão hóstias eternas no Céu. A estes céus do meu Querer acrescento: “Se não tivesse
encarnado no seio da minha Mãe, por estas almas ter-me-ia encarnado, por estas teria sofrido a
Paixão”. Porque nelas encontro o verdadeiro fruto completo da minha Encarnação e da minha
Paixão”.
12-9
Maio 12, 1917
Quem duvida do amor de Jesus o entristece.
(1) Não havendo vindo meu sempre amável Jesus e estando muito afligida, enquanto rezava
um pensamento voou em minha mente: “A ti não veio jamais o pensamento de que te poderias
perder?” Verdadeiramente jamais penso nisto, e fiquei um pouco surpreendida, mas o bom
Jesus que me vigia em tudo, logo se moveu em meu interior e me disse:
(2) “Minha filha, estas são verdadeiras estranhezas e que afligem muito ao meu amor. Se uma
filha diz a seu pai, não sou sua filha, não me dará parte de sua herança, não quer me dar o
alimento, não quer me ter em casa, e se aflige e por isso se lamenta, o que diria o pobre
pai? Estranha, esta filha é louca e com todo o amor lhe diria: “Então me diga, se não é minha
filha, de quem é filha? Você vive sob meu teto, come na mesma mesa, te visto com as moedas
ganhas com meus suores, se está doente te assisto e procuro os meios para te curar, por que
duvida então que é minha filha?” Com mais razão Eu diria a quem duvida de meu amor e temia
perder-se: “Como! Dou-te a minha carne por alimento, vives em tudo o que é meu, se estás
doente curo-te com os sacramentos, se estás manchada te lavo com o meu sangue, posso
dizer que estou quase à tua disposição, e tu duvidas? Quer me entristecer? Ou me diga então,
você ama a algum outro? Reconhece a outro ser por pai? Quem diz que não é minha filha?”
Mas se nada disto existe, por que queres afligir-te e entristecer-me, não bastam as amarguras
que me dão os demais, queres também tu pôr penas no meu coração?”
13-9
Julho 20, 1921
Semelhança entre a água e a Divina Vontade.
(1) Continuando meu habitual estado me sentia muito amarga e dizia entre mim: “Só seu Querer
me fica, não tenho nada mais, tudo desapareceu”. E meu doce Jesus movendo-se dentro de
mim me disse:
(2) “Minha filha, minha Vontade é a única coisa que deve ficar para você, Ela é simbolizada pela
água, que enquanto se vê abundante nos mares, nos rios, nos poços, no resto da terra se vê
como se a água não estivesse, no entanto não há ponto da terra que não esteja impregnado
pela água, não há edifícios nos quais a água não tenha sido o primeiro elemento para os
edificar, não há alimento no qual a água não tenha o seu lugar primário, de outra maneira seria
alimento árido que o homem nem sequer poderia deglutir. É tal e tal a força que contém a água,
que se tivesse o campo livre para sair do leito do mar, devastaria e abateria toda a terra. Mais
que água é minha Vontade; é verdade que em certos pontos, épocas e circunstâncias tem
estado como represa em vastíssimos mares, rios e poços, mas não há coisa, da maior à menor,
na qual minha Vontade não corra e não tenha o posto primário, mas como escondida, como
está escondida a água na terra, que embora não apareça, é ela que faz vegetar as plantas e dá
a vida às raízes. Mas quando meu amor fizer despontar a era de minha Vontade, a nova era do
máximo benefício sobre as criaturas, então transbordarão os mares, os rios de meu Querer, e
pondo fora suas ondas gigantescas atropelarão tudo em meu Querer, mas não mais como
escondido, mas suas ondas fragorosas se farão ver por todos e tocarão a todos, e quem quiser
resistir à corrente estará em perigo de perder sua vida.
(3) Agora, tendo ficado só meu Querer, é como a água que tem seu lugar primário sobre todos
os bens, e em todas as coisas, no Céu e na terra, e quando meu Querer sair de suas praias,
seu querer fundido no meu terá seu primado. O que mais queres?”
14-9
Março 3, 1922
O Agricultor Celestial semeia sua palavra.
(1) Continuando meu estado habitual, meu doce Jesus veio, mas sem me dizer nada, todo
taciturno e extremamente aflito, e eu disse:
(2) “O que tem Jesus que não fala? Você me é vida, sua palavra me é alimento, e eu não posso
estar em jejum, sou muito débil e sinto a necessidade contínua do alimento para crescer e me
manter forte”.
(3) E Jesus todo a bondade me disse: “Minha filha, também Eu sinto a necessidade de um
alimento, e depois de que te alimentei com minha palavra, essa mesma palavra mastigada por
ti, havendo-se convertido em sangue, germina o alimento para Mim, e se tu não podes estar em
jejum, tampouco Eu quero estar em jejum, Quero a correspondência da comida que te dei, e
depois volto para te alimentar. Sinto muita fome, em breve, tire-me a fome”.
(4) Eu fiquei confusa e não sabia o que lhe dar, porque nunca tive nada, mas Jesus com as
suas duas mãos tomava o meu coração, o meu fôlego, os meus pensamentos, os afetos, os
desejos, mudados em tantos globinhos de luz, e comia-os dizendo:
(5) “Isto é o fruto da minha palavra, é coisa minha, é justo que os coma”.
(6) Então ele parecia estar tomando um pouco de repouso, e então ele adicionou”.
(7) “Minha filha, agora convém que me ponha de novo ao trabalho, para trabalhar o terreno de
sua alma, para poder semear a semente de minha palavra para alimentá-la. Eu faço como o
camponês quando quer semear seu terreno, forma as valas, faz os sulcos e depois lança a
semente neles, logo volta a cobrir de terra as valas e os sulcos onde tem jogado a semente,
para tê-la defendida e dar-lhe tempo para fazê-la germinar, para recolher centuplicada para
fazer dela seu alimento, mas deve estar atento a não colocar muita terra, de outra maneira
sufocaria sua semente e a faria morrer debaixo da terra e ele correria o risco de ficar em jejum.
Assim faço Eu, preparo as valas, formo os sulcos, ampliando a capacidade de sua inteligência
para poder semear minha palavra divina, e assim poder formar o alimento para Mim e para ela,
depois cubro as valas e os sulcos de terra, e esta terra é a humildade, o nada, o aniquilamento
da alma, alguma pequena fraqueza ou miséria, isto é terra e é necessário que a tire dela,
porque a Mim me falta esta terra e assim cubro tudo e espero com alegria minha colheita.
Queres saber o que acontece quando a minha semente fica cheia de terra? Quando a alma
sente suas misérias, suas fraquezas, seu nada, e se aflige, pensa tanto nisto que perde o
tempo e o inimigo se serve disso para jogá-la na turbação, na desconfiança e no abatimento;
tudo isto é terra de mais sobre minha semente. ¡¡¡ Oh, como minha semente se sente
morrendo, como é difícil germinar sob esta terra! Muitas vezes essas almas cansam o Agricultor
Celestial e ele se retira. Oh! quantas dessas almas existem”.
(8) E eu: “Meu amor, sou eu uma dessas?”
(9) E Ele: “Não, não, quem faz minha Vontade não está sujeito a poder formar terra para
sufocar minha semente, aliás, muitas vezes não se encontra nem sequer a humildade, senão só
seu nada que produz pouca terra, e apenas uma capa posso pôr sobre minha semente, e o Sol
da minha Vontade a fecunda e logo germina, e Eu faço grandes colheitas e volto logo para
lançar minha semente, e podes estar segura disto, não vês como volto continuamente a semear
novas sementes de verdade em tua alma?”
(10) Agora, enquanto dizia isto, sobre o rosto de Jesus via-se uma tristeza, e tomando-me pela
mão transportou-me para fora de mim mesma e fez-me ver deputados e ministros, todos
transtornados e como se eles mesmos tivessem preparado um grande fogo, no qual ficavam
envoltos nas chamas; viam-se os chefes sectários, que cansados de esperar, de amaldiçoar
contra a Igreja, ou queriam ser deixados livres para iniciar lutas sangrentas contra Ela, ou se
queriam retirar de governar, viam-lhes faltar o piso debaixo de seus pés, tanto por finanças
como por outras coisas, e para não fazer o ridículo queriam retirar-se de governar o destino da
nação, mas quem pode dizer tudo? E Jesus, todo sofredor disse:
(11) “Terríveis, terríveis são os preparativos, querem fazer tudo sem Mim, mas tudo servirá para
confundi-los”.
15-9
Março 12, 1923
Privação de Jesus e efeitos que produz. Como Jesus sofreu o afastamento da Divindade.
(1) Sentia-me a morrer de pena pela privação de meu doce Jesus, e se vem o faz como relâmpago
que foge. Então, não podendo mais, e tendo ele compaixão de mim, saiu de dentro de mim, e eu,
quando o vi, lhe disse: “Meu amor, que pena, me sinto morrer sem Ti, mas morrer sem morrer, que
é a mais dura das mortes, eu não sei como a bondade de teu coração pode suportar me ver em
estado de morte contínua, só por tua causa”.
(2) E Jesus: “Minha filha, coragem, não te abatas demasiado, não estás sozinha em sofrer esta
pena, também Eu a sofri, como também minha querida Mãe, oh, quanto mais dura que a
tua! Quantas vezes minha gemente Humanidade, se bem que era inseparável da Divindade, mas
para dar lugar às expiações, às penas, sendo estas incapazes de tocá-la, Eu ficava só e a
Divindade como afastada de Mim. ¡ Oh! como sentia esta privação, mas isto era necessário. Tu
deves saber que quando a Divindade pôs fora a obra da Criação, pôs também fora toda a glória,
todos os bens e felicidade que cada uma das criaturas devia receber, não só nesta vida mas
também na pátria celestial. Agora, toda a parte que correspondia às almas perdidas ficava
suspensa, não tinha a quem dar-se, então Eu, devendo completar tudo e absorver tudo em Mim,
expus-me a sofrer a privação que os mesmos condenados sofrem no inferno. ¡ Oh, quanto me
custou esta pena! Me custou pena de inferno e morte impiedosa, mas era necessário. Devendo
absorver tudo em Mim, tudo o que saiu de Nós na Criação, toda a glória, todos os bens e
felicidade, para os fazer sair de Mim de novo, para os pôr à disposição de todos os que quisessem
tirar proveito deles, devia absorver todas as penas e a mesma privação de minha Divindade, agora,
todos estes bens absorvidos em Mim de toda a obra da Criação, sendo Eu a cabeça da qual todo
bem desce sobre todas as gerações, vou buscando almas que me assemelham nas penas, nas
obras, para poder participar tanta glória e felicidade que minha Humanidade contém, mas nem
todas as almas as querem aproveitar, nem todas estão vazias de si mesmas e das coisas daqui
abaixo para poder fazer-me conhecer e depois subtrair-me, e nestes vazios delas mesmas e do
conhecimento que adquiriram de Mim, formar esta pena de minha privação, e na privação que
sofre venha absorver nela esta glória de minha Humanidade que outros rechaçam. Se eu não
tivesse estado quase sempre contigo, tu não me terias conhecido nem amado, e esta dor da minha
privação não o sentirias nem poderia formar-se em ti, e em ti faltaria a semente e o alimento desta
dor. ¡ Oh! quantas almas estão privadas de Mim, e talvez ainda estejam mortas, elas doem se se
vêem privadas de um pequeno prazer, de uma bagatela qualquer, mas privadas de Mim não têm
nenhuma dor e nem sequer um pensamento, assim que esta dor deveria consolar-te, porque te dá
o sinal seguro de que vim a ti e que me conheceste, e que teu Jesus quer pôr em ti a glória, os
bens, a felicidade que os demais rejeitam”.
16-9
Julho 27, 1923
Jesus faz o depósito dos bens, efeitos, prodígios, conhecimentos que
contém sua Vontade numa criatura, para depois dá-los às demais.
(1) Esta manhã meu doce Jesus se fazia ver em modo maravilhoso, Ele estava de pé sobre meu
coração, tinha posto duas hastes sobre as quais tinha formado um arco, e no meio havia afixado
uma roda com duas cordas, uma à direita e outra à esquerda, e pendurada um balde; e Jesus com
toda a pressa fazia descer o balde no meu coração, tirava-o cheio de água e derramava-a no mundo,
tirava e derramava em modo tal de inundar a terra. Era deleitável ver a Jesus como afanar-se,
jorrar suor pelo trabalho que fazia ao tirar tanta água. Então pensei entre mim: “Como é que sai
tanta água do meu coração, se é tão Pequenino? E quando é que a pôs?” Então o bendito Jesus
fazia-me compreender que todo esse aparato não era outra coisa que sua Vontade, que com tanta
bondade havia operado em mim; a água que tirava eram todas as palavras e ensinamentos sobre
sua adorável Vontade, que como em depósito tinha posto no meu coração, que mais do que água,
querendo regar a Igreja para dar-lhe o conhecimento de sua Vontade, tirava-a para fazer que se
cumpra como Ele quer. E depois disse-me:
(2) “Minha filha, assim como fiz na Encarnação, em que primeiro depositei na minha querida
Mamãe todos os bens que convinham para descer do Céu à terra, depois me encarnei e fiz o depósito
de minha mesma Vida; e de minha Mamãe saiu este depósito como vida de todos, assim será da
minha Vontade, é necessário que faça o depósito dos bens, efeitos, prodígios, conhecimento que
contém, depois de feito o depósito em você, então se fará caminho e será dado às outras criaturas.
Por isso, olhe, tudo está preparado, o depósito está quase terminado, não resta outra coisa a não
ser dispor aos primeiros para fazê-lo conhecer, a fim de que não fique sem o seu fruto”.
17-9
Agosto 14, 1924
O obrado na Divina Vontade contém a potência criadora
O obrar de Jesus forma a coroa ao obrar das criaturas.
(1) Estava pensando entre mim: “Queria girar sempre em seu Querer Divino, queria ser como roda
de relógio que gira sempre sem parar jamais”. Mas enquanto isso eu pensava, meu doce Jesus se
moveu dentro de mim e me disse:.
(2) “Minha filha, você quer sempre girar em meu Querer? Oh! com que vontades e com que amor
quero que gires sempre em meu Querer, tua alma será a roda, minha Vontade te dará a corda para
te fazer girar velozmente sem deter jamais, tua intenção será o ponto de partida de aonde queres
ir, que caminho queres tomar, se ao passado ou bem no presente, ou queres deleitar-te nos
caminhos futuros, à tua livre escolha, sempre me serás amada e me dará sumo deleite qualquer
ponto de partida que tu tomes”..
(3) Depois acrescentou: “Filha amadíssima da minha Vontade, tudo o que se faz na minha Vontade
contém a potência criadora. Olhe, tudo o que fez minha Humanidade estando na terra, como tudo
foi feito na Vontade Suprema, tudo contém esta potência criadora, tanto, que assim como está um
sol sempre em ato, sempre pleno de luz e de calor, sem diminuir jamais, nem crescer em seu pleno
esplendor, tal como foi criado por Deus, assim tudo o que fiz, tudo está em ato, e como o sol é de
todos e de cada um, assim o meu agir, enquanto é um de todos e de cada um, na verdade, meus
pensamentos formam a coroa a cada inteligência criada, meus olhares, minhas palavras, minhas
obras, meus passos, meus batimentos, minhas penas, formam a coroa dos olhares, das palavras,
das obras, das penas, etc., etc., das criaturas, poderia dizer que como coroa estão a guarda de
tudo o que faz a criatura. Agora, se a criatura pensa em minha Vontade, a coroa de meus
pensamentos se abre e fecha nos meus pensamentos, e tomando parte na potência criadora,
fazem para Deus e para as criaturas o ofício de minha inteligência; assim se olhas, se falas, meus
olhares, minhas palavras formam o posto para receber as tuas e formando uma só coroa fazem o
ofício de meus olhares e de minhas palavras, e assim por diante. As almas que vivem em minha
Vontade são minhas verdadeiras repetidoras, minhas inseparáveis imagens reproduzidas nelas e
absorvidas de novo em Mim, para fazer com que tudo o que fazem fique com o selo de que são
obras minhas e continuem o meu mesmo ofício”.
18-9
Outubro 24, 1925
A Divina Vontade é um ato só, imenso e eterno que contém tudo junto: Criação, Redenção,
Santificação. Quem vive na Divina Vontade possui este ato sozinho e toma parte em todas
as suas obras, formando um ato só com o seu Deus.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado, sentia a meu doce Jesus mover-se em meu interior,
em ato de estender-se em mim, como se me pusesse em agonia; eu ouvia seu estertor de
agonizante e me sentia também eu agonizar junto com Ele. Depois de ter sofrido um pouco junto
com Jesus me disse:.
(2) “Minha filha, o pensar em minha Paixão, o compadecer-me em minhas penas me é muito grato,
sinto que não estou só em minhas penas, senão que tenho junto Comigo a companhia da criatura,
por causa da qual Eu sofro e a que amo tanto, e tendo-a junto Comigo o sofrer me faz mais doce. ¡
Como é duro o isolamento no sofrer! Quando me vejo sozinho não tenho a quem confiar minhas
penas, nem a quem dar o fruto que minhas penas contêm, e por isso fico como afogado de penas e
de amor, e por isso meu amor não podendo mais, venho a ti para sofrer em ti e tu sofres junto
Comigo as penas de minha Paixão em ato, para repetir o que Eu fiz e sofri em minha Humanidade.
O repetir minha Paixão em ato na criatura difere de quem só pensa e compadece minhas penas; o
primeiro é um ato de minha Vida que se põe em meu lugar para repetir minhas penas, e Eu sinto
dar-me de novo os efeitos, o valor de uma Vida Divina; Em vez disso, pensar nas minhas mágoas e
ter pena de mim, é apenas a companhia que sinto da criatura. Mas sabe você em quem posso
repetir minhas penas em ato de minha Paixão? Em quem está como centro de vida minha Vontade.
Só minha Vontade é um ato único, que não tem sucessão de atos; este ato único está como fixado
em um ponto que jamais se muda, este ponto é a eternidade, e enquanto é um ato só, é ato
primeiro, ato interminável, porém sua circunferência é tão imensa que nada lhe pode escapar,
abraça tudo e a todos com um só abraço, Então a Criação, a Redenção e a Santificação é um ato
único para a Divindade, e somente porque é um ato só tem a potência de fazer seus todos os atos
como se fossem um só. Agora, quem vive em minha Vontade possui este ato único, e não é
maravilha que tome parte nas penas de minha Paixão como em ato; neste ato único encontra como
em ato a seu Criador que cria a Criação, e ela, formando um ato só com seu Deus, cria junto com
Ele, correndo como um só ato em todas as coisas criadas, e forma a glória da Criação a seu
Criador; seu amor brilha sobre todas as coisas criadas, goza e toma prazer delas, as ama como
suas coisas e de seu Deus. Naquele ato só ela tem uma nota que faz eco a todo o obrar divino, e
diz em sua ênfase de amor: O que é teu é meu, e o que é meu é teu; sejam dados glória, Honra e
amor ao meu Criador. Neste ato só encontra em ato a Redenção, a faz toda sua, sofre minhas
penas como se fossem suas, corre em tudo o que Eu fiz, em minhas orações, em minhas obras,
em minhas palavras, em tudo tem uma nota de reparação, de compaixão, de amor e de
substituição à minha Vida’. Neste ato só encontra tudo, tudo o faz seu e por toda parte põe sua
correspondência de amor, por isso viver em minha Vontade é o prodígio dos prodígios, é o encanto
de Deus e de todo o Céu, porque vêem correr a pequenez da criatura em todas as coisas de seu
Criador, e como raio solar unido a este ato só se difunde por toda parte e em todos. Por isso te
recomendo que jamais, ainda que a custo de tua vida, saias deste ato só de minha Vontade, a fim
de que repita em ti como em ato, a Criação, Redenção e Santificação..
(3) Olhe, também a natureza contém a semelhança deste ato sozinho: Na atmosfera o sol tem um
ato único, desde que foi criado por Deus faz sempre um ato só, sua luz, seu calor estão tão
fundidos juntos que se tornam inseparáveis um do outro, e está sempre em ato, do alto, de mandar
luz e calor, e enquanto do alto não sabe fazer outra coisa que um só ato, a circunferência de sua
luz que desce ao baixo é tão grande, que abraça toda a terra, e com seu abraço produz
inumeráveis efeitos, constitui-se vida e glória de todas as coisas criadas. Em virtude deste ato
único tem virtude de encerrar em si cada planta, e fornece: a quem o desenvolvimento, a quem a
maturação dos frutos, a quem a doçura, a quem o perfume, se pode dizer que toda a terra mendiga
do sol a vida, e cada planta, mesmo o menor fio de grama implora do sol seu crescimento e cada
fruto que devem produzir, mas o sol não muda jamais ação, se gloria de fazer sempre um ato só..
(4) Também a natureza humana contém a semelhança de um ato único, e esta é contida pelo bater
do coração. Começa a vida humana com o bater do coração; este faz sempre um ato único, não
sabe fazer outra coisa senão bater, mas a virtude deste bater, os efeitos, são inumeráveis sobre a
vida humana: Conforme bate e a cada batimento faz circular o sangue nos membros, até nas
partes extremas, e conforme bate dá força aos pés para andar, às mãos para trabalhar, à boca
para falar, à mente para pensar; fornece o calor e a força a toda a pessoa, tudo depende do
batimento cardíaco, assim é verdade, que se o batimento cardíaco é um pouco fraco perde-se a
energia, as vontades de agir; a inteligência diminui, enche-se de dores e chega um mal-estar geral;
e se cessa o batimento cardíaco cessa a vida. O poder de um único ato continuamente repetido é
grande, muito mais o ato único de um Deus Eterno, que tem a virtude de fazer tudo com um único
ato. Por isso nem o passado nem o futuro existem neste ato, e quem vive em minha Vontade se
encontra já neste ato único, e assim como o coração faz sempre um batimento na natureza
humana, que se constitui vida dela, assim minha Vontade no fundo da alma pulsa continuamente,
mas com um batimento único, e à medida que bate lhe dá a beleza, a santidade, a força, o amor, a
bondade, a sabedoria. Esta batida encerra Céu e terra, é como circulação de sangue, como
circunferência de luz se encontra nos pontos mais altos e nas partes mais extremas. Onde este ato
único, este bater da alma tem pleno vigor e reina completamente, é um prodígio continuado, é o
prodígio que só um Deus sabe fazer e por isso se descobrem na alma novos céus, novos abismos
de graças, verdades surpreendentes. Mas se lhe perguntarem, de onde tanto bem? “Responderia
unida com o sol, junto com o batimento humano e com o ato só do Deus eterno: Faço uma só
coisa, faço sempre a Vontade de Deus e vivo nela, este é todo meu segredo e toda minha fortuna”.
(5) Dito isto desapareceu, mas depois encontrei-me fora de mim mesma com o menino Jesus nos
braços. Estava tão pálido e tremia todo, com os lábios lívidos, frio e tão abatido que dava piedade;
parecia-me que se tinha refugiado em meus braços para ser defendido. Eu apertei-o no meu
coração para aquecê-lo, pegava suas mãozinhas e seus pezinhos em minhas mãos, apertava-os
para que não tremesse, beijava-o e voltava a beijá-lo, dizia-lhe que o amava muito, muito, e
enquanto fazia isto ia recuperando sua cor, Parava de tremer, reagia tudo e se estreitava a mim.
Mas enquanto eu acreditava que ficaria sempre comigo, com surpresa vi que pouco a pouco descia
de meus joelhos, eu gritei, puxando-o com o braço: “Jesus, aonde vais? Como, me deixa?”.
(6) E Ele: “Devo ir”.
(7) E eu: “Quando voltas?”.
(8) E Jesus: “Daqui a três anos”..
(9) E tomou o caminho para se afastar. Mas quem pode dizer minha dor? Repetia entre mim, entre
as lágrimas e chocada: “Daqui a três anos voltarei a vê-lo, ó Deus! Como farei?” Mas era tanto a
dor que quase perdi o sentido e não compreendi mais nada; mas enquanto estava nisto, quando
abri os olhos vi que Jesus havia dado a volta e subia por meu outro joelho, e pouco a pouco se
aconchegava em meu regaço e com suas mãozinhas me acariciava, me beijava e me repetia:.
(10) “Acalma-te, acalma-te, que não te deixo”.
(11) E conforme me dizia não te deixo, eu me sentia recobrar, dar-me novamente a vida, e me
encontrei em mim mesma, mas com tal temor, que me sentia morrer..
+ + + +
19-9
Março 31, 1926
Quem vive na Vontade de Deus deve possuir o que
a Ela pertence. A alma que vive na Divina Vontade,
deve fazer a Vontade de Deus como a faz Deus.
(1) Minha pobre mente se perdia no Divino Querer, e uma luz interminável invadia o pequeno cerco
de minha inteligência, e enquanto esta luz me parecia como concentrada em minha mente, se
expandia fora, enchia toda a atmosfera e penetrando até os Céus me parecia como concentrada na
Divindade; mas quem pode dizer o que sentia e compreendia estando naquela luz? Sentia-se a
plenitude da felicidade, nada podia penetrar naquela luz que pudesse obscurecer a alegria, a
beleza, a força e a penetração dos segredos divinos, e o conhecimento dos segredos supremos.
Então meu sempre amável Jesus, enquanto eu nadava naquela luz me disse:.
(2) “Minha filha, esta luz, este lugar tão encantador que não conhece nem ocaso nem noite é minha
Vontade, tudo está completo nela, felicidade, força, beleza, conhecimento do Ser Supremo, etc.
Esta luz interminável que é nossa Vontade, saiu do seio da Divindade como herança do homem, a
mais bela herança que podíamos dar-lhe; Ela saiu do íntimo de nosso seio, levando Consigo parte
de todos nossos bens para fazê-los herdar pela criatura, e formá-la toda bela e santa e à
semelhança d’Aquele que a criou. Veja então minha filha o que significa fazer e viver em minha
Vontade, não há bem que exista no Céu e na terra que Ela não possua, quero que você os
conheça, de outra maneira como pode amá-los, possuí-los e te servir deles nas diversas
circunstâncias se você não os conhece? Se não sabes que tens uma força divina à tua disposição,
por nada te abaterias; se não sabes que possuis uma beleza divina, não terias o valor de estar
Comigo ao familiar, sentir-te-ias diferente de Mim e não terias a audácia de me arrebatar que o Fiat
venha reinar sobre a terra; se não soubesses que tudo o que criei é teu, não me amarias em todas
as coisas e não terias a plenitude do verdadeiro amor; e assim de todas as outras coisas. Se tu não
conheces todos os bens que possui a minha Vontade, que não há coisa que não pertença a Ela e
que tu deves possuir, suceder-te-ia como a um pobre que lhe fosse dado um milhão, mas sem lhe
fazer conhecer que em sua pequena cova lhe foi posta aquela soma de dinheiro; pobrezinho, como
não conhece o bem que possui, continua sua vida pobre, mal comendo, vestido andrajosamente e
bebendo a goles as amarguras de sua pobreza; mas se em troca o conhece muda sua fortuna,
muda sua cova em um palácio, se alimenta abundantemente, Veste-se com decência e bebe os
doces goles de sua riqueza. Portanto, por quantos bens alguém pode possuir, se não os conhece,
é como se não os tivesse; eis a causa de por que muitas vezes aumento a tua capacidade, e te dou
outros conhecimentos sobre a minha Vontade, e te faço conhecer tudo o que a Ela pertence, para
que não possuas apenas a minha Vontade, mas tudo o que lhe pertence. Por outro lado, meu
Supremo Querer para vir a reinar na alma quer encontrar seus bens, seus domínios, e a alma deve
torná-los seus, para que, vindo a reinar nela, encontre os seus próprios domínios onde possa
estender o seu regime, o seu comando, e se não encontrar Céu e Terra na alma, sobre que deve
reinar? “Eis a necessidade pela qual o meu Querer quer concentrar em ti todos os bens e tu deves
conhecê-los, amá-los e possuí-los, a fim de que estando em ti possa encontrar o seu reino,
dominá-lo e governá-lo”.
(3) Depois estava pensando no que Jesus me havia dito, e mais que nunca via minha pequenez e
dizia entre mim: “Como posso eu concentrar tudo o que o Querer Divino contém? Parece-me que
quanto mais diz, menor me torno e mais incapaz me sinto, então, como pode ser isto?” E Jesus
retornando adicionou:.
(4) “Minha filha, tu deves saber que minha Mãe Celestial pôde conceber a Mim, Verbo Eterno, em
seu seio purissimo, porque fez a Vontade de Deus como a fazia Deus. Todas as demais
prerrogativas que possuía, como são, virgindade, concepção sem mancha original, santidade,
mares de graça que possuía, não eram meios suficientes para poder conceber um Deus, porque
todas estas prerrogativas não lhe davam nem a Imensidão, nem a onividência para poder conceber
um Deus imenso que tudo vê, muito menos a fecundidade para poder concebê-lo; em suma, teria
faltado o germe para a fecundidade divina. Ao contrário, com possuir o Supremo Querer como vida
própria, e com o fazer a Vontade de Deus como a fazia Deus, recebeu o germe da fecundidade
divina, e com isso a Imensidão, a Onividência, e por isso em modo conatural pude me conceber
nela, não me faltava nem a Imensidão, nem tudo o que a meu Ser pertence. Agora minha filha,
também para você será como conatural a concentração de tudo o que a minha Vontade pertence
se chegar a fazer a Divina Vontade como a faz o mesmo Deus. A Vontade de Deus em ti e aquela
que reina em Deus mesmo será uma só, que maravilha então se tudo o que é de Deus e que esta
Vontade rege, conserva e domina, seja também teu? Pelo contrário, o que é necessário é que
conheça o que a Ela pertence, a fim de que possa amar os bens que possui, e amando-os adquira
o direito de posse. Este fazer a Vontade de Deus como a faz Deus, foi o ponto mais alto, mais
substancioso, mais necessário para minha Mãe para obter o suspirado Redentor, todas as outras
prerrogativas foram a parte superficial, a decência, o decoro que a Ela convinha. Assim é para ti, se
queres obter o suspirado Fiat deves chegar a isto de fazer a Vontade de Deus como a faz Deus”.
20-9
Outubro 12, 1926
O que significa ser filha primogênita da Vontade Divina. Jesus se sente atraído pela Vontade
Divina a visitar a alma e a dispõe a tratar com Ele.
(1) Sentia-me imersa no mar da dor da privação de meu sumo Bem Jesus, e por quanto o chamava
girando por céu e terra, não me era dado encontrar Aquele por quem tanto suspirava, e por isso as
águas da dor crescendo sempre mais, me afogavam de penas e de dor, mas daquela dor que só
Jesus pode dar e sabe dar a um pobre e pequeno coração que ama, e porque é pequeno não pode
sustentar toda a imensidão das águas amargas da dor de sua privação, e por isso ficou sufocada e
oprimida esperando Aquele que tanto anseio e suspiro. Então, enquanto me encontrava toda
oprimida, o meu sempre amável Jesus fazia-se ver dentro de mim, no meio de uma nuvem de luz e
disse-me:
(2) “Filha primogênita da minha Vontade, por que estás tão oprimida? Se você pensa em sua
grande fortuna sua opressão irá embora de você. Você sabe o que significa filha primogênita de
minha Vontade? Significa primeira filha no amor de nosso Pai Celestial, e primeira de todos em ser
amada; significa primeira filha da graça, da luz, primeira filha da glória, primeira filha possuidora
das riquezas de seu Divino Pai, primeira filha da Criação. Como filha primogênita do Supremo
Querer contém todos os vínculos, todas as relações, todos os direitos que convêm a uma filha
primogênita: Vínculos de filiação, relações de comunicação com todas as disposições de seu
Celestial Pai, direitos de posse de todos os seus bens. Mas isto não é tudo, sabe você o que
significa primeira filha saída de minha Vontade? Significa não só ser primeira no amor e em todas
as coisas do seu Criador, mas encerrar em si todo o amor e todos os bens dos outros filhos, de
modo que se os outros possuirão cada um a sua parte, ela como primogênita possuirá tudo junto
os bens dos outros, e isto com direito e com justiça, porque como primogênita, a minha Vontade a
ela confiou tudo, tudo doou, por isso nela se encontra a origem de todas as coisas, a causa pela
qual foi criada a Criação, a finalidade pela qual saiu em campo a ação e o amor Divino. Causa
primária de todo o agir de um Deus foi quem devia ser filha primogênita de nossa Vontade,
portanto, dela, como consequência, derivam todos os bens, dela partem e a ela regressam. Olhe
então como é afortunada, tu não podes compreender completamente o que significa ter a primazia
no amor e em todas as coisas do teu Criador”.
(3) Então, quando ouvi isto, disse-lhe: “Meu amor, que dizes? E, além disso, em que me aproveita
tanta fortuna que Tu dizes quando me privas de Ti? Todos os bens me convertem em amarguras
sem Ti, e além disso, já te disse tantas vezes, que só a Ti quero, porque Tu me bastas por tudo, e
se tudo tivesse sem Ti, tudo me transforma em martírio e em dor indescritível. O amor, a graça, a
luz, a Criação toda me falam de Ti, fazem-me conhecer quem és Tu, e não te encontrando dou em
delírio, em ânsias mortais, por isso a primazia, a primogenitura, dá-las a quem queira, a mim não
me interessam, se queres fazer-me feliz fica sozinho comigo e isto basta-me”. E Jesus
acrescentou:
(4) “Minha filha, não devo bastar-te só Eu, nem quero que digas que todo o resto não te interessa,
não, não, se não me basta a Mim dar-te só a Mim, senão que te dou também todas as minhas
coisas, se me interessa a Mim que a primazia, que a filha primogênita sejas tu, deve interessar-te
também a ti, e você não sabe que minha frequência é porque você é minha filha primogênita? Não
sabes tu que Adão até que se manteve como filho primogênito de minha Vontade, e por
consequência tinha a primazia sobre tudo, Eu o visitava frequentemente? Minha Vontade reinante
nele lhe fornecia todos os modos necessários para entreter-se Comigo como filho que forma a
consolação de seu Pai, assim que Eu falava com ele como a um filho, e ele Comigo como a seu
Pai, mas assim que se subtraiu de minha Vontade perdeu a primazia, a primogenitura e junto com
isso perdeu todos meus bens, já não sentia nele a força de sustentar minha presença, nem Eu me
sentia atraído por uma força e Vontade Divina para ir a ele, por isso todos os seus vínculos comigo
ficaram despedaçados, por direito já nada lhe tocava, e não pode mais me ver revelado, senão
entre raios e eclipsado em minha luz, naquela luz de minha Vontade que ele tinha rejeitado. Agora,
você não sabe que a primazia que perdeu Adão como filho primogênito de minha Vontade passou
a você, e que Eu devo encerrar em você todos os bens que devia encerrar nele se não se
houvesse subtraído de minha Vontade? Por isso te vejo como a primeira criatura que saiu de
nossas mãos, porque quem vive em minha Vontade é sempre a primeira diante de seu Criador, e
apesar de que no tempo tenha nascido depois, isto diz nada, em nosso Querer é sempre primeira
quem não fez nenhuma saída de dentro d‟Ele. Olha então como tudo deve interessar-te, a minha
vinda é a força irresistível da minha Vontade que te atrai a Mim e te dispõe. Por isso quero suma
gratidão por sua grande fortuna de ser a filha primogênita da minha Vontade”.
(5) Eu não sabia o que responder, fiquei confusa e no íntimo da minha alma dizia: “Fiat, Fiat”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade