12-1
Março 16, 1917
Como a união estreita entre a alma e Deus nunca se rompe.
(1) Continua meu estado habitual, e meu sempre amável Jesus, apenas como relâmpago e à corrida se faz ver, e se me lamento me diz:
(2)”Minha filha, minha filha, pobre filha, se soubesses que aconteceria você sofreria muito, e Eu para não te fazer sofrer tanto, trato de fugir”.
(3) E voltando a lamentar-me ao dizer-lhe: “Minha vida, não o esperava de Ti, Tu que parecia que não podias nem sabias estar sem mim, e agora passa horas e horas, e alguma vez parece que queres deixar passar também o dia inteiro. Jesus, não faça isso comigo, como você mudou”. E Jesus surpreende-me e diz-me:
(4) “Acalma-te, acalma-te, não mudei, Eu sou imutável, mas digo-te que quando me comunico à alma, a tenho estreitada Comigo, lhe falo, desabafo o meu amor, isto não se rompe jamais entre a alma e Eu, posso mudar o modo, ora de um modo, ora em outro, mas sempre vou inventando como falar e desabafar com ela em amor. Não vês que se não te disse nada de manhã, estou à espera da noite para te dizer uma palavra? E quando os demais lêem as aplicações da minha Paixão, estando em ti, Eu me derramo até a borda de tua alma e te falo de minhas coisas mais íntimas que até agora não tinha manifestado, e como a alma deve seguir-me naquele meu agir; aquelas aplicações serão o espelho da minha Vida interior, e quem nela olhar, copiará em si a minha própria Vida, oh! como revelam meu amor, a sede das almas, e em cada uma das fibras de meu coração, em cada respiro meu, pensamento, etc., por isso Eu te falo mais que nunca, mas apenas termino me escondo, e você não me vendo me diz que mudei, mas digo-te que quando não queres repetir com a tua voz o que te digo no teu interior, tu impedes o meu desabafo de amor”.
13-1
Maio 1, 1921
A vontade humana faz surgir a diferença entre Criador e criatura.
(1) Continuando o meu habitual estado, encontrei-me fora de mim mesma no meio de uma multidão de pessoas, e estava também a Mãe Rainha, que falava àquela gente e chorava, tanto que, tendo um ramo de rosas no seu regaço, as banhava com suas lágrimas; eu não entendia nada do que dizia, só via que as pessoas queriam fazer tumultos, e a Celestial Mamãe lhes pedia que se acalmassem. Depois tomou uma rosa e apontando-me entre tanta gente a deu- me, eu a olhei, e a rosa estava adornada com as lágrimas de minha querida Mamãe, e essas lágrimas me convidavam a implorar pela paz dos povos.
(2) Depois encontrei-me com o meu doce Jesus, e pedi-lhe pela paz dos povos, e Ele atraiu-
me a Si falou-me da sua Santíssima Vontade, dizendo-me:
(3) “Minha filha, minha Vontade contém a potência criadora, e assim como minha Vontade deu
vida a todas as coisas, assim também tem o poder para destruí-las. Agora, a alma que vive
em meu Querer tem também o poder de dar vida ao bem e morte ao mal, em sua imensidão se encontra no passado, e onde há vazios de minha glória, ofensas não reparadas, amor que não me foi dado, ela enche os vazios de minha glória, faz-me as reparações mais belas e dá-me amor por todos. No meu Querer se difunde ao presente, se estende aos séculos futuros, e
por toda parte e por todos me dá o que a Criação me deve. Eu sinto na alma que vive em meu querer o eco de meu poder, de meu amor, de minha santidade; em todos os meus atos ouço o eco dos seus, corre em qualquer lugar, diante, atrás e até dentro de mim; onde quer que está o meu querer está o seu, conforme se multiplicam os meus atos assim se multiplicam os seus.
Só a vontade humana põe a desarmonia entre criatura e Criador, um só ato de vontade humana põe a desordem entre o céu e a terra, lança a dessemelhança entre Criador e criatura; ao contrário, para quem vive em meu Querer tudo é harmonia, suas coisas e as minhas harmonizam juntas, Eu estou com ela na terra e ela está Comigo no Céu; um é o interesse, uma é a vida, uma é a Vontade. Olha a Criação, porque em nada se afastou de minha
Vontade, o céu é sempre azul e estrelado, o sol está cheio de luz e calor, toda a Criação está em perfeita harmonia, uma coisa é sustento da outra, é sempre bela, fresca, jovem, jamais envelhece nem perde um traço de sua beleza, mas bem parece que cada dia surge mais majestosa, dando um doce encanto a todas as criaturas. Tal teria sido o homem se não tivesse se subtraído de meu
Querer, e assim são as almas que vivem nele, são os novos céus, os novos sóis, a nova terra toda florida, mais multiformes em beleza e em encanto”.
14-1
Fevereiro 4, 1922
O amor errante e rejeitado dá em soluços de pranto.
(1) Encontrando-me em meu habitual estado, meu sempre amável Jesus se fazia ver todo aflito, seu respiro era fogo, e me estreitando a Ele me disse:
(2) “Minha filha, quero um refrigério às minhas chamas, quero desafogar meu amor, mas meu amor é rejeitado pelas criaturas. Tu deves saber que Eu ao criar o homem, pus fora de dentro de minha Divindade, uma quantidade de amor que devia servir como vida primária das criaturas para enriquecer-se, para sustentar-se, para fortalecer-se, e para ajuda em todas suas necessidades; mas o homem rechaça este amor, e o meu amor vagueia desde que o homem foi criado e gira sempre sem jamais parar, e rejeitado por um corre a algum outro para dar-se, e como é rejeitado rompe em pranto, assim que a incorrespondência forma o pranto do amor. Agora, enquanto o meu amor vagueia e corre para se dar, se vê um fraco, pobre, rompe em pranto e lhe diz: “Ai! Se não me fizesses andar por aí e me tivesses dado abrigo no teu coração, terias estado forte e nada te faltaria”. Se vir outro a levar com as culpas, parte-se em soluços e diz: “Ai! se me tivesses dado entrada em teu coração não terias caído”.
Diante daquele outro que vê arrastado pelas paixões, sujo de terra, o amor chora e soluçando lhe repete: “Ai! se tivesse tomado meu amor, as paixões não teriam vida em você, a terra não te tocaria, meu amor te bastaria para tudo”. Assim, em cada mal do homem, pequeno ou grande, ele tem um soluço e continua errante para dar-se ao homem, e quando no jardim do Getsémani
se apresentaram todos os pecados diante de minha humanidade, cada culpa tinha um soluço de meu amor, e todas as penas de minha Paixão, cada golpe de flagelo, cada espinho, cada chaga, eram acompanhados pelo soluço do meu amor, porque se o homem me tivesse amado, nenhum mal lhe podia vir; a falta de amor germinara todos os males e também as minhas mesmas penas.
(3) Eu, ao criar o homem fiz como um rei, que querendo fazer feliz seu reino toma um milhão e o põe à disposição de todos, para que quem queira tomar, mas apesar de estar à disposição de todos, só algum toma alguns centavos. Agora, o rei está ansioso para saber se os povos tomam o bem que quer dar-lhes, e pergunta se seu milhão se esgotou para colocar outros milhões, e
lhe vem respondido: “Majestade, apenas algum centavo”. O rei sente dor ao ouvir que seu povo não recebe seus dons nem os aprecia. Então, saindo no meio dos seus súditos, começa a ver a quem coberto de farrapos, a quem enfermo, a quem em jejum, a quem tremendo de frio, a quem sem teto, e o rei em sua dor rompe em prantos e soluços e diz:
¨Ah! Se tivessem tomado do meu dinheiro, não veria ninguém que me fizesse imundo, cobertos de trapos, mas bem vestidos; não veria enfermos, mas sãos; não veria ninguém em jejum e quase morto de fome; mas satisfeitos; se tivessem tomado meu dinheiro nenhum estaria sem teto, poderiam muito
bem construir uma casa para se abrigar”. Em suma, em cada desventura que vê em seu reino ele tem uma dor, uma lágrima, e chora sobre o milhão que a ingratidão do povo lhe rechaça.
Mas é tanta a bondade deste rei, que apesar de tanta ingratidão não retira esse milhão, continua deixando-o à disposição de todos, esperando que outras gerações possam tomar o bem que os outros rejeitaram, e assim receber a glória do bem que fez a seu reino. Assim faço Eu, meu amor que tirei de meu seio não o retirarei, continuará indo errante, seu soluço durará ainda, até que encontre almas que tomem deste meu amor até o último centavo, a fim de que
cesse o meu pranto e possa receber a glória do dote do amor que pus fora para o bem das criaturas. Mas você sabe quem serão as afortunadas que farão cessar o pranto ao amor? As almas que viverão em meu Querer, elas tomarão todo o amor rejeitado pelas outras gerações, com a potência de minha Vontade criadora o multiplicarão quanto queiram e por quantas criaturas me rejeitaram, e então cessará seu soluço, e em seu lugar entrará o sorriso da alegria, e o amor satisfeito dará a essas afortunadas todos os bens, e a felicidade que as demais não quiseram”.
15-2
Dezembro 21, 1922
Privação de Jesus e penas da alma.
(1) Sentia-me toda afligida pela privação de meu adorável Jesus, mas bem me sentia torturada, meu pobre coração agonizava e se debatia entre a vida e a morte e enquanto parecia que morria, uma força oculta o fazia ressurgir para continuar sua amarguíssima agonia. Oh! privação de meu Jesus, como é impiedosa e cruel, a mesma morte seria um nada diante de você, pois a morte não faz outra coisa que levar à vida eterna, em troca a privação faz fugir a mesma vida. Mas tudo isso era nada ainda, minha pobre alma enquanto queria a minha vida, a mim tudo, deixava meu corpo para encontrá-lo ao menos fora de mim, mas em vão, melhor me encontrava numa imensidão, da qual a profundidade, a grandeza, a altura, não se descobria o termo; Fixava meus olhares por toda parte naquele grande vazio, quem sabe se ao menos pudesse vê-lo de longe para tomar o vôo e me jogar em seus braços, mas tudo era inútil, temia me precipitar naquele grande vazio, e sem Jesus, para onde teria ido?
O que teria sido de mim? Tremia, gritava, chorava, mas sem encontrar
piedade; teria querido retornar ao meu corpo, mas uma força oculta me impedia. Meu estado era horrível, porque a alma encontrando-se fora de mim mesma se precipitou para seu Deus como para seu centro, mais veloz que uma pedra quando se desprende do alto e cai até o centro da terra, não é da natureza da pedra ficar suspensa e busca a terra como apoio e repouso; assim, não é natureza da alma sair de si mesma e não precipitar-se no centro do qual saiu; esta pena dá tal espanto, temor, dor, que poderia chamá-la pena de inferno. Pobres almas sem Deus, como, como fazem? Que pena será para elas a perda de Deus? Ah! Meu Jesus, não permitas que nenhum, nenhum te perca”.
(2) Agora, estando neste estado tão doloroso me encontrei em mim mesma e meu doce Jesus estendendo um braço me cercou o pescoço, logo fez ver que tinha em seus braços uma pequena menina, mas de uma pequenez extrema; a menina agonizava e enquanto parecia que morria, Jesus agora lhe dava seu alento, agora lhe dava um pequeno gole, agora a apertava a seu coração, e a pobre pequenina voltava de novo à agonia, mas nem morria nem saía de seu estado agonizante. Jesus era todo atenção, vigiava-a, assistia-a, sustentava-a, não perdia nenhum movimento desta criança agonizante. Eu sentia como repercutir no fundo de meu coração todas as penas daquela pobre pequena, e Jesus me olhando me disse:
(3) “Minha filha, esta pequena menina é sua alma. Olha quanto te amo, com quantos cuidados te assisto, te mantenho em vida com os sorvos de minha Vontade, meu Querer te apequenece, te faz morrer e ressurgir, mas não temas, porque jamais te deixarei, meus braços te terão sempre
apertada a meu seio”.
16-1
Julho 15, 1923
A Divina Vontade é princípio, meio e fim de toda virtude e deve ser coroa de tudo, e cumprimento da glória de Deus por parte da criatura.
(1) Estava rezando fundindo-me toda na Santíssima Vontade de Deus, mas tinha em minha mente alguma dúvida acerca de tudo o que o meu doce Jesus me vai dizendo sobre este Santíssimo Querer, e Ele, estreitando-me a Si, com uma luz que lançava na mente disse-me:
(2) “Minha filha, a minha vontade é princípio, meio e fim de toda virtude; sem o germe de minha Vontade não pode ser dado o nome de verdadeira virtude, Ela é como a semente para a planta, que depois de que aprofundou suas raízes debaixo da terra, quanto mais profundas são, tanto mais alto se forma a árvore que a semente contém. Assim que primeiro está a semente, esta forma as
raízes, as raízes têm a força de fazer brotar de debaixo da terra a planta, e conforme se vão aprofundando as raízes assim se formam os ramos, que vão crescendo tão alto, de formar uma bela coroa, e esta formará a glória da árvore, que dará frutos abundantes formará a utilidade e a glória daquele que semeou a semente. Esta é a imagem de minha Igreja: a semente é minha
vontade, na qual nasceu e cresceu, mas para que cresça a árvore se necessita o tempo, e para dar fruto em algumas árvores é necessário a duração de séculos; quanto mais preciosa é a planta tanto mais tempo é necessário. Assim a árvore de minha Vontade, sendo a mais preciosa, a mais nobre e divina, a mais alta, necessitava do tempo para fazer crescer e fazer conhecer seus frutos, assim que a Igreja conheceu a semente, e não há santidade sem ela; depois conheceu os galhos, mas sempre em torno desta árvore girou; agora devem conhecer os frutos para nutrir-se deles e gozá-los, e esta será toda minha glória, minha coroa, e de todas as virtudes e de toda a Igreja.
Agora, por que te maravilhas de que em vez de manifestar primeiro os frutos de meu Querer, os manifestei a ti depois de tantos séculos? Se a árvore ainda não se tinha formado, como podia fazer conhecer os frutos?
Todas as coisas são assim: Se se deve fazer um rei, não se coroa primeiro o
rei se antes não se forma o reino, o exército, os ministros, o palácio real, e ao último se coroa; e se quisesse coroar ao rei sem formar o reino, o exército, etc., seria um rei de mentira. Agora, minha Vontade devia ser coroa de tudo, cumprimento de minha glória por parte das criaturas, porque só em minha Vontade pode ser dito: Tudo eu já cumpri. E Eu, encontrando nela cumprido tudo o que quero, não só a faço conhecer os frutos, senão que a nutro e a faço chegar a tal altura de superar todos; eis por que amo tanto e tenho tanto interesse em que os frutos, os efeitos, os bens imensos que há em meu Querer, e o grande bem que a alma recebe com viver Nele sejam conhecidos, pois se não se conhecem, como se pode deseja-los?
Muito menos podem alimentar-se com eles, e se Eu não fizesse conhecer o viver em meu Querer, que coisa significa, os valores que contém,faltaria a coroa à Criação, às virtudes, e minha obra seria uma obra sem coroa.
Então vê o quão necessário é que tudo o que te disse sobre meu querer saia fora e seja conhecido, e também a razão pela qual tanto te incito a ti, e porque a ti te parece que te faço sair da ordem que tive com os outros, fazendo conhecer isto e as graças a eles feitas depois de sua morte, e em troca contigo
permito que ainda em vida, o que eu lhe disse sobre o meu Querer seja conhecido. Se não for conhecido não será nem apreciado ou amado, o conhecimento será como o adubo à árvore, que fará amadurecer os frutos dos quais, bem maduros se alimentarão as criaturas. Qual não será o meu contentamento e o teu?”
17-1
Junho 10, 1924
Quem vive na Divina Vontade tudo deve encerrar em si. A Divina Vontade é princípio, meio e fim do homem.
(1) Esta manhã tendo recebido a Santa Comunhão, segundo o meu costume estava dizendo ao meu querido Jesus:.
(2) “Doce vida minha, não quero estar sozinha ao estar Contigo, mas quero a tudo e a todos junto comigo, e não só quero a coroa de todos os teus filhos, mas também a coroa de todas as coisas criadas por Ti, que juntamente comigo na interminabilidade da tua Santíssima Vontade, onde eu tudo encontro, prostrados a teus pés todos juntos te adoremos, te agradeçamos, te bendigamos”..
(3) E enquanto dizia isto, via como todas as coisas criadas corriam para fazer coroa a Jesus, para dar-lhe cada uma sua homenagem, e eu acrescentei:
(4) “Olha meu amor como são belas suas obras, como o sol fazendo de seus raios braços, enquanto se prostra para te adorar, sobe a Ti para te abraçar e te beijar; como as estrelas, fazendo-te coroa te sorriem com seu doce cintilar e te dizem: o Grande es Tu, Te damos glória por todos os séculos dos séculos’; como o mar corre e com seu amoroso murmúrio, como tantas vozes argentinas te diz: Graças infinitas a nosso Criador’. E eu junto com o sol te abraço e te beijo, com as estrelas te reconheço e te glorifico, com o mar te agradeço”..
(5) Mas quem pode dizer tudo o que eu dizia chamando todas as coisas criadas ao redor de Jesus?
Se eu quisesse dizer tudo seria muito longo, me parecia que cada coisa criada tivesse um ofício distinto para poder oferecer sua homenagem a seu Criador. Agora, enquanto fazia isto pensava entre mim que perdia o tempo, e que não era este o agradecimento que devia fazer-se a Jesus depois da Comunhão e o disse a Jesus, e Ele todo bondade me disse:.
(6) “Minha filha, minha Vontade contém tudo, e a quem nela vive não deve escapar nada de tudo o que me pertence, mas bem que se lhe escape uma só coisa para dizer que não me dá toda a honra e a glória que minha Vontade contém, portanto não se pode dizer que sua vida seja completa nela,
nem me dá a correspondência por tudo o que meu Querer lhe deu, porque tudo dei a quem vive na minha vontade, e vou ter com eles como que em triunfo sobre as asas das minhas obras, para lhes dar a nova correspondência do meu amor, e eles devem vir pelo mesmo caminho para me darem a
nova correspondência deles. Não seria agradável para ti, se tivesses feito muitas belas e variadas obras, e uma pessoa amada por ti, para te dar gosto as colocas ao redor, e fazendo-as ver uma por uma te dissesse: Olha, estas são obras tuas, como é bela esta, como é artística esta outra, e na terceira quanta maestria, e na quarta quanta variedade de cores, que encanto nesta outra? Que alegria não sentirias, que glória para ti? Assim é para Mim, muito mais que quem vive em minha Vontade, devendo concentrar tudo nela, deve ser como o batimento de toda a Criação, que palpitando todas as coisas nela em virtude de meu Querer, deve formar um só batimento para dar- me nesse batimento os batimentos de todos e de tudo, levar-me a glória e o amor de todas as coisas criadas por Mim. Eu devo encontrar na alma na qual reina minha Vontade a todos, para que ela, contendo tudo, possa dar-me tudo o que os outros deveriam dar-me. Minha filha, viver em meu Querer é muito diferente das outras santidades, e por isso até agora não se encontrou o modo nem
os verdadeiros ensinamentos de viver nele, pode-se dizer que as demais santidades são as sombras de minha Vida Divina, em troca esta é a fonte da Vida Divina, por isso seja atenta nos exercícios do viver em meu Querer, a fim de que de você possa sair o verdadeiro modo e os ensinamentos exatos e precisos, para que quem querendo viver nele possa encontrar não a sombra, mas a verdadeira santidade da Vida Divina. Além disso, minha Humanidade estando na terra em minha Vontade Divina, não houve obra, pensamento, palavra, etc., que não fosse encerrado em Mim para cobrir todas as obras das criaturas, pode-se dizer que Eu tinha um pensamento por cada pensamento, uma palavra por cada palavra, e assim de tudo o resto para glorificar completamente o meu Pai, e para dar luz, vida, bens e remédios às criaturas.
Agora, em minha Vontade tudo existe, e quem deve viver Nela deve encerrar todas as criaturas para ir repassando todos meus atos e pôr neles outra bela pincelada divina tomada de minha Vontade, para dar-me a correspondência do que Eu fiz. Só quem vive em minha Vontade pode dar-me esta correspondência, e Eu a espero como meio para pôr em comunicação a Vontade Divina com a humana, e para dar-lhe os bens que Ela contém. Quero a criatura como intermediária, que fazendo o mesmo caminho que fez minha Humanidade em minha Vontade, abra a porta do Reino de minha Vontade, fechada pela vontade humana. “Por isso sua missão é grande, e se necessita sacrifício e grande atenção”.
(7) Então me senti imersa no Querer Supremo e Jesus continuou:.
(8) “Minha filha, minha Vontade é tudo e contém tudo, e além disso é princípio, meio e fim do homem. Por isso ao criá-lo não lhe dei leis nem instituí Sacramentos, mas só dei ao homem minha Vontade, porque era mais que suficiente, estando no princípio dela, para encontrar todos os meios para chegar não a uma santidade baixa, mas à altura da santidade divina, e assim encontrar-se no porto do seu fim. Isto significa que o homem não devia ter necessidade de outra coisa senão da minha Vontade, na qual devia encontrar tudo de modo surpreendente, admirável e fácil para se fazer santo e feliz no tempo e na eternidade; e se lhe dei uma lei, depois de séculos e séculos de
criação, foi porque o homem tinha perdido o seu princípio, portanto tinha perdido os meios e o fim.
Assim, a lei não foi princípio, mas meio; mas vendo que com tudo e a lei o homem estava perdido, ao vir à terra instituí os Sacramentos, como meios mais fortes e potentes para salvá-lo; mas quantos abusos, quantas profanações, quantos se servem da lei e dos próprios Sacramentos para
pecar mais e precipitar-se no inferno. Enquanto que com só minha Vontade, que é princípio, meio e fim, a alma se põe ao seguro, eleva-se à santidade divina, alcança em modo completo a finalidade para a qual foi criada, e não há nem a sombra de perigo de me ofender. Assim, o caminho mais
seguro é apenas a minha Vontade, e os mesmos Sacramentos, se não forem recebidos em ordem com a minha Vontade, podem servir como meios de condenação e de ruína. Por isso inculco tanto minha Vontade, porque a alma estando em seu princípio, os meios lhe serão propícios e receberá os frutos que contêm; em troca, sem Ela, os mesmos Sacramentos lhe podem ser veneno que a conduzam à morte eterna”.
18-8
Outubro 21, 1925
Efeitos de um ato feito na Divina Vontade. A dor de Jesus está suspensa na Divina Vontade esperando o pecador.
(1) Esta manhã meu doce Jesus me disse: “Minha filha, trago-te o beijo de todo o Céu”. E enquanto isso dizia me beijou e acrescentou:.
(2) “Todo o Céu está em minha Vontade, e tudo o que Eu faço, estando eles neste Supremo Querer, sentem o eco de meus atos e repetem como respondendo ao meu eco o que faço Eu”.
(3) Dito isto desapareceu, mas depois de algumas horas voltou dizendo-me:.
(4) “Minha filha, devolve-me o beijo que te dei, porque todo o Céu, minha Mãe, nosso Pai Celestial e o Divino Espírito estão esperando a correspondência de teu beijo, porque tendo saído um ato deles em minha Vontade para a criatura que vive no exílio, desejam que lhes seja restituída a correspondência em minha mesma Vontade”.
(5) Então, aproximando sua boca à minha, quase tremendo lhe dei meu beijo, o qual produziu um som harmonioso nunca ouvido, que se elevava ao alto e se difundia em tudo e a todos. E Jesus, com um amor indescritível acrescentou:.
(6) “Como são belos os atos na minha Vontade! Ah! você não sabe a potência, a grandeza, a maravilha de um ato em minha Vontade, este ato move tudo, Céu e terra como se fosse um ato só, e tudo o criado, anjos, santos, dão e recebem a correspondência desse ato. Por isso um ato feito em minha Vontade não pode estar sem correspondência, de outra maneira todos sentiriam dor de um ato divino que moveu a todos, no qual todos puseram do seu, e no entanto não correspondido.
O obrar da alma em minha Vontade é como o som argentino de um vibrante e sonora sino que soa tão forte, que chama a atenção de todos, e soa e ressoa tão doce, que todos conhecem nesse som, o obrar da alma em minha Vontade, recebendo todos a glória, a honra de um ato divino”..
(7) E, dito isto, desapareceu. Mais tarde, continuando a fundir-me na Vontade Divina, magoando-me por cada ofensa que foi feita a meu Jesus, desde o primeiro até o último homem que virá sobre a terra, e enquanto me doía pedia perdão, mas enquanto isso fazia dizia entre mim:.
(8) “Meu Jesus, meu amor, não me basta magoar-me e pedir-te perdão, senão que quisesse aniquilar qualquer pecado, para fazer que jamais, jamais, sejas ofendido”. E Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:.
(9) “Minha filha, Eu tive uma dor especial por cada pecado, e sobre minha dor estava suspenso o perdão ao pecador. Agora, esta minha dor está suspensa em minha Vontade esperando o pecador quando me ofende, a fim de que, magoando-se de me ter ofendido, desça a minha dor para que se magoe juntamente com a sua, e em breve lhe dê o perdão; mas quantos me ofendem e não se magoam? E minha dor e perdão estão suspensos em minha Vontade e como isolados. Obrigado minha filha, obrigado por vir em minha Vontade a fazer companhia a minha dor e a meu perdão.
Continua girando em minha Vontade e fazendo tua minha mesma dor, grita por cada ofensa: talha dor, perdão’, a fim de que não seja só Eu a me doer e a impetrar o perdão, senão que tenha a companhia da pequena filha de meu Querer que se dói junto Comigo”..
19-1
Fevereiro 23, 1926
Jesus chama a pequena recém nascida para fazer que renasça
sempre no seu Santo Querer a nova beleza, a nova santidade,
a nova luz, a nova semelhança com o seu Criador.
(1) Meu amor e minha vida, Jesus, vem Tu em ajuda de minha debilidade e de minha relutância a escrever, mas bem faz que venha a escrever tua mesma Vontade, a fim de que nada ponha do meu, senão somente o que Tu queres que escreva, e Tu, minha Mãe e Mãe Celestial da Divina Vontade, vem levar-me a mão enquanto escrevo, dá-me as palavras, ilumina-me os conceitos que
Jesus põe na minha mente, a fim de que possa escrever dignamente acerca da Santíssima Vontade, de modo a fazer contente ao meu doce Jesus.
(2) Estava pensando entre mim: “Por que Jesus bendito me chama freqüentemente a pequena recém nascida de sua Santíssima Vontade? Talvez porque sou má ainda, e não tendo dado um só passo em sua Vontade, com razão me chama recém-nascida apenas”. Agora, enquanto eu pensava isso, meu adorável Jesus colocou seus braços no meu pescoço e me apertando forte ao seu coração me disse:.
(3) “Nada quero negar à minha pequena recém-nascida da Minha Vontade; queres saber por que te chamo a pequena recém-nascida? Recém-nascida significa estar em ato de nascer, e como você deve renascer em cada ato teu em meu Querer, e não só isso, senão que minha Vontade para refazer-se de todas as oposições das vontades humanas quer chamar-te em meu Querer a
fazer-te renascer tantas vezes por quantas vezes as vontades humanas se opuseram à sua, por isso é necessário conservar-te sempre recém-nascida. Quem está em ato de nascer é fácil fazê-la renascer quantas vezes se quiser e conservá-la sem o crescimento da vontade humana, mas quando a alma cresce, torna-se mais difícil conservá-la sem a vida do próprio eu. Mas isto não é tudo, à recém nascida de minha Vontade era necessário, conveniente, decoroso, para ela e para nossa própria Vontade, que se unisse àquele ato único do Eterno, que não tem sucessão de atos, e assim como este ato único dá ao Ser Divino toda a grandeza, a magnificência, a imensidão, a eternidade, a potência, em suma, encerra tudo para poder fazer sair deste ato único tudo o que quer, assim nossa pequena recém-nascida em nossa Vontade, unindo-se com o ato único do Eterno, devia fazer sempre um só ato, isto é, estar sempre em ato contínuo de nascer, fazer sempre um só ato: representar Nossa Vontade’. E enquanto faz um só ato, renascer continuamente, mas a que coisa renascer? A nova beleza, a nova santidade, a nova luz, a nova semelhança com o seu Criador; e conforme tu renasces em nosso Querer, assim a Divindade se sente correspondida na finalidade pela qual pôs fora a Criação, e se sente retornar as alegrias e a felicidade que devia dar-lhe a criatura, e estreitando-te ao seio divino te enche de alegria e de graças infinitas, e te manifesta outros conhecimentos sobre nossa Vontade, e não te dando tempo
te faz renascer de novo em nosso Querer. Além disso, estes nascimentos contínuos fazem-te morrer continuamente à tua vontade, às tuas debilidades, às misérias, a tudo o que não pertence ao nosso Querer. Como é bonito o destino do meu bebê! Você não está feliz? Veja, também Eu nasci uma vez, mas aquele nascimento me faz nascer continuamente, renascer em cada hóstia consagrada, renascer cada vez que a criatura retorna à minha Graça; o primeiro nascimento me deu o campo para me fazer renascer sempre. Assim são as obras divinas, feitas uma vez que o ato continua sem terminar nunca. Assim será de minha pequena recém nascida em meu Querer, nascida uma vez, permanecerá o ato do nascimento contínuo, por isso estou tão atento a que não entre em você seu querer, te circundo de tanta graça para fazer que você nasça sempre em meu Querer e meu Querer renasça em você”..
20-4
Setembro 26, 1926
A única palavra Vontade de Deus contém um prodígio eterno. Como tudo se converte em amor e oração.
(1) Sentia-me toda imersa no Querer Supremo, e minha pobre mente pensava em tantos admiráveis efeitos que Ele produz, e meu sempre amável Jesus me disse:
(2) “Minha filha, a única palavra Vontade de Deus contém um presságio eterno que não há quem o possa igualar; é uma palavra que abraça tudo, Céu e terra. Este Fiat contém a fonte criadora e não há nada de bom que não possa fazer sair. Assim, quem possui minha Vontade, em virtude d‟Ela adquire com direito todos os bens que este Fiat possui, por isso adquire o direito à semelhança de
seu Criador, adquire o direito à santidade divina, a sua bondade, a seu amor; com direito céu e terra são seus, porque todos tiveram existência deste Fiat, com razão seus direitos se estendem sobre tudo. Assim, o maior dom, a maior graça que posso dar à criatura, é dar-lhe a minha Vontade, porque com Ela vêm junto todos os bens possíveis e imagináveis, e com direito, porque
tudo pertence a Ela”.
(3) Depois meu doce Jesus se fazia ver que saía de dentro de mim e me olhava, mas fixava tanto seus olhares em mim, como se quisesse pintar-se, imprimir-se dentro de minha pobre alma, e eu ao ver isto lhe disse: “Meu amor, Jesus, tem piedade de mim, não vê como sou feia? Sua privação nestes dias me tornou mais feia ainda, sinto que não sou boa para fazer nada, os mesmos giros em seu Querer me resultam difíceis. Oh! como me sinto mal, tua privação é para mim como fogo que consome, que me queimando tudo me tira a vida para fazer o bem, me deixa só sua Vontade adorável que me ligando toda a Ela, não me deixa querer outra coisa que seu Fiat, nem ver, nem tocar outra coisa que sua Santíssima Vontade”. E Jesus tomando de novo a palavra acrescentou:
(4) “Minha filha, onde está a minha Vontade tudo é santidade, tudo é amor, tudo é oração.
Portanto, estando em ti a sua fonte, os teus pensamentos, os teus olhares, as tuas palavras, o teu bater do coração e até os teus movimentos, todos são amor e orações. Não é a forma das palavras que forma a oração, não, é minha Vontade trabalhadora, que dominando todo seu ser forma de seus pensamentos, palavras, olhares, batidas e movimentos, tantas forças que surgem da Vontade Suprema e elevando-se até o Céu, em sua linguagem muda, quem reza, quem ama, quem adora, quem abençoa, em suma, Ela o faz fazer o que é santo, o que pertence ao Ser Divino. Por isso a alma que possui como vida o Querer Supremo é o verdadeiro céu, que ainda que fosse mudo narra a glória de Deus e se apresenta como obra de suas mãos criadoras. Como é bonito ver a alma onde reina meu Querer! Conforme ela pensa, olha, fala, bate, respira, move-se, assim forma as estrelas para adornar seu céu, para narrar mais a glória d’Aquele que a criou. Minha Vontade abraça como de um só golpe tudo e nada deixa escapar à alma de tudo o que é bom e santo”.
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