MEDITAÇÃO
Volume 1
(115) Depois disso voltei a mim mesma e percebi que estava rodeada pela família, todos choravam e estavam alarmados e tinham tal temor de que se repetisse esse estado, pensando que morreria, que decidiram voltar a Corato O mais rápido possível para me fazer observar pelos médicos. Não sei dizer por que sentia tanta pena ao pensar que devia ser examinada pelos médicos, muitas vezes chorava e me lamentava com o Senhor dizendo:
“Quantas vezes, ó Senhor, te roguei que me faça sofrer em segredo, isto era meu único contentamento, e agora também disto estou privada. ¡ Ah! me diga, como farei? Só você pode me ajudar e me consolar em minha aflição, não vê tantas coisas que dizem? Uns pensam de um modo e outros de outro, quem quer aplicar-me um remédio e quem outro, são todos olhos sobre mim, de modo que não tenho mais paz. Ah, socorre-me em tantas penas, porque me sinto faltar a vida”. E o Senhor benignamente acrescentou:
(116) “Não queiras afligir-te por isto, o que quero de ti é que te abandones como morta entre meus braços. Até que você mantenha os olhos abertos para ver o que Eu faço e o que fazem e dizem as criaturas, Eu não posso livremente agir sobre você. Não queres confiar em mim? Não sabes o quanto te amo e que tudo o que permito, ou através das criaturas ou através dos demónios, ou através de mim diretamente, é para o teu verdadeiro bem e não serve para outra coisa senão para conduzir a tua alma ao estado para o qual a escolhi? Por isso quero que de olhos fechados esteja em meus braços, sem olhar nem investigar isto ou aquilo, confiando inteiramente em Mim e deixando-me operar livremente. Se em troca queres fazer o contrário, perderás tempo e chegarás ao oposto do que quero fazer de ti. Quanto às criaturas, use um profundo silêncio, seja benigna e dócil com todos, faça que sua vida, seu respiro, seus pensamentos e afetos, sejam contínuos atos de reparação que aplaquem minha Justiça, oferecendo-me também as moléstias que te dão as criaturas, que não serão poucas”.
(117) Depois disto fiz quanto mais pude para resignar-me à Vontade de Deus, ainda que muitas vezes era posta em tais problemas por parte das criaturas, que às vezes não fazia outra coisa senão chorar. Chegou o momento de receber a visita do médico, e julgou que meu estado não era outra coisa que um problema nervoso, pelo que receitou medicamentos, distrações, passeios,
banhos frios, recomendou à família que me cuidassem bem quando era surpreendida por aquele estado de ficar petrificada.
(118) Então começou uma guerra por parte da família, impediam-me de ir à igreja, não me davam já a liberdade de ficar só, era observada continuamente, pelo que freqüentemente percebiam que caía nesse estado. Muitas vezes me lamentava com o Senhor dizendo lhe:
119) “Meu bom Jesus, quanto aumentaram as minhas penas, até das coisas mais amadas estou privada, como são os Sacramentos. Nunca pensei que chegaria a isso, quem sabe onde irei terminar. Ah! Dê-me ajuda e força, porque minha natureza desfalece”. Muitas vezes dignava-se bondosamente dizer-me algumas palavras, por exemplo:
(120) “Eu sou a tua ajuda, de que temes? Não te lembras que também sofri da parte de todo o tipo de pessoas? Uns pensavam de Mim de um modo, e outros de outro, as coisas mais santas que Eu fazia eram julgadas por eles como defeituosas, más, até me disseram que era um Endemoninhado, tanto que me viam com olhos sinistros, tinham-me entre eles mas de má vontade, e maquinavam entre eles tirar-me a vida o mais depressa possível, porque a minha presença se tinha tornado intolerável para eles. Então, não queres que te faça semelhante a Mim fazendo-te sofrer por parte das criaturas?”.
(121) E assim passei alguns anos sofrendo por parte das criaturas, dos demônios e diretamente de Deus, às vezes chegava a tanta amargura por parte das criaturas, e pelo modo como pensavam, que tinha vergonha de que qualquer pessoa me visse, tanto, que o meu maior sacrifício era aparecer no meio das pessoas; tanta era a vergonha e a confusão que me sentia atordoada.
Houve outras visitas de outros médicos, mas não serviram para nada, às vezes derramando amargas lágrimas dizia-lhe com todo o coração: “Senhor, como se tornaram públicos os meus sofrimentos, agora não só a família o sabe mas também os estranhos me vejo toda coberta de confusão, parece-me que todos me apontam com o dedo, como se estes sofrimentos fossem as mais más ações, eu mesma não sei dizer o que me acontece. Ah! Só Tu podes libertar-me de tal publicidade e fazer-me sofrer ocultamente. Peço-te, suplico-te, escuta-me favoravelmente”.
2-16
Abril 23, 1899
Os louvores e desprezos dos outros
(1) Hoje meditei sobre o mal que pode vir às nossas almas pelos louvores que as criaturas não nos dão. Enquanto o aplicava a mim mesma para ver se havia em mim a complacência pelos louvores humanos, Jesus aproximou-se de mim e disse-me:
(2) “Quando o coração está cheio do conhecimento de si mesmo, os louvores dos homens são como aquelas ondas do mar, que se elevam e transbordam mas jamais saem de seus limites, assim os louvores humanos fazem estrondo, alvoroçam, aproximam-se até o coração, mas encontrando-o cheio e bem circundado pelos fortes muros do conhecimento de si mesmo, não tendo portanto onde ficar, voltam-se atrás sem fazer nenhum mal à alma, por isso deves estar atenta a isto, que os louvores e os desprezos das criaturas não devem ser levados em conta”.
3-14
Novembro 27, 1899
A graça faz feliz a alma.
(1) Esta manhã meu amado Jesus não vinha, mas depois de muito esperar, enquanto o Vi me lamentei com Ele por sua demora, dizendo-lhe: “Senhor bendito, como é que demoras tanto, talvez te tenhas esquecido que não posso estar sem Ti? Ou por acaso perdi a tua graça e por isso não vens?” E Ele interrompeu os meus lamentos e disse-me:
(2) “Minha filha, sabes o que faz a minha graça? Minha graça faz feliz a alma dos bem-aventurados compromissados, e torna feliz a alma dos viadores, com esta única diferença, que os compromissados se alegrando e deleitando-se, e os viadores trabalhando e colocando-a em comércio. Assim, quem possui a graça, tem em si mesma o paraíso, porque a graça não é outra coisa que possuir-me a Mim mesmo, e sendo Eu só o objeto encantador que encanta a todo o paraíso e que formo todos os contentos dos bem-aventurados, a alma, possuindo a alma, possuindo a graça, onde quer que se encontre possui o seu paraíso”.
4-15
Outubro 2, 1900
Estado de vítima pela Itália e Corato.
(1) Temendo que não fosse mais Vontade de Deus meu estado, ao vir o bendito Jesus disse:
“Quanto temo que já não seja Vontade teu estado, porque vejo que me faltam as duas coisas principais que me haviam atado, isto é, o sofrimento e tua presença”.
(2) E Ele: “Minha filha, não é que não queira ter-te mais neste estado, senão como quero castigar ao mundo, por isso não venho e te faço faltar o sofrer”.
(3) E eu: “Para que estou neste estado?”
(4) E Ele: “Tua posição de vítima e teu contínuo esperar me desarmam os braços, porque tu não me vês, Eu em troca te vejo muito bem e numero todos os teus suspiros, tuas penas, teus desejos de me amar, e este teu estar toda atenta em Mim, é sempre um ato de reparação por tantos que não se preocupam comigo, nem me desejam, mas sim me desprezam e estão todos atentos às coisas terrenas, enlameados na sujeira dos vícios. Então, seu estado sendo totalmente oposto ao deles, vem sempre a desarmar a justiça, tanto, que ter você neste estado e começar as guerras sangrentas na Itália, me resulta quase impossível”.
(5) E eu: “Ah! Senhor, estar neste estado sem sofrer me parece quase impossível, sinto que me faltam as forças, porque a força para estar neste estado me vem dos sofrimentos. Então, faltando-me estes, algum dia que não venha eu tratarei de sair, te digo isso antes a fim de que não te desgoste”.(6) E Ele: “Ah sim, sim, sairá deste estado quando começar a matança na Itália, então te suspenderei de tudo”.
(7) Enquanto dizia isto, fazia-me ver as guerras ferozes que deverão acontecer tanto entre os leigos, como aquelas contra a Igreja; o sangue inundava as cidades como quando há uma chuva densa, meu pobre coração se retorceu pela dor ao ver isto, E pensando na minha cidade, eu disse:
“Ah! Senhor, se Tu dizes que me suspenderás de todo, dás a entender que nem sequer do pobre Corato terás compaixão, nem o perdoarás?”.
(8) E Ele: “Se os pecados chegam a um certo número, de modo que não mereçam ter almas vítimas, e aqueles que te têm vítima não se interessam, Eu não terei nenhuma consideração de Corato”.
(9) Dito isto desapareceu, e eu fiquei toda afligida e oprimida.
5-14
Junho 16, 1903
O que torna a alma mais amada, mais bela, mais amável e mais íntima com Deus, é a perseverança no agir só para agradar a Ele.
(1) Continuando o meu habitual estado, encontrei-me fora de mim mesma, e via o menino Jesus que tinha na mão uma taça cheia de amargura e uma vara, e Ele disse-me:
(2) “Olha minha filha que taça de amargura me dá a beber continuamente o mundo”.
(3) E eu: “Senhor, parti-me algo a mim, assim não sofrerás sozinho”.
(4) Então me deu a beber um pouquinho daquela amargura, e depois com a vara que tinha na mão pôs-se a trespassar-me o coração, tanto que fazia um buraco de onde saía um rio daquela amargura que tinha bebido, mas mudada em leite doce, e ia à boca do menino, que tudo se adoçava e confortava, e depois me disse:
(5) “Minha filha, quando dou à alma o amargo, as tribulações, se a alma se uniformiza à minha Vontade, se me agradece por isso, e disso me faz um presente oferecendo-o a Mim mesmo, para ela é amargo, é sofrimento, e para Mim se muda em doçura e alívio, mas o que mais me alegra e me dá prazer, é ver se a alma quando obra e padece está atenta a me agradar somente a Mim, sem outro fim ou propósito de recompensa, porém o que faz mais querida à alma, mais bela, mais amável, mais íntima no Ser Divino, é a perseverança neste modo de comportar-se, tornando-a imutável junto com o imutável Deus; porque se hoje faz e amanhã não; se uma vez tem um fim, e outra vez outro; hoje trata de agradar a Deus, amanhã às criaturas, é imagem de quem hoje é rainha e amanhã é vilíssima serva, hoje se alimenta de deliciosos alimentos e amanhã de porcarias”.
(6) Pouco depois desapareceu, mas logo voltou acrescentando:
(7) “O sol está para benefício de todos, mas nem todos gozam de seus benéficos efeitos. Assim o Sol Divino, a todos dá sua luz, mas quem goza seus benéficos efeitos? Quem tem abertos os olhos à luz da verdade, todos os outros, apesar de que o Sol está exposto ficam na escuridão; mas propriamente goza, recebe toda a plenitude deste Sol, que está tudo ocupado em me agradar”.
6-16
Janeiro 6, 1904
A raça humana é toda uma família; quando alguém faz alguma boa obra e a oferece a Deus, toda a família humana participa naquela oferta, e para Ele é como se todos a oferecessem.
(1) Continuando o meu habitual estado, veio o bendito Menino Jesus, e depois de se ter colocado nos meus braços e de me ter abençoado com as suas mãozinhas, disse-me:
(2) “Minha filha, sendo a raça humana toda uma família, quando alguém faz alguma obra boa e me oferece alguma coisa, toda a família humana participa naquela oferta e está presente como se todos me oferecessem. Como hoje os magos, ao oferecer-me seus dons Eu tive em suas pessoas presente a toda a geração humana, e todos participaram do mérito de sua boa obra. A primeira
coisa que me ofereceram foi o ouro, e Eu em correspondência lhes dei a inteligência e o conhecimento da verdade; mas você sabe qual é o ouro que quero agora das almas? Não o ouro material, não, mas o ouro espiritual, isto é, o ouro de sua vontade, o ouro dos afetos, dos desejos, dos próprios gostos, o ouro de todo o interior do homem, este é todo o ouro que a alma tem, e o quero tudo para Mim.
Agora, para dar-me isto, à alma é muito difícil dá-lo sem sacrificar-se e mortificar-se, e esta é a mirra, que como fio elétrico ata o interior do homem e o faz mais resplandecente, e lhe dá a tinta de múltiplas cores, dando à alma todas as espécies de belezas; mas isto não é tudo, é necessário quem mantenha sempre vivas as cores, o frescor, que como perfume e brisa exala do interior da alma, requer-se quem ofereça e quem obtenha dons maiores daqueles que doa, como também se requer ainda quem obrigue a habitar no próprio interior Aquele que recebe e Aquele que dá e tê-lo em contínua conversa e em contínuo comércio com ele, então quem faz tudo isto? A oração, em especial o espírito de oração interior, que sabe converter não só as obras internas em ouro, mas também as obras externas, e este é o incenso”.
7-16
Maio 7, 1906
Jesus não quer sair do interior de Luísa.
(1) Esta manhã, tendo recebido a comunhão, via o bendito Jesus dentro de mim e dizia-lhe: “Meu amado, sai daí, vem para fora, para que te possa estreitar, beijar e falar contigo”. E Ele me fazendo um sinal com a mão me disse:
(2) “Minha filha, não quero sair, estou bem em ti, porque se sair de tua humanidade, sendo que a humanidade contém ternura, compaixão, debilidade, temor, seria como se saísse de dentro de minha Humanidade vivente, e ocupando você o mesmo ofício meu de vítima, deveria fazer-te sentir o peso das penas dos demais, e portanto perdoar-lhes em parte. Sairei, sim, mas não de dentro de ti, mas fora de Deus, sem Humanidade e a minha justiça fará o seu curso como convém para punir as criaturas”.
(3) E parecia que mais se adentrava, e eu lhe repetia: “Senhor, sai, perdoa em parte a teus filhos, teus mesmos membros, tuas imagens”. E Ele acenando com a mão repetia:
(4) “Não saio, não saio”.
(5) Ele repetiu isso mais e mais vezes. Me comunicou-me tantas coisas do que contém a humanidade, mas não sei dizê-las, as tenho na mente e não posso explicá-las com palavras. Eu não queria escrever isso, mas a obediência quis. Fiat, sempre Fiat.
8-17
Novembro 18, 1907
A alma vivendo seu nada se enche de Deus.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual veio o bendito Jesus, e assim que o vi disse: “Doce vida minha, como me fiz má, sinto-me reduzida no nada, nada sinto em mim, tudo é vazio, só sinto em meu interior um embelezamento, e neste embelezamento te espero a Ti, que me preencha, mas em vão espero este me encher, mas sinto-me voltar sempre no nada”.
(2) E Jesus: “Ah! minha filha, e tu te afliges porque te sentes reduzida em nada? Mas digo-te que quanto mais a criatura se reduz no nada, tanto mais se enche do Todo, e se fosse ainda uma sombra de si que deixa, essa sombra impede que Eu me possa dar tudo, tudo à alma; e teu retornar sempre no nada significa que vais perdendo teu ser humano para readquirir o Divino.
9-16
Outubro 6, 1909
As virtudes do verdadeiro amor são: purificar tudo, triunfar sobre tudo e chegar a tudo.
(1) Tendo recebido a comunhão veio por um pouco meu sempre amável Jesus, e tendo tido uma discussão com o confessor sobre a natureza do verdadeiro amor, eu queria perguntar a Jesus se eu tinha razão ou não, e Ele me disse:
(2) “Minha filha, é exatamente assim, como você dizia, que o verdadeiro amor facilita tudo, exclui todo temor, toda dúvida, e toda sua arte é possuir-se da pessoa amada, e quando a fez sua, o próprio amor lhe fornece os meios para conservar o objeto adquirido. Agora, que temor, que dúvida pode ter a alma de uma coisa sua? Que coisa não espera? E mais, quando chegou a tomar posse dela, o amor se faz intrépido e chega até pretender os excessos e ao incrível, não há mais teu ou meu, o amor verdadeiro pode dizer: “Teu sou eu, e meu és tu, assim que podemos dispor juntos, fazer-nos felizes juntos, alegrar-nos-á juntos”.
Se te adquiri quero servir-me de ti como me agrada. E como a alma neste estado de verdadeiro amor pode ir pescando defeitos, misérias, fraquezas, se o Todo objeto adquirido lhe perdoou, de tudo a enriquece, e o objeto que possui a vai purificando continuamente? Estas são as virtudes do verdadeiro amor: purificar tudo, triunfar sobre tudo, e a tudo chegar. Com efeito, que amor poderia haver por uma pessoa que se teme, da qual se duvida, da qual não se espera tudo? O amor perderia o mais belo de suas qualidades; é verdade que também nos santos se vê isto, e isso diz que nos santos o amor pode ser imperfeito e pode ter suas variedades segundo os estados nos quais se encontram. Em ti a coisa é muito diferente, devendo estar já tu Comigo no Céu, e tendo-o sacrificado por amor à obediência e do próximo, o amor ficou confirmado em ti, a vontade confirmada a não me ofender, assim que tua vida é como uma vida que já passou, por isso não percebe o peso das misérias humanas. Por isso mantenha-se atenta ao que te convém, e a me amar até o infinito Amor”.
10-20
Maio 16, 1911
Jesus não quer confundir os inimigos da Igreja, e chora pelas chagas dolorosas que há no corpo d’Ela.
(1) Estava rogando ao bendito Jesus que confundisse os inimigos da Igreja, e meu sempre amável Jesus ao vir me disse:
(2) “Minha filha, poderia confundir os inimigos da santa Igreja, mas não quero, se isso fizesse, quem purgaria a minha Igreja? Os membros da Igreja, e especialmente quem está em postos e em altura de dignidades, têm os olhos cegos e se equivocam grandemente, tanto, que chegam a proteger os fingidos virtuosos e a oprimir e condenar os verdadeiros bons, isto me desagrada de tal
maneira, ver aqueles poucos verdadeiros filhos meus sob o peso da injustiça, aqueles filhos dos quais deve ressurgir a Igreja e aos quais Eu estou dando muita graça para dispô-los a isto, Eu os vejo de costas para o muro e atados para impedir os passos, isto me dói tanto, que me sinto todo furor por eles.
(3) Escuta minha filha, Eu sou toda doçura, benigno, clemente e misericordioso, tanto que por minha doçura arrebato os corações, mas também sou forte, de rasgar e incinerar aqueles que não só oprimem os bons, mas chegam a impedir o bem que querem fazer. Ah! tu choras pelos leigos, e eu choro as chagas dolorosas que há no corpo da Igreja, as que me magoam tanto, de ultrapassar as chagas dos leigos, porque são pela parte que não me esperava, e que me fazem dispor os leigos a clamar contra eles”.
10-21
Maio 19, 1911
A confiança arrebata Jesus. Ele quer que a alma se esqueça de si mesma e se ocupe só d’Ele.
(1) Continuando meu habitual estado, meu sempre amável Jesus se fazia ver todo aflito, e eu estava junto a Ele para compadecê-lo, amá-lo, abraçá-lo e consolá-lo com toda a plenitude da confiança, e meu doce Jesus me disse:
(2) “Minha filha, tu és o meu contentamento, assim me agrada, que a alma se esqueça de si mesma, de suas misérias, que se ocupe só de Mim, de minhas aflições, de minhas amarguras, de meu amor, e que com toda confiança se esteja junto a Mim. Esta confiança me arrebata o coração e me inunda de muita alegria, porque como a alma se esquece de si por Mim, assim Eu esqueço tudo por ela e a faço uma só coisa para Mim, e chego não só a dar-lhe, mas a fazer-lhe tomar o que quer. Ao contrário a alma que não esquece tudo por Mim, mesmo suas misérias e se quer estar ao redor de Mim com todo respeito, com temor e sem a confiança que me arrebata o coração, e como se quisesse estar com temerosa compostura Comigo e toda reservada, a este tal nada lhe dou e nada pode tomar, porque falta a chave da confiança, da liberdade, da simplicidade, coisas todas necessárias, para Mim para dar, e para ela para tomar; portanto, com as misérias vem e com as misérias fica”.
11-17
Abril 23,1912
Como em todas as coisas Jesus nos demonstra seu Amor. A verdadeira santidade está em fazer a Divina Vontade, e em reordenar todas as coisas em Jesus.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, brevemente o bendito Jesus veio e me disse:
(2) “Minha filha, algumas vezes permito a culpa em alguma alma que me ama para estreitá-la mais fortemente a Mim e para obrigá-la a fazer coisas maiores para minha glória, porque por quanto mais lhe dou, permitindo a mesma culpa para me enternecer mais de suas misérias e para amá-la principalmente enchendo-a de meus carismas, tanto mais a forço a fazer coisas grandes por Mim; estes são os excessos de meu Amor. Minha filha, meu Amor pela criatura é grande, olhe como a luz do sol invade a terra, se você pudesse desfazer essa luz em tantos átomos, naqueles átomos de luz ouviria minha voz melodiosa, que te repetiriam um após outro:
“Te amo, te amo, te amo”. De modo que não lhe dariam tempo para numera-los, ficaria afogada no amor. E em realidade te amo: amo-te na luz que enche teus olhos, te amo no ar que respiras, te amo no murmúrio do vento que chega a teus ouvidos, te amo no calor e no frio que sente teu corpo, te amo no sangue que corre em tuas veias, Te amo no batimento de seu coração te diz meu batimento, amo te repito em cada pensamento de sua mente, te amo em cada movimento das tuas mãos, amo-te em cada passo dos teus pés, amo-te em cada palavra, porque nada acontece dentro e fora de ti se não houver um ato meu de amor para contigo, assim que um te amo meu não espera o outro, e dos teus te amo, quantos são para Mim?”
(3) Eu fiquei confusa, me sentia ensurdecida dentro e fora de mim pelo te amo, a plenos coros do meu doce Jesus e meus te amo eram tão escassos, tão limitados que disse: “Oh, meu amante Jesus, quem poderá jamais te igualar?” Mas apesar de tudo o que disse, parece que não disse nada do que Jesus me fazia compreender.
(4) Depois acrescentou: “A verdadeira santidade está em fazer minha Vontade e em reordenar todas as coisas em Mim assim como Eu tenho tudo ordenado para a criatura, assim a criatura deveria ordenar todas as coisas para Mim e em Mim, minha Vontade faz estarem em ordem todas as coisas”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade