Estudo 16- Livro do Céu Volume 1- Serva de Deus Luísa Piccarreta

Estudos do Livro do Céu
Estudo 16- Livro do Céu Volume 1- Serva de Deus Luísa Piccarreta
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Texto do Tema 16 Livro do Céu Volume 1 – Cap 18

18 – Luísa contempla novamente Jesus Cristo como na Paixão e aceita a condição de vítima.

Depois de cerca de um ano e meio desta luta, finalmente terminaram as crueldades dos demônios e começou uma vida toda nova, mas os demônios não deixaram de me incomodar de vez em quando, porém não eram tão frequentes, nem tão feroz a batalha, e eu me acostumei a desprezá-los. A vida nova que começou foi na casa de campo chamada “Torre Disperata” 21. Um dia, onde mais do que nunca tinha sido atormentada pelo demônio, tanto que senti perder as forças e desmaiar, pela tarde, enquanto estava assim, senti vir-me uma coisa mortal e perdi os sentidos 22, neste estado vi a Jesus Cristo rodeado de muitos inimigos, quem lhe golpeava, quem lhe esbofeteava, quem lhe cravava os espinhos na cabeça, quem lhe destroçava as pernas, quem os braços.

Depois que o reduziram quase em pedaços, o puseram nos braços da Virgem, e isto acontecia um pouco longe de mim. Depois que a Virgem Santíssima o tomou em seus braços, aproximou-se de mim e chorando me disse: “Filha, vê como é tratado meu Filho pelos homens, as horríveis ofensas que cometem jamais lhe dão trégua, olha como Ele sofre!” Eu tentava vê-lo e avistava-o todo ensanguentado, todo ferido, e quase despedaçado, reduzido a um estado mortal; sentia tais penas que tivesse querido morrer mil vezes em vez de ver meu Senhor sofrer tanto; me envergonhava de meus pequenos sofrimentos. A Santíssima Virgem acrescentou, mas sempre chorando: “Aproxima-te a beijar as chagas de meu Filho, Ele te escolhe como vítima, e se tantos o ofendem, tu oferecendo-te a sofrer o que Ele sofre, lhe darás um alívio em tanto padecer, não o aceitas?”
Eu me sentia tão aniquilada, tão má (como ainda sou) e indigna, que não ousava dizer “sim”. Minha natureza tremia, me sentia tão fraca pelas penas passadas, que mal me restava um fio de vida. Além disso, não sei como, de longe via os demônios que tanto perturbavam, faziam muito ruído, e via que tudo o que tinha visto que tinham feito ao Senhor deviam fazê-lo a mim se aceitasse. Em mim mesma sentia tais penas, dores, estiramentos de nervos, que acreditei que deixaria a vida.

Finalmente me aproximei e Lhe beijei as chagas, parecia que ao fazê-lo aqueles membros tão lacerados se curavam, e o Senhor, que antes parecia quase morto, começava a reanimar-se à nova vida. Internamente recebia tais luzes sobre as ofensas que se cometem, atrações para aceitar ser vítima ainda que devesse sofrer mil mortes, porque o Senhor tudo merecia, e que eu não poderia opor-me ao que Ele queria. Isto acontecia enquanto estávamos em silêncio, mas aqueles olhares que reciprocamente nos dávamos eram tantos convites, tantas flechas ardentes que me trespassavam o coração.

Especialmente a Santíssima Virgem me incitava a aceitar, mas quem pode dizer tudo o que passei? Finalmente o Senhor, olhando-me com benignidade, disse-me: “Tu viste o quanto me ofendem e quantos caminham pelos caminhos da iniquidade, e sem o perceberem precipitam-se no abismo. Vem oferecer-te ante a Divina Justiça como vítima de reparação pelas ofensas que se fazem e pela conversão dos pecadores, que a olhos fechados bebem na fonte envenenada do pecado. Um imenso campo se abre diante de ti, de sofrimentos, sim, mas também de graças; Eu não te deixarei mais, virei em ti a sofrer tudo o que me fazem os homens, fazendo-te participar das minhas penas. Como ajuda e consolo te dou a minha Mãe”. E parecia que entregava-me a Ela, e Ela me aceitava. Eu também ofereci-me toda a Ele e à Virgem, disposta a fazer o que Ele queria, e assim terminou a primeira vez 23.

Depois de recuperar-me daquele estado, sentia tais penas, tal aniquilamento de mim mesma, que via-me como um miserável verme que não sabia fazer mais que arrastar-se por terra, e dizia ao Senhor: “Ajuda! Tua Onipotência me aterroriza, vejo que se Tu não me levantas, meu nada se desfaz e vai dispersar-se. Dá-me o sofrimento, mas rogo-te: dá-me a força, porque me sinto morrer”. E assim começou um alternar-se de visitas de Nosso Senhor e de tormentos por parte dos demônios; quanto mais me resignava, tanto mais aumentavam sua raiva.

NOTAS
20 Destas palavras pode-se perceber certa ingenuidade e inocência de Luísa;
provavelmente tinha em torno dos 15 anos quando escreveu esta passagem.
21 Localizada a 27 km de Corato, é uma pequena propriedade agrícola típica, no ponto mais alto do planalto de Murge.
22 Considera-se que foi a primeira ocasião em que Luísa perdia o senso do real em favor de uma imersão epifânica.
23 Em um caderno intitulado “Peripécias de uma alma que busca a perfeição”, falando em terceira pessoa, diz que havia abraçado o estado de vítima aos 16 anos.

Perguntas para responder sobre esse capítulo

– Como foi que acabou essa tentação dos demônios?
– E terminando esse período o que veio a acontecer?
– O que Maria Santíssima veio intervir com a Luisa?
– Luisa teve quais dificuldades diante da cena que viu?
– O que Jesus disse a Luisa? Ela aceitou ser vítima neste capítulo?

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