ESTUDO 17 – LIVRO DO CÉU VOL. 10 AO 20 – ESCOLINHA DA DIVINA VONTADE

Escolinha da Divina Vontade
ESTUDO 17 – LIVRO DO CÉU VOL. 10 AO 20 – ESCOLINHA DA DIVINA VONTADE
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10-17
Fevereiro 8, 1911
O amor torna Jesus feliz. Luísa, o Paraíso de Jesus na terra.
(1) Continuando meu habitual estado, passei cerca de seis dias imersa no amor de meu bendito
Jesus, tanto, que às vezes sentia que não podia mais e lhe dizia: “Basta, basta porque não posso
mais”. Sentia-me como dentro de um banho de amor que me penetrava até a medula dos ossos,
hora me falava Jesus de amor e de quanto me amava, e hora eu lhe falava de amor. O belo era
que às vezes Jesus não se deixava ver, e eu nadando neste banho de amor sentia romper-me o
cerco da pobre natureza, e me lamentava com Jesus, e Ele me sussurrava ao ouvido:
(2) “O Amor sou Eu, e se você sente o amor, certo é que estou contigo”.
(3) Outras vezes, me lamentando, me dizia ao ouvido, mas tudo de improviso:
(4) “Luísa, tu és o meu paraíso na terra, e o teu amor faz-me feliz”.
(5) E eu: “Jesus, meu amor, o que dizes? Queres gozar comigo? Você está feliz por Si mesmo, por
que diz que está feliz por mim?”
(6) E Ele: “Ouça-me bem, minha filha, e entenderá o que Eu te digo. Não há coisa criada que não
tenha vida de meu coração, todas as criaturas são como tantas cordas que saem de meu coração
e que têm vida de Mim, por isso por necessidade e naturalmente tudo o que fazem repercute em
meu coração, ainda que seja um só movimento; por consequência, se fazem mal, se não me
amam, dão-me contínuo incômodo, aquela corda faz soar em meu coração sons de desgostos, de
amarguras, de pecados e forma sons fúnebres que me tornam infeliz por parte daquela corda ou
vida que sai de Mim; em troca se me ama e está toda atenta a me contentar, aquela corda me dá
contínuo prazer e forma sons festivos, doces, que harmonizam com a minha própria Vida, e por
parte daquela corda Eu gozo tanto, até me tornar feliz e gozar por causa dela meu mesmo paraíso.
Se compreendes bem tudo isto, não dirás mais que me burlo de ti”.
(7) E agora digo o que dizia eu de amor e o que dizia Jesus, o direi enlouquecendo e talvez
revoltado, porque a mente não se adapta de tudo às palavras:
(8) “Oh! meu Jesus, amor és Tu, és todo amor, e amor eu quero, amor desejo, amor suspiro, amor
eu suplico e te rogo amor, amor me convida, o amor me é vida, amor me arrebata o coração até o
seio de meu Senhor. De amor me embriaga, de amor me faz feliz. Eu sozinha, sozinha e só para
Ti! Você sozinho, e só para mim! Agora que estamos sozinhos falemos de amor, ah! faz-me
entender quanto me amas, porque só em teu coração, amor se compreende!”
(9) “De amor queres tu que te fale? Escuta filha amada minha vida de amor: Se respiro te amo; se
me bate o coração, meu coração te diz amor, amor, são loucuras de amor por ti; se me movo, amor
te acrescento, de amor te inundo, de amor te circundo, de amor te acaricio, de amor te flecho, de
amor te atraio, de amor te alimento e agudos dardos te mando ao coração”.
(10) “Pare com isso! meu Jesus por agora, já me sinto desfalecer de amor, segure-me entre teus
braços, me endireite em teu coração e desde dentro dele me faz desalar também a mim de amor,
de outra maneira morro de amor, de amor deliro, de amor me queimo, de amor faço festa, de amor
definho, de amor me consumo, o amor me mata e me faz ressurgir mais bela a uma vida nova. A
minha vida foge-me e sinto só a vida de Jesus, meu amor, e em Jesus meu amor sinto-me imensa
e amo todos, sinto-me ferida de amor, doente de amor, de amor, embeleza-me e faz-me mais rica
ainda. Dizer mais não sei, oh! Amor, só Tu me entendes, Tu só me compreendes, meu silêncio te
diz mais ainda, em teu belo coração se diz mais com o calar que com o falar, e amando se aprende
a amar. Amor, Amor, fala só Tu, porque sendo amor sabes falar de amor”.
(11) “Amor tu queres ouvir? Tudo o que é criado te diz amor: Se as estrelas brilham amor te dizem;
se nasce o sol, amor te manda; se resplandece de toda a sua luz no seu pleno meio-dia, dardos de
amor te manda ao coração; se o sol se põe te diz: “Jesus morre por ti de amor”. Nos trovões e
relâmpagos amor te mando e toques de beijos te dou ao coração; sobre as asas dos ventos é amor
que corre; se murmuram as águas te estendo os braços; se se movem as folhas, te estreito ao
coração; se perfuma a flor, te recreio de amor. Tudo o que foi criado em linguagem muda diz ao
coração: Só de ti quero vida de amor. Amor Eu quero, amor desejo, amor mendigo de dentro do
coração, só estou contente se me der amor”.
(12) “Meu bem, meu tudo, amor insaciável, se queres amor, dai-me amor; se me queres feliz, amor
me dizes; se me queres contente, amor me entregas. Amor me investe, amor me eleva, me leva ao
trono de meu Criador; o amor me indica a sabedoria incriada e me conduz ao eterno amor e aí eu
faço minha morada.
(13) Vida de amor viverei em teu coração, te amarei por todos, te amarei com todos, te amarei em
todos. Jesus, seque-me toda de amor dentro de teu coração, abre-me as veias e em vez de
sangue faz correr amor; tira-me o fôlego e faz que respire ar de amor; queima-me os ossos e as
carnes e toma-me toda, toda de amor. O amor me transforme, o amor me conforme, o amor me
ensine a sofrer Contigo, o amor me crucifique e me torne toda similar a Ti”.
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11-17
Abril 23,1912
Como em todas as coisas Jesus nos demonstra seu Amor. A verdadeira santidade está
em fazer a Divina Vontade, e em reordenar todas as coisas em Jesus.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, brevemente o bendito Jesus veio e me disse:
(2) “Minha filha, algumas vezes permito a culpa em alguma alma que me ama para estreitá-la
mais fortemente a Mim e para obrigá-la a fazer coisas maiores para minha glória, porque por
quanto mais lhe dou, permitindo² a mesma culpa para me enternecer mais de suas misérias e
para amá-la principalmente enchendo-a de meus carismas, tanto mais a forço a fazer coisas
grandes por Mim; estes são os excessos de meu Amor. Minha filha, meu Amor pela criatura é
grande, olhe como a luz do sol invade a terra, se você pudesse desfazer essa luz em tantos
átomos, naqueles átomos de luz ouviria minha voz melodiosa, que te repetiriam um após outro:
“Te amo, te amo, te amo”. De modo que não lhe dariam tempo para numera-los, ficaria afogada
no amor. E em realidade te amo: amo-te na luz que enche teus olhos, te amo no ar que respiras,
te amo no murmúrio do vento que chega a teus ouvidos, te amo no calor e no frio que sente teu
corpo, te amo no sangue que corre em tuas veias, Te amo no batimento de seu coração te diz
meu batimento, amo te repito em cada pensamento de sua mente, te amo em cada movimento
das tuas mãos, amo-te em cada passo dos teus pés, amo-te em cada palavra, porque nada
acontece dentro e fora de ti se não houver um ato meu de amor para contigo, assim que um te
amo meu não espera o outro, e dos teus te amo, quantos são para Mim?”
(3) Eu fiquei confusa, me sentia ensurdecida dentro e fora de mim pelo te amo, a plenos coros do
meu doce Jesus e meus te amo eram tão escassos, tão limitados que disse: “Oh, meu amante
Jesus, quem poderá jamais te igualar?” Mas apesar de tudo o que disse, parece que não disse
nada do que Jesus me fazia compreender.
(4) Depois acrescentou: “A verdadeira santidade está em fazer minha Vontade e em reordenar
todas as coisas em Mim assim como Eu tenho tudo ordenado para a criatura, assim a criatura
deveria ordenar todas as coisas para Mim e em Mim, minha Vontade faz estarem em ordem
todas as coisas”.
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12-17
Agosto 6, 1917
A Divina Vontade faz feliz a alma, mesmo no meio das maiores tempestades.
(1) Continuando meu habitual estado, meu sempre amável Jesus veio, e estando eu muito
afligida pelas contínuas ameaças de piores castigos, e por suas privações, me disse:
(2) “Minha filha, anima-te, não te abatas demasiado, minha Vontade torna a alma feliz mesmo
no meio das maiores tempestades, mas bem se eleva tão alto, que as tempestades não a
podem tocar, se bem as vê e as sente. O lugar onde ela habita não está sujeito a tempestades,
mas é sempre sereno e com sol radiante, porque a sua origem está no Céu, a sua nobreza é
divina, a sua santidade está em Deus, onde está guardada pelo próprio Deus, porque zeloso da
santidade desta alma que vive do meu Querer, a conservo no mais íntimo do coração e digo:
Ninguém me toque, porque meu Querer é intangível, é sagrado, e todos devem fazer honra ao
meu Querer”.
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13-17
Setembro 14, 1921
Cada vez que a alma faz seus atos na Divina Vontade,
assim cresce sempre mais em santidade.
(1) Continuando meu habitual estado, meu sempre amável Jesus ao vir me disse:
(2) “Minha filha, cada vez que a alma faz seus atos em minha Vontade, cresce sempre mais
ante Mim em sabedoria, em bondade, poder e beleza, porque conforme vai repetindo os atos
em minha Vontade, tantos bocados toma de sabedoria, de bondade, etc., e a alma cresce
daquele alimento do qual se alimenta, por isso de Mim está escrito no santo Evangelho que
crescia em sabedoria diante de Deus e diante dos homens; como Deus não podia nem crescer
nem decrescer, o meu crescer não era outra coisa que a minha humanidade, que conforme
crescia nos anos vinha a multiplicar meus atos no Querer Supremo, e um ato de mais que fazia
era um crescer de mais na Sabedoria de meu Pai Celestial, e era tão verdadeiro este meu
crescimento, que até as criaturas o notavam. Cada ato meu corria no mar imenso da Vontade
Divina, e conforme operava me nutria deste alimento celestial; seria demasiado extenso dizer-te
os mares de sabedoria, de bondade, de beleza, de potência que recebia minha Humanidade em
cada ato de mais que fazia, Assim acontece com a alma. Minha filha, a santidade em minha
Vontade cresce a cada instante, não há nada que se escape do crescer e que a alma não
possa fazer correr no mar infinito de minha Vontade; as coisas mais indiferentes, o sono, o
alimento, o trabalho, etc., podem entrar em meu Querer e tomar nele seu posto de honra como
obras de meu Querer; só que a alma o queira, e todas as coisas, desde as maiores até as
menores podem ser ocasiões para entrar em meu Querer, o que não acontece com as virtudes,
Porque as virtudes, se se quiser exercitar, muitas vezes falta a ocasião, se se quiser exercitar a
obediência, necessita-se de alguém que dê ordens, e pode acontecer que por dias e por
semanas falte quem dê novas ordens para fazê-la obedecer, e então, por quanto boa vontade
tenha de obedecer, a pobre obediência ficará ociosa; assim da paciência, da humildade e de
todas as outras virtudes, pois como são virtudes deste submundo, são necessárias as outras
criaturas para exercitá-las, em troca minha Vontade é virtude de Céu, e Eu só basto para tê-la a
cada instante em contínuo exercício, para Mim é fácil mantê-la tão elevada, assim de noite ou
de dia, para tê-la exercitada em meu Querer”.
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14-17
Março 28, 1922
Tudo o que Jesus fez na terra, está em contínua atitude de dar-se ao homem.
(1) Continuando meu habitual estado, estava Fundindo-me toda no Santo Querer de meu
amável Jesus, e Ele me disse:
(2) “Filha de meu Querer, se soubesses os portentos, os prodígios que acontecem quando te
fundes em meu Querer, tu ficarias estupefata; escuta um pouco: Tudo o que Eu fiz sobre a terra
está em contínua atitude de dar-se ao homem, fazendo-lhe coroa: Meus pensamentos formam
coroa em torno da inteligência da criatura, minhas palavras, minhas obras, meus passos, etc.,
formam coroa em torno de suas palavras, de suas obras e de seus passos, a fim de que
entrelaçando suas coisas com as minhas possa dizer a meu Pai Celestial que seu obrar é como
o meu. Agora, quem toma esta minha atitude contínua? Quem se deixa entrelaçar por minhas
obras com as que coroei a toda a família humana? Que vive no meu Querer. À medida que tu
fundias os teus pensamentos no meu Querer, os meus pensamentos que te faziam coroa
sentiam o eco dos meus na tua mente, e, fundindo-se com os teus, multiplicavam os teus e os
meus, e formava uma coroa dupla em torno do entendimento humano, e meu Pai recebia não
só de Mim, mas também de ti a glória divina por parte de todas as inteligências criadas, e assim
das palavras e de todo o resto. E não só por parte das criaturas resgata esta glória divina,
senão por parte de todas as outras coisas criadas, porque todas as coisas foram criadas para
fazer correr contínuo amor para o homem, e o homem por justiça deveria dar por cada coisa
criada, homenagem, amor ao seu Criador. Agora, quem substitui isto? Quem faz seu este Fiat
pelo qual todas as coisas foram feitas, para difundir sobretudo uma homenagem, uma
adoração, um amor Divino a seu Criador? Quem vive no meu Querer! Quase a cada palavra
sua faz seu aquele Fiat Onipotente, o eco do Fiat eterno faz eco no seu Fiat Divino no qual vive
e se difunde, corre, voa, e em cada coisa criada imprime outro Fiat, e dá novamente ao seu
Criador a homenagem, o amor por Ele queridos. Isto o fiz Eu quando estive na terra, não houve
coisa alguma pela qual Eu não correspondesse a meu Divino Pai por parte de todas as
criaturas; agora o faça-o, quero-o, espero-o, de quem vive em meu Querer. Se você visse a
como é belo ver em cada piscar de estrela, em cada gota de luz do sol, minha glória, meu amor,
minha profunda adoração unida à sua, oh! como corre, como voa sobre as asas dos ventos
enchendo toda a atmosfera, como percorre as águas do mar, como se apoia em cada planta,
em cada flor, como se multiplica em cada movimento; é uma voz que faz eco sobretudo e diz:
Amor, glória, adoração ao meu Criador’. Por isso quem vive em minha Vontade é o eco de
minha voz, a repetidora de minha Vida, a perfeita glória de minha Criação, como não devo amá-la?
Como não devo dar-lhe tudo o que você deve dar a todas as outras criaturas juntas, e fazê-la
ter o primado sobre tudo? Oh! meu amor se meteria em dificuldades se não o fizesse!”
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15-17
Abril 21, 1923
O ponto mais negro da sociedade presente.
(1) Esta manhã meu sempre amável Jesus me transportou para fora de mim mesma, em um lugar
onde se viam bandeiras tremulando no ar, audiências onde todas as classes de pessoas tomavam
parte, também sacerdotes, e Jesus como ofendido por tudo isto queria tomar em sua mão as
criaturas para tritura-las, e eu tomando sua mão na minha a tenho estreitado dizendo-lhe:
(2) ” Meu Jesus, o que estás a fazer? Parece que não são coisas más as que fazem, mas bem
parecem boas, parece que a Igreja se une com seus inimigos de antes, e estes não mostram mais
aquela aversão a tratar com as pessoas da Igreja, mas sim as chamam a abençoar as bandeiras,
não é isto um bom sinal? E você em vez de agradecer parece que se ofende”. E Jesus suspirando
e extremamente aflito me disse:
(3) “Minha filha, como te enganas, este é o ponto mais negro da sociedade presente, e a união
significa que todos têm uma mesma cor; os inimigos não têm mais temor, horror de aproximar-se
das pessoas da Igreja, porque não há neles verdadeira fonte de virtude e de religião, É mais,
alguns celebram o Divino Sacrifício sem crer na minha presença, outros, se acreditam, é fé sem
obras e sua vida é uma cadeia de sacrilégios enormes, portanto, que bem podem fazer se não o
têm neles? Como podem chamar ao cumprimento de verdadeiro cristão, fazendo conhecer que
grande mal é o pecado, se falta neles a vida da graça? Com todas as uniões que fazem já não há
homens que cumpram o preceito, portanto não é a união do triunfo da religião, é o triunfo do
partido, o qual, disfarçando-se procura ocultar o mal que vão maquinando, é a verdadeira
revolução que se esconde sob estas máscaras, e Eu fico sempre o Deus ofendido, tanto pelos
maus que fingem uma aparência de piedade para reforçar seu partido e assim poder fazer um mal
mais grave, como pelas pessoas da Igreja, porque tendo eles uma falsa piedade, já não são bons
para atrair os povos a meu seguimento, São mais aqueles que os arrastam para estes. Pode-se
dar um tempo mais triste que este? O fingimento é o pecado mais feio e o que mais fere meu
coração, por isso roga e repara”.
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16-17
Agosto 28, 1923
Não basta possuir, senão se requer cultivar e guardar o que se possui.
(1) Sentia-me extremamente aflita pela privação do meu doce Jesus, porque o chamava e rogava,
não se dignava retornar a sua pequena exilada daqui abaixo. Ai, como é duro meu exílio!
Meu pobre coração agonizava pela dor que sentia, porque Aquele que forma sua vida estava distante de
mim; mas enquanto suspirava seu retorno, veio o confessor, e Jesus, precisamente então, depois
de tanto esperar se moveu em meu interior, estreitando-me forte o coração se fazia ver e eu lhe
disse:
(2) “Meu Jesus, não podias ter vindo antes? Agora devo obedecer; se te parece bem virás quando
te receber no Santíssimo Sacramento, então ficaremos sós outra vez e Estaremos livres para ficarmos juntos”.
(3) E Jesus, com um aspecto digno e descuidado, disse-me:
(4) “Minha filha, quereis que destrua a ordem da minha Sabedoria e que retire esse poder dada à
minha Igreja?”
(5) E, enquanto dizia, fazia-me participar nas suas penas. Depois disse-lhe:
(6) “Mas diz-me, meu amor, porque não vens? Fizeste-me esperar tanto, quase até me
fazer perder a esperança de seu retorno, e meu pobre coração, pela dor, se debate entre a vida e a morte”.
(7) E Jesus todo bondade: “Minha filha, tendo posto em ti a propriedade do meu querer, quero que
não só seja possuído por ti, mas que o saibas conservar bem, cultivar, ampliar, de maneira de multiplicá-lo; assim que as penas, as mortificações, a vigilância, a paciência, e até minha mesma privação servem para ampliar e guardar os confins de minha Vontade em tua alma. Não basta possuir, mas saber possuir; de que serve ao homem possuir uma propriedade se não se toma o cuidado de semeá-la, cultivá-la, guardá-la, para depois recolher os frutos de suas fadiga? Se você não
trabalhar seu terreno, mesmo que você o possui você pode dizer que você não terá com o que tirar
a fome, assim que não é possuir o que faz rico e feliz ao homem, senão o saber cultivar bem o que
possui. Assim são minhas graças, meus dons, especialmente minha Vontade que como Rainha
tenho posto em ti, quer o alimento de ti, quer o trabalho de tuas penas, de tuas ações, quer que em
cada coisa, sua vontade toda submetida à sua lhe dê as honras e o cortejo que como a Rainha
convém, e Ela em cada coisa que faça ou sofra terá disposto o alimento com que nutrir tua alma. E
assim tu por um lado e minha Vontade pela outra, alongareis os confins da minha Suprema Vontade em ti”.
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17-17
Outubro 6, 1924
A Divina Vontade é pulsação primária
da alma e de todas as coisas criadas.
(1) Estava me fundindo toda no Santo Querer Divino, e meu doce Jesus movendo-se em meu
interior me disse:.
(2) “Minha filha, como é belo ver uma alma fundir-se em minha Vontade, enquanto a alma se funde
nela, o batimento criado toma lugar e vida no batimento incriado e formam um só, e corre e bate
junto com o batimento eterno. Esta é a maior felicidade do coração humano, bater na batida eterna
do seu Criador. Meu Querer o põe em voo e o batimento humano se lança no centro de seu
Criador”.
(3) Então eu lhe disse: “Diz-me, meu amor, quantas vezes gira o teu Querer em todas as
criaturas?”.
(4) E Jesus: “Minha filha, meu Querer, em cada batida de criatura forma seu giro completo em toda
a Criação, e assim como o batimento na criatura é contínuo, e se cessa o batimento cessa da vida,
assim minha Vontade, mais que pulsação, para dar Vida Divina às criaturas gira e forma o
batimento da minha Vontade em cada coração. Veja então como está minha Vontade em cada
criatura, como batimento primário, porque o seu é secundário. Aliás, se há pulsação de criatura, é
em virtude do bater da minha Vontade, mas sim, esta minha Vontade forma dois batimentos, um
para o coração humano como vida do corpo; e outro para a alma, como batida e vida da alma. Mas
queres saber o que faz este batimento da minha vontade na criatura? Se pensa, minha Vontade
corre e circula como sangue nas veias da alma e lhe dá o pensamento divino, a fim de que faça a
um lado o pensamento humano e dê o lugar primário ao pensamento de minha Vontade; se fala,
quer o lugar a palavra de minha Vontade; se obra, se caminha, se ama, minha Vontade quer o
lugar da obra, do passo, do amor. É tanto o amor e o zelo de minha Vontade na criatura, que
enquanto bate, se a criatura quer pensar se faz pensamento, se quer olhar se faz olho, se quer
falar se faz palavra, se quer obrar se faz obra, se quer caminhar se faz pé, se quer amar se faz
fogo, em suma, corre e gira em cada ato da criatura para tomar nele seu lugar primário que lhe é
devido; mas com grande dor nossa a criatura lhe nega este lugar de honra e dá este lugar a sua
vontade humana, e a minha Vontade é forçada a estar na criatura como se não tivesse nem
pensamento, nem olho, nem palavra, nem mãos, nem pés, sem poder desenvolver a Vida da minha
Vontade no centro da alma da criatura. ¡ Que dor! Que grande ingratidão! Mas você quer saber
quem me dá campo livre e faz a minha Vontade trabalhar como batida de vida em sua alma? Quem
vive na minha Vontade. Pois bem, oh! como nela desenvolve bem sua Vida e se constitui
pensamento de seu pensamento, olho de seu olho, palavra de sua boca, batido de seu coração e
assim de tudo o resto. Oh! como nos entendemos imediatamente, e minha Vontade consegue a
tentativa de formar sua Vida na alma da criatura. E não só na criatura racional minha Vontade tem
seu lugar primário e é como bater que dando a circulação à vida da alma, corre a dar vida a todos
os atos da criatura, senão que em todas as coisas criadas minha Vontade tem seu lugar primário e
circula como latido de vida, desde a mais pequena coisa criada até à maior, e ninguém pode
separar-se da potência e imensidão da minha Vontade. Ela se faz vida do céu azul e mantém nele
sempre novo e vívido a cor celeste, não pode descolorar-se, nem mudar-se, nem perder o brilho,
porque minha Vontade assim quis que fosse, e uma vez estabelecido assim, Ela não muda; minha
Vontade é vida da luz e do calor do sol, e com a sua pulsação de vida conserva sempre igual e viva
a luz e o calor, e mantém-no imóvel na minha Vontade, sem poder afastar-se, nem crescer nem
decrescer no bem que deve fazer a toda a terra. Minha Vontade é vida do mar e nele forma o
murmúrio das águas, o serpentear dos peixes, as ondas estrondosas. Oh! como a minha Vontade
faz festa da potência que contém e desenvolve a sua Vida com tanta majestade e absoluto domínio
nas coisas criadas, que nem o mar pode deixar de murmurar, nem o peixe de nadar; aliás, poderia
dizer que é a minha Vontade que murmura no mar, Minha vontade que nada no peixe, minha
Vontade que forma as ondas e com seu ruído faz ouvir que aí está sua Vida, que pode fazer tudo
como lhe parece e como gosta. Minha Vontade é pulsação de vida no pássaro que trina, no piar do
pintinho, no cordeiro que bale, na rola que geme, nas plantas que vegetam, no ar que todos
respiram, em suma, em toda minha Vontade tem sua Vida e forma com sua potência o ato que Ela
quer, assim, tem a harmonia em todas as coisas criadas e forma nelas os vários efeitos, cores,
ofícios que cada uma contém. Mas sabes para quê? para me fazer conhecer pela criatura, para ir a
ela, para cortejá-la, para amá-la com tantos atos diversos de minha Vontade por quantas coisas
criei. Meu Amor não ficou contente em colocar no fundo da alma a minha Vontade como batimento
de vida, senão que quis pôr minha Vontade em todas as coisas criadas, a fim de que também por
fora minha Vontade não a deixasse jamais, e assim pudesse conservar-se e crescer na santidade
de minha mesma Vontade, e todas as coisas criadas lhe fossem de incentivo, de exemplo, de voz e
de reclamo contínuo para fazê-la sempre correr no cumprimento de minha Vontade, finalidade
única para a qual foi criada. Mas a criatura se faz surda às tantas vozes da Criação, cega à vista de
tantos exemplos, e se abre os olhos os fixa em sua vontade. ¡ Que pena! Por isso te recomendo
que não queiras jamais sair de minha Vontade se não queres multiplicar minha dor e perder a
finalidade para a qual foste criada”.
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18-17
Dezembro 20, 1925
Sobre as lágrimas de Jesus e como derramou todas as lágrimas das criaturas. Viver na
Divina Vontade significa possuí-la.
(1) Estava pensando nas lágrimas que derramou o menino Jesus em seu nascimento e dizia entre
mim: “Quão amargas devem ter sido essas lágrimas, como lhe puderam agora congelar, agora
queimar aquele terno rosto, porque pelo que eu sei, as lágrimas têm dois efeitos, segundo a causa
pela qual são derramadas, se a causa é por um amor, queimam e fazem dar em soluços; se são
produzidas pela dor, são geladas e fazem tremer. No meu menino real havia um intenso e infinito
amor e uma dor sem fim, assim que muito lhe devem ter custado suas lágrimas”. Agora, enquanto
pensava nisso, o meu doce Jesus mexeu-se dentro de mim e fez-me ver o seu rosto banhado em
lágrimas, mas tantas, que uma corria atrás da outra, até lhe banhar o peito e as mãos, e suspirando
disse-me
(2) “Minha filha, minhas lágrimas começaram desde o primeiro instante de minha Concepção no
seio de minha Mãe Celestial e duraram até meu último respiro sobre a cruz. A Vontade de meu Pai
Celestial confiou-me também o trabalho das lágrimas, e devia derramar tantas de meus olhos por
quantas deviam derramar todas as criaturas juntas. Assim como concebi todas suas almas em
Mim, Assim devia derramar todas suas lágrimas de meus olhos. Vê, pois, quanto chorei; de meus
olhos derramei as lágrimas que as criaturas derramaram por paixões, para que as minhas
apagassem as suas paixões; e derramei as lágrimas necessárias depois do pecado, para lhes dar
a dor de me ter ofendido e a convicção do mal que fizeram, preparando com minhas lágrimas o
propósito de não me ofender mais; devo derramar as lágrimas para enternecer as almas para fazê-las
compreender as penas de minha Paixão; como também derramei lágrimas abundantes de amor
para atrair as almas a me amar, para captar sua simpatia e seu coração tudo para Mim; basta
dizer-te que não há lágrima que brote do olho humano que não tenha derramado Eu de meus
olhos. Ninguém soube das minhas tantas lágrimas, dos meus tantos choros ocultos e dos meus
segredos; quantas vezes ainda como tenro menino voava da terra ao Céu, e encostando a minha
cabecinha aos joelhos de meu Pai Celestial chorava, chorava e soluçava, dizia-lhe: meu pai, olha,
eu nasci no mundo para lágrimas e dor, como os meus irmãos que nascem às lágrimas e morrem
em pranto, e eu amo tanto estes irmãos, que quero derramar todas as suas lágrimas de meus
olhos, não quero que nenhuma me escape, para dar a suas lágrimas, lágrimas de amor, de dor, de
vitória, de santificação e de divinização’. Quantas vezes minha querida Mamãe me olhando ficava
trespassada ao me ver todo banhado em pranto, e Ela unia, pela dor de me ver chorar, suas
lágrimas às minhas, e chorávamos juntos; às vezes me via obrigado a esconder-me para dar
desabafo ao pranto para não traspassar seu inocente e materno coração, outras vezes esperava a
que minha Celestial Mamãe, por necessidade, se ocupasse em seus afazeres domésticos para dar
desabafo a minhas lágrimas para poder completar o número das lágrimas de todas as criaturas”.
(3) Então eu ao ouvir isto lhe disse: “Jesus, meu amor, já que também minhas lágrimas foram
derramadas por teus olhos, como também as de nosso primeiro pai Adão, eu quero que as
derrames sobre minha alma para me dar a graça não somente de fazer tua Santíssima Vontade,
mas de possuí-la como coisa e vontade minha”. Então Jesus sacudia a cabeça, e do seu rosto
corriam as lágrimas sobre minha pobre alma, e acrescentou:.
(4) “Filha de meu Querer, certamente que derramei tuas lágrimas, para que passando por meus
olhos as tuas, pudesse te dar o grande dom de minha Vontade. O que Adão não pôde receber com
suas lágrimas, apesar de que passaram por meus olhos, podes receber tu, porque Adão antes de
que pecasse possuía minha Vontade, e com a possessão de minha Vontade, na semelhança
crescente de seu Criador, e crescia tanto que formava o encanto de todo o Céu e todos se sentiam
honrados em servi-lo; depois do pecado perdeu a possessão de meu Querer, e apesar de ter
chorado sua culpa e não ter pecado mais, pôde fazer minha Vontade, mas não possuí-la, porque
faltava o Divino Ofendido que devia formar o novo enxerto divino entre a criatura e o Criador, para
poder cruzar de novo os limites das possessões do Eterno Querer. Este enxerto foi feito por Mim,
Verbo Eterno, depois de quatro mil anos, e Adão até então havia passado aos limiares da
eternidade. Mas apesar deste enxerto divino feito por Mim com lágrimas, suspiros e penas
inauditas, quantos se reduzem à condição de Adão depois do pecado a só fazer minha Vontade,
outros não a querem conhecer, outros se revelam a Ela; só quem vive em minha Vontade eleva-se
ao estado de Adão inocente antes de cair em pecado, porque há uma grande distância entre quem
faz a minha vontade e entre aqueles que a possuem, há a distância entre Adão inocente e Adão
depois do pecado. E eu, vindo à terra, devia agir como Deus, cumprir em toda a obra do homem,
elevá-lo ao ponto primeiro da sua origem, dando-lhe a posse da minha vontade, e enquanto muitos
se servem da minha vinda apenas como remédio para a sua salvação e, portanto, tomam a minha
vontade como remédio, como força e como antídoto para não ir para o inferno, Eu esperarei ainda,
a fim de que surjam as almas que a tomem como vida, e com fazê-la conhecer tomem posse dela e
assim completarei a obra da minha vinda à terra e terá fruto o enxerto divino formado de novo com
a criatura, e minhas lágrimas se transformarão em sorrisos celestiais e divinas para Mim e para
elas”.
+ + + +

19-17
Maio 3, 1926
A Vontade Divina bilocando reina na alma como em sua sede.
(1) Estava segundo meu costume, por me fundir no Santo Querer Divino e dizia: “Majestade
Suprema, venho em nome de todos, desde o primeiro até o último homem que existirá sobre a terra
para dar-vos todas as homenagens, as adorações, os louvores, o amor que cada criatura vos deve,
e a fazer-vos todas as reparações de todos e de cada um dos pecados”. Agora, enquanto eu dizia
isto, o meu amável Jesus mexeu-se dentro de mim e disse-me:.
(2) “Minha filha, este modo de rezar é só da minha Vontade, porque somente Ela pode dizer:
“Venho em nome de todos perante a Majestade Suprema”. Porque com sua onividência e
imensidão vê tudo e abraça a todos e pode dizer, não como um modo de dizer, mas na realidade:
“Venho em nome de todos para fazer-vos tudo o que as criaturas vos devem”. Nenhuma vontade
humana pode dizer em realidade: “Venho em nome de todos”. Este é o sinal de que minha Vontade
reina em ti”.
(3) E enquanto isso dizia, em voz alta meu Jesus continuava a rezar e eu o seguia, e juntos nos
encontramos diante da Majestade Suprema. Oh! como era belo rezar com Jesus, todas as coisas
ficavam investidas por suas palavras e seus atos, e como sua Vontade se encontrava por toda
parte e em cada coisa criada, por toda parte se ouvia repetir suas palavras criadoras, suas
adorações e tudo o que fazia. Eu me sentia diminuindo mais junto a Jesus e estava toda
maravilhada, então Ele acrescentou:.
(4) “Minha filha, não te admires, é minha Vontade que bilocando-se, enquanto reina em Deus, ao
mesmo tempo reina na alma, e com seus modos divinos reza, ama e obra nela, por isso nos é
impossível não estimar, não amar, não escutar nossa Vontade bilocada na criatura, é mais, só Ela
nos leva como em regaço nossa alegria, a felicidade, o amor que transbordou de nosso seio em
nossa obra ad extra’ da Criação, repete-nos a festa, renova-nos a alegria que sentimos ao criar
tantas coisas belas dignas de Nós. Como não amar aquela que nos dá a ocasião de bilocar nossa
Vontade ao fazê-la reinar nela para nos dar amor, adorações, glória divina? Por isso viver em meu
Querer é o prodígio dos prodígios, porque o tudo está na vontade, tanto em Deus como na criatura.
Quantas coisas Nós podíamos fazer, mas como não as queríamos não as fizemos, quando as
queremos somos todo amor, todo poder, todo olho, mãos e pés, em suma, todo nosso Ser vem
concentrado no ato que quer fazer nossa Vontade, em vez disso, se a nossa Vontade não quer,
nenhum dos nossos atributos se move, parece que não têm vida para tudo o que não quer fazer a
nossa Vontade, assim que Ela tem a supremacia, o domínio sobre o nosso Ser, e é a dirigente de
todos os nossos atributos. Por isso a maior coisa que podíamos dar à criatura era nossa Vontade, e
nela concentrávamos todo nosso Ser, poderia o amor ser mais intenso, um milagre mais intenso
que isso? É mais, por quanto pudéssemos dar à criatura, a Nós nos parece nada em comparação
de dar nossa Vontade reinante e dominante nela, porque nas demais coisas que podemos dar, são
os frutos de nossas obras, de nossos domínios, em troca de dar nossa Vontade, não são os frutos,
mas a nossa própria Vida e os nossos próprios domínios; quem tem mais valor, os frutos ou a vida?
Certamente a vida, porque com dar a Vida do nosso Querer damos ao mesmo tempo a fonte de
todos os nossos bens, e quem possui a fonte dos bens não tem necessidade dos frutos. E se a
criatura nos desse tudo, fizesse os maiores sacrifícios, mas não nos desse seu pequeno querer
para fazer reinar o nosso, nos daria sempre nada, é mais, quando as coisas não são produzidas
por nosso Querer, por quão grandes sejam, olhamos para elas como coisas estranhas a Nós, e que
não nos pertencem”.
(5) Depois, eu estava pensando no que Jesus me havia dito e dizia entre mim: “Será possível tudo
isto, que o Divino Querer chega até bilocar-se para reinar na criatura como em sua própria sede, em
seu seio divino?” E Jesus acrescentou:.
(6) “Minha filha, você sabe como isso acontece? Supõe um pequeno e pobre tugúrio, onde um rei,
levado por amor a este antro quer habitar dentro, assim que desde dentro daquele antro se escuta
a voz do rei, partem as ordens do rei, saem suas obras, dentro daquele pardieiro estão os
alimentos adequados para alimentar o rei, a cadeira para sentar-se digna dele, assim que o rei
nada mudou do que convém a sua real pessoa, só mudou o quarto da habitação real, Por sua
vontade e com grande prazer escolheu a favela. A pequena favela é a alma, o rei é a minha
vontade. Quantas vezes escuto a voz de minha Vontade que implora, que fala, que ensina no
pequeno favorzinho de sua alma? Quantas vezes vejo sair minhas obras, e governo, vivifico e
conservo todas as coisas criadas desde seu pequeno barraco? Minha Vontade não leva em conta a
pequenez, mas bem lhe agrada sumamente, o que vai buscando é o absoluto domínio, porque com
o absoluto domínio pode fazer o que quer e pôr o que lhe agrada”..
+ + + +

20-17
Outubro 29, 1926
Nosso Senhor concentrava seu Amor ao homem em todas as coisas criadas por Ele.
Desabafo de amor ao criá-lo, e como o Fiat o fazia viver aos reflexos de seu Criador.
(1) Estava continuando meu giro em toda a Criação para seguir cada ato da Vontade Suprema em
cada uma das coisas criadas, e o meu sempre amável Jesus saiu de dentro de mim para me
acompanhar em todo o espaço da abóbada dos céus, e conforme chegávamos a cada uma das
coisas criadas, Jesus tinha sobressaltos de alegria e de amor, e depois detendo-se me disse:
(2) “Filha minha, eu criei o céu e concentrei o meu amor para com o homem no céu, e para lhe dar
maior deleite o cobri de estrelas, Eu não amei o céu, mas o homem no céu, e para ele o criei; como
foi forte e grande o meu amor ao estender sobre a cabeça do homem esta abóbada azul, adornada
de estrelas fulgidíssimas, como um pavilhão que nem reis, nem imperadores podem ter um igual.
Mas não me contentei em concentrar meu amor para com o homem no céu, que devia servir para
puro deleite, mas sim querendo me deleitar em amor com ele quis criar o sol, concentrando para o
homem tanto amor no sol, Eu amava o homem no sol, não ao sol, e por isso Eu punha nele, amor
de necessidade, porque era necessário o sol para a terra, pois devia servir às plantas e ao bem estar do homem; amor de luz que devia iluminá-lo; amor de fogo que devia aquecê-lo; em todos os
efeitos que produz este astro, que são inumeráveis, milagre contínuo que está na abóbada dos
céus e que desce com sua luz para o bem de todos, tantas especialidades de amor concentrei no
sol para o homem por quantos bens e efeitos produz, oh, se a criatura ao menos pusesse atenção
a meu amor que leva o sol, como me sentiria feliz e correspondido pelo grande amor que coloquei
neste meu relator divino e portador do meu amor, da minha luz! Se minha Suprema Vontade
operava constituindo-se vida em cada coisa criada, para dar-se também por meio delas como vida
às gerações humanas, meu amor fazendo seu caminho em meu Eterno Fiat se concentrava para
amá-lo, assim que em cada coisa criada, no vento, no mar, na pequena flor, no passarinho que
canta, em tudo, Eu concentrava meu amor, a fim de que todos lhe levassem amor, mas para sentir,
compreender e receber esta minha linguagem de amor, o homem devia amar-me, de outra maneira
toda a Criação teria sido como muda para ele e sem vida. Agora, depois que criei tudo, formei a
natureza do homem com as minhas próprias mãos criadoras, e conforme formava os ossos,
estendia os nervos, formava o coração, assim concentrava o meu amor, e depois que o vesti de
carne formando-o como a mais bela estátua que nenhum outro artífice podia jamais fazer, olhei-o,
amei-o tanto, que não podendo contê-lo, meu amor se derramou, e dando-lhe meu alento lhe
infundi a vida; mas não estivemos contentes, a Trindade Sacrossanta dando em excessos de amor
quis dotá-lo, dando-lhe inteligência, memória e vontade, e segundo sua capacidade de criatura o
enriquecemos com todas as partículas de nosso Ser Divino. Toda a Divindade estava atenta a
amar e a verter-se no homem; desde o primeiro instante de sua vida sentiu toda a força de nosso
amor e desde o fundo de seu coração expressou com sua voz o amor a seu Criador. Oh! como nos
sentimos felizes ao ouvir que nossa obra, a estátua feita por Nós falava, nos amava e com amor
perfeito. Era o reflexo de nosso Amor que saía dele, este amor não tinha sido contaminado por sua
vontade e por isso seu amor era perfeito, porque possuía a plenitude de nosso Amor. Até então, de
todas as coisas criadas por Nós, nada nos havia dito que nos amava, assim que ao ouvir que o
homem nos amava, nossa alegria, nosso contentamento foi tão grande, que por cumprimento de
nossa festa o constituímos rei de todo o universo e como a mais bela joia de nossas mãos
criadoras. Como era belo o homem nos primeiros tempos de sua criação, era nosso reflexo, e estes
reflexos lhe davam tanta beleza que arrebatava nosso amor e o tornava perfeito em todos seus
atos: Perfeita era a glória que dava a seu Criador, perfeita sua adoração, seu amor, suas obras,
sua voz era tão harmoniosa que ressoava em toda a Criação, porque possuía a harmonia divina e
daquele Fiat que lhe tinha dado a vida. Tudo era ordem nele, porque nosso Querer lhe levava a
ordem de seu Criador, o tornava feliz e o fazia crescer à nossa semelhança, segundo nossas
palavras: „Façamos o homem à nossa imagem e semelhança’. Cada ato seu feito na unidade da luz
do Fiat Supremo era uma tinta de beleza divina que adquiria, cada palavra sua era uma nota mais
harmoniosa que tocava; tudo era amor nele, em tudo nos exaltava nossa Glória, nossa Potência e
Sabedoria infinita, e tudo, céu, sol e terra lhe levavam as alegrias, felicidade e amor d’Aquele que o
criou. Se você pudesse formar uma estátua conforme gostasse mais, e depois te verter toda você
mesma nela dando-lhe todos os humores vitais, e com o império de seu amor lhe dar a vida,
quanto não a amaria, e quanto não quereria que te amasse? Qual não seria seu zelo de amor de
que tudo estivesse a sua disposição e que nem sequer um batimento toleraria que não fosse feito
para você? Ah! Você na sua estátua olharia para si mesma, e, portanto, em cada pequena coisa
não feita para você sentiria um rasgo feito a si mesma. Tal sou Eu, tudo o que a criatura não faz
para Mim são tantos rasgões que sinto, muito mais que a terra que a sustenta é minha, o sol que a
ilumina e esquenta é meu, a água que bebe, o alimento que toma é meu, tudo é meu, vive às
minhas custas e enquanto lhe dou tudo, ela, a minha bela estátua, não é para mim. Qual não será,
então, a minha dor, a afronta e a ofensa que esta estátua me faz? Pensa tu, minha filha. Agora,
você deve saber que só minha Vontade pode me devolver minha estátua bela como Eu a fiz,
porque Ela é a conservadora de todas nossas obras e a portadora de todos nossos reflexos, de
modo que a alma vive de nossos reflexos, que, se ama, lhe fornece a perfeição do amor; se age, a
perfeição das obras; em suma, tudo o que faz, tudo é perfeito nela e esta perfeição lhe dá tantas
tintas de várias belezas, de apaixonar o Artífice que a formou. Eis por que amo tanto que o Fiat
Supremo seja conhecido e forme seu Reino no meio das gerações humanas, para estabelecer a
ordem entre Criador e criatura, para voltar a pôr em comum nossos bens com ela, e só nossa
Vontade tem este poder, sem Ela não pode haver muito de bem, nem nossa estátua pode nos
devolver bela como saiu de nossas mãos criadoras”.
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