VIDA INTIMA MEDITAÇÃO SUPER IMPORTANTE
O QUE O FILHO DE DEUS PRATICOU EM SEU ÍNTIMO NO
SEIO DE MARIA SANTÍSSIMA ATÉ O NASCIMENTO
ENCARNAÇÃO NO SEIO DE MARIA.
Quando foi criada a alma que devia animar o corpo passível e imortal, logo me uni a ela com união perfeitíssima, de modo que a alma conheceu a divindade com todos os seus atributos, conheceu a sua dignidade. Estando unida ao Verbo, adorou a Trindade e ainda submeteu-se aos decretos divinos, com todo conhecimento e plenitude das luzes e capacidade perfeita. Contentou-se com descer às vísceras da Virgem Maria e animar aquele corpúsculo que neste mesmo instante era formado no útero virginal por obra da terceira Pessoa, isto é, do Espírito.
OFERTA DO VERBO ENCARNADO.
Logo que fui unido à natureza humana, eu, o Verbo Encarnado, o Filho Unigênito do Pai, ofereci-me a meu Pai, e ofereci-me para padecer e sofrer tudo o que Ele tivesse ordenado e que fosse de seu agrado. Não queria servir-me de minha divindade para abster-me de padecer, visto que, sendo bem-aventurado, não era sujeito a padecimento ou dor alguma, mas somente para conservar aquela vida natural e humana que assumira e que não teria jamais podido conservar-se entre tantas penas, se minha própria divindade não fosse a ela unida.
PRIMEIRAS AFLIÇÕES DA ALMA DE JESUS
Quando minha alma unida ao Verbo desceu para habitar naquela estreiteza e animar aquele corpo, experimentei logo no primeiro instante toda aflição e tristeza que a uma pessoa de juízo perfeito e conhecimento causaria semelhante habitação e estreiteza. Estava, portanto, esposa caríssima, recluso como todas as outras crianças, que
estão privadas, então, do uso da razão. Mas eu, como Deus, tinha todo o conhecimento e minha alma experimentava aquelas angústias que costumam provocar semelhantes estreitezas.
PRIMEIRAS PULSAÇÕES DO CORAÇÃO DE JESUS.
Unido àquela humanidade, adorei imediatamente meu Pai eterno e agradeci-lhe o benefício feito ao gênero humano em dar-lhe a mim, seu Filho Unigênito em“prol da Redenção humana. Adorei-o e agradeci-lhe em nome de todas as
“criaturas racionais, das quais eu me declarei então irmão; protestei, desde “esse primeiro momento, que tudo o que eu fizesse e sofresse em cada instante de minha vida, tudo intencionava fazer e sofrer por meus irmãos e
*suprir assim sua carência e sua negligência.
Depois deste primeiro ato de adoração e ação de graças, pedi a meu eterno Pai uma graça particular para minha dileta Mãe, para que lhe fosse acrescido cada vez que eu respirasse, enquanto morava em suas vísceras, um grau de graça afim de remunera-la ao cêntuplo, pois aquela respiração me era subministrada com o hálito do seu purísssimo coração, o Pai dignou-se satisfazer-me e agradeci-lhe também de parte de minha Mãe, porque, como Deus que sou, minhas ações de graças tinham mais valor e eram mais agradáveis a meu Pai.
AFLIÇÕES E ALEGRIAS.
Sentia, oh minha filha, naquela estreiteza uma indizível angústia e ao mesmo tempo, um incomparável deleite, sabendo que estava fazendo a vontade de meu Pai e que habitava no seio de uma criatura que eu tanto amava, nã qual encontrei todas as minhas delícias.
Oferecia ao Pai a aflição que sofria naquela estreiteza em satisfação da liberdade que, contra seu querer, haveriam de tomar tantos irmãos meus. Sofria por tantos deles que seriam encarcerados, restringidos, angustiados por meu amor, e então prometia-lhes minha assistência e minha ajuda. — Oferecia ainda a aflição que sofria por estar encarcerado naquele lugar, ao meu Pai, em satisfação por tanta liberdade que tomam as criaturas de andar vagando pelo mundo, entregando-se a passeios e divertimentos ilícitos, que ofendem a meu Pai.
— Oferecia-a ainda por aquelas religiosas e religiosos, porque bem sabia que encontraria muitos, que, enfastiados pela clausura e estreiteza de suas regras, as abandonariam e até as vilipendiariam e muitos as transgrediriam, por fatos ou desejos, suspirando por aquela vã e perniciosa liberdade que uma vez desprezaram tanto, mas depois almejavam e reclamavam por relaxamento do espírito e fervor perdido. Rogava a meu Pai que, em virtude daquela minha aflição e angústia, se lhes mostrasse propício e pronto a perdoá-los, quando, reconhecendo o erro, quisessem voltar ao primeiro fervor e abraçar de novo a estreiteza da clausura e da observância regular.
— Ainda oferecia aquelas angústias e estreitezas por todos delinquentes que, punidos pela justiça por causa de suas faltas, estariam nos cárceres, presos, com estreiteza de recinto e em lugares escuros. Pedia-lhe que, em virtude dessas minhas estreitezas, concedesse a cada um deles muitas graças para poderem suportar com paciência esse castigo, em desconto de seus delitos. Meu Pai aceitou tudo e prometeu-me fazê-lo quando, da parte deles, não houvesse resistência às inspirações divinas, nem à sua santa graça e expusassem de seus corações obstinação e sentimento de vingança contra aqueles que os puniam.
VALOR INFINITO DE SUAS AFLIÇÕES
Tu, minha esposa, acreditarias que minha vida no seio de Maria tivesse pouco mérito e pouco valor, por que faltavam esses padecimentos cruéis que sofreria no decurso de minha Paixão. Não! Saiba, filha, que tinha tanto mérito e tanto valor uma só daquelas respirações angustiadas que eu tinha no útero virginal, que bastava para satisfazer pelas culpas, defeitos e faltas de todas as criaturas. E saiba que meu padecimento naquela estreiteza era tão grande que um só momento seria suficiente para resgatar mundos infinitos. Podes compreendê-lo, em parte, pensando que, sendo eu o Verbo eterno e Deus verdadeiro, não posso ser compreendido, nem abrangido; e sendo os próprios céus estreitos para habitação minha, reduzi-me a habitar, enquanto Deus e enquanto homem, em carne passível, no pequeno tugúrio de um ventre virginal, com toda a plenitude de conhecimento próprio de um Deus imortal e de um homem passível e mortal.
AFLIÇÕES DOS SENTIDOS.
Possuindo, portanto, o perfeito uso da razão, enquanto homem, experimentava em todos os meus sentidos uma indizível aflição por estar naquele lugar estreito, sendo obrigado a tê-los todos privados de movimento e extensão; assim, os olhos sempre fechados, os lábios em contínuo silêncio, as mãos e os pés sempre imóveis, sem movimento algum, e todo o corpo quase sempre na mesma posição.
Aflição da mais grave que possa sofrer jamais quem tem perfeito conhecimento. É verdade que meu Pai para outros acelerou o uso da razão no seio materno, como aconteceu com minha amada Mãe. Mas ela foi
isenta de sofrer a aflição que naquela estreiteza podiam sofrer seus sentidos. Não houve, no entanto, esta exceção para mim, porque meu Pai quis que eu sofresse todas as aflições que costuma causar à natureza humana
semelhante angústia e estreiteza.
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