10-21 Maio 19, 1911
A confiança arrebata Jesus. Ele quer que a alma se esqueça de si mesma e se ocupe só d’Ele.
(1) Continuando meu habitual estado, meu sempre amável Jesus se fazia ver todo aflito, e eu estava junto a Ele para compadecê-lo, amá-lo, abraçá-lo e consolá-lo com toda a plenitude da confiança, e meu doce Jesus me disse:
(2) “Minha filha, tu és o meu contentamento, assim me agrada, que a alma se esqueça de si mesma, de suas misérias, que se ocupe só de Mim, de minhas aflições, de minhas amarguras, de meu amor, e que com toda confiança se esteja junto a Mim. Esta confiança me arrebata o coração e me inunda de muita alegria, porque como a alma se esquece de si por Mim, assim Eu esqueço tudo por ela e a faço uma só coisa para Mim, e chego não só a dar-lhe, mas a fazer-lhe tomar o que quer. Ao contrário a alma que não esquece tudo por Mim, mesmo suas misérias e se quer estar ao redor de Mim com todo respeito, com temor e sem a confiança que me arrebata o coração, e como se quisesse estar com temerosa compostura Comigo e toda reservada, a este tal nada lhe dou e nada pode tomar, porque falta a chave da confiança, da liberdade, da simplicidade, coisas todas necessárias, para Mim para dar, e para ela para tomar; portanto, com as misérias vem e com as misérias fica”.
11-21 Maio 30,1912
Para a alma que verdadeiramente ama a Jesus, não pode haver separação Dele.
(1) Continuando o meu estado habitual, sentia-me oprimida pela privação de meu sempre amável Jesus, e vindo me disse:
(2) “Minha filha, quando estiveres privada de Mim serve-te de minha mesma privação para duplicar, triplicar, centuplicar os atos de amor para Mim, de maneira a formar-te um ambiente, dentro e fora de ti, todo de amor, de maneira que neste ambiente me encontrarás mais belo e como renascido a nova vida, porque onde há amor ali estou Eu, e por isso para a alma que verdadeiramente me ama não pode haver separação, mas sim formamos uma mesma coisa, porque o amor parece que me cria, me dá vida, me alimenta, me faz crescer; no amor encontro meu centro e me sinto recriado, renascido, enquanto sou eterno, sem princípio e sem fim, mas isto é por causa da alma que me ama; me agrada tanto o amor que me sinto como refeito. Além disso, neste amor Eu encontro o meu verdadeiro repouso, repousa a minha inteligência na inteligência que me ama, repousa o meu coração, o meu desejo, as minhas mãos, os meus pés, no coração que me ama, no desejo que me ama e deseja só a Mim, nas mãos que agem por Mim, nos pés que caminham só por Mim, assim que parte por parte Eu vou repousando na alma que me ama, e a alma com seu amor me encontra em tudo e por toda parte, e se repousa toda em Mim, e em meu Amor fica renascida, embelezada e cresce em modo admirável em meu mesmo Amor”.
12-21 Outubro 4, 1917
As penas, o sangue de Jesus correm junto ao homem para curá-lo e salvá-lo.
(1) Esta manhã meu sempre amável Jesus me transportou para fora de mim mesma, Ele estava em meus braços e seu rosto tão perto do meu, que suavemente me beijava, como se não quisesse que eu o advertisse, Mas, tendo repetido seus beijos, não pude conter-me de lhe corresponder com meus beijos, mas enquanto o beijava, veio-me o pensamento de beijar seus lábios santíssimos e tentar lamber as amarguras que continha, pois, quem sabe, talvez Jesus não queira me dar. Demorei mais em pensar que em fazê-lo, o beijei e me pus a chupar, mas não saía nada, lhe roguei que derramasse em mim suas amarguras e de novo e com mais força chupei, mas nada. Meu Jesus parecia que sofria pelos esforços que lhe fazia, e tendo-me posto a chupar com mais força a terceira vez, sentia vir em mim o sopro amarguíssimo de Jesus, e vi através de sua garganta uma coisa dura que não podia sair, e impedia que as amarguras que Ele continha saíssem para derramá-las em mim. E o meu aflito Jesus, quase chorando, disse me:
(2) “Minha filha, minha filha, censura-te, não vês que obstáculo me colocou o homem com o pecado que me impede de tornar partícipe das minhas amarguras quem me ama? Ah! Você não se lembra quando eu disse antes:
“Deixe-me fazer, caso contrário o homem chegará ao ponto de fazer tanto mal de esgotar o mesmo mal, e não saber já que outro mal fazer?”.
E tu não querias que castigasse ao homem, e o homem piora sempre, reuniu em si tanto pus, que nem a guerra pôde fazer sair este pus; a guerra não derrubou ao homem, antes o encorajou demais; a revolução o fará enfurecer-se, a miséria o fará desesperar e entregar-se nos braços do delito, e tudo isso servirá para fazer sair de alguma maneira toda a podridão que contém o homem, e então minha bondade, não indiretamente por meio das criaturas, mas diretamente do Céu punirá ao homem, e estes castigos serão como benéfico orvalho que descerá do Céu, que abaterá ao homem, e tocado por minha mão se reconhecerá a si mesmo, despertará do sono da culpa e reconhecerá a seu Criador. Por isso filha, roga para que tudo seja para o bem do homem”.
(3) Jesus ficou com sua amargura, e eu aflita porque não pude aliviar-lhe, pois mal sentia seu hálito amargo e me encontrei em mim mesma. Sentia-me inquieta, as palavras de Jesus atormentavam-me, diante da minha mente via o terrível futuro, e Jesus para me tranquilizar voltou, e quase para me distrair disse-me:
(4) “Quanto amor, quanto amor! Olha, enquanto eu sofria e a dor se detinha em Mim, Eu lhe dizia:
“Pena minha, vai, corre, corre, vai em busca do homem, ajuda-o, e as minhas penas sejam a força das suas”.
Enquanto derramava meu sangue dizia a cada gota:
“Corram, corram, protejam-me ao homem, e se estiver morto deem-lhe a vida, mas a Vida Divina, e se fugir corram atrás dele, circundam-no por todos os lados, confundam-no de amor até que se renda”.
Ao ir-se formando as chagas em meu corpo sob os flagelos, repetia:
“Minhas chagas, não estejais Comigo, mas buscai ao homem e se o encontrais chagado pela culpa, ponde-vos como remédio para curá-lo”.
Então tudo o que ele fazia e dizia, punha-o à volta do homem para o proteger. Agora, também tu, por meu amor, nada tenhas para ti, senão que tudo faça correr junto ao homem para salvá-lo, e Eu te olharei como outro Eu mesmo”.
13-21 Outubro 6, 1921
O pecado é o ponto negro do homem, o estado de graça é o ponto luminoso do homem.
(1) Estava rezando e adorando as chagas do meu crucificado Jesus, e pensava entre mim: “Como é feio o pecado, que reduziu o meu sumo bem a um estado tão dilacerante”. E meu sempre amável Jesus, apoiando sua santíssima cabeça sobre meu ombro, suspirando me disse:
(2) “Minha filha, o pecado não só é feio, mas horrível, é o ponto negro do homem. Enquanto peca sofre uma transformação brutal, todo o belo que lhe dei se cobre de uma fealdade horrível ao ver-se, e não somente o sentido que peca, senão todo o homem corre junto, assim que pecado o pensamento, o batimento, o respiro, o movimento, o passo; a vontade arrastou o homem a um só ponto, e de todo seu ser saem densas trevas que o cegam e um ar venenoso que o envenena, tudo é negro em torno dele, tudo é mortal, e qualquer que se aproxima dele se põe em um estado de perigo, horrível e espantoso, tal é o homem no estado de pecado”.
(3) Eu fiquei aterrorizada e Jesus continuou:
(4) “Se o homem é horrível no estado de culpa, no estado de graça e de agir o bem é belo; o bem, embora seja o menor, é o ponto luminoso do homem, enquanto faz o bem sofre uma transformação celestial, angélica e divina; seu bom querer arrasta todo seu ser a um só ponto, assim que bem é o pensamento, a palavra, o latido, o movimento, o passo, tudo é luz dentro e fora dele, seu ar é balsâmico e vital, e qualquer que se aproxima se põe ao seguro. Como é bela, graciosa, atraente, amável, formosa, a alma em graça ao fazer o bem, tanto que Eu mesmo fico apaixonado, cada bem que faz é um matiz de beleza de mais que adquire, é uma semelhança de mais com seu Criador que a faz distinguir por filha sua, é uma possessão divina que põe em comércio. Cada bem que faz são os porta-vozes entre o Céu e a terra, são os postes, os fios elétricos que mantêm as comunicações com Deus”.
14-21 Abril 12, 1922
O pecado rompe a corrente do amor, e abre a corrente da justiça.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, meu doce Jesus fazia-se ver todo aflito, quase em ato de dar curso à justiça, mas como forçado pelas mesmas criaturas. Eu lhe pedi que diminuísse os castigos e Ele me disse:
(2) “Minha filha, entre Criador e criatura não há outra coisa que correntes de amor, o pecado rompe esta corrente e abre a corrente da justiça; minha justiça defende os direitos de meu amor ultrajado, de meu amor despedaçado entre Criador e criatura, e fazendo-se caminho entre elas gostaria de reunir este amor despedaçado. ¡ Ah! Se o homem não pecasse, minha justiça não teria o que fazer com a criatura, conforme começa a culpa, assim a justiça se põe em caminho, crês tu que Eu quereria castigar o homem? Não, não, dói-me mais, é difícil tocá-lo, mas é ele mesmo que me força e me induz a castigá-lo. Você reza para que o homem se arrependa, assim a justiça reunindo rapidamente a corrente do amor, poderá retirar-se”.
15-21 Maio 5, 1923
Por quantas vezes a alma entra no Querer Divino, tantos caminhos abre entre o Criador e as criaturas, que servem para encontrar-se com Ele, e neste encontro ela copia as virtudes do seu Criador, absorve em si nova Vida Divina e tudo o que faz não é mais humano senão divino.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, senti-me atraída fora de mim mesma, mas não via o céu azul nem o sol de nosso horizonte, senão outro céu, todo de ouro, adornado de estrelas de várias cores, brilhantíssimo mais que sol. Eu me sentia atraída para cima, e abrindo-se diante de mim este céu, encontrei-me ante uma luz puríssima, na qual, submergindo-me, chamei em minha inteligência todas as inteligências humanas, desde onde Adão havia começado, com subtrair-se da Divina Vontade, a romper a união de sua inteligência com a de seu Criador, até o último homem que existirá sobre a terra, e tratava de dar a meu Deus toda a honra, a glória, a submissão, etc., de todas as inteligências criadas, e assim fazia com todos os meus demais sentidos, chamando nos meus todos os das demais criaturas, tudo isto sempre em seu amável Querer, onde tudo se encontra, de onde nada escapa, apesar de no presente não existirem e onde tudo pode ser feito. Então, enquanto isso fazia, uma voz saiu de dentro da imensidão daquela luz dizendo:
(2) “Por quantas vezes a alma entra no Querer Divino para rezar, obrar, amar e outras coisas, tantos caminhos abre entre o Criador e as criaturas, e a Divindade vendo que a criatura se faz caminho para ir a Ela, abre seus caminhos para encontrar-se com sua criatura. Neste encontro ela copia as virtudes de seu Criador, absorve em si sempre nova Vida Divina, se adentra mais nos eternos segredos do Querer Supremo, e tudo o que faz não é mais humano nela, senão divino, e este obrar divino nela forma um céu de ouro onde a Divindade, Deleitando-se de encontrar o seu agir na criatura, passeia sobre este céu, esperando a criatura para receber seus atos divinos e, portanto, abrir-lhe outros caminhos em sua Divindade, e vai repetindo com grande amor: Eis como em meu querer a criatura se aproxima da minha semelhança, como realiza os meus desígnios, como cumpre a finalidade da Criação”.
(3) E enquanto ouvia isto, encontrei-me em mim mesma.
16-21 Setembro 14, 1923
Todas as criaturas giram em torno de Deus, Assim como a terra gira ao redor do sol.
(1) Eu estava pensando como todas as coisas giram em torno do sol, a terra, nós, todos as criaturas, o mar, as plantas, todos, em suma, todos giramos ao redor do sol, e porque giramos ao redor do sol ficamos iluminados, recebemos seu calor, assim que ele reflete seus Raios ardentes sobre todos, e nós, a Criação, toda girando ao seu redor gozamos de sua luz e recebemos parte dos efeitos e bens que o sol contém. Agora, quantos seres giram ao redor do Sol Divino? Todos: todos os anjos, os santos, os homens, todas as coisas criadas, a própria Mama Reina, não tem o primeiro giro, que rapidamente girando em torno Ele absorve todos os reflexos do Sol Eterno? Agora, enquanto isso eu pensei, meu Divino Jesus se moveu em meu interior, e me estreitando toda a Ele me disse:
(2) “Minha filha, foi precisamente esta a finalidade para a qual criei o homem, para que me Girará sempre ao redor, e Eu, como Sol, estando no centro de seu giro devia fazer refletir n’Ele a minha luz, o meu amor, a minha semelhança e toda a minha felicidade; a cada sua volta devia dar sempre novos contentamentos, nova beleza e flechas mais ardentes.
(3) Antes que o homem pecasse minha Divindade não estava oculta ao homem, porque com me girar em torno, ele era meu reflexo, portanto era a pequena luz, era então como conatural que sendo eu o grande Sol, a pequena luz pudesse receber os reflexos da minha; enquanto pecou parou de me girar ao redor, sua pequena luz se escureceu, ficou cego e perdeu a luz para poder ver em carne mortal minha Divindade, por quanto a criatura é capaz, tanto, que ao vir a redimir o homem tomei carne mortal para me fazer ver, não só porque junto com a carne o homem havia peca do, e eu juntamente com a carne devia expiar, senão porque lhe faltavam os olhos para poder ver minha Divindade, tão certo é, que minha Divindade que habitava em minha Humanidade, como relâmpagos e a gotas pôde apenas sair algum raio de luz de minha Divindade. Olhe então que grande mal é o pecado, é perder o homem seu giro em torno de seu Criador, é anular a finalidade de sua criação, é mudar-se de luz em trevas, de belo em horrível, é um tão mal, que com toda a minha Redenção não pude restituir-lhe os olhos para poder ver em carne mortal a minha Divindade, senão somente quando esta carne do homem, desfeita, pulverizada pela morte, ressuscite de novo no dia do juízo. O que aconteceria se a Criação toda pudesse faltar ao seu giro em torno do sol? Todas as coisas se transtornariam, perderiam a luz, a harmonia, beleza, uma coisa chocaria com a outra, e apesar de haver sol, não girando ao redor dele, o sol estaria para toda a criação como morto. Agora, o homem com o pecado original perdeu seu giro em torno de seu Criador e por isso perdeu a ordem, o domínio de si mesmo, a luz, e cada vez que peca, não só não gira em torno de seu Deus, senão que nem sequer em torno dos bens da Redenção, que como novo sol veio a lhe trazer o perdão e a salvação. Mas você sabe quem não se detém jamais em seu giro? A alma que faz e vive em Minha vontade, ela corre sempre, não se detém jamais e recebe todos os reflexos de minha Humanidade, e também os raios de luz de minha Divindade”.
17-21 Outubro 30, 1924
Os anjos são anjos porque foram conservados no ato primeiro em que foram criados, e do conhecer o mais ou menos da Suprema Vontade, vêm constituídos os diversos coros dos anjos. As penas do amor são as mais amargas, as mais cruéis, mais dolorosas que as penas da mesma Paixão.
(1) Sinto que não posso confiar à caneta meus dolorosos segredos, nem expressar no papel o que sinto em meu martirizado coração. Ah! Sim, não há martírio que se possa comparar ao martírio da privação do meu doce Jesus. O mártir é ferido e morto no corpo, ao contrário o martírio de sua privação fere a alma, a lacera em suas mais íntimas fibras, e o que é pior, a mata sem fazê-la morrer para golpeá-la continuamente sobre a bigorna de ferro da dor e do amor. E enquanto passo adiante das penas que sinto em meu interior, pois são coisas que não posso dizer, queria, como uma das mais pobres mendicantes, pedir de esmola a todos, aos anjos, aos santos, a minha Rainha Mãe, à Criação toda, uma palavra, uma pequena oração por mim diante de Jesus, a fim de que rogado por todos se possa mover a compaixão da pequena filha de seu Querer e fazê-la voltar do duro exílio no qual me encontro..
(2) Então eu estava pensando entre mim sobre o que tinha acontecido em minha mente, ou seja, que em vez de Jesus me parecia como se tivesse meu anjo junto, e dizia entre mim: “E por que o anjo e não Jesus?” Naquele momento eu senti mover dentro de mim Jesus e ele me disse:.
(3) “Minha filha, queres saber porque são anjos, por que se mantiveram belos e puros como saíram de minhas mãos? Porque sempre se mantiveram firmes no ato primeiro no qual foram criados, portanto, estando naquele ato primeiro de sua existência, estão no ato único de minha Vontade, que não conhecendo sucessão de atos não se muda, nem cresce nem decresce, e contém em si todos os bens possíveis e imagináveis; e os anjos, conservando-se no ato único de minha Vontade, no qual os fiz sair à luz, se mantêm imutáveis, belos e puros, nada perderam de sua primeira existência, e toda sua felicidade é se manter voluntariamente no ato único de minha Vontade. Tudo encontram no círculo de meu Querer, não querem fazer-se felizes senão o que lhes fornece minha Vontade. Mas você sabe por que há diferentes coros de anjos, um superior a outro? Estão aqueles mais próximos ao meu Trono, você sabe por quê? Porque a minha vontade, a quem manifestou um só ato da minha vontade, e a quem por dois, a quem por três, a quem por sete, e em cada coisa do ato que a minha vontade manifestava de mais se tornavam superiores aos demais, e se tornavam mais capazes e mais dignos de estar perto do meu trono. Portanto, quanto mais minha Vontade se manifesta, e nela se conservam, tanto mais ficam elevados, embelezados, felizes e superiores aos demais. Olha então como tudo está na minha Vontade e no saber conservar-se, sem jamais sair, naquela mesma Vontade da qual saíram; e do conhecer o mais e o menos da minha Suprema Vontade, vêm constituídos os diversos coros dos anjos, suas distintas belezas, os vários ofícios, a hierarquia Celestial. Se você soubesse o que significa conhecer minha Vontade a mais, fazer um ato demais nela, conservar-se, obrar nessa minha Vontade conhecida, onde vem constituída, o ofício, a beleza, a superioridade de cada criatura, oh! como apreciarias mais os diversos conhecimentos que te manifestei sobre a minha Vontade. Um conhecimento de mais sobre minha Vontade eleva a alma a tal altura sublime, que os mesmos anjos ficam estupefatos e arrebatados, e me confessam incessantemente: o Santo, o Santo, o Santo. Minha Vontade manifesta-se e chama do nada as coisas, e forma os seres, manifesta-se e embeleza-se, manifesta-se e eleva-se mais alto, manifesta-se e engrandece-se mais a Vida Divina na criatura, manifesta-se e nelas forma os portentos novos e nunca conhecidos. Assim, pelas tantas coisas que te manifestei de minha Vontade, podes compreender o que quero fazer de ti e como te amo, e como tua vida deve ser uma cadeia de atos contínuos feitos em minha Vontade. Se a criatura, como o anjo, não saísse jamais do ato primeiro no qual minha Vontade a fez sair à luz, que ordem, que portentos não se deveriam ver sobre a terra? “Por isso minha filha, não saias jamais de teu princípio, no qual minha Vontade te criou e teu ato primeiro seja sempre minha Vontade”.
(4) Depois disto, com o pensamento, pus-me junto ao meu Jesus no jardim do Getsémani, e pedia lhe que me fizesse penetrar naquele amor com que tanto me amou, e o meu Jesus, movendo-se de novo no fundo do meu íntimo disse-me:.
(5) “Minha filha, entra no meu amor, não saias jamais, corre junto a ele, ou detém-te em meu mesmo amor para compreender bem quanto amei a criatura, tudo é amor em Mim para com ela. A Divindade ao criar esta criatura se propôs amá-la sempre, assim que em cada coisa de dentro e fora dela, devia correr para ela com um contínuo e incessante novo ato de amor. Portanto posso dizer que em cada pensamento, olhar, palavra, respiro, batida, e em todo o resto da criatura, corre um ato de amor eterno. Mas se a Divindade se propôs amá-la sempre e em cada coisa a esta criatura, era porque queria receber em cada coisa a correspondência do novo e incessante amor da criatura, queria dar amor para receber amor, queria amar para ser amada. Mas não foi assim! A criatura não só não quis manter o compasso do amor, nem responder ao eco do amor do seu Criador, mas rejeitou este amor, ignorou-o e ofendeu-o. Diante desta afronta a Divindade não se deteve, mas continuou seu novo e incessante amor pela criatura, e como a criatura não o recebia, ficavam cheios Céus e terra esperando a quem devia tomar este amor para ter nela a correspondência, porque Deus, quando decide e propõe, todos os acontecimentos em contrário não o mudam, mas permanece imutável na sua imutabilidade. Eis por que passando a outro excesso de amor, vim Eu, Verbo do Pai, à terra, e tomando uma Humanidade, recolhi em Mim todo este amor que enchia Céu e terra para corresponder à Divindade com tanto amor por quanto tinha dado e devia dar às criaturas, e me constituí amor de cada pensamento, de cada olhar, de cada palavra, batida, movimento e passo de cada criatura. Por isso minha Humanidade foi trabalhada até em sua mais pequena fibra pelas mãos do eterno amor de meu Pai Celestial, para dar-me capacidade de poder encerrar todo o amor que a Divindade queria dar às criaturas, para lhe dar o amor de todas e me constituir amor de cada um dos atos de criatura. Assim que cada pensamento teu está coroado por meus incessantes atos de amor; não há coisa em ti ou fora de ti que não esteja circundada por meus repetidos atos de amor, por isso minha Humanidade neste horto geme, se afana, agoniza, se sente triturada sob o peso de tanto amor, porque amo e não sou correspondido. As mágoas do amor são as mais amargas, as mais cruéis, são penas sem piedade, mais dolorosas que minha própria Paixão. Oh! se me amassem, o peso de tanto amor se tornaria leve, porque o amor correspondido fica apagado e satisfeito no amor mesmo de quem ama, mas não correspondido chega à loucura, delira e se sente correspondido com um ato de morte por aquele amor que dele saiu. Veja então como foi muito mais amarga e dolorosa a Paixão do meu amor, porque se na minha Paixão foi uma só morte que me deram, em troca na Paixão do amor, tantas mortes me fizeram sofrer por quantos atos de amor saíram de Mim e não fui por eles correspondido. “Por isso vem tu, minha filha, a corresponder-me a tanto amor, em minha Vontade encontrarás como em ato todo este amor, Faça-o teu e constitui-te, junto Comigo, amor de cada ato de criatura, para me corresponder pelo amor de todos”.
18-21 Janeiro 28, 1926 Adão, depois do pecado fazia os mesmos atos de antes, mas como se subtraiu da Vontade Suprema, estavam vazios de substância de Vida Divina.
(1) Estava pensando no Santo Querer Divino, e pensava entre mim: Como pôde ser que Adão depois do pecado, tendo quebrado sua vontade com a de Deus, perdeu a força, o domínio, e seus atos não eram tão agradáveis a Deus para formar sua delícia, enquanto Adão, antes de pecar, havia feito seus atos para com Deus, os havia aprendido, e por que repeti-los depois não soavam com o mesmo som, não continham a plenitude do amor divino e da completa glória de Deus?
Agora, enquanto pensava nisso, o meu amável Jesus moveu-se dentro de mim, e com uma luz que me enviava disse-me:.
(2) “Minha filha, antes de tudo, Adão antes que se subtraísse de minha Vontade era meu filho, continha por centro de sua vida e de todos seus atos a minha Vontade, portanto possuía uma força, um domínio, um atrativo todo divino, por isso sua respiração, seu batimento, seus atos, davam o divino, todo seu ser emanava um perfume celestial que a todos nos atraía para ele, assim que nos sentíamos feridos por toda parte por este filho, se respirava, se falava, se operava as coisas mais inocentes, indiferentes e naturais, eram feridas de amor para nós, E nós, entretendo-nos com ele, cumpríamos sempre mais dos nossos bens, porque tudo o que fazia saía de um só ponto, o qual era a nossa Vontade, por isso tudo nos agradava, não encontrávamos nada em que nos desagradar. Agora, depois do pecado Adão desceu do estado de filho e se reduziu ao estado de servo, e assim que rompeu com a Vontade Suprema saiu dele a força divina, o domínio, o atrativo, o perfume celestial, por isso seus atos, seu ser, não davam já o divino, mas se encheu de uma sensação humana, que fazendo-o perder a atração, não nos sentíamos mais feridos, é mais, nos púnhamos a distância, ele de Nós e Nós dele. Nada diz que ele repetisse os mesmos atos que fazia antes de pecar, como de fato os fazia; mas tu sabes o que são os atos da criatura sem a plenitude de nossa Vontade? São como aqueles alimentos sem condimento e sem substância, que em vez de agradá-los desagradam o paladar humano, assim desagradam o paladar divino, são como aqueles frutos não maduros, que não contêm nem doçura nem sabor; são como aquelas flores sem perfume; são como aqueles vasos cheios, sim, mas de coisas velhas, frágeis e quebradas. Tudo isto pode servir a uma estreita necessidade do homem e também como uma sombra da glória de Deus, mas não à felicidade e a todo o bem-estar da criatura e à plenitude da glória de Deus. Pelo contrário, com que gosto não se come um alimento bem condimentado e substancioso? Como reforça a toda a pessoa? O simples perfume do condimento estimula o apetite e a avidez de comê-lo. E assim Adão, antes que pecasse, temperava com a substância da nossa vontade todas as suas obras, e portanto estimulava o apetite do nosso amor a tomar todas as suas obras como o alimento mais agradável para nós, e nós em correspondência lhe dávamos nosso alimento requintado de nossa Vontade. Mas depois do pecado, pobrezinho! perdeu o caminho direto de comunicação com seu Criador, não reinava mais nele o puro amor; o amor foi dividido pelo temor, pelo medo, e não mais contendo o absoluto domínio da Suprema Vontade, seus atos de antes feitos depois do pecado, não tinham mais aquele valor. Muito mais, pois toda a Criação, inclusive o homem, saiu do Eterno Criador, que é como fonte de vida, na qual deviam conservar-se só com a Vida da Divina Vontade, tudo devia estar baseado nela, e esta base de Divino Querer devia conservar todas as coisas belas, nobres, como tinham saído de Deus, como de fato estão todas as coisas criadas, tal como foram criadas tais são, nenhuma perdeu nada de sua origem, só o homem perdeu a vida, a base, e por isso perdeu sua nobreza, a força, a semelhança com seu Criador. Mas, apesar de tudo isto, a minha Vontade não deixou de todo o homem, e não lhe podendo ser mais fonte de vida e base que o sustentava, porque ele mesmo se tinha subtraído dela, ofereceu-se como remédio para fazer com que não perecesse de todo. Então a minha Vontade é medicina, é saúde, é conservação, é alimento, é vida, é plenitude da mais alta santidade, e como a criatura quer, Ela se oferece: Se a quer como remédio, Ela se oferece para tirar à febre das paixões, as fraquezas das impaciências, as vertigens da soberba, o mal-estar dos apegos, e assim por todo o resto dos males; se a quer como saúde, Ela se oferece para conservá la sadia, para libertá-la de qualquer mal espiritual; se a quer como alimento, Ela dá-se como alimento para lhe fazer desenvolver as forças e fazê-la crescer mais na santidade; se a quer como vida e como plenitude de santidade, oh! então a minha Vontade festeja, porque vê o homem regressar ao colo da sua origem, de onde veio, e oferece-se para lhe dar a semelhança com o seu Criador, finalidade única da sua criação. “Minha Vontade jamais deixa o homem, se o deixasse seria resolvida no nada; e se não se presta a fazer-se santo por minha Vontade, Ela usa os modos ao menos para salvá-lo”..
(3) Quando ouvi isto, disse entre mim: “Jesus, meu amor, se amas tanto aquele que a tua Vontade opera na criatura como no ato no qual Tu a criaste, como se não tivesse havido nenhuma ruptura entre a tua Vontade e a da criatura, por que não nos deste este grande bem ao vires à terra para nos redimir, que a tua Vontade triunfante sobretudo nos pusesse na ordem da Criação, Como saímos das mãos de nosso Pai Celestial?” E Jesus, saindo do meu íntimo, estremeceu-me toda ao seu coração, e com ternura indescritível me disse:.
(4) “Minha filha, a finalidade primária da minha vinda à terra foi precisamente isto, que o homem retornasse ao seio do meu Querer, como saiu dele quando foi criado; mas para fazer isto tive que formar por meio da minha humanidade a raiz, o tronco, os ramos, as folhas, as flores das quais deviam sair os frutos celestiais de meu Querer; ninguém tem o fruto sem a árvore, esta árvore foi regada por meu sangue, foi cultivado por minhas penas, por meus suspiros e lágrimas; o sol que resplandeceu sobre ele foi só o Sol de minha Vontade, portanto, com toda certeza virão os frutos do meu Querer, mas para desejar estes frutos deve-se conhecer quão preciosos são, o bem que trazem, as riquezas que produzem. Eis por que das tantas manifestações que te fiz de meu Querer, porque o conhecimento levará o desejo de comê-lo, e quando tiverem provado o que significa viver só para fazer minha Vontade, se não todos, pelo menos em parte voltarão sobre o caminho de meu Querer, as duas vontades se darão o beijo perene, não haverá mais luta entre a vontade humana e a do Criador, e a minha Redenção, aos tantos frutos que deu, dará também o fruto do Fiat Voluntas Tua como no Céu assim na terra. Por isso sê tu a primeira a tomar este fruto, e não queiras outro alimento nem outra vida que minha só Vontade”.
19-21 Maio 15, 1926
Diversidade de santidades e beleza das almas que vivem no Divino Querer. Toda a Criação será semeada na natureza humana.
(1) Estava pensando: “Se a criatura não tivesse se subtraído da Suprema Vontade, teria sido uma a santidade, uma a beleza, uma a ciência, uma a luz, e para todos o mesmo conhecimento de nosso Criador”.
Agora, enquanto pensava assim, o meu amado Jesus que me parece que Ele mesmo faz surgir os pensamentos em minha mente, alguma dúvida e dificuldade para ter ocasião de falar e fazer-me de mestre me disse:
(2) “Minha filha, você está errada, minha sabedoria não se adaptaria a formar uma só santidade, uma só beleza, a comunicar uma só ciência e a todos o mesmo conhecimento meu, muito mais porque havendo sumo acordo entre minha Vontade e a deles, o Reino da minha Vontade teria tido livre o seu campo de ação, portanto teriam sido todos santos, mas distintos um do outro; todos belos, mas variados, uma beleza mais bela que a outra; e segundo a santidade de cada uma devia comunicar uma ciência distinta, e com esta ciência quem devia conhecer de mais um atributo, quem devia conhecer de mais algum outro atributo de seu Criador. Tu deves saber que, por quanto possamos dar às criaturas, apenas tomam as gotinhas de seu Criador, tanta é a distância entre Criador e criaturas, sempre temos coisas novas e distintas para dar, e além disso, se a Criação foi criada por Nós para deleitar-nos, Onde estaria nosso deleite se tivéssemos formado da criatura uma só santidade, dado uma só beleza e um só conhecimento de nosso Ser incompreensível, imenso e infinito? Nossa sabedoria teria se recusado a fazer uma só coisa. O que se diria de nossa sabedoria, amor e poder se, ao criar este globo terrestre, tivéssemos criado todo o céu, ou toda a terra, ou todo o mar? Que glória teria sido a nossa? Ao contrário, a multiplicidade de tantas coisas criadas por Nós, enquanto louva a nossa sabedoria, amor e poder, diz também a multiplicidade da santidade e beleza nas quais deviam surgir as criaturas, por amor das quais elas foram criadas. Olhe o céu adornado de estrelas, é belo, mas também é belo o sol, mas distintos um do outro, e o céu faz um ofício, o sol outro; o mar é belo, mas também é bela a terra florida, a altura dos montes, as planícies estendidas, mas têm a beleza e o ofício distintos entre elas. Um jardim é bonito, mas quanta diversidade de plantas e de belezas há nele? Está a pequena flor, bela em sua pequenez, está a violeta, a rosa, o lírio, todas belas, mas distintas na cor, no perfume, na grandeza; está a planta e a árvore mais alta, que encanto não é um jardim cuidado por um perito jardineiro? agora minha filha, também na ordem da natureza humana haverá quem ultrapassará o céu na santidade e na beleza, quem ao sol, quem ao mar, quem à terra florida, quem à altura dos montes, quem à pequena flor, quem à planta e quem à árvore mais alta, e ainda que o homem se subtraiu de minha Vontade, Eu multiplicarei os séculos para ter toda a ordem e multiplicidade das coisas criadas e de sua beleza na natureza humana, e ainda ultrapassá-la de modo mais admirável e mais encantador”.
20-21 Novembro 4, 1926
Como a Virgem Santíssima foi cópia fiel do seu Criador e de toda a Criação. Como a Vontade Divina tem a virtude de transformar em mar as gotas de água. A Divina Vontade velada nas coisas criadas.
(1) Meu estado o sigo no Querer Supremo, rogando a minha Mamãe Rainha que me ajude a conseguir este Reino do Eterno Fiat, e meu doce Jesus movendo-se em meu interior me disse:
(2) “Minha filha, a cópia mais perfeita dos filhos do Reino de meu Querer foi minha Mãe Celestial, e porque tivemos a primeira filha n’Ele, pôde vir a Redenção, de outra maneira se não tivéssemos tido a primeira filha de nossa Vontade, jamais Eu, Verbo Eterno, teria descido do Céu, Jamais me teria servido, nem confiado em filhos estranhos a nossa Vontade para descer à terra. Por isso, olha, era necessária uma filha da nossa Vontade para vir para o Reino da Redenção, e como ela era filha do Reino do Eterno Fiat, foi cópia fiel do seu Criador e cópia perfeita de toda a Criação. Ela devia encerrar todos os atos da Vontade Suprema que exercita em todas as coisas criadas, e como tinham a supremacia e a soberania sobre toda a Criação, devia encerrar n‟Ela o céu, as estrelas, o sol, e tudo para poder encontrar em sua soberania a cópia do céu, do sol, do mar, e também a terra toda florida. Assim, ao olhar para a minha Mãe se viam n‟Ela presságios jamais vistos, se via céu, se via sol resplandecente, se via mar claríssimo no qual nos refletíamos para ver a nossa filha, se via terra primaveril, sempre florida, que atraía o Celestial Artífice a fazer seus passeios. Oh! como era bela a Soberana Celestial, ao ver n‟Ela não só a nossa cópia, mas todas as nossas obras encerradas n‟Ela, e isto porque encerrava n‟Ela a nossa Vontade. Agora, para vir o Reino do Fiat Supremo necessitava-se outra filha de nossa Vontade, porque se não fosse sua filha não poderia lhe confiar nem seus segredos, nem suas dores, nem seus conhecimentos, nem seus prodígios, nem sua santidade, nem seus domínios. Como um pai ou uma mãe apreciam dar a conhecer seus bens a seus filhos e fazê-los possuí-los, mas bem gostariam de ter mais para fazê los mais ricos e felizes, assim também minha Vontade goza de fazer conhecer seus bens a seus filhos para fazê-los ricos e felizes, de uma felicidade sem fim. Agora, no Reino do Fiat Supremo teremos as cópias da Soberana Rainha, assim que também Ela suspira, espera este Reino Divino sobre a terra para ter suas cópias. Que belo Reino, porque será Reino de luz, de riquezas infinitas, reino de perfeita santidade e de domínio, nossos filhos deste Reino serão todos reis e rainhas, todos pertencerão à família Divina e real, encerrarão neles toda a Criação, terão a semelhança, a fisionomia de nosso Pai Celestial, e por isso serão o cumprimento de nossa glória e a coroa de nossa cabeça”.
(3) Então fiquei pensando no que Jesus me havia dito e dizia em mim: “Minha Mãe, antes que soubesse que devia ser Mãe do Verbo não tinha penas nem dores, muito mais que vivendo nos confins do Querer Supremo era feliz, por isso aos tantos mares que possuía, faltava-lhe o mar das penas, não obstante sem este mar de dor impeliu o suspirado Redentor”. E Jesus retomando seu dizer acrescentou:
(4) “Minha filha, minha amada Mãe, mesmo antes que conhecesse que devia ser minha Mãe, tinha seu mar de dor, e este mar era a pena das ofensas ao seu Criador, oh! como se doía e além disso, esta sua pena era animada por uma Vontade Divina que possuía, que contém a virtude da fonte, e tudo o que se faz n‟Ela tem virtude de transformar as mais pequenas coisas, as gotas de água, num mar interminável. Minha Vontade não sabe fazer coisas pequenas, mas todas grandes, tão é verdade que só bastou abrir a boca para dizer Fiat, para estender um céu do qual não se veem os confins, um Fiat para formar um sol que enche de luz toda a terra e tantas outras coisas; isto diz claramente que se minha Vontade age ou investe um átomo, um pequeno ato, aquele pequeno ato se torna mar, e se desce a fazer as coisas pequenas, suplique com sua virtude regeneradora fazendo delas tantas em número, que o homem não pode chegar a numerá-las todas. Quem pode chegar a numerar quantos peixes e quantas espécies há no mar? Quantos pássaros e quantas plantas enchem a terra? Portanto o pequeno te amo em minha Vontade se torna mar de amor, a pequena oração se torna mar de oração, o te adoro em mar de adoração, as pequenas penas em mar de penas, e se a alma repete em meu Querer seu te amo, sua adoração, oração, e sofre n‟Ele, meu Querer surge, forma as ondas altíssimas de amor, de orações e de penas, as quais vão descarregar no mar interminável do Eterno, de maneira a pôr em comum o amor de Deus e o da criatura, porque uma é a Vontade de um e do outro. Por isso quem se faz dominar por minha Vontade possui tantos mares por quantos atos faz n‟Ela, e enquanto há pouco tem muito, tem um Querer Divino que se deleita em fazer do pequeno ato da criatura um mar, e só com estes mares pode impor o suspirado Reino do Fiat Divino, por isso se necessitava a nossa recém-nascida, a pequena filha de meu Querer, que convertendo suas pequenas penas, seu te amo e tudo o que faz em mares que se comunicam com o mar do Eterno, pode ter ascendência para pedir o reino de minha Vontade”.
(5) Depois disto pensava em mim: “Meu doce Jesus quando fala de seu Querer toca sempre, em grande parte a Criação, por que será?” E Jesus, movendo-se de novo, disse-me:
(6) “Minha filha, quem deve viver no Reino do Fiat Supremo deve ter, pelo seu princípio, a sua origem e tudo o que a minha Vontade fez por amor seu, e que está fazendo, porque não se ama minha Vontade se não se conhece. Agora, a Criação é a Vida falante da minha Vontade, em todas as coisas criadas Ela está escondida como uma nobre Rainha, que para sair quer ser conhecida, o conhecimento romperá o véu que a esconde para sair a reinar no meio de seus filhos. E quem mais que a Criação pode fazer conhecer, porque é vista e tocada por todos, com um ato sempre presente o que faz minha Vontade por amor das criaturas? Olha minha filha o amor apaixonado desta nobre Rainha, Ela chega a velar-se de terra para torná-la firme, a fim de que o homem possa caminhar seguro sobre ela, e enquanto caminha sobre o véu de terra que a esconde, lhe toma as solas dos pés entre suas mãos nobres e reais, para que o homem não vacile, para lhe dar o passo firme, e enquanto se estreita a seu nobre seio por meio da mãe terra as plantas do homem, Ela gostaria de sair, gostaria de se desfazer do véu de terra que a cobre, mas o homem caminha sobre ela sem sequer prestar atenção para ver quem lhe sustenta a passagem, quem lhe mantém tão firme aquela grande massa de terra para fazer que ele não vacile, e a nobre Rainha continua velada pela terra e espera com uma paciência indescritível, que só uma Vontade Divina pode possuir, que seja reconhecida para fazer-se amar e dizer-lhe sua longa história, que coisa tem feito por amor do homem velada por esta terra. E é tanto seu amor, que muitas vezes sente a necessidade de romper aquele véu de terra que a cobre, e fazendo uso de seu domínio sacode a terra e esconde em seu seio, com o seu império, cidades e nações, a fim de que o homem saiba que dentro daquela terra, debaixo dos seus pés, há uma Vontade imperante e dominante, que ama e não é amada e sofredora, sacode-se para se fazer conhecer. No Evangelho lê-se com espanto quando Eu prostrado aos pés dos meus apóstolos lhes lavei os pés e não omiti nem sequer o pérfido Judas, este ato, certamente muito humilde e de indescritível ternura, do qual a Igreja faz memória, mas foi só uma vez que Eu fiz este ato. Em troca minha Vontade desce mais no baixo, se põe sob os pés com um ato contínuo para sustentá-los, para tornar firme a terra, a fim de que não se precipitem no abismo, porém nenhuma atenção. E a nobre Rainha espera com paciência invicta, velada por tantos séculos em todas as coisas criadas, que sua Vontade seja conhecida, e quando for conhecida romperá seus tantos véus que a escondem e fará conhecer que coisa tem feito durante tantos séculos por amor do homem, dirá coisas inéditas, excessos de amor jamais pensados por ninguém. Eis por que falando-te de minha Vontade te falo frequentemente da Criação, porque Ela é vida de todas as coisas criadas e por meio delas dá vida a todos, e esta vida quer ser conhecida para que venha o Reino do Eterno Fiat. Minha Vontade está velada em tudo: Está velada no vento e desde dentro daqueles véus leva-lhe seu refrigerante frescor como acariciando-o, e seu alento regenerador para regenerá-lo continuamente a nova vida sempre crescente de graça, e a nobre Rainha velada no vento se sente transformar suas carícias em ofensas e seu frescor em ardores de paixões humanas, e seu fôlego regenerador em troca de alento mortal a sua Graça, e Ela sacode seus véus e o vento se transforma em furor, e com a sua impetuosidade arrasta nações, cidades e regiões como se fossem penas, fazendo conhecer o poder da nobre Rainha que se esconde no vento. Não há coisa criada na qual minha Vontade não esteja velada, e por isso todas esperam que seja conhecida e que venha o reino do Fiat Supremo e seu pleno triunfo”.
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