Texto do Tema 21 Livro do Céu Volume 1 – Cap 23
23 – Uma nova e muito dura cruz para Luísa: submeter-se, como Vítima, ao poder dos Sacerdotes. Os sofrimentos mais dolorosos que ela teve que suportar por parte deles.
Quando chegou o tempo, ele foi ao campo, então uma manhã, depois da comunhão, o Senhor me fez entender que devia ser surpreendida neste estado; convidou-me a fazer-lhe companhia com a participação nas suas dores, mas eu subitamente lhe disse: “Senhor, como farei? O confessor não está, quem deve me libertar? Quer acaso me fazer morrer?” E o Senhor me disse somente: “tua confiança deve estar somente em Mim, esteja resignada, pois a resignação faz a alma luminosa, faz dar às paixões seu lugar, de modo que Eu, atraído por esses raios de luz, vou à alma e a uniformo toda em Mim, e a faço viver de minha mesma Vida”.
Eu resignei-me à sua Santa Vontade; ofereci aquela comunhão como a última da minha vida, dei o último adeus a Jesus no Sacramento, e embora estivesse resignada, a minha natureza sentiu tanto, que todo aquele dia não fiz outra coisa senão chorar e pedir ao Senhor que me desse a força. Na verdade me pareceu muito amargo todo esse fato, e sem pensar nem sabê-lo encontrei uma nova e pesada cruz que creio ter sido a mais pesada que tive em minha vida.
Enquanto estava naquele estado de sofrimentos, eu não pensava em outra coisa mais do que morrer e fazer a vontade de Deus. Os familiares, que também sofriam ao me ver naquele estado, tentaram chamar algum sacerdote, mas ninguém quis vir, de um lado um não queria vir, e outro por outro; depois de dez dias veio o sacerdote que me confessava quando era pequena 32, e aconteceu que também ele me fez sair desse estado, e então me dei conta da rede na qual o Senhor me havia envolvido. Daqui veio-me um conflito 33 por parte dos sacerdotes, havia quem dizia que era fingimento, que precisava de uma surra, outros que queria me passar por santa, quem acrescentava que estava possuída e muitas outras coisas, que dizê-las todas seria alongar muito a história. Com estas ideias em suas mentes, quando sucediam os sofrimentos e a família mandava chamar alguém, não queriam vir, dizendo todas aquelas coisas, e a pobre família sofreu muito, especialmente a minha pobre mãe: quantas lágrimas derramou por mim. Ah! Senhor, protege-a Tu.
Oh meu bom Senhor, quanto sofri desde então, só Tu sabes tudo! Quem pode dizer quão amargo me foi este fato que, para libertar-me desse estado de sofrimentos, necessitava-se do sacerdote? Quantas vezes pedi derramando lágrimas amarguíssimas, que me libertasse disto! Muitas vezes tive certas resistências ao Senhor quando Ele queria que me oferecesse como vítima, e aceitasse as penas, e lhe dizia: “Senhor, promete-me que Tu mesmo me libertarás, e então aceito tudo, de outra maneira não, não quero aceitar”. E resistia o primeiro dia, o segundo, o terceiro, mas quem pode resistir a Deus? Insistia tanto comigo que finalmente me via obrigada a submeter-me à cruz.
Outras vezes lhe dizia de coração e com confiança: “Senhor, como é que fazes isto? Como é que entre mim e Ti, quis colocar um terceiro? E este terceiro não quer sujeitar-se. Veja, poderíamos estar muito contentes Tu e eu sozinhos. Quando me queria para sofrer, eu imediatamente aceitava, porque eu sabia que Tu mesmo deverias me libertar, mas agora não, outra mão é necessária, Eu imploro, liberta-me, porque ambos estaremos mais felizes”. Às vezes fingia não me escutar e não me dizia nada, outras vezes me dizia: “Não temas, sou Eu quem dá as trevas e a luz; virá o tempo da luz. É meu costume que minhas obras as manifeste por meio dos sacerdotes”.
Assim passei três ou quatro anos nestas contradições por parte dos sacerdotes, muitas vezes me sujeitavam a provas duríssimas, chegavam a me deixar nesse estado de sofrimentos, isto é, petrificada, incapaz de qualquer mínimo movimento, nem sequer poder tomar uma gota de água, até 18 dias quando o queriam. Só o Senhor sabe o que eu passava nesse estado, e logo quando vinham não tinham sequer o bem de ouvir: “Tenha paciência, faça a Vontade de Deus”. Mas era repreendida como uma caprichosa e desobediente.
NOTAS
32 Il Canônico D. Michele de Benedictis.
33 Então começou a oposição, cada vez mais aberta, que durou toda a sua vida, até que seus livros publicados pelo Santo Ofício foram condenados em 1938. Nem todos os padres se comportaram com Luísa como o Santo Padre Aníbal Di Francia ou como seus confessores.
Perguntas para responder sobre esse capítulo
– Luisa pergunta e agora como vou me libertar? E Jesus responde o que? Por que Ele
responde isso para Luísa?
– A qual cruz Luisa de refere, que ela chamou da mais pesada que recebeu em sua
vida?
– Quais eram as atitudes dos sacerdotes?
– Qual foi a resistência de Luísa?
– Jesus foi irredutível, pois Ele precisava que os sacerdotes lidassem com Luisa. Luisa sofria muito para obedecer essa vontade? E como você pensaria se acontecesse o mesmo com você?
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Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade