MEDITAÇÃO 1
12-23
Outubro 20, 1917
Como a alma pode fazer-se hóstia por amor de Jesus.
(1) Tendo recebido a meu Jesus, estava pensando como poderia devolver amor por amor, e me era impossível o poder restringir-me, diminuir-me, como faz Jesus na hóstia por amor meu; isto não está em meu poder, como está no de Jesus. E meu amado Jesus me disse:
(2) “Minha filha, se não podes restringir-te toda tu dentro do breve giro de uma hóstia por amor meu, podes muito bem restringir-te toda tu na minha Vontade, para poder formar a hóstia de ti na minha Vontade. Cada ato que fizeres em minha Vontade me formarás uma hóstia, e Eu me alimentarei de ti como tu de Mim. Que coisa forma a hóstia? Minha Vida nela. O que é o meu Testamento? Não é toda a minha Vida? Assim também tu podes fazer-te hóstia por amor meu; por quanto mais atos fizeres em minha Vontade, tantas hóstias de mais formarás para restituir-me amor por amor”.
13-23
Outubro 13, 1921
Todas as palavras de Jesus são fontes que levam e brotam para a Vida eterna.
(1) Estava oprimida ao pensar que sou obrigada a dizer e a escrever ainda as menores coisas que o bom Jesus me diz, e ao vir me disse:
(2) “Minha filha, cada vez que Eu te falo tento abrir uma força em teu coração, porque todas minhas palavras são fontes que levam e brotam à vida eterna, mas para formar-se estas fontes em teu coração, tu deves colocar também do teu, isto é, deves mastigá-las muito bem para poder colocá-las em teu coração e abrir nele a fonte; pensando-as e repensar-las tu formas a mastigação; com dizê-las a quem tem autoridade sobre ti e sendo assegurado que é minha palavra, tu sem dúvida a passas e abres a fonte para ti, e conforme as ocasiões de tuas necessidades, te serve dela e bebe a grandes goles na fonte de minha verdade; com escrevê-las abres os canais que podem servir a qualquer que queira tirar-se a sede para não deixá-lo morrer de sede. Agora, com não as dizer você não as pensa, e ao não as mastigar não pode passar, por isso corre perigo de que a fonte não se forme e que a água não brote, e quando tiver necessidade daquela água, a primeira a sofrer a sede será você, e se não escrever, não abrindo os canais, de quantos bens não privarás os outros?
(3) Agora, enquanto escrevia pensava entre mim: “Faz algum tempo que meu doce Jesus não me fala de sua Santíssima Vontade, mas de outras verdades; eu me sinto mais levada a escrever sobre seu Santíssimo Querer, sinto mais gosto e sinto como se fosse exclusivamente minha, e seu Querer me basta para tudo”. E meu sempre benigno Jesus ao vir me disse:
(4) “Minha filha, não deves te maravilhar se sentir mais gosto e te sentes mais levada a escrever sobre meu Querer, porque ouvir, dizer, escrever sobre meu Querer é a coisa mais sublime que possa existir no Céu e na terra, é o que mais me glorifica e toma todos os bens juntos e toda a santidade de um só golpe, em troca as outras verdades encerram cada uma seu bem distinto, bebem-se de gole em gole, sobem degrau por degrau, adaptam-se ao modo humano, ao contrário minha Vontade, é a alma que se adapta ao modo divino, não são goles que se bebem, mas mares; não degraus que se sobem, mas voos que num abrir e fechar de olhos tomam o Céu, Oh minha vontade, minha vontade! Só ao ouvi-la de ti me traz tanta alegria e doçura, e sentindo-me circundado por minha Vontade que contém a criatura, como por outra imensidão minha, sinto tanto gosto que me faz esquecer o mal das outras criaturas, por isso deves saber que grandes coisas te manifestei da minha Vontade, mas que ainda não as mastigaste bem e não as digeriste, de modo a tomar toda a substância para formar o sangue da tua alma. Quando tiveres formado toda a substância, voltarei de novo e te manifestarei outras coisas mais sublimes de minha Vontade, e enquanto espero que as digais bem, te terei ocupada com outras verdades que me pertencem, para que se as criaturas não se querem servir do mar, do sol de minha Vontade para vir a Mim, se possam servir das forças, dos canais para vir a Mim e tomar para seu bem as coisas que me pertencem”
14-22 Abril 13, 1922
A alma que vive no Querer Divino vive no seio da Santíssima Trindade.
(1) Estava a rezar as minhas habituais orações, e o meu sempre amável Jesus, surpreendendo-me por detrás, chamou-me pelo nome, dizendo-me:
(2) “Luísa, Filha do meu Querer, queres tu viver sempre no meu Querer?”
(3) E eu: “Sim, ó Jesus”.
(4) E Ele: “Mas realmente é verdade que queres viver na minha vontade?”
(5) E eu: “Na verdade é Meu Amor, não saberia nem me adaptaria a viver de outra vontade”.
(6) E de novo Jesus: “Mas dizes-o firmemente?”
(7) Então, sentindo-me confusa e quase temendo acrescentei: “Minha vida, Jesus, Tu me fazes temer com estas perguntas, Expõe-te melhor, firmemente o digo, mas sempre ajudada por Ti e na força de tua Vontade, que envolvendo-me toda não poderia fazer menos que viver em teu Querer”.
(8) E Ele, dando um suspiro de alívio disse: “Como estou contente de tua tripla afirmação, não temas, não são outra coisa que garantias, reafirmações e confirmações para selar em ti o triplo selo do Querer das Três Divinas Pessoas. Você deve saber que quem vive em minha Vontade deve elevar-se ao alto, mas tão alto, de viver no seio da Trindade Sacrossanta; sua vida e a nossa deve ser uma só, portanto é necessário, é decoroso que saiba onde está, com quem estás, e te uniformes em tudo o que fazemos Nós, e que não forçada, mas voluntariamente, com amor e com pleno conhecimento vivas em nosso seio. Agora, você sabe qual é a nossa Vida Divina? Nós nos divertimos muito em fazer sair de Nós novas imagens de Nós mesmos; estamos em ato contínuo de formar imagens nossas, tanto que Céu e terra estão cheios de nossas imagens, as sombras destas correm por toda parte: Imagem nossa é o sol, e a sua luz é a sombra da nossa que cobre toda a terra; a nossa imagem é o céu que se estende por toda a parte, e que leva a sombra da nossa Imensidão; imagem nossa é o homem, que leva em si nossa potência, sabedoria e amor, assim que Nós não fazemos outra coisa que produzir contínuas imagens nossas que nos assemelham. Agora, quem deve viver em nosso Querer, vivendo em nosso seio deve junto Conosco formar tantas outras cópias de Nós mesmos, deve estar junto conosco em nosso trabalho, deve fazer sair de si cópias nossas, enchendo delas toda a terra e o Céu. Agora, ao criar o primeiro homem, o formamos com nossas mãos, e infundindo-lhe o alento, lhe demos a vida; assim, tendo feito o primeiro, todos os outros têm origem e são cópias dele, nossa potência, correndo em todas as gerações, repete as cópias. Agora, constituindo-te filha primogênita de nosso Querer, é necessário que vivas Conosco para formar a primeira cópia da alma que vive em nosso Querer, de modo que, conforme vivas em Nós, mesmo que recebas a nossa atitude e aprendas com o nosso poder a agir à nossa maneira, e quando tivermos feito de ti a primeira cópia da alma que vive no nosso Querer, então virão as outras cópias.
(9) O caminho de nosso Querer é longuíssimo, abarca a eternidade, e enquanto parece que se percorreu o caminho, fica muito por fazer e por receber de Nós para aprender nossos modos e formar a primeira cópia da alma que vive em nosso Querer. É a maior obra que devemos fazer, por isso muito devemos te dar e muito convém te dispor para te fazer receber. Eis a razão de minhas repetidas perguntas, é para dispor-te, para ampliar e elevar-te para cumprir meus desígnios. Isto me é tão importante, que deixaria tudo a um lado com tal de alcançar minha finalidade. Por isso seja atenta e fiel”.
15-23 Maio 18, 1923
Como é difícil encontrar uma alma que queira sofrer. Carrascos de almas que há na Igreja.
(1) Sentia-me muito afligida e quase privada do meu doce Jesus; que duro martírio é a sua privação! Martírio sem esperança de tomar o Céu por assalto como o tomam os mártires, o que torna doce todo seu sofrer; em troca sua privação é martírio que desune, que queima, que fere e que abre um abismo de separação entre a alma e Deus, que em vez de adoçar o sofrer, o amarga, o amarre, de modo que enquanto se sente morrer, a mesma morte foge longe, ó Deus, que pena! Agora, enquanto me encontrava no imenso abismo da privação do meu Jesus, assim que se moveu em meu interior lhe disse: “Ah! meu Jesus, já não me amas”. E ele, não me dando ouvidos, fazia-se parecer todo aflito, como se tivesse na mão uma coisa negra que estava prestes a atirá-la sobre as criaturas, depois me tomava o coração entre suas mãos, me apertava fortemente, me o traspassava, e meu coração esperava com ânsia suas penas como refrigério e bálsamo às penas sofridas por sua privação. ¡¡ Oh, como temia que deixasse de me fazer sofrer e me jogasse de novo no abismo de sua separação! Então, depois disto, disse-me:
(2) “Minha filha, eu não presto atenção às palavras, mas aos atos, acreditas tu que é fácil encontrar uma alma que de verdade queira sofrer? ¡Oh, como é difícil! De palavra há quem queira sofrer, mas nos fatos fogem quando uma dor as oprime ou outras penas as rodeiam, oh! como queriam libertar-se, e Eu permaneço sempre o Jesus isolado nas penas, e é por isso que quando encontro uma alma que não foge do sofrimento e quer fazer-me companhia nas minhas penas, é mais, espera e espera que lhe dê o pão da dor, Isto me dá o delírio do amor e me faz chegar a fazer loucuras e a ser tão magnânimo com esta alma, de fazer ficar estupefatos Céu e Terra. Achas tu que era algo indiferente ao meu coração, que tanto ama, que enquanto estavas privada de Mim me esperavas, não para outra coisa senão para que te levasse as minhas angústias?”
(3) Enquanto dizia isto, fez-me ouvir que passava o Santíssimo pela rua e me deu um aperto mais forte ao coração, e eu:
(4) “Meu Jesus, que se passa? Para onde vais e quem te leva?”
(5) E Ele, todo triste: “Vou a um enfermo, levado por um carrasco de almas”.
(6) E eu espantada: “Jesus, que dizes? Como, os teus ministros carrascos de almas?”
(7) E Ele: “E quantos carrascos de almas há em minha Igreja: Estão os carrascos apegados aos interesses, que fazem carnificina de almas, porque com seu exemplo em lugar de fazer desapegadas às almas de tudo o que é terra, as interessam de mais; estão os imoderados, que em lugar de purificar as almas as desfiguram; estão os carrascos dos passatempos, dedicados aos prazeres, aos passeios e demais, que em lugar de fazer coletadas às almas e de infundir-lhes o amor à oração e ao retiro, as distraiam; todas estas são carnificinas de almas. ¡ Quanta dor meu coração sente ao ver que aqueles mesmos que deviam ajudar e santificar as almas, são a causa de sua ruína!”
16-24
Outubro 16, 1923
Para que a Divina Vontade desça à terra, é necessário que a vontade humana suba ao Céu, e para subir ao Céu é necessário Esvaziá-la de tudo o que é humano.
(1) A dor da privação do meu Jesus concentra-se mais no meu pobre coração. Que longas noites sem Ele, sem Jesus me parecem noites eternas, sem estrelas e sem sol, só me resta se amável Querer onde me abandono e encontro meu repouso nas densas trevas que me circundam. E Jesus, Jesus, vem ao meu coração dilacerado, pois não posso mais sem Ti! Então, enquanto nadava no mar imenso da dor de sua privação, meu Jesus movendo-se dentro de mim, e segurando as minhas mãos nas suas ele apertou-as fortemente ao seu coração e disse-me:
(2) “Minha filha, para descer a minha Vontade à terra, é necessário que a tua vontade suba ao Céu, e para subir ao Céu e viver na pátria celestial é necessário esvaziá-la de tudo o que é humano, de tudo o que não é santo, puro e reto. Nada entra no Céu a fazer vida comum com Nós, se não é tudo divinizado e transformado tudo em Nós; nem minha Vontade Divina pode descer à terra e desenvolver sua Vida como em seu próprio centro, se não encontrar a vontade humana vazia de tudo, para enchê-la de todos os bens que meu Querer contém. Ela não será outra coisa que um véu sutilíssimo que me servirá para me cobrir e habitar dentro, quase como hóstia consagrada, na qual eu formo a minha vida, faço todo o bem que quero, rezo, sofro, gozo, e a hóstia não se opõe, deixa-me livre, seu ofício é prestar-se a ter-me escondido e em silêncio aderir a conservar a minha Vida Sacramental.
(3) Este é o ponto onde estamos, seu querer entrar no Céu, e o meu a descer à terra; por isso o seu não deve ter mais vida, não deve ter razão de existir. Isto aconteceu a minha humanidade, que enquanto tinha uma vontade humana, esta estava toda atenta a dar vida a a Vontade Divina, jamais se arbitrou por si só, nem sequer respirar por si só, senão que mesmo o Eu dava e tomava na Vontade Divina, e por isso o Querer Eterno reinou em mim Humanidade como no Céu assim na terra, nela fez sua Vida terrestre, e minha vontade humana, sacrificada toda à Divina, impeliu que a tempo oportuno descesse à terra para viver no meio das criaturas como vive no Céu. Não queres tu dar o primeiro lugar na terra à minha vontade?”
(4) Agora, enquanto dizia isto, parecia-me encontrar-me no Céu, e como que a partir de um ponto só via todas as gerações, e eu, prostrando-me ante a Majestade Suprema tomava seu mútuo amor, sua adoração perfeita, a santidade sempre uma de sua Vontade, e as oferecia em nome de todos como correspondência do amor, da adoração e da submissão e união que cada criatura deveria ter com seu Criador. Queria unir Céu e Terra, Criador e criatura, a fim de que se abraçassem e se dessem o beijo da união de suas vontades. Então meu Jesus tem adicionado:
(5) “Esta é a tua tarefa, viver entre nós e fazer teu tudo o que é nosso e dá-lo a nós por todos os teus irmãos; então nós, atraídos pelo que é nosso, podemos ficar vinculados com as gerações humanas e lhes dar de novo o beijo supremo da união da sua vontade com a nossa, beijo que lhe demos na Criação”.
17-22
Novembro 23, 1924
Deus ao criar o homem, para lhe conservar a vida formou em torno dele o ar do corpo e o ar da alma: O ar natural para o corpo, o ar da minha vontade para a alma.
(1) Continuo meu estado de privação de Jesus e de amarguras intensas para minha pobre alma, e se de escapada se faz ver em meu interior, é todo taciturno e pensativo, mas apesar de seu silêncio eu fico contente, pensando que não me deixou e que sua habitação em mim ainda continua. E enquanto minha pobre alma está para sucumbir, sua visita me dá um gole de vida, que como chuva benéfica me faz reverdecer, mas, para fazer o que? Para voltar de novo a sucumbir e sentir-me morrer; assim que estou sempre entre a vida e a morte. Então, enquanto nadava no mar imenso da dor de havê-lo perdido, meu doce Jesus se moveu em meu interior, e fazendo-se ver em ato de rezar, eu me uni com Ele na oração e logo me disse:
(2) “Minha filha, Eu, ao criar o homem, para conservar-lhe a vida formei em torno dele o ar do corpo e o ar da alma: O ar natural para o corpo, o ar da minha Vontade para a alma’. Você acredita que o ar natural, só porque é ar tem virtude de dar a respiração ao homem, a força, o alimento, a frescura, a vida vegetativa a toda a natureza? Então, apesar de não ser visto tem tudo em um punho e constitui-se vida de todo ser criado, e por isso todos sentem a necessidade do ar, e ele por toda parte faz seu curso, de noite, de dia, penetra no batimento do coração, na circulação do sangue e por toda parte; Mas sabe por que tem tanta virtude? Porque no ar está toda a substância dos bens que produz, e foram postos por Deus no ar a força alimentadora, respiratória, vegetativa, e ele contém como tantas sementes de todo o bem que encerra. Agora, se necessitava um ar para a conservação de toda a natureza, necessitava-se também um ar para a conservação da alma, e minha bondade não quis confiar nem formar outro ar para a alma, senão que minha mesma Vontade se quis constituir ar para a alma, mas que a minha própria Vontade quis constituir ar para a alma, e assim toda aquela substância dos bens que Ela contém, pudesse, como ar que invisivelmente tudo invade, penetrar no fundo da alma e levar-lhe o alimento divino, a vegetação e todos os bens, a virtude que respira tudo o que é Céu, a força invencível, a fecundidade de todas as virtudes. Deveria haver uma competição, o corpo em respirar o ar natural, e a alma em respirar o ar de minha Vontade, no entanto, é de chorar! Se os homens sentem que lhes falta o ar natural, se o procuram, se caminham em altas montanhas manifestam com dor a falta do ar, em troca do ar de minha Vontade não têm nem um pensamento nem uma dor, e embora sejam obrigados a estar como que imersos no ar da minha Vontade, as criaturas não amando este ar balsâmico e santificante, não podem pôr na alma os bens que contém, e é obrigada a estar nela sacrificada, sem poder desenvolver a vida que minha Vontade contém. Por isso minha filha, te recomendo, se queres que minha Vontade cumpra em ti seus desígnios, que respire sempre o ar de minha Vontade, a fim de que à medida que o respires floresça em ti a Vida Divina e te conduza à verdadeira finalidade para a qual foste criada”.
18-24
Fevereiro 11, 1926
A vontade humana é a traça que rói todos os bens e a chave que abre todos os males. Cada ato de vontade humana não unida com a de Deus, forma um abismo de distância entre o Criador e a criatura.
(1) Estava pensando entre mim: “Por que tanto temor em mim, tanto de sentir falta da vida, se jamais for, não fizesse em tudo e por toda a Santíssima Vontade de Deus? O único pensamento me destrói, o que será se chegar a me subtrair ainda por um só instante da Vontade Suprema e adorável de meu Criador?” Enquanto pensava isto, o meu amável Jesus saiu de dentro de mim, e tomando as minhas mãos entre as suas as beijou com um amor indescritível, depois as apertou ao seu peito, forte, e toda ternura me disse:.
(2) “Minha filha, como é bela minha Vontade obrante em tuas mãos, teus movimentos são feridas para Mim, mas feridas divinas, porque saem do fundo de minha Vontade dominante, obrante e triunfante em ti, então me sinto ferido como por outro Eu mesmo. Com justa razão temes se por um só instante saísses da Vontade Suprema, oh! como descerias no baixo, quase te reduzirias do estado de Adão inocente ao estado de Adão culpado, e como Adão tinha sido criado como cabeça de todas as gerações, a sua vontade subtraída do seu Criador formou a traça na raiz da árvore de todas as gerações, por isso todos sentem as ruínas que formou a traça da vontade humana desde o princípio da criação do homem. Cada ato de vontade humana não conectada com a de Deus forma um abismo de distância entre o Criador e a criatura, portanto, distância de santidade, de beleza, de nobreza, de luz, de ciência, etc. Então Adão não fez outra coisa com subtrair-se da Divina Vontade, que pôr-se à distância do seu Criador, esta distância o enfraqueceu, o empobreceu, desequilibrou tudo e levou o desequilíbrio a todas as gerações, porque quando o mal está na raiz, toda a árvore está obrigada a sentir os efeitos malignos, os humores nocivos que há na raiz. Então minha filha, tendo-te chamado a ti como primeira e chefe da missão da minha Vontade, esta minha Vontade deve pôr em ti o equilíbrio entre tu e o Criador, e portanto tirar a distância que há entre a vontade humana e a Divina, para poder formar em ti a raiz da árvore sem humores maus, fazendo correr nele só o humor vital da minha Vontade, a fim de que a árvore não seja prejudicada na vegetação, no desenvolvimento e na preciosidade dos seus frutos. Agora, se você quisesse fazer um ato de sua vontade não conectada com a minha, viria a formar a mariposa à missão que te confiei, e como um segundo Adão arruinaria a raiz da árvore de minha Vontade que quero formar em você, e prejudicarias a todos aqueles que quererão enxertar-se a esta árvore, porque não encontrariam toda a plenitude de minha Vontade em quem dela teve o princípio. Por isso sou Eu que ponho este temor em tua alma a fim de que minha Vontade seja sempre dominante em ti, e todas as manifestações que te fiz estejam sempre em vegetação para formar raízes, tronco, ramos, flores e frutos divinos sem a sombra de tua vontade humana. “Assim regressarás à tua origem no seio de teu Criador toda bela, crescida e formada com a plenitude da Vontade Suprema, e a Divindade, satisfeita em ti da obra da criação do homem, fará sair de ti e da missão a ti confiada seu povo eleito do Fiat Voluntas Tua como no Céu assim na terra, por isso sê atenta minha filha, e não queiras arruinar a obra de minha Vontade em ti; Amo-a tanto e custa-me tanto, que usarei todo o meu zelo infinito e estarei Eu mesmo a guarda da minha Vontade, a fim de que a tua jamais tenha vida”.
(3) Eu fiquei surpreendida e compreendia com clareza o que significa um ato de vontade humana em comparação de um ato de Vontade Divina, e como a alma com o fazer a sua perde a fisionomia de seu Criador, e despojando-se da beleza com a qual foi criada veste-se de míseros trapos, arrasta-se com dificuldade no bem, adquire a semelhança diabólica, nutre-se com alimentos porcos. Meu Jesus, dai a graça a todos de jamais fazer a própria vontade, o que é chamar a vida todas as paixões. Então, quase tremendo tratava de me abismar mais dentro na Suprema Vontade, e chamava a minha Mãe Celestial em minha ajuda, a fim de que junto comigo pudéssemos, em nome de todos adorar à Vontade Suprema por todas as vontades humanas opostas a Ela. Agora, enquanto fazia isso, o Céu se abriu e meu Jesus saiu de dentro de mim tudo em festa e me disse:.
(4) “Filha de meu Querer, você deve saber que quando reina íntegra minha Vontade na alma, tudo o que a alma faz é o desenvolvimento da Vida de minha Eterna Vontade nela, assim que não foi você quem chamou a minha Divina Mãe, senão minha mesma Vontade que a chamou, e sentindo-se chamada por uma Vontade Divina, que sempre foi íntegra e triunfante nela, advertiu súbito que uma da família celestial a chamava na terra, e disse a todo o Céu: Vamos, vamos, é uma de nossa família que nos chama a cumprir os deveres da família à qual pertencemos’. E aqui, olhe para todos em torno de nós, a Virgem, os santos, os anjos, para fazer seu ato de adoração que você quer fazer, e a Divindade para recebê-lo. Minha Vontade tem tal poder que encerra tudo e faz com que todos façam a mesma coisa, como se fosse um só ato. Por isso a grande diferença que há entre quem faz reinar a minha Vontade nela e entre quem vive do próprio eu. Na primeira está uma Vontade Divina que reza, que obra, que pensa, que olha, que sofre; a cada movimento seu move Céu e terra e une tudo junto, de maneira que todos sentem a potência da Divina Vontade obrante na criatura, descobrem nela a nobreza, a semelhança, a filiação de seu Criador, e como filha da família celestial todos a protegem, a assistem, a defendem e a suspiram junto com eles na pátria celestial. O contrário para quem vive da própria vontade, ela é a chave do inferno, das misérias, da inconstância; onde ela abre, não sabe abrir outra coisa senão onde está o mal, e se acaso faz algum bem, é aparente, porque dentro está a mariposa do próprio querer que rói tudo. Por isso, ainda que te custe a vida, não saias jamais, jamais de minha Vontade”.
19-24
Maio 27, 1926
O Querer Divino envolve tudo e todos na unidade de sua luz. Como toda a Criação possui a unidade, e quem deve viver no Querer Divino possui esta unidade.
(1) Estava fazendo meus atos habituais no Querer Supremo, e uma luz inacessível envolvia meu pequeno ser, e fazendo-me como presentes todas as obras de meu Criador, eu tinha um “te amo” por cada coisa criada, um movimento por cada movimento, uma adoração e um agradecimento de reconhecimento por toda a Criação; no entanto compreendia que era a mesma luz que me fornecia aquele te amo por cada coisa, aquele movimento, aquela adoração, eu só estava em poder da luz e ela me engrandecia, Eu encolhia e fazia da minha pequenez o que eu queria. Agora, enquanto me encontrava neste estado, eu estava dolorida porque não via a meu doce Jesus e pensava entre mim: “Jesus me deixou, e nesta bendita luz eu não sei para onde voltar meus passos para encontrá-lo, porque não se vê nem onde começa nem onde termina; ó luz santa, faz-me encontrar Aquele que é toda minha vida, meu sumo Bem”! Mas enquanto eu desabafava com a dor da privação de Jesus, todo bondade saiu de dentro de mim, e todo ternura me disse:.
(2) “Minha filha, por que temes? Eu não te deixo, mas sim o Querer Supremo que me eclipsa em ti. A luz de minha Vontade é interminável, infinita, não se encontram seus confins, nem onde começa nem onde termina, em troca minha Humanidade tem seus confins, seus limites, e por isso sendo minha Humanidade menor que minha Eterna Vontade, Eu fico envolvido nela e como eclipsado, e enquanto estou contigo dou o campo de ação a meu Querer e gozo de seu obrar divino na pequenez de tua alma, e preparo uma nova lição que te dar para te fazer conhecer sempre mais as maravilhas de meu Supremo Querer; por isso quando nades nele está segura de que estou contigo, Mas faço contigo o que tu fazes, e para lhe dar todo o campo de ação Eu estou em ti como escondido, para gozar-me seus frutos. Agora, tu deves saber filha minha que a verdadeira luz é inseparável; olha, também o sol que está na atmosfera tem esta prerrogativa e possui a unidade da luz, tem tão compactada à luz em sua esfera, que não perde nem um átomo, e apesar de descer ao baixo enchendo de luz toda a terra, a luz não se divide jamais, é tão compacta em si mesma, unida, inseparável, que jamais perde nada de sua luz solar, tão é verdade, que expande seus raios todos juntos fazendo fugir por todas as partes da terra às trevas, e ao retirar sua luz retira todos seus raios, não deixando nem sequer as pegadas de seus átomos. Se a luz do sol fosse divisível, há muito tempo teria se empobrecido de luz e não teria mais a força para iluminar toda a terra, e se poderia dizer: apague luz dividida, terra desolada’. Assim o sol pode cantar vitória e possui toda a sua força e todos os seus efeitos na unidade da sua luz, e se a terra recebe tantos admiráveis e inumeráveis efeitos, de poder chamar-se ao sol vida da terra, tudo isto acontece pela unidade da luz que possui, que há tantos séculos não perdeu nem sequer um átomo de luz dos quais Deus lhe confiou, e por isso é sempre triunfante, majestoso e fixo, sempre estável em louvar na sua luz o triunfo e a glória da luz eterna do seu Criador. Agora minha filha, o sol é o símbolo de meu Eterno Querer, e se este símbolo possui a unidade da luz, muito mais minha Vontade que não é símbolo, mas a realidade da luz, e o sol pode ser chamado a sombra da luz inacessível da minha Vontade. Você viu sua imensidão, e que não só se vê um globo de luz como no sol, mas uma vastidão imensa, a qual o olho humano não pode chegar a ver nem onde começa nem onde termina, porém toda esta interminabilidade de luz é um ato só do Eterno Querer. Está tão compacta toda esta luz incriada, que se torna inseparável, indivisível, assim, mais do que sol possui a unidade eterna, na qual vem fundado o triunfo de Deus e de todas as nossas obras. Agora, este triunfo da unidade do Supremo Querer, o centro de sua sede, de seu trono, é o centro da Trindade Sacrossanta, deste centro divino partem seus raios fulgidíssimos e investem toda a pátria celestial, e todos os santos e anjos estão investidos pela unidade do meu Querer, e todos recebem os efeitos inumeráveis, que arrebatando-os todos a si, forma deles uma só unidade com a unidade suprema da minha Vontade; estes raios investem toda a Criação e formam a sua unidade com a alma que vive na minha Vontade. Olhe, a unidade desta luz de minha Vontade que está no centro das Três Divinas Pessoas, está já fixada em você, Então uma é a luz e o ato, uma é a Vontade. Agora, enquanto fazes teus atos nesta unidade, estão já incorporados àquele ato só do centro das Três Divinas Pessoas, e a Divindade está já contigo para fazer o que tu fazes; a Mãe Celestial, os santos e anjos e toda a Criação, Todos em coro repetem seu ato e sentem os efeitos da Vontade Suprema. “Olha, escuta o prodígio nunca visto daquele ato só que enche Céu e terra, e que a mesma Trindade, unindo-se com a criatura, se põe como primeiro ato do ato da criatura”.
(3) Enquanto eu estava nisto, eu via a luz eterna fixada em mim, e ouvia o coro de todo o Céu e de toda a Criação em sua linguagem muda, mas quem pode dizer tudo, e o que compreendia da unidade da luz do Supremo Querer? E Jesus adicionou:.
(4) “Minha filha, cada ato para ser bom e santo, seu princípio deve vir de Deus, e eis que a alma que vive em meu Querer, na unidade desta luz, sua adoração, seu amor, seu movimento e tudo o que possa fazer começa na Trindade Divina, Assim que recebe o princípio de seus atos do próprio Deus, e eis que sua adoração, seu amor, seu movimento, é a mesma adoração que têm entre elas as Três Divinas Pessoas, e o mesmo amor recíproco que reina entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo; seu movimento é aquele movimento eterno que jamais cessa e que dá movimento a todos. A unidade desta luz põe tudo em comum, e o que faz Deus faz a alma, e o que faz a alma faz Deus, Deus por virtude própria, a alma em virtude da unidade da luz que a envolve; por isso o prodígio do viver em meu Querer é o prodígio de Deus mesmo, é prodígio primário, todos os outros prodígios, todas as outras obras, mesmo boas e santas, ficam eclipsadas, desaparecem diante dos atos feitos na unidade desta luz. Imagine o sol, que na unidade de sua luz expande seus raios invadindo toda a terra, e às criaturas que pusessem de frente à fulgurante luz do sol todas as luzes que há no baixo da terra, luz elétrica, luzes privadas, por quantas quisessem pôr sua luz ficaria mesquinha diante do sol, quase como se não existissem, e nenhum se serviria de todas aquelas luzes para dar luz a seu passo para caminhar, à mão para trabalhar, ao olho para ver, mas todos se serviriam do sol e todas aquelas luzes ficariam ociosas, sem fazer bem a nenhum. Assim são todas as outras obras que não são feitas na unidade da luz de meu Querer, são as pequenas luzes diante do grande sol, que quase não se lhes presta atenção; porém aquelas luzes que estando o sol não servem para nada e não fazem nenhum bem, desaparecido o sol adquirem seu pequeno valor e fazem seu pequeno bem, são luz nas trevas da noite, servem ao obrar do homem, mas jamais são sol, nem podem fazer o grande bem que pode fazer o sol. O fim da Criação era, que tendo saído todas as coisas de dentro da unidade desta luz do Fiat Supremo, todas deviam ficar na unidade d‟Ele, só a criatura não quis conhecer esta finalidade e saiu da unidade da luz do sol de meu Querer, e reduziu-se a mendigar os efeitos desta luz, quase como terra que mendiga do sol a vegetação e o desenvolvimento da semente que esconde em seu seio. Que dor minha filha, que dor, de rei reduzir-se a mendigo e mendigar de quem devia estar a seu serviço!”.
(5) Jesus todo aflito e sofredor fez silêncio, e eu compreendia toda a dor que o atravessava, sentia em mim sua dor que me penetrava até nas mais íntimas fibras de minha alma, mas eu queria a qualquer custo aliviar a Jesus, e retornei a meus acostumados atos na unidade de seu Querer, sabendo que Ele passa facilmente da dor à alegria quando minha pequenez se submerge na luz inacessível de Sua Vontade. Então Jesus amou junto comigo e o amor acalmou sua dor e retomou a palavra:.
(6) “Minha filha, já que te estou a crescer no meu Querer, ah! , não queiras dar-me jamais esta dor tão penetrante de sair da unidade da luz do Fiat Supremo, promete-me, jura-me que serás sempre a recém nascida da minha Vontade”..
(7) E eu: “Meu amor, consola-te, eu prometo, eu juro, e Tu deves prometer-me de me ter sempre em teus braços e abismada em teu Querer, não deves deixar-me jamais se queres que eu seja sempre, sempre a pequena filha de tua Vontade, pois eu tremo e temo de mim mesma, muito mais, pois quanto mais falas deste Querer Supremo, tanto mais sinto que não sou boa para nada, e a nulidade do meu nada se faz sentir mais”. E Jesus suspirando acrescentou:.
(8) “Minha filha, este sentir de mais teu nada não se opõe ao viver em meu Querer, É mais um dever seu. Todas as minhas obras estão formadas sobre o nada, e por isso o Tudo pode fazer o que quiser. Se o sol tivesse razão e lhe perguntasse: Que fazes de bom? Quais são os teus efeitos? Quanta luz e calor contém? Responderia: Eu não faço nada, só sei que a luz que Deus me deu está investida do Querer Supremo, e faço o que quiser, me estendo onde quiser e produzo os efeitos que quiser, e enquanto faço tanto, eu fico sempre nada e tudo o faz o Querer Divino em mim’. E assim como todas as minhas obras, toda a sua glória é ficar em nada, para dar todo o campo à minha vontade, para a fazer trabalhar. Só o homem quis fazer sem a Vontade de seu Criador, quis fazer agir seu nada, crendo-se bom a qualquer coisa; e o Todo, sentindo-se posposto pelo nada saiu do homem, que se reduziu de superior a todos, a estar por debaixo de todos, por isso faz que teu nada esteja sempre em poder de meu Querer se queres que a unidade de sua luz trabalhe em ti e chame a nova vida a finalidade da Criação”.
20-23
Novembro 10, 1926
Quem vive no Querer Divino encerra em si toda a Criação e é o refletor do seu Criador. Dois efeitos do pecado.
(1) Meus dias se alternam sempre entre as privações e as breves visitas de meu doce Jesus, e muitas vezes são como relâmpago que foge, e enquanto foge fico com o prego transpassado de, quando voltará? E suspirando chamo-o: “Meu Jesus, vem, regressa à tua pequena exilada e regressa de uma vez por todas, regressa para me levar ao Céu, não me deixes mais no meu longo exílio porque não posso mais”. Mas quando o chamava, em vão eram as minhas chamadas. Então, abandonando-me no Santo Querer Divino fazia quanto mais podia meus acostumados atos, girando por toda a Criação, e meu doce Jesus movendo-se a compaixão de minha pobre alma, que não podia mais, tirou um braço de dentro de meu interior e todo piedade me disse:
(2) “Minha filha, coragem, não pares, o teu voo no meu Eterno Querer seja contínuo. Tu deves saber que minha Vontade em todas as coisas criadas faz seu ofício contínuo, e em cada coisa seu ato é distinto, não faz no céu o que faz no sol, nem no sol o que faz no mar, minha Vontade tem em cada coisa seu ato especial, e se bem minha Vontade é uma, seus atos são inumeráveis. Agora, a alma que vive n‟Ela vem para encerrar em si todos os atos que faz em toda a Criação, assim deve fazer o que Ela faz no céu, no sol, no mar, etc., tudo deve fechar nela para fazer que a alma siga todos seus atos, e não só isso, mas para ter o ato de correspondência da criatura. Então, se seu ato não for contínuo minha Vontade não te espera, segue seu curso, mas em ti deixa o vazio de seus atos, e entre você e Ela fica uma certa distância e dessemelhança.
(3) Agora, tu deves saber o grande bem que encerras ao fechar em ti tudo o que faz minha Vontade na Criação, enquanto tu segues seus atos recebe o reflexo do céu e se forma e se estende em ti o céu, recebe o reflexo do sol e se forma em ti o sol, recebe o reflexo do mar e forma-se em ti o mar, recebe-se o reflexo do vento, da flor, de toda a natureza, em suma de tudo e, oh! como se eleva do fundo da tua alma o céu que protege, o sol que ilumina, aquece e fecunda, o mar que inunda e que forma as ondas de amor, de misericórdia, de graça e de fortaleza a favor de todos, o vento que purifica e leva a chuva sobre as almas incendiadas pelas paixões, a flor da adoração perpétua ao teu Criador, por isso é o prodígio dos prodígios. Viver no meu Querer é o verdadeiro triunfo do Fiat Supremo, porque a alma se torna o refletor do seu Criador e de todas as nossas obras, porque a nossa Vontade só triunfa completamente quando põe na alma o que Ela Volume pode e sabe fazer, quer ver não só Aquele que a criou, mas a todas as suas obras, não está contente se lhe falta ainda a mais mínima coisa que a Ela pertence; as almas do Fiat Supremo serão nossas obras, não incompletas mas completas, serão os novos prodígios, jamais vistos nem conhecidos, nem pela terra nem pelo Céu; qual não será o encanto, a surpresa dos mesmos bemaventurados quando virem entrar em sua Pátria Celestial a primeira filha do Fiat Divino? Qual não será sua alegria, sua glória, ao ver que leva consigo seu Criador com todas as suas obras, isto é, o céu, o sol, o mar, toda a terra florida com suas variadas belezas? Reconhecerão nela a obra completa da Eterna Vontade, porque só Ela sabe fazer estes prodígios e estas obras completas”.
(4) Depois continuava meu abandono no Eterno Fiat para receber seus reflexos, e meu doce Jesus acrescentou:
(5) “Minha filha, minha Mãe Celestial foi a primeira que ocupou o primeiro lugar no Céu como Filha do Querer Supremo, e como foi a primeira tem em torno dela o lugar para todos os filhos do Fiat Supremo. Então, em torno da Rainha do Céu, vemos tantos lugares vazios, que não podem ser ocupados por outros, mas por suas cópias, e como foi Ela a primeira da geração de minha Vontade, o Reino do Fiat também será chamado de Reino de Nossa Senhora. Oh! como se reconhecerá nestes nossos filhos a soberania sobre toda a Criação, porque eles em virtude da minha Vontade gozarão vínculos indissolúveis com todas as coisas criadas, estarão em contínuas relações de comunicações com elas, serão os verdadeiros filhos nos quais o Eterno Criador se sentirá honrado e glorificado de tê-los por filhos, porque reconhecerá neles, sua Vontade Divina trabalhadora, que tem reproduzido suas verdadeiras imagens”.
(6) Depois disto pensava: “Meu primeiro pai Adão, antes de pecar possuía todos estes vínculos e relações de comunicação com toda a Criação, porque possuindo ele íntegra a Vontade Suprema, era como conatural sentir em si todas as comunicações onde quer que Ela agisse; agora, ao subtrair-se deste Querer tão santo, não sentiu o rasgo que fazia em toda a Criação, o rompimento de todas as comunicações e todos os vínculos quebrados como de um só golpe por ele? Se eu só pensar em pensar se devo ou não fazer um ato, e só com titubear sinto que o céu treme, que o sol se retira, que toda a Criação se sacode e está em ato de me deixar sozinha, tanto que eu mesma tremo junto com eles, e espantada, súbito, sem duvidar faço o que devo fazer. Como pôde fazê-lo? Não sentiu este rasgo tão cruel e doloroso?” E Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:
(7) “Minha filha, Adão sentiu este rasgo tão doloroso, e, apesar de tudo, caiu no labirinto da sua vontade que não lhe deu mais paz, nem a ele nem aos seus descendentes; como de um só golpe toda a Criação se retirou dele, retirando-se a felicidade, a paz, a força, a soberania, tudo, ficou só em si mesmo, pobre Adão, quanto lhe custou subtrair-se de minha Vontade! Ao só sentir-se isolado, não mais cortejado por toda a Criação, sentia tal espanto e horror, que chegou a ser o homem medroso, temia tudo e até minhas mesmas obras, e com razão, pois se diz: „Quem não está Comigo está contra Mim.‟ Não estando ele mais ligado a elas, por justiça se deviam colocar contra ele. Pobre Adão, há que compadecê-lo muito, ele não tinha nenhum exemplo de outro que tivesse caído e do grande mal que lhe tivesse acontecido, para que pudesse estar atento a não cair, ele não tinha nenhuma ideia do mal, porque, minha filha, o mal, o pecado, a queda de outro tem dois efeitos: Para quem é mau e quer cair, serve como exemplo, como ajuda, como incentivo para precipitar-se no abismo do mal; para quem é bom e não quer cair, serve como antídoto, como freio, como ajuda e como defesa para não cair, porque vendo o grande mal, a desventura de outro, serve de exemplo para não cair e para não seguir esse mesmo caminho, para não se encontrar naquela mesma desventura, assim que o mal de outros faz estar atentos e ser cautelosos, por isso a queda de Adão é para ti de grande ajuda, de lição, de chamada, enquanto ele não tinha nenhuma lição do mal, porque o mal então não existia”.
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