VOLUME 1
Recordo que às vezes quando não vinha logo, me lamentava com Ele dizendo: “Ah, Esposo Santo, como me fez esperar
tanto que não podia resistir mais, me sentia morrer sem Ti”. E enquanto assim dizia, era tanta a
pena que sentia que chorava, e Ele compadecia-me toda, me enxugava as lágrimas, me beijava,
me abraçava e dizia:
(188) “Não quero que chore. Olhe, agora estou contigo, me diga o que quer”.
(189) Eu dizia-lhe: “Não quero outra coisa senão a Ti, e só deixarei de chorar quando me
prometeres que não me farás esperar tanto”.
(190) E Ele me dizia: “Sim, sim, te contentarei”.
(191) Um dia, enquanto estávamos nisto e era tanta a pena que eu sentia que não podia deixar de
chorar, meu bom Jesus me disse:
(192) “Quero te contentar em tudo, sinto-me tão atraído por você que não posso fazer menos que
fazer o que você quer. Se até agora te tirei a vida exterior e me manifestei a ti, agora quero atrair
tua alma para Mim, a fim de que onde quer que eu vá possas vir junto Comigo, assim poderás
desfrutar mais e te estreitar mais intimamente a Mim, o que não fizeste no passado.
(193) Uma manhã, não me lembro muito bem, creio que tinham passado cerca de três meses
desde que comecei a estar continuamente na cama, enquanto estava no meu estado habitual, veio
meu doce Jesus com um aspecto todo amável, como um jovem, como de dezoito anos. ¡ Oh como
era belo! , com sua cabeleira dourada e toda encaracolada, parecia que encadeava os
pensamentos, os afetos, o coração. Sua fronte serena e ampla, onde se olhava como dentro de um
cristal o interior de sua mente, e se descobria sua infinita sabedoria, sua paz imperturbável. ¡ Oh
como me sentia tranquilizar minha mente, meu coração, aliás, minhas mesmas paixões diante de
Jesus caíam por terra e não se atreviam a me dar o mínimo incômodo. Eu acredito, não sei se
estou errada, que não se pode ver a este Jesus tão belo se não se está na calma mais profunda
que o mínimo assombro de intranquilidade impede ter uma vista tão bela.
Ah sim! Ao ver a serenidade de sua fronte adorável, é tanta a infusão de paz que se recebe no interior, que creio
que não há desastre, guerra mais feroz que diante de Jesus não se acalme. Ó meu todo e belo
Jesus, se por poucos momentos que te manifestas nesta vida comunicas tanta paz, de modo que
se podem sofrer os mais dolorosos martírios, as penas mais humilhantes com a mais perfeita
tranquilidade, me parece uma mistura de paz e de dor, o que será no Paraíso? Oh, como são belos
seus olhos puríssimos, cintilantes de luz; não é como a luz do sol que querendo olhá-la danifica
nossa vista, não, em Jesus enquanto é luz, pode-se muito bem fixar o olhar, e só de olhar o interior
de sua pupila, de uma cor celeste escura oh, quantas coisas me dizia. É tanta a beleza de seus
olhos, que um só olhar seu basta para me fazer sair de mim mesma, e me fazer correr atrás Dele
por caminhos e por montes, pela terra e pelo céu, basta um só olhar para me transformar Nele e
sentir descer em mim algo de Divino. Quem pode dizer além da beleza de seu rosto adorável? Sua
tez branca semelhante à neve tingida de uma cor de rosas, das mais belas; em suas bochechas
rosadas descobre-se a grandeza de sua pessoa, com um aspecto majestoso e todo Divino, que
infunde temor e reverência, e ao mesmo tempo dá tanta confiança, que quanto a mim jamais
encontrei pessoa alguma que me dê ao menos uma sombra da confiança que dá meu amado
Jesus, nem em meus pais, nem nos confessores, nem nas minhas irmãs. Ah sim, esse rosto santo,
enquanto é tão majestoso, ao mesmo tempo é tão amável, e essa amabilidade atrai tanto, de modo
que a alma não tem a mínima dúvida de ser acolhida por Jesus, por quão feia e pecadora se veja.
Belo é também o seu nariz afilado, proporcional ao seu rosto. Graciosa é sua boca, pequena, mas
extremamente bela, seus lábios finíssimos de uma cor escarlate, enquanto fala contém tanta graça
que é impossível poder descrevê-lo.
É doce a voz de meu Jesus, é suave, é harmoniosa, enquanto
fala sai de sua boca um perfume tal, que parece que não se encontra sobre a terra, é penetrante,
de modo que penetra tudo, sente-se descer pelo ouvido ao coração, e oh, quantos afetos produz,
Mas quem pode dizer tudo? Além disso, é tão agradável que acho que não se pode encontrar
outros prazeres como os que se podem encontrar numa só palavra de Jesus. A voz de meu Jesus
é potentíssima, é obrante, e no mesmo ato que fala faz o que diz. Ah sim, é formosa sua boca, mas
mostra mais sua formosa graça no ato de falar, então se vêem seus dentes tão nítidos e bem
alinhados, e exala seu sopro, amor que incendeia, setas são lançadas, consome o coração. Belas
são suas mãos, suaves, brancas, delicadíssimas, com seus dedos proporcionados, e os move com
uma maestria tal, que é um encanto. Oh, como você é bonito, todo bonito, oh meu doce
Jesus! O que eu disse sobre sua beleza é nada, é mais, eu acho que disse muitos desatinos. Mas
o que queres de mim? Perdoe-me, é a obediência que assim o quer, por mim não me teria atrevido
a dizer nem uma palavra, conhecendo minha incapacidade.
2-29
Junho 3, 1899
Jesus derrama suas amarguras em Luisa.
(1) Esta manhã me encontrava num mar de aflição porque Jesus ainda não tinha vindo, sentia
tanta pena, que me sentia arrancar o coração. Quando o confessor veio para chamar-me à
obediência porque devia celebrar a santa missa, e Jesus sem fazer-se ver, nem sequer uma
sombra como é seu costume, que quando não vem se faz ver uma mão ou um braço,
especialmente quando é dia de receber a comunhão, Como esta manhã, Ele mesmo vem,
purifica-me, prepara-me para o receber a Ele mesmo sacramentalmente. E dizia entre mim:
“Esposo santo, Jesus amável, por que não vens tu mesmo preparar-me? Como poderei
receber-te?” Enquanto isso, o tempo chegou, o confessor veio, e Jesus sem vir. Que pena
dilacerante, quantas lágrimas amargas!
(2) O confessor disse-me: “Vê-lo-ás na comunhão e perguntar-lhe-ás por obediência o porque
não vem e o que quer de ti”.
(3) Depois da comunhão vi o meu bom Jesus, sempre benigno com esta miserável pecadora.
Transportou-me para fora de mim mesma e eu tinha-o nos braços, era como uma criança, todo
aflito. Eu, rapidamente comecei a dizer-lhe: “Meu menino, único e só Bem meu, como é que
não vens? Em que te ofendi? O que queres de mim que me faça chorar tanto?” Mas no ato de
dizer isto, era tanta a pena, que com tudo e que o tinha entre meus braços continuava
chorando. Mas mesmo antes de terminar de dizer a última palavra, Jesus, aproximando a sua
boca da minha, derramou as suas amarguras, sem me responder uma só palavra. Quando
acabava de verter eu começava de novo a dizer, mas Jesus, sem me prestar atenção, voltava a
verter em mim. Depois disto, sem me responder nada do que eu queria me disse:
(4) “Faze-me derramar em ti, de outra maneira, assim como destruí com o granizo outros
lugares, assim destruirei os vossos; por isso me faz verter e não pense em outra coisa”.
(5) Assim, sem me dizer mais nada, acabou.
3-29
Janeiro 17, 1900
A maldade e astúcia do homem.
(1) Esta manhã meu adorável Jesus ia e vinha, mas sempre em silêncio. Depois senti-me sair de
mim mesma, e ouvia Jesus dizer-me por detrás:
(2) “O homem diz – porque já não há retidão – : “Até que as coisas estejam deste modo não
poderemos ter nenhum êxito em nossos planos, finjamos virtude, finjamos ser retos, mostremo-
nos verdadeiros amigos externamente, porque assim será mais fácil tecer as nossas redes e atraí-
los ao engano, e quando sairmos para apanhá-los e fazer-lhes mal, cada um, acreditando-nos
amigos, tê-los-emos em nossas mãos”. Vai um pouco até onde chega a astúcia do homem”.
(3) Depois disto o bendito Jesus querendo um ato de reparação especial, parecia que me tirava a
vida oferecendo-me à divina justiça. No momento em que isso acontecia, eu acreditava que Jesus
me fazia terminar esta vida, então lhe disse: “Senhor, não quero ir para o Céu sem suas insígnias,
primeiro me proteja e depois me leve”.
(4) Assim me trespassou as mãos e os pés com os pregos, e enquanto isso fazia, com grande
amargura minha, Ele desapareceu e eu me encontrei em mim mesma, e disse para mim: “Aqui
estou eu ainda. Ah! Quantas vezes me fez meu amado Jesus, tem uma arte especial para sabê-lo
fazer, porque me faz crer que devo morrer, e então eu rio-me do mundo, das penas, rio-me de Ti
mesmo porque terminou o tempo de estar separados, não haverá mais intervalos de separação.
Mas apenas começo a rir quando me encontro outra vez atada pelas correntes da prisão deste
frágil corpo, e esquecendo o ter começado a rir, continuo o pranto, os gemidos, os suspiros da
minha separação de Ti. Ah Senhor, faça-o logo, porque me sinto impelida fortemente a ir!”
4-30
Novembro 11, 1900
Saindo do Divino Querer se perde o conhecimento de Deus e de si mesmo.
(1) Parece que o Senhor bendito quer exercitar-me na paciência, não tem compaixão nem de
minhas lágrimas nem de meu dolorosíssimo estado. Eu sem Ele me vejo imersa nas maiores
misérias, creio que não haja alma mais perversa que a minha, se bem que estando com Jesus me
vejo mais que nunca má, mas como me encontro com Ele que possui todos os bens, minha alma
encontra o remédio a todos os males. Assim que faltando Ele, tudo para mim termina, não há
nenhum remédio para minhas grandes misérias, muito mais me oprime o pensamento de que não
seja mais Vontade sua, meu estado, e não estando em seu Querer me parece estar fora do centro,
e Muitas vezes penso em como sair. Agora, estando com estas disposições ouvi-o atrás de minhas
costas que me dizia:
(2) “Cansaste-te, não é verdade?”
(3) E eu: “Sim Senhor, sinto-me bastante cansada”.
(4) E Ele continuou: “Ah! minha filha, não saias de meu Querer, porque saindo de dentro Dele vens
a perder meu conhecimento, e não conhecendo-me vens a perder o conhecimento de ti mesma,
porque só se distingue com clareza se há ouro ou lama com os reflexos da luz, porque se tudo é
trevas facilmente se podem confundir os objetos. Agora, luz é meu Querer, que te dando meu
conhecimento, aos reflexos desta luz vem a conhecer quem você é, e vendo a tua fraqueza, o teu
puro nada, agarras-te aos meus braços e junta-te ao meu Querer, vives comigo no Céu. Mas se
quiser sair de meu Querer, a primeira coisa que perderá é a verdadeira humildade, e depois virá a
viver sobre a terra e será obrigada a sentir o peso terreno, a gemer e suspirar como todos os
outros desventurados que vivem fora de minha Vontade”.
(5) Dito isto foi retirado sem sequer ser visto. Quem pode dizer o rasgo da minha alma?
5-27
Outubro 29, 1903
Quando a alma tem em si mesma impresso o fim da Criação,
Jesus lhe corresponde dando-lhe parte da felicidade celestial.
(1) Esta manhã meu adorável Jesus se fazia ver em meu interior, como se tivesse encarnado em
minha mesma pessoa, e olhando para mim disse:
(2) “Minha filha, quando vejo na alma impressa o caráter do fim de minha Criação, sentindo-me
satisfeito dela, porque vejo cumprida muito bem a obra criada por Mim, sinto-me em dever, isto é,
não dever, acrescentou rapidamente, porque em Mim não há deveres, mas o meu dever é um
amor mais intenso de corresponder-lhe, antecipando para ela parte da felicidade celestial, isto é,
manifestando a sua inteligência o conhecimento de minha Divindade, e atraindo-a com o alimento
das verdades eternas; a sua vista recreando-a com minha beleza; a seu ouvido fazendo ressoar a
suavidade de minha voz; à boca com meus beijos; ao coração os abraços e todas as minhas
ternuras, e isto corresponde ao fim de havê-la criado, que é: conhecer-me, amar-me servir-me”.
(3) E desapareceu.
(4) Então eu, encontrando-me fora de mim mesma, via o confessor e lhe dizia o que o bendito
Jesus me disse; perguntava-lhe se estava certo, e me dizia: “Sim”. Não só isto, mas acrescentava
que se conhecia bem o falar Divino, porque quando Deus fala e a alma o relata, quem escuta não
só vê a verdade das palavras, senão que sente em seu interior uma emoção que só o Espírito
Divino possui.
6-29
Abril 9, 1904
Basta um ato perfeito de resignação à Vontade Divina para ficar
purgado de todas as imperfeições nas quais a alma não tem posto nada do seu.
(1) Tendo recebido esta manhã a comunhão, estava pensando comigo: “Que dirá meu bendito
Jesus quando vier a minha alma? Dirá: “Como é feia esta alma, má, fria, abominável”. Quão rápido
vai consumir as espécies para não estar em contato com esta alma tão feia, mas o que queres de
mim? Embora eu seja tão ruim, você ainda deve ter paciência para vir, porque de qualquer forma
você é necessário para mim, e eu não posso fazer outra coisa”. Enquanto dizia isto, saiu de dentro
de mim e disse-me:
(2) “Minha filha, não queira te afligir por isto, não se requer nada para remediá-lo, basta um ato
perfeito de resignação à minha Vontade para poder ficar purgado de todas estas fealdades que
você diz, e Eu te direi o contrário do que pensa, te direi: “Como é bela, sinto o fogo do meu amor
em ti, e o perfume das minhas fragrâncias, em ti quero fazer a minha perfeita morada.”
(3) E desapareceu. Então, vindo o confessor, contei-lhe tudo, e ele me disse que não estava bem,
porque é a dor que purga a alma, e que a resignação não entrava nisto. Por isso, depois de ter
recebido a comunhão, disse: “Senhor, o padre disse-me que não está bem o que me disseste,
então, mostra-te melhor e faz-me conhecer a verdade”. E Ele bondosamente adicionou:
(4) “Minha filha, quando se trata de pecado voluntário, então se requer a dor, mas quando se trata
de imperfeições, de fraquezas, de frialdades e outras coisas, e que a alma não tem posto nada do
seu, então basta um ato de perfeita resignação, e se tem necessidade também deste estado para
ficar purgado, porque a alma ao fazer este ato primeiro se encontra com a Vontade Divina que
purga a vontade humana e a embeleza com suas qualidades, e depois se funde comigo”.
7-30
Julho 12, 1906
Tudo o que a criatura serve de sofrimento, toca a Deus.
(1) Tendo sofrido muito ao esperar pelo meu bendito Jesus, sentia-me cansada e sem forças.
Então veio quase de fuga e me disse:
(2) “Minha filha, tudo o que à criatura serve de sofrimento ou de dor, por um lado fere a
a criatura, e por outro lado toca a Deus; e Deus sentindo-se tocado, dá sempre a cada toque
que sente dá alguma coisa de divino à criatura”.
(3) E desapareceu.
+ + + +
7-31
Julho 17, 1906
Como a quem vive na Vontade de Deus, Jesus lhe dá a chave de seus tesouros, e não há graça que
saia de Deus em que ela não tome parte.
(1) Esta manhã, via o bendito Jesus com uma chave na mão e dizia-me:
(2) “Minha filha, esta chave é a chave da minha Vontade; para quem vive nela convém-lhe que
tenha a chave para abrir e fechar como lhe agrade, e tomar o que lhe agrade de meus tesouros,
porque vivendo do meu Querer terá cuidado deles mais do que se fossem seus, porque tudo o
que é meu é seu, e não fará desperdício disso, mas os dará a outros e tomará para ela
o que pode me dar mais honra e glória. por isso te entrego a chave e tenha cuidado de meus
tesouros”.
(3) Enquanto dizia isto, sentia-me toda imersa na Divina Vontade, tanto que não via
outra coisa que Vontade de Deus, e passei todo o dia neste paraíso de Sua Vontade.
Que felicidade, que alegria! E durante a noite, encontrando-me fora de mim mesma, continuava
(4) “Olha, amada minha, para quem vive no meu Querer não há graça que saia da minha Vontade
para com todas as criaturas do Céu e da Terra, em que ela não seja a primeira a participar. E
isto é natural, porque quem vive na casa de seu pai abunda de tudo, e se os que estão
fora recebem alguma coisa, é do que sobra para aqueles que vivem dentro”.
(5) Mas quem pode dizer o que compreendia desta Divina Vontade? São coisas que não se
podem explicar. Seja tudo para glória de Deus.
8-27
Março 9, 1908
As vidas de todos palpitavam no coração de Jesus.
(1) Continuando o meu habitual estado, assim que chegou o bendito Jesus, parecia que se
aproximava de mim e me fazia ouvir os batimentos de seu coração, os ouvia muito forte, e em seu
batimento palpitavam muitos outros pequenos batimentos. E Ele disse-me:
(2) “Minha filha, neste estado encontrava-se o meu coração no momento da minha Paixão. Em
meu coração palpitavam todas as vidas humanas, que com seus pecados estavam todas em
atitude de me dar a morte, e meu coração apesar de sua ingratidão, levado pela violência de amor
restituía a todos a vida, por isso palpitava tão forte, E no meu batimento cardíaco Todas as batidas
humanas, fazendo-os ressurgir em batidas de graça, de amor e de delícias divinas”.
(3) E desapareceu. Depois disto, tendo passado um dia de muitas visitas, sentia-me cansada, e em
meu interior lamentava-me com Nosso Senhor dizendo: “Afasta de mim as criaturas; sinto-me
muito oprimida, não sei o que encontram ou querem de mim, tem piedade da violência que faço
continuamente para me entreter Contigo em meu interior e com as criaturas no exterior”. Nesse
momento veio a Rainha Mãe e me disse levantando sua mão direita e apontando para o meu
interior no qual parecia que estava o amável Jesus:
(4) “Filha amada minha, não te oprimas, as criaturas correm para onde está o tesouro, e como em
ti está o tesouro dos sofrimentos, onde está encerrado meu doce Filho, por isso veem a ti. Mas tu,
enquanto lidas com eles, não te distraias do teu tesouro, fazendo amar a cada um o tesouro que
em ti contem, qual é a cruz e meu Filho, assim os demais irão enriquecidos”.
9-28
Fevereiro 26, 1910
Antes de morrer, a alma deve fazer morrer tudo no Divino Querer e no amor.
(1) Mantém-se o meu estado de privação habitual, e talvez ainda pior. Oh Deus, que baixo caí,
jamais imaginaria chegar a tal termo, mas espero ao menos não sair nunca jamais do cerco de seu
Santíssimo Querer, isto é tudo para mim!. Gostaria de chorar por meu estado lastimoso, e alguma
vez o faço, mas Jesus me censura dizendo:
(2) “Queres tu ser sempre menina? Se vê que tenho que tratar com uma menina, não posso confiar
em ti, esperava encontrar em ti o heroísmo do sacrifício por Mim, em troca encontro as lágrimas de
uma menina que não quer o sacrifício”.
(3) E assim, se eu chorar, ele se mostrar mais duro e fizer uma de suas bravuras, ele não virá
nesse dia. Por isso devo forçar-me para não chorar, e digo a Jesus: “Tu dizes que por amor me
privas de Ti, e eu por amor teu aceito a tua privação, por amor teu não choro”. E se chegar a fazê-
lo mostra-se um pouco mais indulgente, de outra maneira castiga-me mais forte fazendo-me morrer
continuamente e viver com sua privação. Então, tendo passado uma jornada semelhante, por
quanto fiz não pude deter as lágrimas, e Jesus me fez pagar como o merecia; até que avançada a
noite, tendo compaixão de mim, como se se tivesse aberto uma janela de luz em minha mente,
Jesus se fez ver e me disse:
(4) “Não queres entendê-lo, que antes de morrer deves morrer a tudo, ao sofrer, aos desejos, aos
fervores, a tudo, e tudo deve morrer em meu Querer e em meu amor. O que é eterno no Céu é
minha Vontade e o amor, todas as outras virtudes terminam: Paciência, obediência, sofrimento,
desejos, só minha Vontade e o amor não terminam jamais, por isso em minha Vontade e no amor
deves fazer morrer tudo antecipadamente. A todos os meus santos, e eu mesmo, não quis evitar-
me de ser abandonado pelo Pai, para morrer em tudo no Querer e no amor do Pai. Oh, como teria
querido sofrer mais! Oh, quanto desejava fazer mais pelas almas! Mas tudo isto morreu na
Vontade e no amor do Pai, e assim fizeram as almas que verdadeiramente me amaram, e tu não o
queres compreender”.
10-30
Outubro 10, 1911
Jesus a atrai a fazer seu Querer.
(1) Sinto-me morrer pela dor e vou repetindo frequentemente o meu refrão: “Pobres irmãos meus,
pobres irmãos meus”. Jesus aumentou minha dor fazendo-me ver a tragédia da guerra; quanto
sangue parecia que se derramava e se derramaria. Jesus parecia inexorável e dizia:
(2) “Não posso mais, quero terminar com isto, tu farás o meu querer, não é verdade?”
(3) “Certo, como Tu quiseres, mas posso esquecer que são teus filhos saídos de tuas mesmas
mãos?”
(4) E Jesus: “Mas estes filhos fazem-me sofrer muito, e não só querem matar o seu próprio Pai,
mas querem tornar-se homicidas deles mesmos. Se você soubesse o quanto me fazem sofrer,
você estaria Comigo”.
(5) E enquanto dizia isto, parecia que me amarrava as mãos e me apertava Consigo, e me sentia
tão transformada em seu Querer, que perdia a força de lhe fazer violência, e acrescentou:
(6) “Assim está bem, toda em minha Vontade”.
(7) Eu, vendo minha inabilidade e ao mesmo tempo a tragédia, rompi em pranto e dizia: “Meu
Jesus, como farão? Não há meios para salvá-los, salve ao menos suas almas, quem poderá
resistir? Ao menos leve-me primeiro”.
(8) E Jesus: “Você viu? Se você continuar chorando Eu vou embora e te deixo sozinha, você
também quer me afligir. Eu salvarei a todos aqueles que estão dispostos, por isso não chore, te
darei suas almas, fique contente. Talvez Eu não possa levá-la mais para o Céu, e será por isso que
você está tão aflita? Tu sabes porque não te levo?”
(9) E como eu continuava a chorar, Jesus fingia que se retirava, e eu tive que gritar alto e dizer:
“Jesus, não me deixes, que não choro mais”.
11-26
Julho 19,1912
O verdadeiro amor deve ser só.
(1) Esta manhã, encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio o bendito Jesus disse-
me:
(2) “Minha filha, sinto teu alento e recebo consolo, e não só quando estou junto a ti teu alento me
dá consolo, mas também quando os demais falam de ti e das coisas ditas por Mim para seu
bem, sinto por meio deles teu alento e me agrado, e meu consolo se duplica e digo: “Também
por meio dos outros minha filha me envia seu consolo, porque se não tivesse estado atenta em
me escutar, jamais teria podido fazer o bem aos demais, por isso é sempre ela que me dá este
consolo”. Por isso te amo mais e me sinto inclinado a vir a conversar contigo”.
(3) Depois ele adicionou: “O verdadeiro amor deve ser só; ao contrário, quando está apoiado em
algum outro, ainda que seja santo, ainda que seja pessoa espiritual, me dá náuseas e em lugar
de contentamento me dá amargura e aborrecimento, porque o amor só quando é só me dá
completo domínio e posso fazer o que quero da alma; Além disso, o ser só é da natureza do
verdadeiro amor. Ao contrário, quando não é só, uma coisa se pode fazer, mas outra não; é um
domínio restrito que não me dá plena liberdade, e portanto o amor se encontra a desgosto e
restringido”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade