Estudo 31 – Livro do Céu Vol. 12 ao 21 – Escola da Divina Vontade

Escola da Divina Vontade
Estudo 31 – Livro do Céu Vol. 12 ao 21 – Escola da Divina Vontade
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14-32
Junho 1, 1922

O que é verdade.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, estava seguindo as horas da Paixão do meu doce
Jesus, especialmente quando foi apresentado a Pilatos, o qual lhe perguntou qual era o seu
reino, e o meu sempre amável Jesus disse-me:
(2) “Minha filha, foi a primeira vez em minha Vida terrena que tive que lidar com um governante
gentil, o qual me perguntou qual era meu reino, e Eu lhe respondi que meu reino não é deste
mundo, que se deste mundo fosse, milhões de legiões de anjos me defenderiam. Com isto abria
o meu reino aos gentios e lhes comunicava a minha doutrina celestial, tanto que Pilatos me
perguntou: Como, Tu és rei?

E eu imediatamente lhe respondi: ‘Eu sou Rei, e vim ao mundo
para ensinar a verdade. ‘ Com isso Eu queria abrir caminho em sua mente para me fazer
conhecer, e ele, sentindo-se como golpeado me perguntou: Que coisa é a verdade? ‘ Mas não
esperou minha resposta, não tive o bem de fazer-me compreender, ter-lhe-ia dito: A verdade
sou Eu, tudo em Mim é verdade; verdade é minha paciência no meio de tantos insultos; verdade
é meu olhar doce entre tantas zombarias, calúnias, desprezos; verdade são meus modos
afáveis, atrativos, no meio de tantos inimigos, que enquanto eles me odeiam Eu os amo, e
enquanto querem me dar a morte Eu quero abraçá-los e dar-lhes a vida; verdade são minhas
palavras dignas e cheias de sabedoria celestial; tudo em Mim é verdade”. A verdade é mais que
sol majestoso, que por quanto se queira pisotear, surge mais belo, mais luminoso e faz
envergonhar os mesmos inimigos, fazendo-os cair por terra, a seus pés. Pilatos me perguntou
com ânimo sincero, e Eu lhe respondi imediatamente, em troca Herodes me perguntou com
maldade e por curiosidade, e Eu não lhe respondi, assim a quem quer saber as coisas santas
com sinceridade, Eu me revelo além do que se quer; em vez disso, a quem quer sabê-las com
maldade e para bisbilhotar, eu escondo-me dele, e enquanto estes querem zombar de mim, eu
confundo-os e debocho deles. Mas como minha pessoa levava consigo a verdade, também
diante de Herodes fez seu ofício, meu silêncio ante suas tempestuosas perguntas, meu olhar
modesto, o aspecto todo cheio de doçura, de dignidade, de nobreza de minha mesma pessoa,
eram todas verdades, e verdades operantes”.

14-33
Junho 6, 1922
Vivendo na Divina Vontade, a cruz e a santidade se tornam semelhantes às de Jesus.

(1) Estava pensando entre mim: “Meu bom Jesus mudou comigo, antes se deleitava em fazer-
me sofrer, tudo era participação de pregos e cruz, agora tudo desapareceu, não se deleita mais

em fazer-me sofrer, e se alguma vez sofro me olha com indiferença e não mostra mais aquele
gosto de antes”. Agora, enquanto pensava assim, o meu doce Jesus movendo-se dentro de
mim, suspirando disse-me:
(2) “Minha filha, quando se tem gostos maiores, os gostos menores perdem o seu deleite, a sua
atração, e por isso se vêem com indiferença. A cruz ata à graça, mas quem a alimenta, quem a
faz crescer à devida estatura? Minha Vontade. É só Ela que completa tudo e faz cumprir meus
mais altos desígnios na alma, e se não fosse por minha Vontade, a mesma cruz, por quanto
poder e grandeza contém, pode fazer com que as almas permaneçam a meio caminho. ¡Oh!
quantos sofrem, mas como lhes falta o alimento contínuo da minha Vontade, não chegam à
meta, à destruição do querer humano, e o Querer Divino não pode dar o último toque, a última
pincelada da santidade Divina. Olha, tu dizes que desapareceram pregos e cruz, falso isso filha
minha, falso, antes tua cruz era pequena, incompleta, agora minha Vontade elevando-te nela,
faz que tua cruz seja grande, e cada ato que fazes em meu Querer é um prego que recebe teu
querer, e vivendo em minha Vontade, a tua se estende tanto, que te difundes em cada criatura,
e me dá por cada uma a vida que lhes dei para devolver-me a honra, a glória, a finalidade para
as quais as criei. Olha, a tua cruz estende-se não só por ti, mas por cada uma das criaturas,
assim que por toda parte vejo a tua cruz; primeiro via-a só em ti, agora vejo-a por toda a
parte. Este fundir-te em minha Vontade sem nenhum interesse pessoal, senão só para dar-me o
que todos deveriam dar-me, e para dar a todos o bem que meu Querer contém, é só da Vida
Divina, não da humana; assim que só minha Vontade é a que forma esta Santidade divina na
alma. Então suas cruzes anteriores eram santidade humana, e o humano por quanto santo seja,
não sabe fazer coisas grandes mas pequenas, muito menos elevar a alma à santidade e à
fusão do agir de seu Criador, fica sempre na restrição de criatura, mas minha Vontade
derrubando todas as barreiras humanas, a lança na imensidão divina, e tudo se faz imenso
nela: Cruz, pregos, santidade, amor, reparação, tudo; a minha mira sobre ti não era a santidade
humana, embora fosse necessário que primeiro fizesse as pequenas coisas em ti, e por isso me
deleitava tanto.
(3) Agora, tendo-te feito passar mais adiante e devendo-te fazer viver em meu Querer, vendo
tua pequenez, teu átomo, abraçar a imensidão para dar-me por todos e por cada um amor e
glória para voltar a dar-me todos os direitos de toda a Criação, isto me deleita tanto, que todas
as outras coisas não me agradam mais. Então a tua cruz, os teus pregos, serão a minha
vontade, aquela que, tendo crucificada a tua, completará em ti a verdadeira crucificação, não a
intervalos, mas perpétua, toda semelhante à minha, que fui concebido crucificado e morto
crucificado, alimentada a minha cruz da única Vontade eterna, e por isso, por todos e por cada
um Eu fui crucificado. Minha cruz selou a todos com seu emblema”.

16-36
Dezembro 8, 1923

Sobre a Imaculada Conceição de Maria.

(1) Estava a pensar na Imaculada Conceição da minha Mãe Rainha, e meu sempre amável Jesus,
depois de ter recebido a santa comunhão, fazia-se ver em meu interior como dentro de uma estan-
cia toda luz, e nesta luz fazia ver tudo o que tinha feito em todo o curso de sua Vida; pareciam co-
mo alinhados em ordem todos os seus méritos, suas obras, suas penas, seus chagas, seu sangue,
tudo o que continha a Vida de um Homem e Deus, como em ato de proteger a uma alma, a Ele tão
querida, de qualquer mínimo mal que pudesse ensombrá-la. Eu me admirava ver tanta atenção de
Jesus, e Ele disse-me:

(2) “À minha pequena recém-nascida quero que conheça a Imaculada Conceição da Virgem, con-
cebida sem pecado. Mas primeiro você deve saber que minha Divindade é um ato só, todos os
seus atos se concentram em um só, isto significa ser Deus, o portento mais grande de nossa
Essência Divina, não estar sujeita a sucessão de atos, e se a criatura lhe parece que agora faze-
mos uma coisa, e agora outra, é mais bem que fazemos saber o que há naquele ato só, porque a
criatura, incapaz de conhecer tudo de um só golpe, se o fazemos conhecer pouco a pouco. Agora,
tudo o que Eu, Verbo Eterno devia fazer em minha assumida Humanidade, formava um só ato com
aquele ato único que contém minha Divindade, assim que antes que esta nobre Criatura fosse con-
cebida, já existia tudo o que devia fazer na terra o Verbo Eterno, portanto, no ato em que esta Vir-
gem foi concebida, se alinharam em torno de sua Concepção todos os meus méritos, minhas pe-
nas, meu sangue, tudo o que continha a Vida de um Homem Deus, e foi concebida nos abismos
intermináveis de meus méritos, de meu sangue divino, no mar imenso de minhas penas. Em virtude
deles ficou imaculada, bela e pura; ao inimigo ficou fechado o passo pelos incalculáveis méritos
meus e não pôde lhe fazer nenhum mal. Era justo que quem devia conceber o Filho de um Deus,
devia primeiro ser Ela concebida nas obras deste Deus, para poder ter virtude de conceber o Verbo
que devia vir redimir o gênero humano; assim que Ela primeiro ficou concebida em Mim, e Eu fiquei
concebido nela, não havia mais que a tempo oportuno fazê-lo conhecer as criaturas, mas na Divin-
dade estava como já feito. Por isso, a que mais recebeu os frutos da Redenção, antes teve o fruto
completo, foi esta excelsa Criatura, que sendo concebido nela, amou, estimou e conservou como
coisa sua tudo o que o Filho de Deus fez na Terra. Oh! a beleza desta tenra menina, era um prodí-
gio da graça, um portento de nossa Divindade, cresceu como nossa Filha, foi nosso decoro, nossa
alegria, o honra e a nossa glória”.
(3) Então, enquanto o meu doce Jesus dizia tudo isto, eu pensava na minha mente: “É verdade que
a minha Rainha Mãe foi concebida nos méritos intermináveis do meu Jesus, mas o sangue, o cor-
po, foram concebidos no seio de Santa Ana, a qual não estava isenta da mancha de origem; então,
como pode ser que nada herdou dos tantos males que todos temos herdado pelo pecado do nosso
primeiro pai Adão?”

(4) E Jesus: “Minha filha, tu ainda não entendeste que todo o mal está na vontade. A vontade atro-
pelou o homem, ou seja, a sua natureza, não a natureza atropelou a vontade do homem, assim
que a natureza ficou em seu lugar, tal como foi criada por Mim, nada mudou, foi Sua vontade a que
se mudou e se pôs, nada menos, que contra uma Vontade Divina, e esta vontade rebelde arrastou
sua natureza, enfraqueceu-a, contaminou-a e tornou-a escrava de vilíssimas paixões; aconteceu
como a um recipiente cheio de perfumes ou de coisas preciosas, se se esvaziar isso e encher-se
de podridão ou de coisas vis, acaso muda o recipiente? Muda o que se põe dentro, mas ele é sem-
pre o que é, no máximo se torna mais ou menos apreciável segundo o que contém, assim foi do
homem.
(5) Agora a minha Mãe, ser concebida numa criatura da raça humana não causou nenhum dano,
porque sua alma era imune de toda culpa, entre sua vontade e a de seu Deus não havia divisão, as
correntes divinas não encontravam obstáculo nem oposição para derramar-se sobre Ela, a cada
instante estava sob a densa chuva de novas graças. Então, com esta vontade e esta alma toda
santa, toda pura, toda bela, o recipiente de seu corpo que tomou de sua mãe ficou perfumado, rea-
bilitado, ordenado, divinizado, em modo de ficar isenta mesmo de todos os males naturais de que é
invadida a natureza humana. Ah! Foi propriamente Ela que recebeu o germe do Fiat Voluntas Tua
como no Céu assim na terra, que a enobreceu e a restituiu ao seu princípio, tal como o homem foi
criado por Nós antes que pecasse; aliás, ultrapassou-o, embelezando-a ainda mais aos contínuos
fluxos daquele Fiat que só tem virtude de reproduzir imagens todas semelhantes àquele que criou-
as, e em virtude desta Vontade Divina que operava nela, pode-se dizer que o que Deus é por natu-
reza, Ela o é por graça. Nossa Vontade tudo pode fazer, a tudo pode chegar quando a alma nos dá
liberdade de agir e não interrompe com sua vontade humana nosso agir”.

17-32
Fevereiro 22, 1925
Como Deus ao criar o homem formou diferentes caminhos para facilitar-lhe a entrada em sua Vontade, portanto na Pátria Celestial.

(1) Estava pensando no Santo Querer Divino, e pedia a meu amável Jesus, que por sua bondade
me desse a graça de que em tudo cumprisse sua Santíssima Vontade, e dizia: “Tu que amas e
queres que tua Vontade se faça, ajuda-me, Deus, põe a cada instante teu Querer em mim, a fim de
que nenhuma outra coisa possa ter vida em mim”. Agora, enquanto eu rezava, meu doce Jesus se
moveu dentro de mim, e me apertando fortemente a Ele me disse:.
(2) “Minha filha, como me fere o coração a oração de quem busca só meu Querer! Sinto o eco de
minha oração que fiz estando Eu sobre a terra, todas minhas orações se reduziam a um ponto só,
que a Vontade de meu Pai, tanto sobre Mim como sobre todas as criaturas se cumprisse. Foi a
maior honra para mim e para meu Pai Celestial, que em tudo fiz sua Santíssima Vontade. A minha
humanidade, ao fazer sempre e em tudo a Vontade do Eterno abria os caminhos entre a vontade
humana e a Divina, fechadas pela criatura.

(3) Você deve saber que a Divindade ao criar o homem formou muitas vias de comunicação entre o
Criador e a criatura: Via eram as três potências da alma: a inteligência, caminho para compreender
minha Vontade; a memória, via para recordar-se dela continuamente; e a vontade em meio a estas
duas vias, formava a terceira via para ir na Vontade de seu Criador. A inteligência e a memória
eram o sustento, a defesa, a força do caminho da vontade, para que não pudesse desviar-se nem
para a direita nem para a esquerda; via era o olho, para que pudesse ver as belezas, as riquezas
que há em minha Vontade; via era o ouvido, para que pudesse ouvir as chamadas, as harmonias
que há nela; via a palavra, na qual pudesse receber o meu contínuo desafogo da minha palavra
Fiat, e os bens que o meu Fiat contém; via eram as mãos, que elevando-as em suas obras na
minha Vontade, tivesse chegado a unificar suas obras às obras de seu Criador; via eram os pés,
para seguir os passos de meu Querer; via era o coração, os desejos, os afetos, para encher-se do
amor de minha Vontade e repousar nela. Veja então quantas vias há na criatura para vir em minha
Vontade, sempre e quando o queira. Todas as vias estavam abertas entre Deus e o homem, e em
virtude de nossa Vontade, nossos bens eram seus; além disso era nosso filho, imagem nossa, obra
saída das nossas mãos e do sopro ardente do nosso seio. Mas a vontade humana, ingrata, não
quis gozar dos direitos que Nós lhe demos sobre nossos bens, e não querendo fazer nossa
Vontade fez a sua, e fazendo a sua formou as barreiras e os muros em todos esses caminhos e se
restringiu no mísero cerco de sua vontade, perdeu a nossa e andou errante no exílio de suas
paixões, de suas fraquezas, sob um céu tenebroso carregado de raios e de tempestades, pobre
filho em meio a tantos males queridos por ele mesmo. Assim, cada ato de vontade humana é uma
barreira que coloca a minha, é uma grade que forma para impedir a união dos nossos querer, e a
comunicação dos bens entre o Céu e a terra fica interrompida.

(4) Minha humanidade compadecendo e amando com amor infinito ao homem, com fazer em tudo
a Vontade de meu Pai manteve íntegras estas vias, e impediu remover as barreiras e romper as
cercas que a vontade humana havia formado; Então abri de novo os caminhos para quem quiser vir
em minha Vontade, para restituir os direitos que por nós haviam sido dados ao homem quando o
criamos. As vias são necessárias para facilitar o caminho, são meios para poder fazer com
frequência uma visita à sua própria Pátria Celestial, e conhecendo como é bela a sua Pátria, como
é feliz nela, a ame e aspire a tomar posse, portanto viva desapegado do exílio. Estes caminhos na
criatura eram necessários para fazer que freqüentemente subisse a sua verdadeira Pátria, a
conhecesse e a amasse, e um sinal de que a alma está nestes caminhos e de que ama sua Pátria
Celestial é, pondo-se em caminho em nossa Vontade faz suas visitas.

Este é também um sinal para você, você não se lembra quantas vezes você tomou o caminho do Céu e você entrou nas
regiões celestiais e fazendo sua breve visita, meu Querer fez você descer de novo para o exílio, e
você amando a Pátria, o exílio parecia feio e quase insuportável. Este amar a Pátria, sentir a
amargura de viver no exílio, é um bom sinal para ti, que a Pátria é tua. Olha, também nas coisas
baixas deste mundo acontece o mesmo: Se alguém tem uma grande possessão, forma-se o
caminho para ir freqüentemente a visitá-la, a gozá-la, a tomar os bens que há nela, e enquanto a
visita, a ama e a leva em seu próprio coração, mas se em troca não se forma um caminho, jamais
visita sua propriedade, porque sem caminho é quase inacessível, e nunca fala dela, isto é um sinal
de que não a ama e despreza os seus próprios bens, e embora pudesse ser um rico, ele, por sua
má vontade, é um pobre que vive na mais esquálida miséria. “Eis por que razão a minha sabedoria
ao criar o homem quis formar os caminhos entre Eu e Ele, para lhe facilitar a santidade, a
comunicação dos nossos bens e a entrada na Pátria Celestial”.

19-31
Junho 29, 1926

Cada coisa criada contém uma imagem das qualidades divinas, e a Divina Vontade glorifica
estas qualidades em cada coisa criada.

(1) Depois de ter passado dias amargos de privações, meu amado Jesus para me reanimar, ao vir
se entreteu por algumas horas, fazia-se ver de idade muito jovem, de uma rara beleza que raptava,
e se sentou sobre minha cama, perto de mim, dizendo-me:.
(2) “Minha filha, eu sei, eu sei que você não pode ficar sem Mim, porque Eu sou para você mais do
que a sua própria vida, então se Eu não viesse você não teria a substância da vida, e além disso
temos que fazer tantas coisas juntos no Reino da Vontade Suprema, por isso quando vires que não
venho depressa, não te oprimas tanto, está certa que virei, porque a minha vinda é necessária para
ti e para mim, porque devo ver as coisas do meu Reino, e enquanto o dirijo, devo regozijar-me dele.
Poderia você ter a mínima dúvida de que faltasse o Rei do triunfo em um Reino tão suspirado por
Mim? Por isso vêem nos meus braços, a fim de que teu Jesus te fortifique”.
(3) E enquanto isso dizia me tomou em seus braços, me apertava forte a seu peito e me arrulhava
me dizia:.
(4) “Dorme, dorme sobre o meu peito minha pequena recém nascida da minha Vontade”.
(5) Eu nos braços de Jesus era muito pequena, e sentia-me sem vontade de dormir, queria gozar
com Jesus, queria dizer-lhe tantas coisas agora que tinha o bem de que se entretinha longamente
comigo, mas Jesus continuava a me arrulhar, e eu sem querer tomava um doce, Doce sono, mas
no sono ouvia o bater do coração de Jesus que falava e dizia: “Minha vontade”. E ao seguinte bater
como se respondesse: “Amor quero infundir na pequena filha de meu Querer”.
(6) No batimento “Minha vontade”, formava-se um cerco de luz maior, e no batimento “amor” outro
cerco menor, de maneira que o grande trancava o pequeno; e Jesus, enquanto eu dormia, pegava
naqueles ferrolhos que formavam o seu coração e os imprimia em toda a minha pessoa. Eu me
sentia toda reforçada e confirmada nos braços de Jesus, oh, como me sentia feliz!. Mas Jesus me
apertando mais forte ao seu peito me despertou e me disse:.
(7) “Minha pequena filha, giremos por toda a Criação, onde o Querer Supremo contém sua Vida e
em cada coisa criada faz seu ato distinto, e triunfador, por Si mesmo exalta e glorifica em modo
perfeito todas as supremas qualidades. Se olhas para o céu, o teu olho não sabe descobrir os seus
confins, onde quer que olhe é céu, não sabe dizer onde começa nem onde termina; imagem do
nosso Ser que não tem princípio nem fim, e a nossa Vontade louva, glorifica no céu azul o nosso
Ser Eterno que não tem princípio nem fim; este céu está adornado de estrelas, isto é imagem do
nosso Ser, pois igual que a Divindade é um ato único, o céu é um, mas na multiplicidade das
estrelas se assemelha as nossas obras ad extra, que descendem deste ato único e os efeitos e as
obras deste único ato são inumeráveis, e a nossa Vontade nas estrelas exalta e glorifica os efeitos
e a multiplicidade das nossas obras, nas quais encerra os anjos, o homem e todas as coisas
criadas. Veja como é belo viver em meu Querer, na unidade desta luz suprema, e estar ao dia do
que significam todas as coisas criadas e louvar, exaltar e glorificar o Supremo Criador com sua
mesma Vontade em todas as nossas imagens que cada uma das coisas criadas contém. Agora
passa a olhar o sol, sob a esfera do céu vê-se uma circunferência de luz limitada que contém luz e
calor, que descendo ao baixo investe toda a terra, isto é imagem da luz e do amor do Supremo
Criador que ama a todos, faz bem a todos e que desde a altura de sua Majestade desce ao baixo,
até nos corações, até no inferno, mas silenciosamente, sem estrondo, onde quer se encontra, oh,
como nossa Vontade glorifica e exalta nossa eterna luz, nosso amor inextinguível e nossa
onividência; nossa Vontade murmura no mar, e na imensidão das águas, que escondem
inumeráveis peixes de toda espécie e cor, glorifica a nossa imensidão que tudo envolve e tem
como que um punho a todas as coisas; a nossa Vontade glorifica a imagem da nossa imutabilidade
na firmeza dos montes; a imagem da nossa justiça no ruído do trovão e na explosão do relâmpago;
a imagem da nossa alegria no passarinho que canta, que canta e gorjeia; a imagem do nosso amor
gemendo na rola que geme; a imagem da contínua chamada que fazemos ao homem, no cordeiro
que bale, dizendo em cada balido: A Mim, a Mim, vem a Mim, vem a Mim’; e nossa Vontade
glorifica-nos na contínua reclamação que fazemos à criatura. Todas as coisas criadas têm um
símbolo nosso, uma imagem nossa, e nossa Vontade tem o compromisso de nos exaltar e glorificar
em todas as nossas obras, porque sendo a obra da Criação obra do Fiat Supremo, convinha a Ela
conservar-nos a glória em todas as coisas criadas íntegra e permanentemente. “Agora, este
empenho, nosso Querer Supremo quer dá-lo como herança a quem deve viver na unidade de sua
luz, porque não seria conveniente viver em sua luz e não fundir-se nos atos do Fiat Supremo, por
isso minha pequena filha, todas as coisas criadas, e a minha vontade, esperam-te em cada coisa
para repetir os seus próprios atos, para glorificar e exaltar com a mesma Vontade Divina o teu
Criador”.
(8) Agora, quem pode dizer todas as imagens que encerram toda a Criação do nosso Criador? Se
quisesse dizer tudo não terminaria jamais, por isso, para não me alongar muito somente disse
alguma coisa e o fiz por obedecer e por temor de desagradar a Jesus.

20-27
Novembro 20, 1926

Como todos os atributos divinos fazem seu ofício para formar na alma o novo mar de suas 
qualidades. Como todos temos um movimento.

(1) Estava segundo meu costume fazendo meu giro na Criação para seguir os atos da Vontade
Suprema n‟Ela, mas enquanto isso fazia, meu sempre amável Jesus me fazendo ouvir sua voz
dulcíssima em cada uma das coisas criadas me dizia:
(2) “Quem chama ao meu amor para fazer, ou que meu amor desça nela ou que o seu suba no
meu para fundir-se juntos, e formar um só amor e dar o campo de ação ao meu amor para fazer
surgir na alma o novo marzinho de seu amor, faz triunfar ao meu amor, e este festeja porque lhe é
dado seu desabafo e seu campo de ação”.
(3) E conforme passava pelo sol, pelo céu, pelo mar, assim ouvia a sua voz que dizia:
(4) “Quem chama a minha luz eterna, a minha doçura infinita, a minha beleza inigualável, a minha
firmeza irremovível, a minha imensidão, para cortejá-las e dar-lhes o campo de ação para fazer
surgir na criatura outros tantos mares de luz, de doçura, de beleza, de firmeza e demais, para dar-
lhe o prazer de não fazê-la estar inativa e servir-se da pequenez da criatura para encerrar nela
suas qualidades? Quem é então aquela? Ah, é a pequena filha de nosso Querer!”
(5) Então, depois que em cada coisa criada ouvia me dizer: “Quem é a que me chama?” Meu doce
Jesus saiu de dentro de mim e me apertando toda a Si me disse:
(6) “Minha filha, conforme gira em minha Vontade para segui-la em cada coisa criada, assim todos
meus atributos escutam sua chamada e saem ao campo de ação para formar cada um o marzinho
de suas qualidades. Oh! assim como triunfam ao verem-se trabalhadores e poder formar cada um
seu marzinho, assim cresce seu sumo gosto e deleite ao poder formar na pequena criatura seus
mares de amor, de luz, de beleza, de ternura, de potência e demais. Minha sabedoria faz de artífice
perito e de engenho maravilhoso ao pôr na pequenez suas qualidades imensas e infinitas, oh!
como harmoniza a alma que vive em meu Querer com meus atributos, cada um deles se põe em
seu ofício para estabelecer suas qualidades divinas; se tu soubesses o grande bem que te vem ao
seguir minha Vontade em todos seus atos e o trabalho que desenvolve em ti, também tu sentirias a
alegria de uma festa contínua”.
(7) Depois disto eu continuava seguindo a Criação, e por toda parte via correr aquele movimento
eterno que jamais se detém e pensava em mim: “Como posso seguir em tudo ao Supremo Querer
se Ele corre tão rápido em todas as coisas? Eu não tenho sua virtude nem sua rapidez, portanto é
natural que eu fique para trás sem poder seguir em todo seu eterno murmúrio”. Então, enquanto
pensava nisso, o meu doce Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:
(8) “Minha filha, todas as coisas têm um movimento contínuo, porque tendo saído de um Ente
Supremo que contém um movimento cheio de vida, vinha por consequência que todas as coisas
saídas de Deus deviam conter um movimento vital que nunca cessa, e se cessar significa que
cessa a vida. Olhe, você mesma tem um murmúrio, um movimento contínuo em seu interior; mais
bem a Divindade ao criar à criatura lhe dava a semelhança das Três Divinas Pessoas, punha nela
três movimentos que deviam murmurar continuamente para unir-se àquele movimento contínuo e
murmúrio de amor de seu Criador, e estes são: O movimento do batimento do coração que jamais
cessa, a circulação do sangue que sempre gira sem jamais deter-se, a respiração que jamais se
detém, isto no corpo, e na alma há outros três movimentos que murmuram continuamente: a
inteligência, a memória e a vontade. Por isso o todo está em que teu movimento esteja atado ao
movimento de teu Criador para murmurar junto com seu movimento eterno, assim seguirá a minha
Vontade em seu movimento que jamais se detém, em seus atos que jamais cessam e fará retornar
teu movimento ao seio de teu Criador, que com tanto amor espera o retorno de suas obras, de seu
Amor e de seu murmúrio. A Divindade ao criar as criaturas faz como um pai que manda a seus
filhos, para seu bem, um a um país, outro a outras terras, quem para fazê-lo navegar o mar e quem
a um ponto próximo e quem a um distante, dando a cada um, um trabalho que fazer, mas enquanto
os manda espera com ânsia seu retorno, está sempre vigiando para ver se vêm, se fala, fala dos
filhos; se ama, seu amor corre aos filhos, seus pensamentos voam aos filhos; pobre pai, sente-se
na cruz porque mandou os seus filhos para longe dele e suspira mais que a própria vida o seu
regresso, e se, jamais, os vê regressar a todos ou em parte, ele está inconsolável, chora e emite
gemidos e gritos de dor até arrancar lágrimas até aos mais duros, e só se alegra quando os vê
retornar a todos a seu colo paterno para apertá-los a seu seio que arde de amor por seus filhos.
Oh! Como nosso Pai Celestial mais que pai suspira, arde, delira por seus filhos, porque, tendo-os
parido de seu seio espera seu retorno para gozá-los em seus braços amorosos. E é propriamente
isto o Reino do Fiat Supremo, o retorno de nossos filhos a nossos braços paternos, e por isso o
suspiramos tanto”.
(9) Depois disto, sentia-me toda imersa na adorável Vontade de Deus, e pensava em mim no
grande bem se todos conhecessem e cumprissem este Fiat tão santo e o grande contentamento
que dariam a nosso Pai Celestial, e meu doce Jesus voltando a falar acrescentou:
(10) “Minha filha, Nós ao criar a criatura, conforme nossas mãos criadoras a íamos formando,
assim nos sentíamos sair de nosso seio uma alegria, um contento, porque devia servir para manter
nosso entretenimento sobre a face da terra e nossa festa contínua, por isso conforme formávamos

os pés, assim pensávamos que deviam servir a nossos beijos, porque deviam fechar os nossos
passos e ser meio de encontro para nos entreter juntos; à medida que formávamos as mãos, assim
pensávamos que deviam servir aos nossos beijos e abraços, porque devíamos ver nelas as
repetidoras de nossas obras; à medida que formávamos a boca, o coração, que devia servir o eco
da nossa palavra e do nosso amor, e conforme o nosso alento lhe infundimos a vida, vendo que
essa vida tinha saído de nós, que era vida toda nossa, o estreitamos a nosso seio beijando-o como
confirmação de nossa obra e de nosso amor, e para fazer que se mantivesse íntegro em nossos
passos, em nossas obras, no eco de nossa palavra e amor e da vida de nossa imagem impressa
nele, lhe demos como herança nosso Divino Querer, a fim de que o conservasse tal como o
havíamos tirado para poder continuar nossos entretenimentos, nossos beijos afetuosos, nossas
doces conversas com a obra de nossas mãos. Quando vemos na criatura nossa Vontade, Nós
vemos nela nossos passos, nossas obras, nosso Amor, nossas palavras, nossa memória e
inteligência, porque sabemos que nossa Suprema Vontade nada deixará entrar que não seja
nosso, e por isso como coisa nossa tudo lhe damos, beijos, carícias, favores, amor, ternura mais
que paternal, não toleramos estar com ela nem sequer a um passo de distância, porque mesmo as
pequenas distâncias não permitem formar entretenimentos contínuos, nem dar-se beijos, nem
participar das alegrias mais íntimas e secretas. Ao contrário, na alma na qual não vemos a nossa
Vontade, não podemos entreter-nos porque nada vemos que seja nosso, nela se sente tal
perplexidade, uma tal angústia de passos, de obras, de palavras, de amor, que por si mesma se
põe à distância do seu Criador, e Nós onde vemos que não está o ímã potente do nosso Querer,
que nos faz como esquecer a infinita distância que há entre o Criador e a criatura, desdenhamos
entreter-nos com ela, enchê-la de nossos beijos e favores. Eis por que o homem ao subtrair-se de
nossa Vontade despedaçou nossos entretenimentos e destruiu nossos desígnios que tínhamos ao
formar a Criação, e somente ao reinar nosso Fiat Supremo, ao estabelecer seu Reino, serão
realizados os nossos desígnios e retomados os nossos entretenimentos sobre a face da terra”.

21-3
Março 3, 1927
Onde reina o Divino Querer chama a Deus junto com seu agir. O oferecimento a Deus das
próprias ações as purifica e as desinfeta.

(1) Estava oferecendo meus pequenos atos como homenagem de adoração e de amor ao
Supremo Querer, e pensava entre mim: “Mas será certo que o que faz a alma que faz a Divina
Vontade, o faz o mesmo Deus? Que glória pode ele receber, se eu lhe oferecesse o meu pequeno
trabalho e tudo o que posso fazer, o viesse fazer comigo?” E o meu doce Jesus a mover-se dentro
de mim disse-me:
(2) “Minha filha, não me sentes em ti que estou a seguir os teus atos? Porque onde reina minha
Vontade, todas as coisas, até as mais pequenas e naturais se convertem em deleite para Mim e
para a criatura, porque são efeito de uma Vontade Divina reinante nela, que não sabe fazer sair de
Si nem sequer a sombra de alguma infelicidade. Além disso, você deve saber que na Criação
nosso Fiat Supremo estabeleceu todos os atos humanos, investindo-os de deleite, de alegria e de
felicidade, assim que o mesmo trabalho não devia provocar nenhum peso ao homem, nem causar-
lhe a mínima sombra de cansaço, porque possuindo meu Querer possuía a força que jamais se
cansa nem diminui. Olhe, também as coisas criadas são símbolo disto, cansa-se talvez o sol de dar
sempre a sua luz? Certamente que não; cansa-se o mar de murmurar continuamente, de formar as
suas ondas, de nutrir e de multiplicar os seus peixes? Certamente que não; cansa-se o céu de
estar sempre estendido, a terra de florescer? Não. Mas por que não se cansam? Porque está
dentro deles o poder do Fiat Divino, que tem a força que não se esgota jamais. Então todos os atos
humanos entram na ordem de todas as coisas criadas e todos recebem a marca da felicidade: o
trabalho, o alimento, o sono, a palavra, o olhar, o passo, tudo.

Agora, até que o homem se mantenha em nosso Querer, se mantém santo e são, cheio de vigor e de energia incansável, capaz
de saborear a felicidade de seus atos e de fazer feliz Aquele que lhe dava tanta felicidade; mas
assim que se subtraiu, adoeceu e perdeu a felicidade, a força incansável, a capacidade e o gosto
de saborear a felicidade de seus atos que o Divino Querer com tanto amor havia investido. Isto
acontece também entre quem está são e entre quem está doente: O primeiro saboreia o alimento,
trabalha com mais energia, toma prazer em divertir-se, em passear, em conversar; o enfermo se
desagrada do alimento, não sente força para trabalhar, se aborrece das diversões, estragam lhe
as conversas, tudo lhe faz mal; A doença mudou sua natureza, seus atos em dor. Agora supõe que
o enfermo voltasse ao vigor de sua saúde, se restabeleceria nas forças, no gosto, em tudo. Assim,
a causa de sua enfermidade tem sido o sair de minha Vontade; o retornar e fazê-la reinar será
causa de que volte a ordem da felicidade nos atos humanos, e fazer que minha Vontade tome sua
atitude nos atos da criatura. E enquanto oferece seu trabalho, o alimento que toma, e tudo o que
faz, desde dentro daqueles atos humanos brota a felicidade colocada por meu Querer nesses atos
e sobe a seu Criador para dar-lhe a glória de sua felicidade. Eis por que onde reina minha Vontade,
não só me chama junto com Ela a agir, mas dá-me a honra, a glória daquela felicidade com a qual
investimos os atos humanos, e ainda que a criatura não possua toda a plenitude da unidade da luz
da minha Vontade, desde que ofereça todos os seus atos ao seu Criador como homenagem e
adoração, como a doente é ela, não Deus, Deus recebe a glória da felicidade de seus atos
humanos. Suponha um enfermo que fizesse um trabalho, ou que preparasse um alimento e o
desse a outro que está são, este que goza a plenitude da saúde não percebe nada, nem do
cansaço daquele trabalho, nem da fadiga que o enfermo sentiu ao fazê-lo, nem o desgosto desse
alimento que teria sentido se o tivesse tomado o enfermo, mas sim goza na plenitude de sua saúde
do bem, da glória e da felicidade que lhe levará aquele trabalho e gosta do alimento que lhe foi
oferecido. Assim o oferecimento das próprias ações purifica, desinfeta as ações humanas e Deus
recebe a glória devida a Ele, e por correspondência faz descer novas graças sobre aquela que
oferece a Ele suas ações”.

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