Estudo 32 – Mistica Cidade de Deus – Escola da Vontade Divina

Escola da Divina VontadeMistica Cidade de Deus
Estudo 32 – Mistica Cidade de Deus – Escola da Vontade Divina
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CAPITULO 2
ESPECIAL FAVOR QUE O ALTÍSSIMO CONCEDEU A MARIA SANTÍSSIMA, LOGO APÓS SUA ENTRADA NO TEMPLO

Primeiros atos de Maria no templo

429. Tendo partido os pais da divina Menina, e ficando Ela a residir no
templo, a mestra indicou-lhe a cela que, entre as demais virgens, lhe estava reservada, semelhante a grandes alcovas ou
pequenos aposentos individuais.
Prostrou-se em terra a Princesa do céu e beijou-a, por ser solo e lugar do
templo. Adorou ao Senhor, dando-lhe graças pelo novo benefício de a ter recebido
ali, e à mesma terra por sustentá-la, quando se considerava indigna de a pisar.
Dirigiu-se a seus santos anjos, dizendo: – Príncipes celestiais, mensageiros do Altíssimo, fídelíssimos amigos e
companheiros meus, suplico-vos de todo coração que neste templo de meu Senhor,
exerciteis comigo o ofício de vigilantes sentinelas, avisando-me de tudo o que
devo fazer. Ensinai-me e dirigi-me como guias e mestres de minhas ações, para que
acerte a cumprirem tudo a perfeita vontade do Altíssimo, a comprazer aos santos sacerdotes e a obedecer à minha mestra e
companheiras.
Falando em particular com os 12 anjos os quais – como dissemos acima eram os doze do Apocalipse, disse-lhes: –
E a vós, embaixadores meus, peço-vos, se o Altíssimo vos permitir, consoleis meus santos pais em sua aflição e soledade.

A Virgem é levada ao céu empíreo

430. Obedeceram à sua Rainha estes doze anjos. Ficando Ela com os demais em divinos colóquios, sentiu a força
superior que a movia forte e suavemente, espiritualizando-a elevando-a em ardente
êxtase. O Altíssimo ordenou aos serafins que a assistiam, que preparassem e iluminassem sua alma santíssima.
Foi-lhe dada uma luz, ou qualidade divina, que aperfeiçoou e proporcionou suas potências com o objeto
que lhe queriam manifestar. Assim preparada, acompanhada de todos os seus
anjos e outros muitos, vestida por uma refulgente nuvenzinha, foi levada em
corpo e alma até o céu empíreo, onde a Santíssima Trindade a acolheu com digna benevolência e agrado.
Prostrou-se ante a presença do poderosíssimo e altíssimo Senhor, como costumava nas demais visões, e adorou-o
com profunda humildade e reverência. Em seguida, foi iluminada novamente com
outra qualidade ou luz, na qual viu a Divindade intuitiva e claramente, sendo esta a
segunda vez que lhe foi manifestada por este modo intuitivo. Contava então três
anos de idade.

Palavras do Eterno Pai a Maria

431. Não há sentido nem língua que possam manifestar os efeitos desta
visão e participação na divina essência. A pessoa do eterno Pai falou à futura Mãe de
seu Filho: – Pomba e dileta minha, quero que vejas os tesouros de meu ser imutável
e perfeições infinitas, e os ocultos dons que destino para as almas que escolhi
como herdeiras de minha glória, depois de serem resgatadas pelo sangue do cordeiro,
que por elas há de morrer.
Verifica, minha filha, quão liberal ,sou com as criaturas que me conhecem e
amam; quão verdadeiro em minhas palavras, quão fiel em minhas promessas, quão
poderoso e admirável em minhas obras.
Adverte, esposa minha, quão infalível é esta verdade: quem me seguir não viverá
em trevas. Quero que tu, minha escolhida, sejas testemunha ocular dos tesouros que
tenho preparado para elevar os humildes, remunerar os pobres, exaltar os desprezados, e premiar tudo quanto pelo meu nome
fizerem ou padecerem os mortais.

Resposta de Maria santíssima

432. Outros grandes mistérios conheceu a Menina Santíssima nesta visão da Divindade. Ainda que em outra
vez se lhe houvesse manifestado claramente, sendo infinito o objeto, sempre
ficam novas imensidades para serem comunicadas, com maior admiração e
amor de quem recebe este favor.
Respondeu Maria Santíssima ao Senhor: – Altíssimo e supremo Deus eterno, sois incompreensível em vossa
grandeza, rico em misericórdias, pródigo em tesouros, inefável nos mistérios
fidelíssimo nas promessas, verdadeiro nas palavras, perfeitíssimo em vossas obras,
porque sois Senhor infinito e eterno em vosso ser e perfeições.
Que fará minha pequenez, altíssimo Senhor, na visão de vossa grandeza?
Reconheço-me, indigna de contemplar vossa grandeza, vendo-me necessitada de que com ela me olheis. Se,
em vossa presença se aniquila toda a criatura, que fará vossa serva que é pó?
Cumpri em Mim todo o vosso querer e beneplácito. Se a vossos olhos são tão
estimáveis os trabalhos e desprezos, a humildade, paciência e mansidão dos
mortais, não permitais, amado meu, que Eu me prive de tão rico tesouro e penhores de vosso amor. Quanto à recompensa,
dai-a a vossos servos e amigos que a merecerão melhor que eu, pois nada tenho feito em vosso serviço e agrado.

Maria faz voto de castidade

433. Muito se agradou o Altíssimo com esta petição da divina Menina, e fê-la
compreender que lhe concederia trabalhar e sofrer por seu amor, no decurso da vida,
sem lhe revelar, por então, a ordem e o modo como tal sucederia.
Deu graças a Princesa do céu pelo benefício e favor, de ser escolhida para
trabalhar e padecer pelo nome e glória do Senhor. Manifestou fervoroso desejo de
alcançar permissão de Sua Majestade para fazer, em sua presença, quatro votos: de
castidade, pobreza, obediência e perpétuo encerramento no templo, para onde o Senhor a trouxera.
A este pedido, respondeu-lhe o Senhor:
– Esposa minha, meus pensamentos elevam-se acima de todas as criaturas,
e Tu, minha eleita, desconheces agora o que no decurso de tua vida te pode suceder, e que não será possível satisfazer teus
fervorosos desejos, em tudo e no modo como pensas agora.
Aceito e quero que faças o voto de castidade e que também renuncies, desde já, às riquezas terrenas. Quanto aos
demais votos e suas matérias, é minha vontade que, quanto possível procedas
como se os tivesses feito. Teu desejo se cumprirá em outras muitas donzelas que,
no tempo futuro da lei da graça, por te imitarem e me servirem, farão os mesmos
votos, vivendo reunidas em congregações.
Deste modo, serás mãe de muitas filhas.

Não fez voto de pobreza e obediência, mas praticou essas virtudes

434.Fez a Menina Santíssima, em presença do Senhor, o voto de castidade.
Sem obrigar-se aos demais, renunciou à afeição de tudo quanto é terrestre e criado,
propondo-se obedecer, por amor de Deus, a todas as criaturas. No cumprimento destes propósitos foi mais pontual, fervorosa
e fiel, de quantos, por voto, o prometeram ou prometerão.
Com isto cessou a visão intuitiva e clara da Divindade, mas não foi logo
restituída à terra. Em estado menos elevado, recebeu outra visão imaginária do
mesmo Senhor, estando sempre no céu empíreo; de maneira que à visão da Divindade, seguiram-se outras imaginárias.

Os serafins preparam a Virgem para o desposórío com Deus

435. Nestas visões, aproximaram-se alguns serafins, dos mais
imediatos ao Senhor, que a seu mandato a adornaram, na seguinte forma: primeiro, todos os seus sentidos
foram iluminados com uma claridade ou lume, que os enchia de graça e formosura.
Em seguida, vestiram-lhe uma túnica preciosíssima e refulgente; cingiram-na com
um cinto cravejado de diferentes pedras multicores, brilhantes e transparentes,
que a embelezavam acima de toda imaginação, significando a imaculada pureza e
demais virtudes heróicas de sua alma santíssima.
Puseram-lhe também um colar, de inestimável e subido valor, com três grandes pedras, símbolo das três maiores e mais
excelentes virtudes: a fé, a esperança e a caridade; pendiam do colar, sobre o peito,
como indicando o lugar onde repousam tão ricas jóias. Deram-lhe depois sete anéis
de rara beleza, colocados em seus dedos
pelo Espírito Santo, em testemunho de que
a adornava com seus dons, em grau eminentíssimo. Como remate de todo este
ornato, a Santíssima Trindade pôs-lhe sobre a cabeça uma coroa imperial, de matéria
e pedras inestimáveis, constituindo-a Esposa sua e Imperatriz do céu.
Por garantia destes títulos, sua branca e refulgente veste estava semeada
de letras ou dísticos de ouro finíssimo e mui brilhante, que diziam: Maria, filhado eterno
Pai, Esposa do Espírito Santo e Mãe da verdadeira Luz. Este último título não foi
entendido pela divina Senhora, mas sim pelos anjos que, admirados no louvor do
seu Autor, assistiam a acontecimento tão novo e peregrino.
Em confirmação de tudo o que se realizara, o Altíssimo despertou mais vivamente a atenção dos espíritos angélicos.
Do trono da beatíssima Trindade saiu uma voz que assim falava a Maria: – Por toda a
eternidade serás nossa Esposa, querida e escolhida entre todas as criaturas; os anjos te servirão e todas as nações e gerações
te chamarão bem-aventurada (Le 1, 48).

Celebra-se o desposório de Maria com o Altíssimo

436. Ataviada a soberana Menina com as galas da divindade, celebrou-se
o mais célebre e maravilhoso desposório,que jamais puderam imaginar os mais elevados querubins e serafins.
O Altíssimo a recebeu por Esposa singular e única. Constituiu-a na mais suprema dignidade que pode caber em pura
criatura, para nela depositar sua mesma divindade na pessoa do Verbo e, com Ele,
todos os tesouros de graça que a tal dignidade convinha. Mantinha-se humilíssima
entre todos os humildes, absorta no abismo de amor e admiração que lhe causavam
tais favores e benefícios. Na presença ao Senhor, disse:

A Virgem exprime seus sentimentos

437. Altíssimo Rei e Deus incompreensível, quem sois Vós e quem sou eu
para que vossa dignação olhe a quem é pó indigna de tais misericórdias? Em Vós, meu
Senhor, como em claro espelho, conheço vosso ser imutável e vejo, sem engano, a
baixeza e vileza do meu, contemplo vossa imensidade e meu nada.
Neste conhecimento, fico aniquilada e desfeita em admiração, de que a Majestade infinita se
incline a tão humilde vermezinho, que só pode merecer o desprezo de todas as criaturas.
Oh! Senhor e todo meu bem, quanto sereis glorificado e engrandecido
por isso! Que admiração produzis em vossos espíritos angélicos, conhecedores de vossa infinita bondade, grandeza
e misericórdia, por levantardes do pó quem é tão pobre e a colocardes entre os príncipes (SI 112, 7). .

Recebo-vos, meu Rei e Senhor, por Esposo e ofereço-me por vossa escrava. Não terá meu entendimento outro
objeto, nem minha memória outra imagem, nem minha vontade outro alvo, nem
desejo, fora de Vós, sumo, verdadeiro e único bem e amor meu. Meus olhos não
se erguerão para ver outra criatura humana, nem minhas faculdades e sentidos
se ocuparão de ninguém, fora de vós e no que Vossa Majestade quiser. Somente Vós, meu amado, existireis para vossa
Esposa (Ct 2,16), e Ela será só para vós, imutável e eterno bem.
Maria faz diversas súplicas a Deus, e e reconduzida ao templo
438. Recebeu o Altíssimo, com inefável prazer, esta aceitação feita pela
soberana Princesa, do novo desposório celebrado com sua alma santíssima. Como
a verdadeira Esposa e Senhora de toda a criação, pôs-lhe nas mãos todos os
tesouros de seu poder e graça, mandando-lhe pedir quanto desejasse, que nada
lhe seria negado.
Assim o feza humilíssima pomba.
Pediu ao Senhor, com ardentíssima caridade, enviasse seu Unigênito ao mundo, para
salvação dos mortais; que a todos chamasse ao conhecimento verdadeiro de sua
Divindade; que a seus pais naturais, Joaquim e Ana. aumentasse o amor e dons de
sua divina destra; que aos pobres e aflitos, consolasse e confortasse em seus trabalhos. Para si mesma, pediu o cumprimento
e beneplácito de sua divina vontade. Estas foram as petições mais particulares que fez
a nova esposa Maria, nesta ocasião, à beatíssima Trindade.
Entoaram os espíritos angélicos novos cânticos em louvor do Altíssimo.
Os designados por Deus, com celestial harmonia, trouxeram de novo a Menina
Santíssima do céu empíreo ao templo donde a tinham levado.

A Menina Maria despoja-se de todas as coisas materiais

439. Para começar logo a praticar o que prometera na presença do Senhor,
dirigiu-se à sua mestra e lhe entregou tudo quanto sua mãe SantAna lhe deixara para
suas necessidades e bem-estar, até roupas e alguns livros. Pediu-lhe que distribuísse
aos pobres, ou como lhe parecesse bem, e lhe ordenasse quanto deveria fazer.
A discreta mestra – que, como disse, era Ana a profetisa – com divina
inspiração, aceitou e aprovou o que a formosa menina Maria oferecia e a deixou
pobre e sem nada além da roupa que vestia.
Propôs-se ter por ela particular cuidado, visto ser a mais pobre e destituída, porquanto as demais meninas tinham pecúlios,
enxovais e outras coisas de que podiam dispor livremente.
A escritora confessa sua incapacidade para narrar estes mistérios.

440. Deu-lhe também a mestra o regulamento de vida, tendo primeiro consultado o sumo sacerdote. Com este
despojamento e submissão, conseguiu a Rainha e Senhora de todas as criaturas,
ficar solitária, destituída e despojada de todas elas e de si mesma, sem reservar
outro afeto e propriedade senão o ardentíssimo amor do Senhor, e seu próprio
abatimento e humilhação.
Confesso minha suma ignorância, pobreza e insuficiência, sentindo-me
totalmente indigna de explicar mistérios tão soberanos e ocultos. Se nem as expeditas línguas dos sábios e a ciência e o amor
dos supremos querubins e serafins seriam suficientes, que poderá dizer uma mulher
inútil e ignorante? Estou convencida do quanto ofenderia a grandeza de sacramentos tão veneráveis,
se não tivesse a desculpa da obediência. Mas, ainda com ela
temo, e conheço que ignoro e calo o mais importante, e só digo o que é o mínimo de
cada um dos mistérios e sucessos desta cidade de Deus, Maria Santíssima.

DOUTRINA DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA.

Origem da vida religiosa

441. Minha filha, entre os grandes e inefáveis favores que, no decurso de
minha vida, recebi da destra do Todo poderoso, um deles foi o que acabas de
conhecer e descrever.
Na visito clara da divindade e do incompreensível ser do Altíssimo, conheci
ocultíssimos sacramentos e mistérios.
Naquele ornato e desposório, recebi incomparáveis benefícios c dulcíssimos
efeitos em meu espírito. O meu desejo de fazer os quatro votos: de pobreza, obediência, castidade e clausura, agradou muito
ao Senhor. Por ele mereci que se estabelesse na Igreja e lei da graça, os mesmos votos
para as religiosas, como hoje se costuma.
Essa foi a origem do que agora fazeis, vós as religiosas, segundo o que
disse Davi: “Após dela as virgens serão conduzidas ao Rei”, no salmo 44,15. Ordenou o Altíssimo que meus desejos
constituíssem o fundamento dos institutos religiosos da lei evangélica.
Tudo o que propus diante do Senhor cumpri, inteira e perfeitíssimamente,
quanto era possível ao meu estado de vida.
Jamais olhei para o rosto de homem algum, nem sequer ao de meu esposo José, ou dos
anjos quando me apareciam em forma humana, mas em Deus vi e conheci a todos.
A nenhuma coisa criada ou racional, a nenhuma ação ou inclinação humana
fui apegada. Não tive vontade própria, sim ou não, farei ou não farei, porque em tudo
fui governada pelo Altíssimo, diretamente ou pela obediência às criaturas, a quem
voluntariamente me sujeitava.

Seriedade da vida religiosa

442. Não ignores, caríssima, que o estado da vida religiosa é sagrado e
ordenado pelo Altíssimo, para nele se conservar a doutrina da perfeição cristã e a
perfeita imitação da vida santíssima de meu Filho. Por esta razão, encontra-se sumamente indignado com as almas religiosas
que dormem esquecidas de tão alto benefício, vivendo tão descuidadas e mais
relaxadamente que muitos mundanos. Mais do que a eles aguarda-lhes severo julgamento c castigo.
Também o demônio, antiga e astuta serpente, para tentar e vencer aos
religiosos e religiosas, usa de mais zelo e sagacidade do que para perverter o resto
dos mundanos. Quando derriba uma alma religiosa, há grande vigilância e solicitude
cm todo o inferno, para impedi-la de levantar-se mediante os recursos que o estado
religioso lhes oferece com tanta facilidade, tais como a obediência, os piedosos exercícios, o uso freqüente dos sacramentos.
Para que tudo se tome inútil e não aproveite ao religioso infiel, usa o inimigo
de tantas artes e ardis, que causaria espanto conhecê-los. Grande parte se deixa
perceber nos esforços e diligências que emprega a alma religiosa para defender
suas relaxações. Desculpa-as quanto pode, e se não, acrescenta-lhes maiores desobediências, desordens e culpas.

A religiosa deve sublimar a natureza 
443. Fica avisada, pois, minha
filha, e teme tão desastroso perigo. Com o auxílio da divina graça, procura elevar-te
acima de ti mesma, sem consentir, voluntariamente, em qualquer afeto ou movimento
desordenado. Quero que trabalhes em morrer inteiramente para tuas paixões e em te
espiritualizar, para extinguir em ti tudo o que é terrestre, e adquirir em tua vida e
conversação o estilo da natureza angélica.
Para ter direito ao nome de esposa de Cristo, hás de ultrapassar o modo humano de ser, para subir a outro divinizado;
ainda que sejas terra, deverás ser terra abençoada, sem espinhos de paixões, e
cujo copioso fruto seja todo para o Senhor, a quem pertence.
Se tens por esposo aquele supremo Senhor, Rei dos reis e Senhor dos
senhores, dedigna-te de voltar os olhos, e ainda menos o coração, aos vis escravos
que são as criaturas humanas. Até os anjos te amam e respeitam pela tua dignidade de
esposa do Altíssimo. Entre os mortais, considera-se temerária e desmedida ousadia, que um homem vil ponha os olhos na
esposa do príncipe. Que delito será pô-los na esposa do Rei celestial e Todo-poderoso? E não será menor culpa, ela aceitar e
consentir.
Fica certa e não esqueças que é desmedido e terrível o castigo que para
este pecado está preparado. Não te mostro, porque tua fraqueza não o suportaria.
Quero que baste meu ensinamento, para executares tudo o que te ordeno. Imita-me
como discípula, quanto for possível às tuas forças, e sê solícita em instruir e fazer
que tuas monjas pratiquem esta doutrina.
– Senhora e Rainha piedosíssima, com júbilo de minha alma ouço vossas
dulcíssimas palavras, cheias de espírito e vida. Desejo gravá-las no íntimo do coração, com a graça de vosso Filho santíssimo,
que vos suplico me alcanceis. Se me derdes licença, falarei em vossa presença, como
discípula ignorante à sua Mestra e Senhora: – Minha Mãe e amparo, ordenais que eu
cumpra os quatro votos de minha profissão, conforme é minha obrigação e vontade.
Ainda que tíbia e indigna, peço-vos alguma doutrina mais extensa, para me orientar
no cumprimento deste dever, de acordo com o desejo que à minha alma inspirastes

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