Estudo 39 – Mistica Cidade de Deus – Escola da Divina Vontade

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CAPITULO 9
A VIRTUDE DA PRUDÊNCIA NA SANTÍSSIMA RAINHA DO CÉU.

Virtudes intelectuais. A prudência, raiz das virtudes cardeais

533. Como as operações do entendimento precedem e dirigem as da
vontade, assim as virtudes relacionadas com o entendimento são consideradas
primeiro que as da vontade. O ofício do entendimento é conhecer e entender a
verdade. Poder-se-ia, por isto, duvidar se seus hábitos constituem virtudes, cuja
natureza consiste em inclinar a fazer o bem.
E certo, porém, que existem também virtudes intelectuais, cujas operações
são louváveis e boas, quando reguladas pela razão e pela verdade, que o entendimento
conhece como seu próprio bem.
Quando o ensina e propõe à vontade para cia o apetecer, dando-lhes regras para
executá-lo, então o ato de entendimento é bom e virtuoso, se estiver na ordem teológica
da fé ou moral.
Desta espécie é a prudência que, mediante o entendimento, dirige e governa
as operações dos apetites. Por esta razão, a virtude da prudência é a primeira que
pertence ao entendimento. Vem a ser como a raiz das outras três virtudes morais ou
cardeais que dela dependem, porquanto, com ela, seus atos são louváveis e, sem ela,
são viciosos e repreensíveis.

O supremo grau da prudência em Maria Santíssima

534. Possuiu a soberana rainha Maria a virtude da prudência, no supremo
grau correspondente ao das outras virtudes que até agora descrevi e continuarei a
expor. Pela sua superioridade nesta virtude, é que a Igreja a chama Virgem Prudentíssima.
É esta primeira virtude a que governa e dirige os atos das outras. Como em
todo o decurso desta história se trata das virtudes de Maria Santíssima, toda ela estará
repleta do pouco que puder dizer e escrever sobre este pélago de prudência,
pois em todas as obras de Maria resplandece a luz desta virtude.
Por este motivo falarei agora, mais em geral, da prudência da soberana
Rainha, explicando-a por suas partes e propriedades, segundo a doutrina comum
dos doutores e santos, para assim poder ser melhor entendida.

Três gêneros de prudência

535. Das três espécies de prudência, chamadas prudência política,
prudência purificativa e prudência do espírito purificado ou perfeito, nenhuma
faltou, em supremo grau, à nossa Rainha.
Suas potências estavam purificadíssimas, ou melhor dizer, nada tinham a
purificar, quer do pecado, quer da resistência à virtude. Tinham, entretanto, que se
purificar de sua natural nesciência, e podiam também progredir do bom e santo ao
mais perfeito e santíssimo. Deste modo se deve considerar suas obras, medidas por
elas mesmas e não com as das outras criaturas. Mesmo comparadas às dos maiores
santos, não houve obra menos perfeita nesta cidade de Deus, cujos fundamentos
foram estabelecidos sobre os montes santos (SI 86, 2).
Em si mesma, porém, houve progresso ou purificação. Como foi crescendo
na graça, desde o instante da sua conceição, umas obras já, em si, perfeitíssimas e
superiores às dos santos, Nela foram menos perfeitas em relação à outras mais
elevadas que praticou posteriormente.

A prudência política

536. A prudência política, em geral, é a que pondera tudo o que se deve
fazer e, de acordo com a razão, nada a que não seja reto e bom. A prudência
purificativa é a que pospõe e abstrai de todo o visível, para dirigir o coração à
divina contemplação e a tudo o que é celestial. A prudência do espírito purificado
é a què visa o sumo bem e dirige a ele todo o afeto, para unir-se e descansar
Nele, como se nenhuma outra coisa existisse fora dele.
Todos estes gêneros de prudência encontravam-se no entendimento de
Maria Santíssima, para discernir e conhecer sem engano, e para dirigir e mover sem
tardança, mais altas e perfeitas operações Nunca pôde o juízo desta soberana Senhora,
ditar nem presumir coisa alguma em qualquer matéria, que não fosse o melhor e mais reto.
Ninguém, quanto Ela, compreendeu, pospôs e afastou de si todo o terrestre
e visível, para endereçar o coração à contemplação das coisas divinas. Tendo-as
conhecido, como as conheceu, com tantos gêneros de notícias, estava de tal sorte
unida por amor ao sumo bem incriado, que nada a estorvou, nem impediu de repousar
neste centro de seu amor.

A memória de Maria Santíssima

537. Encontravam-se, com suma perfeição, em nossa Rainha as partes que
compõem a prudência. A primeira é a memória, para ter presentes as coisas passadas
e experimentadas. Destas, se deduzem muitas regras para proceder no presente e
no futuro, porque esta virtude trata dos atos em particular. Como não pode haver
uma regra geral para todos é necessário deduzir muitos, de diversos exemplos e
experiências passadas, sendo para isto necessário a memória.
Em nossa soberana Rainha ela foi tão constante, que jamais sofreu o natural
defeito do esquecimento. Sempre lhe permaneceu imóvel e presente na memória
tudo quanto uma vez entendeu e aprendeu.
Neste privilégio, ultrapassou Mana Puríssima toda a ordem da natureza humana
e angélica, porque Nela Deus reuniu o que de mais perfeito havia em ambas.
Da natureza humana teve o essencial, e do acidental recebeu o que era
mais perfeito e distante da culpa. Dos natúrais e sobrenaturais dons da natureza
angélica, por especial graça, possui muitos, em mais elevado grau que os mesmos
anjos. Um destes dons foi a memória fixa e constante, sem poder esquecer o que
aprendia. Quanto excedeu aos anjos na prudência, tanto se avantajou a eles na
memória.

Não conservava memória do que era menos puro

538. Numa só coisa foi este favor limitado para humilde pureza de Maria
Santíssima: havendo de lhe ficar fixas na memória as espécies de todas as coisas,
entre elas, foi inevitável conhecer muitas fealdades e pecados das criaturas. Pediu,
então, ao Senhor, a puríssima Princesa, que aquele dom de fi xa memória lhe conservasse
dessas espécies apenas o necessário para o exercício da caridade fraterna e demais
virtudes.
Concedeu-lhe o Altíssimo esta graça, mais em atenção à sua candidíssima
humildade, do que ao prejuízo que lhe poderia advir. Os raios do sol não são
ofendidos pela imundície que tocam, nem os anjos se perturbam com nossos vilezas,
porque para os puros tudo é puro (Tt 1,15).
Com este privilégio, porém, quis o Senhor dos anjos dotar sua Mãe, mais do
que a eles. Só conservou em sua memória as espécies de tudo o que era santo, honesto,
limpo e mais amável à sua pureza, e mais agradável ao mesmo Senhor. Deste modo,
aquela alma santíssima – também nesta faculdade – ostentava-se mais formosa,
ornada com a memória das espécies de tudo quanto era mais puro e desejável.

A Inteligência

539. Outra parte da prudência chama-se inteligência, que visa principalmente
ao que no presente se deve fazer.
Consiste em entender, profunda e verdadeiramente, as razões e princípios certos
das ações virtuosas para executá-las. Quem quiser agir com retidão e perfeição, deduz
a prática das virtudes dessa inteligência, assim no que o entendimento conhece da
bondade da virtude em geral, como no que deve fazer em particular.
Por exemplo: se recebermos profunda inteligência desta
verdade: a ninguém deves fazer o mal que não queres receber
de outrem; deduziremos que a este irmão, não devemos fazer agravo algum que nos
parecesse mal, se conosco ele fizesse o mesmo.
Superou Maria Santíssima nesta inteligência, a todas as criaturas, em tão
mais alto grau, quanto mais verdades morais conheceu, e mais profundamente
penetrou a infalível retidão delas, e a participação que tinham na retidão divina.
Naquele claríssimo entendimento, iluminado pelos mais vivos resplendores da luz
divina, não havia engano, ignorância, dúvidas e conjecturas, como nas demais
criaturas. Penetrou e entendeu todas as verdades – principalmente nas matérias
práticas das virtudes – como são em si mesmas, em geral e em particular. Neste
incomparável grau, possuiu esta parte da prudência, a inteligência.

A providência

A terceira e principal parte da prudência chama-se providência, pois o
mais importante nas ações humanas é ordenar o presente em relação ao futuro, para
tudo ser governado com retidão.
Nossa Rainha e Senhora possuiu esta parte da prudência em mais
excelente grau – se o pudesse ser – que todas as outras. Além da memória do
passado e da profunda inteligência do presente, tinha ciência e conhecimento
infalível de muitas coisas futuras, às quais se estendia a boa providência. Com
esta notícia e luz infusa, de tal modo prevenia as coisas futuras e dispunha os
acontecimentos, que para Ela nada havia de imprevisto ou inesperado.
Previa, pensava e ponderava todas as coisas, na balança do santuário de
sua mente, iluminada pela luz infusa. Assim aguardava, não com dúvida e incerteza
como os demais homens, porém, com certeza claríssima, todos os sucessos antes
de se realizarem. Deste modo, tudo se ordenava em lugar, tempo e conjuntura
oportunos.

Docilidade, razão, solércia, circunspeção e cautela

As três partes já descritas da prudência, compreendem os atos que com
essa virtude o entendimento opera, distribuídos em relação às três partes do tempo:
pretérito, presente e futuro.
Considerando, porém, as operações desta virtude enquanto visa os meios
das outras virtudes e dirige as operações da vontade, acrescentam os doutores e
filósofos estas outras cinco partes ou operações na prudência: docilidade, razão,
solércia, circunspeção e cautela.
A docilidade é a boa disposição da criatura para receber instrução dos mais
sábios, não o sendo consigo mesma, nem se apoiando em seu próprio juízo e sabedoria.
A razão, que também se chama raciocínio, consiste em refletir com acerto,
deduzindo de noções gerais, particulares razões ou conselhos para os atos virtuosos.
A solércia é a diligente atenção e aplicação a tudo o que sucede – como a
docilidade ao que nos ensinam – para julgar e compor regras de bem agir.
A circunspecção é o julgamento e consideração das circunstâncias que
deverão acompanhar a ação virtuosa, porquanto não basta a boa finalidade para
torná-la louvável, se lhe faltarem as oportunas circunstâncias requeridas.
A cautela é a discreta atenção com que se devem advertir e evitar perigos
impedimentos ou imprevistos que podem ocorrer, mesmo com aparência de virtude
para que não nos encontrem descuidados e desprevenidos.

A docilidade

Todas estas partes da prudência estiveram na Rainha do céu, sem
defeito algum e na maior perfeição. A docilidade foi em Sua Alteza, como filha
legítima de sua incomparável humildade.
Havendo recebido tanta plenitude de ciência, desde o instante de sua imaculada
conceição, e sendo mestra e mãe da verdadeira sabedoria, sempre se deixou instruir
pelos superiores, iguais e inferiores. Julgava-se a menor de todas e queria ser discípula
dos que, em sua comparação, eram ignorantíssimos.
Singela pomba, durante toda a vida, mostrou esta docilidade, dissimulando
sua sabedoria com maior prudência que a da serpente (Mt 10,16). Quando menina,
se deixou instruir pelos pais; no templo pela mestra e pelas companheiras; mais
tarde, por seu esposo José e pelos Apóstolos.
Quis depender de todas as criaturas, para ser portentoso exemplo desta virtude,
como o foi da humildade, conforme disse em outro lugar.

A reflexão

A razão prudencial ou raciocínio de Maria Santíssima, se infere das
muitas vezes que o evangelista São Lucas (2,19-51), fala que ela guardava e conferia
em seu coração, tudo quanto ia sucedendo nas obras e mistérios de seu Filho
Santíssimo.
Esta conferência parece ato da razão, com que confrontava as coisas primeiras
com as seguintes que iam ocorrendo, e as conferia entre si, para formar
em seu coração, prudentíssimas decisões, e aplicá-las no que era conveniente fazer
e agir, com o acerto com que o fazia.
Ainda que conhecesse muitas coisas sem o raciocínio, mas com
simplicíssima visão ou inteligência que excedia a todo o raciocínio humano, em
relação, porém, aos atos das virtudes, podia raciocinar e aplicar, com a reflexão, as
razões gerais das virtudes aos seus próprios atos.

A solércia

Na solércia e diligente advertência da prudência, foi também a
soberana Senhora muito privilegiada, porque
não possuía o gravame das paixões e corrupção. Não sofria os desfalecimentos,
nem as tardanças das faculdades. Sentia se pronta, fácil e mui expedita para advertir
e atender a tudo o que podia servir para formar reto juízo e são conselho na prática
das virtudes, em qualquer caso ocorrente, intuindo com rapidez os meios da virtude
e de sua prática.
Na circunspecção foi Maria Santíssima igualmente admirável, tendo
sido todas suas obras completas, sem a falta de nenhuma boa circunstância, antes,
todas tiveram as melhores que puderam, para elevar-lhes a perfeição.
Como a maior parte de suas obras eram ordenadas à caridade do próximo,
sendo tão oportunas no ensinar, consolar, admoestar, rogar e corrigir, sempre produziam
o fruto da eficaz doçura de suas razões e da amabilidade de seus atos.

A cautela

A última parte, a cautela, para prevenir os impedimentos que podem
estorvar ou destruir a virtude, era necessário que estivesse na Rainha dos anjos com
mais perfeição do que neles mesmos. A sabedoria tão elevada, com o amor que lhe
era correspondente, a tomavam tão cauta e advertida, que nenhum sucesso ou impedimento
ocasional pôde encontrá-la desprevenida, ou desviá-la de agir com suma
perfeição em todas as virtudes.
Já que o inimigo – conforme direi adiante – se desvelava tanto em lhe criar
estranhas e esquisitas dificuldades para o bem, pois não lhas podia suscitar mediante
as paixões, por isto exercitou a prudentíssima Virgem esta cautela, muitas vezes,
com admiração de todos os anjos.
Por causa desta cautelosa discrição, concebeu o demônio por Maria
Santíssima temerosa raiva e inveja. Desejava conhecer o poder pelo qual Ela desfazia
as numerosas maquinações e astúcias que ele forjava para desviá-lae estorvá-la.
Acabava sempre frustrado, pois a Senhora das virtudes realizava sempre o mais perfeito
em qualquer matéria e ocasião.

Outras espécies de prudência

Além destas partes que compõem a prudência, ela divide-se em espécies,
segundo os objetos e fins para que servem.

Conforme a prudência foi praticada em relação a si ou aos outros, divide-se em
duas espécies diferentes: a que serve para regular as próprias ações de cada um, creio
que se chama enárquica; sobre esta não há mais o que dizer, além do que já ficou
exposto sobre o governo que a Rainha do céu tinha principalmente consigo mesma.
A que ensina o governo de muitos chama-se poliárquica; por sua vez,
esta divide-se em quatro espécies, segundo as partes da multidão que governa. A
primeira, chama-se regnativa e ensina a dirigir os reinos com leis justas e necessárias,
é própria dos reis, príncipes e monarcas e daqueles que possuem a suprema autoridade.
A segunda chama-se política, indicando este nome a que ensina o governo
das cidades ou repúblicas.
A terceira chama-se econômica que ensina a dispor o que pertence a administração
doméstica das famílias e casas particulares.
A quarta é a prudência militar que a ensina dirigir a guerra e os exércitos.

Como as possuiu e praticou Maria  Santíssima

Nenhuma destas espécies de prudência faltou a nossa grande Rainha.
Todas lhe foram dadas em hábito, desde o instante em que foi juntamente
concebida e santificada, para não faltar graça, virtude ou perfeição alguma que a
elevassem e aformoseassem acima de todas as criaturas.
Formou-a o Altíssimo para arquivo e reservatório de todos os seus dons,
para exemplar do resto das criaturas, e para expansão do seu mesmo poder e grandeza,
a fim de ostentar à Jerusalém celestial, tudo o que pôde e quis fazer em uma pura criatura.
Não estiveram ociosos em Maria Santíssima os hábitos destas virtudes.
Praticou-as todas no decurso de sua vida, em muitas ocasiões que se lhe depararam.
Pelo que se refere à prudência econômica, é sabido quão incomparavelmente
a exercitou na direção de seu lar, com seu esposo José e com seu Filho Santíssimo,
em cuja assistência e serviço procedeu com tal prudência, como pedia o mais elevado
sacramento que Deus confiou às criaturas. Sobre isso falarei em seu lugar,
quanto puder e entender

A prudência regnativa

O exercício da prudência regnativa ou monárquica, desempenhou-
a como Imperatriz única na Igreja. Ensinou, admoestou e dirigiu os sagrados
Apóstolos na primitiva Igreja, para fundá-la e estabelecer nela as leis, ritos e
cerimônias mais necessárias e convenientes, para sua propagação e firme
estabelecimento. Ainda que obedecesse a eles em coisas particulares, especialmente
a São Pedro, Vigário de Cristo, e a São João, seu capelão, também eles e os
demais a consultavam e obedeciam nas coisas gerais e em outras do governo da
Igreja.
Ensinou também aos reis e príncipes cristãos que lhe pediam conselho, pois
muitos, depois da subida de seu Filho Santíssimo ao céu, a procuraram para
conhecê-la . Foi consultada especialmente pelos Reis magos, quando adoraram
o Menino, instruindo-os em tudo o que deviam fazer, no governo de suas pessoas
e de seus estados, com tanta luz e acerto que foi para eles estrela e guia no caminho
da eternidade. Assim voltaram às suas pátrias ilustrados,.consolados e admirados
da sabedoria, prudência e dulcíssima eficácia das palavras daquela terna jovem.
Para testemunho de quanto a respeito se pode encarecer, basta ouvir a
mesma Rainha que diz (Pr 8,15): Por mim reinam os reis, mandam os príncipes e os
autores das leis determinam o que é justo.

A prudência política e militar

Tampouco lhe faltou o uso da prudência política, ensinando as repúblicas
e povos, e aos primitivos fiéis em particular, como deviam proceder nas
ações públicas e governo. Como deviam obedecer aos reis e príncipes temporais,
em particular ao vigário de Cristo, cabeça da Igreja, a seus prelados e bispos, e de que
modo deviam organizar os conflitos, definições e decretos que neles se estabeleciam.
A prudência militar também foi praticada pela soberana Rainha, porque foi
nisto consultada por alguns fiéis, a quem aconselhou e instruiu sobre as guerras
justas contra os inimigos, a fim de serem feitas com maior justiça e agrado do Senhor.
Nesta prudência poderia também ser incluído o valoroso ânimo com que esta
poderosa Senhora venceu ao príncipe das trevas, e o ensino que deixou para com ele
pelejar, com suprema sabedoria e prudência, melhor do que David com o gigante
(lRs 7,50), Judite com Holofernes (Jt 13, 10) e Ester com Aman (Est 7,6). Ainda que
estas espécies e hábitos da prudência na Mãe da Sabedoria não tivessem servido
para todas as ações acima referidas, convinha que os possuísse todos – sem falar no
adorno de sua alma santíssima – para ser medianeira e advogada única do mundo.
Havendo de solicitar todos os benefícios que Deus concederia aos homens,
passando todos por sua intercessão, convinha que tivesse conhecimento perfeito
das virtudes que pedia para os mortais.
Essas virtudes procediam desta Senhora, como do original e manancial imediato ao
mesmo Deus e Senhor, onde estão como em princípio incriado.

Outros complementos da prudência

Outros adminículos atribuem-se à prudência, como instrumentos
seus pelos quais opera, chamados partes potenciais: a sínese ou virtude para formar
reto julgamento; a ebulia que dirige e cria a boa decisão; a gnome que, em alguns
casos particulares, ensina a sair das regras comuns, sendo esta necessária para. a
epiqueia que julga alguns casos por regras superiores às leis ordinárias.
Com todas estas perfeições e energias esteve a prudência em Maria
Santíssima. Ninguém quanto ela soube formar reto conselho para todos os casos
contingentes, nem tampouco alguém (ainda que fosse o supremo anjo) pôde fazer
tão exato julgamento em todas as matérias.
Acima de tudo isso, conheceu nossa prudentíssima Rainha as razões superiores
e regras de agir, com todo o acerto, nos casos em que não podiam aplicar-se as
regras ordinárias e comuns, o que seria muito longo querer referi-los aqui. Muitos
serão entendidos na continuação desta história de sua vida santíssima.
Para concluir toda esta exposição referente à sua prudência, tenha-se
por regra que ela deve ser medida pela prudência da alma santíssima de Cristo,
Senhor nosso, com quem se assemelhou e ajustou na proporção de coadjutora
sua. Assim, foi semelhante a Ele nas obras da maior prudência e sabedoria,
realizadas pelo Senhor da criação e Redentor do mundo.

DOUTRINA DA RAINHA DO CÉU.

A prudência é luz espiritual

551. Minha filha, tudo o que neste capítulo escreveste e entendeste, quero
que sirva de doutrina e advertência para orientação de tuas ações. Grava na mente
e fixa na memória o conhecimento que te foi dado sobre a prudência que pratiquei
em tudo o que pensava, queria e executava.
Esta luz te guiará no meio das trevas da ignorância humana, para que não te
perturbe nem confunda a fascinação das paixões, e ainda mais daquela que, com
suma malícia e empenho, teus inimigos procuram incutir no teu entendimento.
Não compreender todas as regras da prudência não é culpa; ser, porém,
negligente em adquiri-las para estar advertida em tudo como deve, é grave culpa
e causa de muitos enganos e erros. Desta negligência se origina o descontrole das
paixões, que destroem ou impedem a prudência, particularmente a desordenada
tristeza ou o gozo que pervertem o reto e prudente julgamento do bem e do mal.
Daqui nascem perigosos vícios: a precipitação no agir, sem atender aos meios
convenientes; a inconstância nos bons propósitos e obras começadas; a imoderada
ira ou o indiscreto fervor, que precipitam e lançam em muitas ações exteriores, feitas
sem moderação nem conselho. A pressa no julgar e a falta de firmeza no bem, são
causas para a alma imprudente abandonar o que começou. Deixa-se vencer por qualquer
dificuldade que ocorre. Compraz-se levianamente, ora no verdadeiro bem, ora
no aparente e ilusório que as paixões pedem e o demônio apresenta.

Docilidade à direção espiritual

Contra todos estes perigos quero-te avisada e prudente. Se-lo-ás se
atenderes ao exemplo de minhas obras, e guardares os ensinamentos e conselhos
de teus pais espirituais, sem cuja obediência nada deves fazer, a fim de proceder com
prudência e docilidade.
Adverte que, através da obediência, o Altíssimo te comunicará copiosa
sabedoria, porque o coração flexível, submisso e dócil agrada-lhe sobremaneira.
Lembra-te sempre da infelicidade daquelas virgens imprudentes e loucas (Mt 25,
12), por seu descuido e negligência em usar a previdência e são conselho. Mais
tarde, quando quiseram, acharam fechada a porta por onde se remediarem. Procura,
minha filha, unir a simplicidade de pomba à prudência da serpente (Idem
10, 16) e tuas obras serão perfeitas.

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