Texto do Tema 40 Livro do Céu Volume 1 – Cap 44
44 – Continuação das três virtudes teologais: a Esperança. Enquanto minha alma estava neste estado, Jesus voltava e falava da Esperança.
Recordo algo confusamente, porque depois de tanto tempo é impossível recordar claramente, mas para cumprir a obediência que assim quer, direi por quanto possa.
Então disse Jesus, referindo-se à fé: “Para obtê-la é preciso crer. Assim como o crânio sem o funcionamento dos olhos, ou sem a visão tudo é trevas, tudo é confusão — tanto que se quisesse caminhar, ora cairia em um ponto, ora em outro e terminaria por precipitar-se de todo – assim a alma sem fé, não faz outra coisa que ir de precipício em precipício, porque a fé serve de visão à alma e como luz que a conduz à Vida eterna”. Agora, de que é alimentada esta luz da fé? De esperança. E de que substância é feita esta luz da fé e este alimento da esperança? A caridade.
Estas três virtudes estão enxertadas entre elas, de modo que uma não pode estar sem a outra. Com efeito, de que serve ao homem crer nas imensas riquezas da fé, se não as espera para ele? As verá, sim, mas com olhar indiferente porque sabe que não são suas, mas a esperança fornece asas à luz da fé, e esperando nos méritos de Jesus Cristo olha-as como suas e vem a amá-las. A Esperança — dizia Jesus — fornece à alma uma veste de força, quase de ferro, de modo que todos os inimigos com suas flechas não podem feri-la, e não só feri-la, senão que nem sequer lhe causam o mínimo incômodo. Tudo é tranquilidade nela, tudo é paz. Oh, é bom ver esta alma investida pela Esperança, toda apoiada no seu Amado, toda desconfiada de si, e toda confiante em Deus.
Desafia os inimigos mais ferozes, é rainha das suas paixões, regula todo o seu interior, as suas inclinações, os desejos, os batimentos, os pensamentos, com tal maestria, que o próprio Jesus fica apaixonado porque vê que esta alma trabalha com tal coragem e fortaleza; mas ela se inspira e espera tudo d’Ele, tanto que Jesus vendo esta firme esperança, nada sabe negar a esta alma. Agora, enquanto Jesus falava da esperança, retirava-se um pouco, deixando-me uma luz na inteligência. Quem pode dizer o que entendia sobre esperança? Se as outras virtudes, todas servem para embelezar a alma, mas podem nos fazer vacilar e nos tornar inconstantes; de outro modo a Esperança torna a alma firme e estável, como aqueles montes altos que não podem se mover nem um pouco.
Parece-me que a alma investida pela Esperança lhe sucede como a certos montes altíssimos, que todas as inclemências do ar não lhes podem fazer nenhum dano; sobre estes montes não penetra nem neve, nem ventos, nem calor. Qualquer coisa se poderia pôr sobre eles, e se pode estar seguro que, ainda que passassem centenas de anos, onde quer que ele fora colocado, ainda está lá. Assim, é a alma vestida pela Esperança; nada a pode prejudicar, nem a tribulação, nem a pobreza,
nem todos os acidentes da vida, no máximo a desanimam um instante, mas diz a si mesma: “Eu tudo posso fazer, tudo posso suportar, tudo sofrer esperando em Jesus que é o objeto de todas as minhas esperanças”. A esperança torna a alma quase onipotente, invencível e lhe fornece a perseverança final; tanto que só cessa de esperar e perseverar quando tomou posse do Reino do Céu, então deixa a esperança e se lança toda no oceano imenso do Amor Divino.
NOTAS:
49 Luísa, muitas vezes, volta a esses dois sentimentos da alma diante de Deus, tão distantes e tão próximos: o santo temor (reverência) e a confiança do amor, o sentido da infinita Majestade de Deus (porque é Senhor) e a confiança filial (porque ele é Pai), sua Justiça ou Perfeição e sua Misericórdia. Ambos os sentimentos caracterizam o espírito de servo e o espírito filial. Observe onde Luísa começa e onde Jesus a conduz.
Perguntas para responder sobre esse capítulo
– Para que serve a fé?
– Qual a ligação que existe entre a Fé, Esperança e caridade?
– Explique o que é Esperança.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade