SUPLICA PELOS PREGADORES.
Roguei-lhe ainda desse a todos aqueles que se entregam a este exercício e obra tão sublime de pregar as máximas eternas e as misericórdias divinas, grande zelo pela sua glória e honra e pela salvação do próximo, com conhecimento ainda de si mesmos, reconhecendo serem meros instrumentos e não se apropriando da glória e da honra, mas dando tudo a Ele, enquanto por Ele tudo Ihes foi dado. Pedi-Ihe comunicasse virtude as palavras deles para produzirem efeito nos corações dos ouvintes. O Pai me prometeu. Na verdade, não deixa de faze-lo, embora as graças divinas não tenham em todos efeito, porque muitos, obcecados pela vaidade e amor de si mesmos, apropriam-se do que e exclusivamente dom de Deus, e assim suas palavras não conseguem efeito nos corações dos ouvintes. Em vão se afadigam, sem retirar mérito algum; ao contrário, tem de mérito, enquanto roubam ao Pai a glória só a Ele devida, apropriando-se do que é de Deus. Senti grande pesar e supliquei ao Pai fizesse que ao menos os ouvintes aproveitassem, e Ihes desse novas luzes e graça maior. Prometeu-me faze-lo, e o Pai amoroso não omite o que lhe pedi, porque mo prometeu. Vi que em muitos as graças divinas produziriam efeito e obteriam seu intento. Duro, de fato, cego e obstinado é o coração que resiste a graça e as luzes divinas que meu Pai lhe comunica, porque fá-lo com amor e mesmo com violência. Dai, quem não aproveitar tantas luzes e tantas graças, não terá motivo de lamentar-se senão da própria dureza. Naquela noite, por conseguinte, que passei a tratar com o Pai deste particular, vi, um a um, todos aqueles que se empenhariam neste exercício da pregação. Vi todos os seus sentimentos e seus fins, conheci todas as suas necessidades e por todos orei em particular, pedindo para cada um o necessário. Quanto me afadiguei por eles junto do Pai, e quantas graças Ihes obtive em particular e em geral! Uma vez obtido isso do Pai, agradeci-lhe por parte de todos. Alegrei-me muito e com isso me congratulei por todos aqueles que via haverem de cumprir devidamente o seu ministério, e conforme requerido por meu Pai e pelo fruto a colher destas fadigas bem ordenadas, pelo gosto que senti, como também pelo prazer de meu Pai, pedi a este conferisse-Ihes grande recompensa. Em verdade meu Pai prometeu-me grandes coisas para cada um deles. Grande e imensa será a recompensa e a Glória que receberão de meu Pai. Se há de remunerar tão largamente o mínimo feito por seu amor, pode-se avaliar o que há de dar a quem se empenhou em obra que tanto lhe apraz, dá-lhe tanta glória e é tão proveitosa ao próximo.
SÚPLICA PELOS PAIS
Pedi-Ihe ainda graça e assistência para minha querida Mãe e José, no tempo em que deviam ficar sem a minha pessoa, para que a dor não Ihes tirasse a vida. Previa que suas almas, seria traspassadas de suma dor, porque sendo assaz intenso o amor que me dedicavam, à proporção do amor, sentiriam dor pela perda de seu único bem. Embora já soubesse e visse como meui Pai os assistia com muita providência e os dirigia naquela tribulação, dando-Ihes total conformidade a sua vontade, todavia fiz isto por eles, querendo mostrar-me verdadeiro Filho de Maria, e enquanto tal, fazer o que era justo por Mãe tão amorosa e digna. O mesmo fiz por S. José, seu puríssimo esposo e meu pai adotivo. Supliquei ainda ao Pai desse perfeita resignação a todos aqueles genitores que deviam perder os filhos, embora muito caros, a fim de que a dor sentida ao se privarem deles, para consagrá-los ao serviço do Pai e para cumprir a vontade divina, não os surpreenda de modo que, entregues a dor, façam esta oferta mais coagidos do que por amor, e com isto fiquem despojados do mérito que adquiririam, se consagrassem com amor e resignação os seus frutos ao serviço de quem Ihos concedeu. O Pai tudo me concedeu com suma liberalidade, e vi como ordenaria tudo com muita providencia, operaria e disporia tudo com suma sabedoria. Vi também que muitos não aproveitariam a grata, as luzes e ajudas do Pai, deixando-se superar pelo afeto apaixonado em demasia a prole, e por isso não se entregariam com tranquilidade à vontade divina e as divinas disposições. Senti pesar por estes, tanto mais que verificava serem vãs para eles tantas súplicas minhas ao Pai e tanta graça que este Ihes concederia. De novo roguei ao Pai usasse de maior misericórdia para com eles e tivesse deles compaixão, esperando com paciência a conformidade a sua vontade. Em verdade, nisto ainda mostrou-se liberal meu Pai. Vi com quanta paciência esperaria, e depois que, com todo amor receberia e premiaria a débia vontade daqueles que por longo tempo se demonstrassem adversos. O Pai amoroso compadecer-se-ia de sua fraqueza, mostrando-se pronto a receber sua conformidade, cada vez que eles Iha oferecessem. Agradeci ao Pai por tanta paciência e bondade. Agradeci-lhe também por todos, e fiz tudo o que é devido à um Pai tão bom e amoroso.
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