Estudo 41 Mística Cidade de Deus – Escola da Divina Vontade

Mistica Cidade de Deus
Estudo 41 Mística Cidade de Deus – Escola da Divina Vontade
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CAPÍTULO 10

A VIRTUDE DA JUSTIÇA EM MARIA SANTÍSSIMA.

Definição e espécies

553. A grande virtude da justiça é a que mais serve à caridade de Deus e do
próximo, e assim, é a mais necessária para o convívio e relações humanas. E um hábito que inclina a vontade a dar a cada qual
o que lhe é devido. Tem por matéria e objeto a medida, ajuste ou direito que se devem
guardar para com o próximo e com Deus.
Sendo tantas as coisas e diversos os modos nos quais o homem pode observar ou transgredir esta virtude, sua matéria
vem a ser muito extensa e difusa. Diversas são as espécies desta virtude. Enquanto se
ordena ao bem público e comum, chama-se justiça legal, e porque pode dirigir as demais virtudes para este fim, chama-se
virtude geral, ainda que não participe da natureza das demais.
Quando porém, a matéria da justiça é coisa determinada, somente
referindo-se a pessoas particulares, para guardar o direito de cada uma, então se
chama justiça particular ou especial.

A justiça em Maria

Esta virtude com suas partes, gêneros e propriedades, foi guardada
pela Imperatriz do mundo em relação a todas as criaturas, sem comparação com
qualquer outra. Só Ela conheceu, com a maior clareza, compreendeu perfeitamente
o que a cada qual se devia.
Ainda que esta virtude não vise imediatamente as paixões naturais, como o
fazem a fortaleza e a temperança, conforme direi adiante, muitas vezes, porém, sucede
que por não estarem as mesmas paixões moderadas e corrigidas, concorrem para a
violação da justiça, como os que, por desordenada cobiça ou deleite, usurpam o alheio.
Visto que em Maria Santíssima não havia paixões desordenadas, nem ignorância para desconhecer o meio termo
onde se situa a justiça, satisfazia a todos, fazendo o justíssimo a cada um, e ensinando a agir assim aos que mereciam ouvir
suas palavras e doutrinas de vida.
Quanto à justiça legal, guardou a, cumprindo “as leis comuns, como na
Purificação e noutros mandamentos da Lei, ainda que estivesse isenta deles como
Rainha, sem a dívida do pecado.
Além disso, ninguém, fora de seu Filho Santíssimo, atendeu como esta Mãe
de Misericórdia ao bem público e comum dos mortais, dirigindo para este fim todas
as virtudes e atos, com os quais pôde merecer-lhes a divina misericórdia, e favorecer ao próximo com outros benefícios.

Modo pelo qual Maria Santíssima praticava * justiça distributiva 

555. As duas espécies de justiça, distributiva e comutativa, também
estiveram em Maria Santíssima em grau heróico. A justiça distributiva governa
os atos com os quais se distribuem as coisas comuns às pessoas particulares.
Esta equidade foi guardada por Sua Alteza em muitas coisas que, por sua vontade
e disposição, foram praticadas entre os fiéis da primitiva Igreja, como distribuir os
bens comuns para o sustento, e outras necessidades de pessoas particulares.
Ainda que nunca distribuísse por suas mãos dinheiro, porque jamais o tocava, era porém repartido por sua ordem ou
outras vezes, por seu conselho. Nestas coisas e noutras semelhantes, sempre observou suma equidade e justiça, segundo
a necessidade e condição de cada um. O mesmo fazia na distribuição dos
ofícios, dignidades ou ministérios, entre os discípulos e primeiros filhos do Evangelho, nas reuniões que para isso realizavam
A Mestra Sapientíssima tudo ordenava e dispunha com perfeita equidade, porque
tudo fazia com especial oração e ilustração divina, além da ciência e conhecimento
ordinário, que possuía de todos os indivíduos.
Por isto os Apóstolos recorriam a Ela nestes assuntos. Outras pessoas que
governavam lhe pediam conselho, e tudo quanto por Ela era dirigido,
se fazia e dispunha com inteira justiça, sem acepção de pessoas.

Maria não exercitou a justiça comutativa, mas a conheceu e ensinou

556. A justiça comutativa ensina guardar recíproca igualdade no dar e receber entre pessoas particulares, quer no
valor, quer na quantidade. Nesta espécie de justiça, a Rainha do céu exercitou-se
menos do que nas outras virtudes, porque nem comprava, nem vendia coisa alguma,
pessoalmente. Se era necessário comprar ou comutar alguma coisa, o fazia o patriarca
São José, quando era vivo; depois, São João Evangelista ou algum outro dos Apóstolos.
O Mestre de santidade que vinha destruir e extirpar a avareza, raiz de todos
os males (ITm 6,10), quis afastar de si e de sua Mãe Santíssima, os atos e ações no
quais costuma acender-se e alimentar-se o fogo da cobiça humana. Por isso, em sua
Providência divina, ordenou que, nem por sua mão, nem pela de sua Mãe Santíssima
se realizassem ações do comércio humano de comprar e vender, ainda que fossem
coisas necessárias para a conservação da vida natural.
Nem por isto deixava entretanto, a grande Rainha de ensinar quanto pertencia a esta virtude da justiça comutativa,
para a praticarem com perfeição os que no apostolado e na Igreja primitiva necessitavam dela usar.

Julgamento público e civil

557. A Justiça inclui outros atos exercitados com o próximo, como Q julgamento público, civil, ou particular. De seu
vício contrário falou o Senhor por São Mateus: não julgueis e não sereis julgados
(Mt 7,1). Por estes atos de julgamento dar se-á a cada um o que lhe é devido, na
medida do critério de quem julga; serão ações justas se se conformarem com a
razão, e injustiça, se dela discordarem.
Nossa soberana Rainha não exercitou o julgamento público e civil, ainda
que tivesse poder para ser juiz de todo o universo. Com seus retíssimos conselhos,
porém, durante o tempo de sua vida, e depois, por sua intercessão e méritos, cumpriu o que dela está escrito nos Provérbios
(Pr 8, 20, 16): Eu ando nos caminhos da justiça e por mim decretam os poderosos o que é justo.

Julgamento pessoal, vícios que lhe são contrários, Maria jamais os teve

558. O julgamento pessoal nunca pôde ser injusto no puríssimo coração
de Maria Santíssima. Jamais foi leviana nas
suspeitas, nem temerária nos juízos, nem teve dúvidas; mesmo que as tivesse, não
as interpretava com impiedade, pelo pior lado. Estes injustíssimos vícios são próprios e naturais nos filhos de Adão, dominados
pelas desordenadas paixões do ódio, inveja, rivalidade, malícia e outros vícios que os
tiraniza como a vis escravos.
Destas raízes tão corrompidas nascem as injustiças, as suspeitas do mal
com insuficientes indícios, os juízos temerários, e a interpretação do duvidoso pelo
pior. Cada qual atribui ao seu irmão a mesma falta que vê em si. Se com ódio ou inveja
se entristece pelo bem do próximo, alegrando-se com seu mal, levianamente dá crédito
ao que não devia, porque o deseja, sendo seu julgamento arrastado pela paixão.
De todos estes achaques do pecado esteve isenta nossa Rainha, pois nele
não tinha parte. Caridade, pureza, santidade e perfeito amor, era tudo quanto em seu
coração entrava ou saía; Nela estava a graça de toda a verdade, caminho e vida
(Eclo 24,25).
Com plenitude de ciência e santidade, nada duvidava nem suspeitava,
porque conhecia o íntimo de todos. Via-os com verdadeira luz e misericórdia, sem suspeitar mal de ninguém e sem atribuir culpa
a quem não tinha. Pelo contrário, antes remediava a muitos culpados, dando a
todos e a cada um, com equidade e justiça, o que lhe pertencia, estando sempre disposta, com benigno coração, para encher
todos os homens da doçura da graça e da virtude.

Outras virtudes referentes à justiça comutativa e distributiva

559. Nos dois gêneros de justiça comutativa e distributiva, encerram-se
muitas espécies de diferentes virtudes que não me detenho a referir, pois todas as que
convinham à Maria Santíssima, teve-as em hábitos e em ato, no grau mais elevado e excelente.
Existem, porém, outras virtudes que se reduzem à justiça, porque se exercitam com o próximo e participam, de algum
modo, das propriedades dessa virtude.
Não a satisfazem, porém, inteiramente, porque nunca chegamos a pagar adequadamente tudo quanto devemos.
Mesmo que pudéssemos pagá-lo, não é a dívida obrigação tão mesquinha, como a
julga o rigor da perfeita justiça comutativa ou distributiva. Sendo estas virtudes muitas e diferentes, não direi tudo o que contém,
mas, para não excluí-las completamente, direi algo em breve resumo, para se entender como as possuiu nossa soberana e mui excelsa Princesa.

 virtude da religião

“A palavra religião para o mundo é palavra ridícula, e parece que não vale nada, mas diante de mim cada palavra que pertence à religião é uma virtude de valor infinito, tanto, que me serve da palavra para propagar a fé em todo o universo, e quem nisto se exercita me serve de boca para manifestar às criaturas a minha Vontade”.
(5) Enquanto dizia isto, compreendia muito bem que era Jesus, ao ouvir sua voz clara, que há tanto tempo não ouvia, sentia-me ressurgir da morte à vida, e estava esperando que terminasse de falar pois devia lhe dizer minhas extremas necessidades, mas o que, não apenas terminei de ouvir sua voz desapareceu, e eu fiquei desconsolada e aflita. Livro do Céu Vol. 4.148

560. Justa dívida é prestar culto e reverência aos que nos são superiores.
Segundo a grandeza da sua excelência e dignidade e os bens deles recebidos, será
maior ou menor a obrigação e culto que lhes devemos, ainda que nenhuma retribuição possa eqüivaler à nossa dívida e à
dignidade do doador. Para isto servem três virtudes, de acordo com três graus de
superioridade daqueles a quem devemos reverenciar.
A primeira é a virtude da religião pela qual damos a Deus o culto e reverência
que lhe devemos, não obstante sua grandeza lhes exceder infinitamente, e seus
dons não poderem ser retribuídos, com equivalente agradecimento e louvor. Entre
as virtudes morais, a religião é nobilíssima pelo seu objeto, o culto a Deus, e sua
matéria tão extensa, quantos são os modos e matérias pelos quais Deus pode ser diretamente louvado e reverenciado.
Compreendem-se nesta virtude os atos interiores de oração, contemplação
e devoção, com todas suas partes e condições, causas, efeitos, objetos e finalidades
Dos atos exteriores compreende-se aqui a adoração latria, suprema e devida somente
a Deus, com as espécies ou partes que a seguem: o sacrifício, as oblações, dízimos
votos, juramentos, louvores externos e vocais. Com todos estes atos, devidamente realizados, Deus é honrado e reverenciado pelas criaturas, enquanto pelos vícios opostos é muito ofendido.

Piedade, observância, latria (veneração, culto de adoração a Deus.), dulia (a honra e culto de veneração devotados aos santos) e obediência

561. Em segundo lugar vem a piedade, virtude com a qual reverenciamos os pais, a quem, depois de Deus,
devemos a existência e educação, e também aos que nisso participam, como os
parentes que nos sustentam e a pátria que nos governa. Esta virtude da piedade é tão
importante que, quando obrigatória, deve preferir-se aos atos de super-rogação da
virtude de religião. Assim ensinou Cristo, Senhor nosso, por São Mateus (Mt 15,3),
ao repreender os fariseus que, com pretexto de culto a Deus, ensinavam a faltar a
piedade para com os pais naturais.
Em terceiro lugar, vem a observância, virtude com a qual prestamos
honra e reverência aos que tem alguma dignidade superior e diferente da dos
pais e da pátria. Como espécie desta virtude, consideram os doutores a dulia
e a obediência. Dulia é a reverência aos que têm alguma participação na excelência e domínio do supremo Senhor, Deus,
a quem pertence o culto de adoração latria. Por isto honramos os santos com adoração ou reverência dulia,, como
também os dignatários superiores das quais nos consideramos súditos.

A obediência leva-nos a submeter nossa vontade à dos superiores,
desejando fazer a sua e não a nossa. Visto ser a própria liberdade tão estimável, por
isto a obediência é tão admirável e excelente entre todas as virtudes morais, porquanto
leva a criatura a oferecer, por amor de Deus, algo mais do que qualquer outra virtude.

Como Maria Santíssima possuiu essas virtudes

562. Estas virtudes de religião, piedade, e observância estiveram em Maria
Santíssima com tanta plenitude e perfeição, que nada lhes faltou de quanto poderia
ter uma pura criatura.
Que entendimento poderá compreender a honra, veneração e culto com
que esta Senhora servia seu Filho diletíssimo, conhecendo-o, adorando-o
como verdadeiro Deus e Homem, Criador, Redentor, Glorificador, Sumo, Infinito,
Imenso no ser, na bondade, e em todos os atributos? Entre todas as puras criaturas,
e mais que todas, foi Ela quem melhor o conheceu, e nesta medida, prestava a Deus
a devida reverência, tendo-a ensinado aos próprios serafins.
De tal sorte foi mestra nesta virtude que, somente o vê-la, despertava, induzia
e excitava com oculta força a que todos reverenciassem o supremo Senhor e Autor
do céu e da terra. Sem outra diligência, impelia muitos a louvarem a Deus. Sua
oração, contemplação, devoção e poder sempre atual de suas súplicas, todos os
anjos e santos conhecem com eterna admiração, sem contudo as poder explicar.
Todas as criaturas inteligentes devem a Ela ter suprido e reparado, não
somente o que nisso faltaram, mas ainda o que não poderiam fazer, nem merecer. Esta
Senhora apressou a salvação do mundo, pois se não estivesse nesta terra, o Verbo
não teria descido do seio do seu eterno Pai.
Ela ultrapassou os serafins, desde o primeiro instante, no contemplar, orar,
pedir e estar devotamente pronta para o serviço divino. Ofereceu sacrifícios,
oblações, décimas, tão agradáveis a Deus que, por parte do oferente, ninguém foi
mais aceito, depois de seu Filho Santíssimo.
Nos eternos louvores, hinos, cânticos e orações vocais que compôs,
excedeu a todos os patriarcas e profetas.
Se a Igreja militante conhecesse esses louvores, como os conhece a triunfante,
constituiriam singular admiração para o mundo.

Piedade e Observância

563. As virtudes da piedade e observância foram exercitadas por Maria
Santíssima, como quem melhor conhecia a heróica virtude de seus pais e o quanto
lhes devia. O mesmo fez com seus consangüíneos, enchendo-os de especiais graças,
como ao Batista, à sua mãe Santa Isabel e aos demais do colégio apostólico.
Se sua pátria não houvera desmerecido pela ingratidão e dureza dos judeus,
tê-la-ia tornado felicíssima. Não obstante, quanto a divina equidade permitiu, prodigalizou-lhe grandes benefícios e favores
espirituais e temporais.
Na reverência aos sacerdotes foi admirável, pois só Ela pôde e soube dar o devido valor à dignidade dos ungidos do
Senhor. Assim ensinou a todos, como também a reverência aos patriarcas, profetas e
santos e, depois deles, aos senhores civis de suprema autoridade.
Não omitiu nenhuma destas virtudes nos tempos e ocasiões oportunos.
Ensinou-as especialmente aos primeiros fiéis no início da Igreja evangélica. Obedecendo, não já a seu Filho Santíssimo em
presença visível, Esposo dessa Igreja, porém, aos ministros dela, foi para o mundo
exemplo de nova modalidade de obediência: porque, então, por especiais razões,
todas as criaturas é que deviam obediência, àquela que no mundo ficara como
Senhora e Rainha que deveria governá los.

Gratidão, veracidade, vindicação, liberalidade, amizade

564. Restam outras virtudes também relacionadas com a justiça, porque
com elas damos o que devemos aos outros por alguma dívida moral, que é honesta e
decente obrigação. São: a gratidão, veracidade, a vindicação, a liberalidade, a
amizade ou afabilidade. Pela gratidão procuramos, de algum modo, nos equiparar àqueles de quem recebemos benefícios.
Agradecemos-lhes segundo a qualidade do favor e o afeto com que foi feito o
principal do benefício, e também de acordo com o estado e condição do benfeitor.
A tudo isso, o agradecimento deve ser proporcionado, podendo demonstrar-se com diversos atos.
A veracidade inclina a respeitar a verdade, como é justo que se faça na vida
humana e convívio necessário entre os homens, excluindo toda mentira (que em
nenhum caso é lícita), qualquer enganosa simulação, hipocrisia, jactância e ironia.
Todos estes vícios opõem-se à verdade.
Se bem é possível, e mesmo conveniente cingir-se ao menos, quando falamos de
nossa própria excelência ou virtude, a fim de não ser molestos com excesso de jactância, contudo, nem em tal caso é justo fingir
com mentira, atribuindo-se vício que não se tenha.
A vindicação é virtude que ensina a reparar, com alguma pena, o dano feito
a nós ou ao próximo. Difícil é a prática desta virtude entre os mortais que, ordinariamente, são movidos por imoderada ira ou
ódio fraterno, com que se vem a faltar à caridade e justiça. Quando, porém, não se
visa o dano alheio, senão o bem particular ou público, esta virtude não é pequena. Foi
praticada por Cristo, nosso Senhor, quando expulsou do templo os que o profanavam
com irreverência (Jo 2,15). Elias e Eliseu pediram fogo do céu para castigar alguns
pecados (4Rs 1,20). Nos provérbios se diz (Pr 13,24): quem poupa a vara, quer mal a seu filho.
A liberalidade orienta a distribuição do dinheiro ou coisas semelhantes, evitando declinar para os vícios da avareza
ou da prodigalidade.
A amizade ou afabilidade consiste no decente e conveniente modo de convívio e trato com todos, sem litígios ou
adulação, vícios contrários a esta virtude.

Gratidão e piedade em Maria Santíssima

565. Nenhuma de todas estas virtudes (e se houveram outras atribuídas
à justiça) faltaram à Rainha do céu. Teve as todas em hábito e praticou-as com atos
perfeitíssimos, segundo as ocasiões que ocorriam. Mestra e Senhora de toda santidade, a muitas almas instruiu e esclareceu,
para exercitá-las com perfeição.
A virtude da gratidão a Deus, exercitou-a com os atos de religião e culto
que dissemos, porque este é o mais excelente modo de agradecer. Como a dignidade
de Maria Puríssima, e sua correspondente santidade, se elevou acima de todo o entendimento criado, assim agradeceu esta
eminente Senhora, proporcionando-se ao benefício, quanto era possível à pura criatura.
Outro tanto fez pela virtude da piedade, com seus pais e com sua pátria,
conforme fica dito. Aos demais que lhe faziam qualquer benefício, agradecia a
humilíssima Imperatriz, como se nada lhe fora devido. Quando, por justiça, tudo se
lhe devia, era Ela que o agradecia com suma graça e favor.
Somente Ela, porém, soube dignamente e conseguiu dar graças, tanto
pelos agravos e ofensas, como por grandes benefícios. Sua incomparável humildade nunca se ofendia com as injúrias e por
todas se considerava obrigada. Não esquecendo os benefícios, nunca suspendia o agradecimento.

A verdade e vindicação (reclamar ou exigir a restituição)  em Maria Santíssima

566. Sobre a verdade em Maria Senhora nossa, tudo quanto se poderia
dizer seria pouco, pois quem foi tão superior ao demônio, pai da mentira, não pôde
ser atingida por tão desprezível vício.
A regra pela qual se deve medir essa virtude em nossa Rainha, é sua caridade e singeleza columbina, que excluem
qualquer duplicidade e falácia no trato com as criaturas. Como se poderia achar culpa
e dolo na boca daquela Senhora que, com uma palavra de verdadeira humildade,
atraiu ao seu seio Aquele que é a verdade e santidade por essência?
Da virtude chamada vindicação tampouco faltaram à Maria Santíssima
muitos atos perfeitíssimos. Não somente a ensinou nas ocasiões em que foi necessária, no princípio da igreja evangélica,
mas também a exercitou pessoalmente, zelando a honra do Altíssimo.
Procurava converter muitos pecadores por meio da correção, como fez
com Judas muitas vezes, ou mandava às criaturas – pois todas lhe eram submissas
– castigar alguns pecados para o bem dos que, cometendo-os, mereceriam eterno
castigo. Ainda que nestes atos fosse mansa e suavíssima, nem por isso perdoava o
castigo, quando era meio eficaz de reparar o pecado. Era porém, com o demônio, que
mais exercitava a vingança para livrar de sua servidão o gênero humano.

A liberalidade e a afabilidade em Maria Santíssima

567. Das virtudes da liberalidade e afabilidade praticou também a soberana
Rainha atos excelentíssimos. Sua generosidade em dar e distribuir era de suprema
Imperatriz da criação, e de quem sabia dar a digna estima ao visível e ao invisível.
Coisa alguma das que pôde distribuir liberalmente, julgou-a mais sua que do
próximo. Jamais as negou a ninguém, nem esperou que, constrangidos, as pedisse,
quando pôde se adiantar a lhas oferecer.
As necessidades e misérias dos pobres que remediou, os benefícios que lhes fez,
as misericórdias que espalhou, ainda em coisas temporais, nem em imenso volume
se podem descrever.
Sua cordial afabilidade com todas as criaturas foi singular e admirável. Se não
a controlasse com rara prudência, todo o mundo a seguiria, atraído por seu dulcíssimo trato, porquanto sua mansidão e
suavidade, temperada com divina severidade e sabedoria, davam-lhe uns visos de criatura sobre-humana.
Dispôs o Altíssimo esta graça em sua Esposa com tal providência que, deixando algumas vezes aos que com Ela
tratavam vislumbrarem o sacramento do Rei Nela encerrado, logo corria o véu e o
escondia, para permitir os sacrifícios e impedir os aplausos dos homens.
Tudo era menos de quanto se lhe devia, nem os mortais compreendiam como
reverenciar, sem exceder ou faltar, à criatura, Mãe do Criador. Isto seria compreendido
quando chegasse o tempo dos filhos da Igreja serem ilustrados com a fé cristã e católica.

A epiquéia (justiça, equidade, moderação.)

568. Para o exercício mais perfeito e adequado desta importante virtude da
justiça, indicam-lhe os doutores outra parte chamada epiquéia. Por ela regem-se
alguns atos que saem das regras e leis comuns, porquanto estas não bastam para
prevenir todos os casos e circunstâncias ocotrentes, sendo necessário, em algumas
ocasiões, agir por razões superiores e extraordinárias.
Desta virtude teve necessidade, e usou a Rainha soberana em muitos sucessos de sua vida santíssima, antes e
depois da ascensão de seu Filho Unigênito aos céus. Especialmente depois, para estabelecer a primitiva Igreja, como em seu
lugar direi , se for servido ao Altíssimo.

DOUTRINA DA RAINHA DO CÉU.

Justiça e gratidão

569. Minha filha, sobre a extensa virtude da justiça, ainda que aprendeste
muito do apreço que merece, ignoras a maior parte, em conseqüência do estado da
vida mortal. As palavras são incapazes de traduzir o que a inteligência compreende.
Apesar disto, no estudo desta virtude terás copiosa exortação para as relações que
deves ter com as criaturas, e como exercitar o culto do Altíssimo. Advirto-te, caríssima, que a suprema majestade do Todo-
-poderoso, justamente se indigna da ofensa dos mortais, que se esquecem da
veneração, adoração e reverência a Ele devidas. Quando alguma lhe dão, é tão
grosseira, distraída e descortês, que mais merecem castigo do que recompensa.
Aos príncipes e magnatas do mundo, profundamente reverenciam; pedem-lhes mercês, solicitando-as com meios
e diligências estudadas. Quando recebem o que desejam agradecem-lhes, dispondo se a lhes ser reconhecido por toda a vida.
O supremo Senhor, infinito e sumo bem, no entanto, lhes dá o ser, vida e
movimento, conserva-os e sustenta-os; remiu-os e elevou-os à dignidade de filhos,
e lhes quer dar sua mesma glória. A esta majestade, por não a verem com os olhos
corporais, esquecem-na como se de suas mãos não lhes viessem todos os bens e
contentam-se, quando muito, numa fria lembrança e apressado agradecimento.
Nem falo ainda dos que ofendem ao justíssimo Governador do universo; dos
que iniquamente quebram toda a ordem da justiça com o próximo. Pervertem toda a
razão natural e fazem a seus irmãos o que não quereriam para si mesmos.

Culto a Deus e justiça com o próximo

570. Detesta, minha filha, tão execráveis vícios, e, quanto estiver em tuas
forças, repara por tuas obras o que esta má correspondência recusa ao Altissímo
que por tua profissão já estás dedicada ao culto divino, seja esta tua principal ocupação e prazer, assemelhando-te aos seres
angélicos, incessantes no temor e culto do Senhor. Reverencia as coisas divinas e sagradas, até os ornamentos e vasos que servem a este ministério.
No ofício divino, oração e missa, procura estar sempre concentrada no mistério celebrado. Pede com fé e recebe com humilde gratidão, a qual
também deves mostrar a todas as criaturas mesmo quando te ofenderem. Com todos
mostra-te afável, simples e sincera, sem fingimento, duplicidade, detração ou murmuração, nem julgues levianamente a teu próximo.
Para cumprires com esta obrigação de justiça. conserva sempre. na memória e desejo, o propósito de fazer a teu próximo
o que quererias fosse feito para ti. Acima de tudo, lembra-te o que meu Filho Santíssimo,
e eu à sua imitação. fizemos por todos os homens.

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