29-2
Fevereiro 15, 1931
A Vida Divina tem necessidade de alimentos para crescer na criatura. A criatura com seu
amor forma em Deus mesmo sua Vida Divina. O amor Divino tem o germe de gerar vida contínua.
(1) Meu abandono no Fiat Divino continua, se bem vivo sob a opressão de intensas amarguras, de
lágrimas contínuas, e sou obrigada a viver do ar insalubre das agitações, que me tiram o belo dia
sereno da paz gozada sempre por mim. Estou resignada, beijo a mão que me golpeia, mas sinto ao
vivo o fogo que me queima das tantas tempestades que estão caindo sobre minha pobre
existência. Jesus meu, ajuda-me, não me abandones, ah! Dá-me a paz, aquela paz que Tu tanto
querias que eu possuísse. E se bem Jesus frequentemente rasga os véus das densas nuvens que
me cercam com dizer-me alguma palavra, no entanto, embora um pouco reanimada, depois retorno
a meu estado inquieto. Então meu doce Jesus me surpreendeu me disse:
(2) “Minha filha boa, ânimo, não temas que Eu te possa abandonar, sinto minha Vida em ti, e se Eu
te abandonasse, esta minha Vida em ti permaneceria sem alimento para fazê-la crescer, sem luz
para fazê-la feliz, faltaria o cortejo real a minha Vida Divina que Eu mesmo formei em ti; porque
você deve saber que minha Vida em Mim mesmo não tem necessidade de nada, nem de crescer,
nem está sujeita a decrescer, mas minha Vida que vou formando na criatura, para fazê-la crescer
tem necessidade de alimento divino, de modo que pouco a pouco minha Vida Divina encha toda a
criatura. Por isso não posso te deixar, e enquanto parece que te deixo e parece que tudo terminou
entre você e eu, de improviso regresso a minha pequena filha para pôr na boca o alimento de
minha Vontade, porque você deve saber que minha Vontade é luz, e à alma que vive nela vêm-lhe
fornecidas as propriedades da luz, e enquanto obra, suas obras se enchem de luz, mas tanto, de
transbordar fora, de modo que se vê que foram feitas nas propriedades da luz de seu Criador; se
ama, as propriedades do amor Divino enchem o amor da criatura; se adora, as propriedades da
adoração divina enchem a adoração da criatura; em suma, não há ato que a criatura faça, que as
propriedades divinas não preencham estes atos. Em minha Vontade o humano cessa, fica anulado,
e a criatura tem sempre o que tomar, as propriedades divinas estão a sua disposição. Oh! Se todos
soubessem o que significa viver em meu Querer Divino, o grande bem que lhes vem, e no modo
mais simples”.
(3) Depois continuava meu abandono no Fiat Divino, e não sabendo fazer outra coisa, ia dizendo e
pondo meu pequeno ‘amo-te’ nos atos divinos, e não só isto, senão que dizia entre mim: “Meu
Jesus, Meu Amor, meu ‘Amo-Te’ corra no teu coração, no teu fôlego, sobre a tua língua, na tua
voz, até nas mais pequenas partículas da tua adorável pessoa”. Mas enquanto isso fazia, minha
querida Vida, fazendo-se ver me fazia colocar meu “te amo” em seu coração, dentro e fora de toda
sua Divina Pessoa, e o agradecia tanto que me incitava a repetir quantos mais “te amo” podia, para
poder encontrar em todo seu Ser o querido “te amo” e depois estreitando-me a Si disse-me:
(4) “Minha filha, o amor é vida, e quando este amor sai da alma que vive na minha Vontade, tem
virtude de formar em Deus mesmo a Vida de amor, e como a substância da Vida Divina é o amor,
por isso a criatura com seu amor forma em Deus outra Vida Divina, e Nós sentimos em Nós
mesmos nossa Vida formada pela criatura.
Esta Vida que com seu amor unido a nossa Vontade,
porque é Ela que fornece a potência para que a criatura possa chegar a formar a mesma Vida
Divina toda de amor em Deus, esta Vida é o triunfo de Deus e o triunfo da criatura, e em ato de
triunfo tomamos esta Vida Divina que a criatura formou em Nós mesmos, e a damos para bem de
todas as criaturas como precioso presente que faz a todos a pequena filha de nosso Querer, e com
ânsia esperamos que com seu amor venha a formar outras Vidas Divinas em nosso Ser Supremo.
Minha filha, nosso amor não é estéril, mas tem o germe de gerar vida contínua, assim como você
dizia ‘Eu te amo’ em meu coração, em meu respiro, assim gerava outro batimento, outro respiro, e
assim de todo o resto, de modo que Eu sentia em Mim mesmo a nova geração de seu ‘amo-te’ que
formava a nova Vida de meu amor, e oh! Como me sentia feliz pensando que minha filha estava
me formando dentro de Mim minha mesma Vida toda de amor. Se você soubesse como é
comovedor este ato da criatura que com seu amor dá Deus a Deus, oh! Como nos rapta, e
sentindo-nos raptados damos outro amor para ter o contentamento de fazê-la repetir nossas novas
Vidas de amor. Por isso ama, ama muito e farás mais feliz a teu doce Jesus”.
30-2
Novembro 9, 1931
Deus tem estabelecido os atos da criatura. Ato constante e incessante da Divina Vontade.
Quem não faz a Divina Vontade fica sem Mãe e permanece órfã e desamparada.
(1) O meu abandono no Querer Divino continua, oh! Com que ternura me espera em seu colo
materno para me dizer: “Filha de meu Querer, não me deixe sozinha, sua Mamãe te quer junto;
quero sua companhia no trabalho incessante que faço para todas as criaturas. Eu faço tudo por
elas, não as deixo um instante, porque se as deixasse perderiam a vida. No entanto, há aqueles
que não me reconhecem, na verdade, me ofendem, enquanto Eu sou tudo para elas. Oh! Como é
dura a solidão, por isso te suspiro minha filha, oh como me é querida tua companhia em meus atos!
A companhia torna doce o trabalho, alivia o peso e é portadora de novas alegrias”.
(2) Mas enquanto minha mente se perdia na Divina Vontade, meu amável Jesus me fazendo sua
breve visita me disse:
(3) “Minha filha, minha Vontade é incansável, querendo manter a vida, a ordem, o equilíbrio de
todas as gerações e do universo inteiro, não pode nem quer cessar em seu trabalho, muito mais
que cada movimento é como dado a luz por Ela e atado com vínculos inseparáveis. Imagem do ar
que enquanto nenhum o vê, também dá à luz o respiro nas criaturas, e é inseparável da respiração
humana, oh! Se o ar parasse o seu trabalho de fazer-se respirar, de um só golpe cessaria a vida de
todas as criaturas. Mais que ar é minha Vontade, o ar não é nada mais que um símbolo, imagem, e
que produz a vida da respiração pela virtude vital do meu Querer Divino, enquanto a minha é Vida
em Si mesma e incriada. Agora, Deus tem estabelecido todos os atos das criaturas e o número dos
atos delas; por isso o empenho destes atos, porque estabelecidos por Deus vêm tomados por
minha Divina Vontade, os ordena e põe sua Vida dentro deles, mas quem dá o cumprimento a
esses atos estabelecidos pelo Ser Supremo?
Quem coopera e se faz dominar pela Vontade Divina,
com a cooperação e com seu domínio, sente o vínculo e a inseparabilidade dela, e sente correr sua
Vida Divina em seus atos. Enquanto que quando não coopera perde o domínio de minha Vontade
Divina, e em vez de fazer a minha, faz sua vontade, e cada ato de vontade humana forma um vazio
para o divino na alma. Estes vazios desfiguram a pobre criatura, e como foi feita para Deus, só Ele
pode preencher estes vazios, porque os atos, cujo número está estabelecido, deviam servir para
preenchê-la do Ser Divino. Oh! Como são horríveis estes vazios, veem-se neles vias torcidas, atos
sem princípio divino e sem vida, por isso não há coisa que estrague mais a criatura que sua
vontade. Agora, minha Vontade é ato constante e incessante dentro e fora da criatura, mas, quem
recebe seu ato operante? Quem a reconhece em todos seus atos, quem a reconhece, a ama, a
estima, a aprecia; ao ser reconhecida, minha Vontade faz tocar com a mão seu ato operativo e
incessante, e a criatura sente os braços dela nos seus, a potência do seu movimento nos seus, a
sua virtude vivificadora no seu respiro, a formação da sua Vida no batimento do seu coração, por
toda parte, por dentro, por fora, sente-se vivificar, tocar, abraçar, beijar pela minha Vontade. E Ela,
quando vê que a criatura sente seus abraços amorosos, estreita-se mais a seu seio divino e vai
formando suas doces cadeias de inseparabilidade entre Ela e sua criatura amada. Parece que se
sente paga ao ser reconhecida por seu trabalho incessante, e com seu poder tira o véu que a
escondia à criatura, e lhe faz conhecer quem é quem forma a vida de todos seus atos. Por isso
quanto mais a reconheceres, mais sentirás o quanto ela te ama e tu a amarás mais.
(4) Além disso, você deve saber que a alma sem minha Divina Vontade é como uma flor cortada da
planta; pobre flor, tiraram-lhe a vida, porque não está mais unida à raiz, e separada dela não
recebe mais os humores vitais, que como sangue circulavam e a mantinham viva, fresca, bela,
cheirosa; perdeu a raiz que como mãe a amava, a alimentava e a tinha estreitada a seu seio, e
enquanto a raiz se está debaixo da terra, como sepultada viva para dar vida às flores, filhas suas, e
fazê-las fazer uma bela aparição, tanto de chamar a atenção humana com seu doce encanto, mas
como é cortada da planta, como se tivesse perdido a mãe, parece que se põe em atitude de
tristeza, perde a sua frescura e acaba por murchar.
Tal é a alma sem minha Divina Vontade,separa-se da raiz divina, que mais que mãe a amava, a alimentava, e enquanto vive como
sepultada, vive em todos seus atos e no fundo de sua alma para fornecer-lhe os humores divinos,
que como sangue faz circular em todos os seus atos para mantê-la fresca, bela, perfumada por
suas virtudes divinas, de formar o mais belo e doce encanto à terra e a todo o Céu. Portanto, assim
que se separa da minha Divina Vontade, perde a sua verdadeira Mãe, que com tantos cuidados
maternos a guardava, a tinha estreitada a seu seio, a defendia de todos e de tudo, e acaba por
desfigurar-se e murchar a tudo o que é bem, e chegam a sentir a triste melancolia porque vivem
sem Aquela que a gerou, sem a vida, as carícias de sua Mãe. Então você pode chamá-los de
pobres órfãs abandonadas, desprotegidas, e talvez nas mãos de inimigos e tiranizada pelas
paixões do próprio eu. Oh! Se a raiz estiver certa, quantos gritos dilacerantes de dor não emitiria ao
ver arrancar a vida de suas flores, e que a obrigaram, como mãe estéril, a permanecer sem a coroa
de seus filhos? Mas se não chora a planta, chora minha Vontade ao ver tantos filhos seus órfãos,
mas órfãos voluntários, que sentem todas as penas da orfandade, enquanto sua Mãe vive e não
faz outra coisa que chorar e chamar à coroa de seus filhos em torno de Si”.
31-2
Agosto 7, 1932
A luz da Divina Vontade faz perder a vida de todas as outras coisas, dá o frescor divino, e
quem vive nela é confirmado no bem e adquire o direito de cidadão do Céu.
(1) Estou nos braços da Divina Vontade, ainda que sob o tormento das privações de meu
dulcíssimo Jesus; sem Ele as horas são séculos, os dias são intermináveis, e oh! como choro ao
não ter sua doce e amável presença, e sinto toda a dureza de meu longo exílio. Mas enquanto
gemo e suspiro, o Fiat Divino faz correr sua luz sobre minha dor, e acalmando-a faz-me correr nas
ondas eternas de seus atos para unir os meus com os seus, e fazer deles um só. Ah! me parece
que não me dá tempo nem sequer para me doer de estar privada d‟Aquele que tanto me ama e
amo, sua luz se impõe sobre tudo, eclipsa e absorve tudo, quer tudo para Si, não permite perder
tempo, mesmo sobre as coisas mais santas, qual é a privação de Jesus. Mas enquanto nadava no
mar da dor, minha querida vida apenas como relâmpago que foge, visitando minha pequena alma
me disse:
(2) “Filha boa, ânimo, deixa-te guiar pela luz da minha Divina Vontade, a qual te saberá converter
as dores, as penas, as minhas mesmas privações em paz perene, e em conquistas divinas. A
natureza de sua luz é eclipsante, corroborante, fortificante, e onde chega sua luz, a dor perde a
força e a vida, e o muda em conquistas e em alegrias, porque a força de sua luz supera tudo, e
onde toma seu posto todas as outras coisas perdem a vida; e se diante da luz de minha Divina
Vontade se sentem outros efeitos e desejos, significa que a plenitude de sua luz não é plena na
alma, nem reina nela em modo absoluto; seu reino é reino absoluto, não condicionado, por isso
tem o direito supremo de absorver tudo, de fazer perder a vida a todas as outras coisas e de
converter tudo em Vontade Divina. Tu deves saber que cada vez que a criatura faz seus atos em
minha Vontade, um orvalho benéfico lhe cai em cima, o qual lhe conserva a frescura divina e dá o
ópio a tudo aquilo que não pertence a Ela, e oh! como é belo vê-la sempre fresca em seus atos,
fresca em seu amor, em sua dor, na espera de receber seu orvalho para receber o ópio, para
convertê-lo em doce conquista do Querer Divino.
A frescura torna amável, atraente, tanto a uma
pessoa como a um objeto; as coisas velhas não gostam de ninguém, e por isso Eu amo tanto a
quem vive em minha Divina Vontade, porque sinto nela nossa frescura divina, nossos suaves
perfumes, em resumo, é coisa nossa, e teu Jesus encerra em seu coração divino a esta amada
criatura, e vou formando-a, crescendo toda de minha Vontade. Assim que esta nobre legião dos
filhos do meu Querer, será formada no meu santíssimo coração, como tantas rainhas, filhas do
grande Rei”.
(3) Depois continuando meu estado de opressão pelas privações de meu doce Jesus, pensava
entre mim: “No entanto, apesar de estar privada d’Aquele que é para mim mais que minha própria
vida, não obstante sinto uma profunda paz, nem temo nada, nem tenho nenhum temor se é por
culpa minha que o Celestial Jesus me priva dele, nem tenho nenhum medo de que me pudesse
perder, não sinto nenhuma outra coisa em minha pequena alma, senão um mar plácido, que se
bem murmura, mas seu murmúrio não é outro que, „te amo‟, e este meu pequeno „te amo‟ não te
pede outra coisa senão que venha o reino da tua vontade sobre a terra, e sem jamais deixar de
murmurar, formo as minhas pequenas ondas, muito frequentemente, para livrar-me de meu exílio e
tomar o Céu por assalto para fechar-me em minha pátria celestial”. Mas o que, tudo é em vão, as
minhas ondas caem no meu mar e continuo tranquilamente murmurando, „te amo, te amo!‟ E ponho
o Céu e a Terra a pedir-te o teu Fiat. Mas enquanto minha mente pensava desatinos, meu Sumo
Bem Jesus, estreitando-me em seus braços, com toda ternura me disse:
(4) “Minha recém-nascida da minha Vontade, parece que vais buscando como te perturbar, mas Eu
não quero isso, não quero as tempestades no mar da tua alma, mas sim paz perene. Os temores,
os medos, as dúvidas, são as tempestades, e estas impediriam o contínuo murmúrio de teu plácido
„te amo‟, que deve correr e murmurar sempre para vencer a teu Criador, a fim de que mande seu
Querer a descer sobre a terra para fazê-lo reinar.
(5) Agora, você deve saber que em quem se faz dominar por minha Vontade e vive nela, os males
perdem a vida; o temor de me ofender, os medos, as perturbações, perdem a semente para
renascer, a alma e o corpo ficam confirmados no bem, encontra-se nas condições dos bem-
aventurados, para os quais o mal não tem mais vida, porque nas regiões celestiais, na minha
Vontade, o absolutamente mal não pode entrar, assim que quem vive nela, pode-se chamar e
adquire o direito de cidadão do Céu, e se se encontra sobre a terra, é como um cidadão extraviado
da pátria celestial, na qual o tem minha Divina Vontade para seus grandes desígnios, e para bem
da miserável humanidade. Mas apesar de estar sobre a terra não perde os direitos de ser cidadão
do Céu, nem de não viver com as mesmas propriedades da pátria celestial, e se bem se sente
como extraviada, mas por direito deve possuir o Céu em sua alma, para viver não de terra, mas de
Céu. Ah! o viver em minha Vontade chama o Céu à terra, e sua luz escreve sobre sua testa, com
caracteres indeléveis: „Amor perene, paz imperturbável, confirmação de todos os bens, filha do
Ente Supremo’. Por isso sempre em minha Vontade te quero, a fim de que goze as propriedades
de sua pátria celestial, que são: Amor contínuo, suma paz e Vontade Divina como vida de todos os
bem-aventurados”.
32-2
Março 19, 1933
Alimento que dá à criatura o Ser Supremo, que serve para fazer crescer a alma e fazer
crescer a Vida Divina na alma. A Divina Vontade, depositária de todos e de tudo
(1) Estou sempre em poder do Fiat Divino, seu amor é tanto, que não me deixa um instante sem
alimentar minha pobre alma, mas para alimentar-me me quer Consigo em poder de suas ações,
para preparar juntos o alimento que quer me dar. Depois, seguindo seus atos me detive no ato
quando Deus criava o homem, e meu sumo Bem Jesus, me surpreendeu e disse:
(2) “Minha filha bendita, nossa bondade suprema não se contentou em amar ao homem, em dar-
lhe todo o universo a sua disposição, senão que para dar desabafo a nosso intenso amor,
colocávamos nossas qualidades divinas para alimentar sua alma, assim que púnhamos nosso
poder, sabedoria, bondade, amor, santidade, força, como seu alimento divino e celestial. Assim que
cada vez que vinha a Nós lhe colocávamos nossa mesa celestial para alimentá-lo e saciá-lo; não
há coisa que mais nos una, identifique-nos com a criatura que o alimento, o qual chega a
converter-se em sangue, calor, força, crescimento e vida dela, assim nossa Divindade, querendo
alimentá-la com nossas qualidades divinas, fazia-se calor, força, crescimento e vida da criatura.
Mas isto não bastou, este alimento digerido não só fazia crescer à criatura toda bela e santa com
as virtudes dos alimentos que tomava, mas que servia para fazer crescer a Vida Divina, a qual não
se adapta a alimentos humanos, senão que quer seus mesmos alimentos divinos para crescer e
formar sua própria Vida no fundo do interior da alma. Olhe, pode-se dar amor maior, união mais
íntima e inseparável, que expor nosso Ser Divino, nossas qualidades imensas e infinitas por
alimento, para fazê-la crescer com nossas semelhanças? E além disso, servir-nos delas para lhe
fornecer os alimentos para não nos fazer ficar em jejum em sua alma, e assim possa dizer: ‘Deus
alimenta minha alma, e eu com o alimento que me dá alimento sua Vida e a faço crescer em mim’.
O amor só está contente quando pode dizer: ‘Tu me amaste, e eu te amei; o que tu fizeste por mim,
eu o fiz por ti’. E como sabemos que a criatura não pode nos igualar jamais, lhe damos do nosso, e
assim igualamos as partes e ficamos contentes e felizes, ela e Nós, porque o verdadeiro amor só
se sente feliz e satisfeito quando pode dizer: ‘O que é teu é meu’. E não creia que isto foi para o
primeiro homem, o que fazemos uma vez o continuamos sempre, ainda agora estamos à
disposição das criaturas, cada vez que se une com nossa Vontade, que perde a sua na nossa, que
a faz dominar, são como tantas visitas que vem fazer a nosso Ser Supremo, e Nós, a deixaremos ir
em jejum? Ah! não, não só a alimentamos, senão que lhe damos do nosso, a fim de que tenha
alimentos suficientes para crescer como nosso Querer a quer, e a fim de que não lhe faltem os
meios necessários para fazer crescer sempre mais a nossa Vida nela. Muito mais, que por nossa
parte não lhe fazemos faltar nada, mas bem damos sempre em modo superabundante, se falta
alguma coisa será sempre por parte da criatura, mas por Nós, jamais”.
(3) Depois disto minha pobre mente continuava a perder-se no Querer Divino, e meu sempre
amável Jesus adicionou:
(4) “Minha filha bendita, minha Divina Vontade é depositária de tudo o que foi feito por Nós, e de
tudo o que fizeram as criaturas, nem sequer um pensamento, uma palavra, as obras maiores como
as menores, os passos, os batimentos, os respiros, as penas, tem tudo depositado nela, nada lhe
escapa, assim que tudo o que você faz toma posto em minha Vontade, nem você pode esconder
nada, porque com sua imensidão te envolve, com sua potência é autora de tudo o que você faz, e
com seus direitos divinos é dona de possuir, de conhecer, e de conservar tudo o que é feito pelas
gerações humanas, e de as recompensar e punir conforme merecem. É tanta sua bondade e
potência ao mesmo tempo, que assim como não perde nem uma estrela, nem uma gota de luz que
possui o sol, nem uma gota de água do mar, assim não perde nem sequer um pensamento de
criatura, e ainda que quisesse perdê-lo não pode, sua onividência o encontra em ato em sua
Vontade. Oh! se as criaturas compreendessem que uma Vontade Divina recebe em depósito tudo o
que fazem e pensam, como estariam atentas a que tudo fosse santo e reto, e chamariam a esta
Vontade Suprema como vida de tudo o que fazem, a fim de que nenhum juízo desfavorável
pudessem receber seus atos, porque estariam em depósito no mesmo Querer Divino como atos e
efeitos seus, aos quais ninguém pode ter a audácia de julgá-los, e serão premiados como atos de
um Querer Divino que age na criatura.
(5) Além disso, como a Divina Vontade é depositária de todos e de tudo, assim a vontade humana
é depositária de todos os seus pensamentos, palavras, obras e passos, etc., nada perde de tudo o
que faz, antes formam uma só coisa com ela, e fica escrito e selado com caracteres indeléveis
cada um dos pensamentos, palavras, penas sofridas, tudo; pode-se dar que a memória não leve
conta de tudo, muitas coisas as esqueceu, mas a vontade tudo esconde e nada perde, assim que é
a depositária e portadora de todos os seus atos. Assim, o Querer Divino é depositário e portador de
todos e de tudo, e o querer humano é depositário e portador individual de si mesmo. Que triunfo
será eternamente, que honra e glória de quem santamente pensou e operou! E que confusão de
quem depositou no querer humano pecados, paixões, obras indignas, e se tornará ele mesmo
portador de seus próprios males. E se os males forem graves será pasto das chamas infernais, e
se menos graves, será pasto das chamas purgantes, que por caminho de fogo e de penas
purificarão aquela vontade humana suja, mas não poderão restituir-lhe o bem, as obras santas que
não fez. Por isso esteja atenta, porque tudo vem numerado e escrito, nem tu nem Nós perdemos
nada, ainda um pensamento, uma palavra, terá sua vida perene, e serão como fiéis amigos e
inseparáveis da criatura, por isso é necessário que te formes os amigos santos e bons, para que
possam dar-te paz, felicidade e glória perene”.
33-2
Novembro 26, 1933
As obras de Deus preparam a mesa à criatura, e vivendo em seu Querer Divino faz de rainha
nos mares do Ente Supremo. Quem faz seu querer se afasta de todos e fica sozinho, e fica abandonada e extraviada da Criação.
(1) Eu estava fazendo meu giro nas obras do Fiat Divino, e como sou muito pequena sinto a
necessidade de ser levada em seus braços, de outra maneira, ou me extravio na imensidão e
multiplicidade de suas obras, ou não sei seguir adiante, mas como me quer fazer conhecer suas
obras, onde se encontra seu amor falante e operante, e diz quanto e como me amou, por isso me
leva entre seus braços e me conduz pelas intermináveis vias de sua Santa Vontade; mas isto não
basta, em cada obra sua encerrada em mim, por quanto posso conter, o amor de cada obra, quer
ouvir em mim o som do amor que cada obra contém; eu também sou uma obra sua, um ato de sua
Vontade, e tendo feito tudo por amor meu quer que eu tranque em mim todos os sons e teclas de
amor que contêm suas obras. Então enquanto girava em suas obras, o amado Jesus me
surpreendeu e disse:
(2) “Minha filha bendita, não pode entender quanto me agrada te ver girar nas obras criadas por
Nós, elas estão grávidas de amor, e conforme você gira no meio delas, elas transbordam amor e te
dão o amor do qual estão cheias, e é esta uma das razões pelas quais quero que gires nas nossas
obras, elas preparam a mesa do nosso amor às criaturas, e sentem-se honradas por ter uma
irmãzinha no meio delas, que se alimenta e que forma nelas tantos sons de amor ao seu Criador
por quantas obras foram criadas. Mas isto não é tudo, minha Divina Vontade não se contenta em
fazê-la girar em nossas obras, senão que depois que a fez girar fazendo-a conhecer tantas coisas
da Criação e enchendo-a até a borda de amor, a conduz entre seus braços ao seio do Ente
Supremo, que como uma pequena pedra a lança nos mares intermináveis de seus atributos, e a
pequena filha de nosso Querer o que faz? Como uma pedra lançada no mar faz encrespar todas as
águas do mar, assim ela move todo o mar do nosso Ser Divino, e enquanto nada n’Ele se afoga de
amor, de luz, de santidade, de sabedoria, de bondade, e assim do resto, e oh! como é bonito vê-la,
ouvi-la dizer enquanto se sente afogada: ‘Todo o teu amor é meu, e eu o ponho em ato de rogar-te
que faça vir o reino de sua Vontade sobre a terra. Tua santidade é minha, tua luz, tua bondade, tua
misericórdia é minha, não é minha pequenez que te roga, não, mas teus mares de potência, de
bondade que te rogam, que te pressionam, que te assaltam, e querem tua Vontade reinante sobre
a terra’. Assim que se vê a pequenez da criatura fazer de rainha em nosso Ser Divino, reunir juntas
nossa imensidão e potência e fazer-nos pedir a Nós mesmos o que ela quer e Nós queremos, ela
compreende bem que não há outro bem que nossa Vontade, e para obter a tentativa nos faz pedir
pela infinidade de nossas qualidades divinas, e se vê a pequena menina, pequena e potente,
enriquecida com as prerrogativas de nossas qualidades divinas, como se fossem suas, que lhe dá
tal encanto e beleza de nos arrebatar, nos enfraquecer, para nos fazer o que ela quer e Nós
queremos, ela se torna nosso eco, e não sabe nos dizer outra coisa nem pedir outra coisa, mais
que a nossa Vontade invada tudo e forme uma só Vontade com todas as suas criaturas. Assim,
quando a criatura entendeu o que significa Vontade Divina e sente correr nela sua Vida, não sente
mais necessidade de nada, porque possuindo meu Querer possui todos os bens possíveis e
imagináveis, só lhe resta o delírio, Ele quer que a minha Vontade abrace todos e se constitua vida
de todos, e isto porque vê que a minha Vontade quer, e isto quer a sua pequenez”.
(3) Depois continuava pensando na Divina Vontade, e o grande mal que leva fazer a vontade
humana, e meu amado Jesus suspirando acrescentou:
(4) “Minha filha, quem faz a própria vontade se afasta de todos e trabalha por si mesmo, não há
quem lhe ajude, nem quem lhe dê a força, nem quem lhe dê a luz para fazer o melhor do que faz,
assim que todos a deixam em poder de si mesma, isolada, sem apoio, e sem defesa, pode-se
chamar a desamparada, a extraviada da Criação, justa pena de quem quer fazer sua vontade,
sentir todo o peso da solidão em que ela se meteu, e a falta de todas as ajudas, e oh! a dor que
sinto ao ver tantas criaturas afastadas também de Mim, e Eu para lhe fazer sentir o que significa
fazer sem minha Vontade, fico como distante, fazendo-lhe sentir todo o peso do querer humano, o
qual não lhe dá jamais descanso e se torna seu mais cruel tirano. Todo o contrário para quem faz
minha Vontade, todos estão com ela, o Céu, os santos, os anjos, porque por honra e respeito de
meu Querer Divino todos têm o dever de ajudar aquela criatura e sustentá-la naqueles atos onde
entra minha Vontade.
Ela mesma a põe em comunicação com todos, e a todos manda que ajudem,
defendam, e lhe façam o cortejo de sua companhia, já lhe sorri a graça, a luz brilha em sua alma, e
lhe fornece o melhor, o mais belo de seus atos, Eu mesmo fico empenhado em quem faz minha
Vontade e faço correr em seus atos os meus, para ter a honra, o amor, a glória de meus atos no
ato da criatura que atuou em minha Vontade, é por isso que sente a conexão com todos, a força, o
apoio, a companhia, a defesa de todos. Portanto, quem faz a minha Vontade e vive n’Ela, pode
chamar-se a reencontrada da Criação, a filha, a irmã, a amiga de todos. Ela faz como o sol que
desde a altura de sua esfera faz chover luz, e estendendo-se contém tudo em sua luz, se dá a
todos, não se nega a ninguem, e como fiel irmã se abraça com todas as coisas, e dá como penhor
de seu amor a cada coisa criada seu benéfico efeito, constituindo-se vida do efeito que dá: Em
quem forma a vida da doçura, em outras coisas criadas a vida do perfume, em outras a vida das
cores, e assim por diante. Assim minha Vontade, desde a altura de seu trono faz chover sua luz, e
onde encontra a criatura que a quer receber para fazer-se dominar, a circunda, a abraça, a aquece,
a modela para fazê-la amadurecer, e assim encerrar sua Vida admirável como se fosse vida da
criatura, e com esta Vida tudo e todos estão com ela, como tudo é de minha Vontade adorável”.
34-2
Dezembro 8, 1935
Prodígios da Imaculada Conceição. Comunicação dos direitos divinos. Deus não quer fazer
nada sem sua Mãe Celestial.
(1) Estava a fazer a meu giro nos atos da Divina Vontade, e tendo chegado ao ato em que o Fiat
Onipotente criou a Virgem Imaculada detive-me, e oh! que surpresa de prodígios jamais escutados
unidos juntos, o encanto do céu, do sol e de toda a Criação não podiam comparar-se, oh! como
ficavam para trás diante da Rainha Soberana, e o meu doce Jesus ao ver-me tão surpreendida me
disse:
(2) “Minha filha bendita, você deve saber que não há beleza, nem valor, nem prodígios que possam
comparar-se à Imaculada Conceição desta celestial criatura, meu Fiat Onipotente fez d’Ela uma
nova criação, oh! quanto mais bela, mais prodigiosa que a primeira, meu Querer Divino em Si
mesmo não tem princípio nem fim, e o prodígio maior foi como se nesta criatura renascesse, e não
só, senão em cada instante, ato, oração que fazia, crescia, e neste crescimento minha Vontade
multiplicava seus prodígios em modo infinito. A criação do universo foi feita por Nós em modo
admirável, e é mantido por Nós sob o império de nosso ato criante e conservante, sem que
acrescentássemos nada, em troca nesta Virgem, mantemos o ato criante, conservante e crescente,
isto é o prodígio dos prodígios, a Vida de nosso Querer renascida n’Ela e seu crescimento contínuo
em cada ato que fazia, e nosso Fiat para renascer n’Ela se pronunciou no ato de sua Conceição, e
quando Este se pronuncia, nosso ato tem tal suntuosidade, sublimidade, alteza, imensidão, poder,
que toma a todos na rede de seu Amor, não põe a nenhum a um lado, todos podem tomar o bem
que possui nosso Fiat obrante, a menos que algum não o quisesse. Nossa Divindade ao ver nesta
Santa criatura como renascida a nossa Vontade, lhe participou seus direitos divinos, de modo que
era dona de nosso Amor, Potência, Sabedoria e Bondade, e Rainha de nosso Fiat. Ela com seu ato
crescente de nosso Querer nos arrebatava, nos amava tanto, que chegou a nos amar por todos, a
todas as criaturas as cobria, as escondia em seu amor e nos fazia ouvir o eco do amor de todos e
de cada um. Oh! como nos sentíamos atados e como feitos prisioneiros pelo amor desta Virgem
Santíssima, muito mais do que como nos amava, adorava, rogava, operava com o ato crescente do
nosso Fiat que possuía, trancava em si o seu Criador, conforme nos amava assim nos sentíamos
absorvidos n’Ela sem poder lhe resistir, era tanta sua potência que nos dominava e trancava em si
nossa Trindade Sacrossanta, e Nós a amávamos tanto que a fazíamos fazer o que Ela queria;
quem tinha coração para negar-lhe algo? Antes nos sentíamos mais felizes de satisfazê-la, porque
uma alma que nos ama é nossa felicidade, porque ouvimos o eco, a alegria de nossa felicidade
nela, e quem possui nossa Vontade como vida é tudo para Nós.
Este é o grande prodígio de quem possui a nossa Vontade como vida, sentir em si participar nos seus mesmos direitos divinos, com
isto sente que o seu amor nunca termina, e tem tanto que pode amar por todos e dar amor a todos;
com o seu ato crescente não diz jamais basta à sua santidade. Muito mais que a Soberana Rainha
com possuir nossa Vontade como vida, tinha sempre o que nos dar, sempre que dizer, nos tinha
sempre ocupados e Nós tínhamos sempre o que dar, e sempre nossos segredos amorosos para
comunicar-lhe, tanto que nada fazemos sem Ela, primeiro nos entendíamos com Ela, depois o
colocávamos em seu materno coração, e de seu coração desce no afortunado que deve receber
aquele bem. Então não há graça para descer sobre a terra, não há santidade que se forme, não há
pecador que se converta, não há amor que parta do nosso trono, que primeiro não seja posto no
seu coração de Mãe, que forma a maturação daquele bem, o fecunda com o seu amor, o enriquece
com as suas graças, e se é necessário com a virtude de suas dores, e depois o põe em quem o
deve receber, de modo que quem o recebe sente a Paternidade Divina e a Maternidade de sua
Mãe Celestial. Podemos fazer sem Ela, mas não queremos, quem terá coração de afastá-la?
Nosso Amor, nossa Sabedoria infinita, nosso próprio Fiat se impõe sobre Nós, e não nos faz fazer
nada que não desça por meio dele. Vê então até onde chega nosso Amor por quem vive da
Vontade Divina, até não querer fazer nada sem Ela, é a harmonia de nossa Sabedoria infinita, que
assim como a Criação do universo gira sempre em torno de Nós, e à medida que a terra gira
fecundando e mantendo a vida natural a todas as criaturas, assim esta nova criação da Conceição
da Imaculada Senhora gira sempre em torno de Deus, e Deus gira sempre em torno d’Ela, e
mantêm a fecundidade do bem, formam a santidade das almas e a chamada às criaturas a Deus”.
35-2
Agosto 9, 1937
Prodígios de amor no Querer Divino. Como duplica seu amor para fazer-se amar com seu
mesmo amor. Como a Rainha do Céu formará a nova hierarquia em sua herança.
(1) Meu voo continua no Querer Divino, e Ele me espera com tanto amor que me toma entre seus
braços de luz e me diz:
(2) “Minha filha, te amo, te amo, e você me diz que me ama para poder apoiar meu grande te amo
sobre seu pequeno te amo, e Eu, lançando-o na imensidão de meu Fiat te faço amar por todos e
por tudo, e você me ama por todos e por tudo. Sou a imensidão e me agrada dar e receber das
criaturas meu amor imenso, porque dou e recebo as harmonias, as múltiplas notas, as doçuras, os
sons encantadores e arrebatadores que há em meu amor. Quando minha Vontade ama, o céu, o
sol, a Criação toda, os anjos, os santos, todos amam junto Comigo, e se põem atentos para
esperar o te amo daquele a quem foi dirigido seu te amo, e por isso sobre as asas de meu Querer
envio a todos teu te amo, como para pagar-lhes o que todos te amaram junto Comigo. Se se ama é
porque se quer ser amado, não ser correspondido no amor é a pena mais dura que faz dar em
delírio, é o prego mais transpassante, que só pode ser tirado pela medicina, o bálsamo do amor
correspondido”.
(3) Depois pensei entre mim: “Meu Deus, quem poderá retribuir-te e pagar-te por tanto amor teu?
Ah! talvez só a Rainha do Céu pode se vangloriar de ter correspondido ao seu Criador em amor, e
eu? E eu?” E me sentia oprimida, e meu sempre amável Jesus me fazendo sua breve visita, todo
bondade me disse:
(4) “Filha de minha Vontade, não temas, para quem vive n‟Ela há sumo acordo no amor, porque
minha Vontade possuindo sua Vida na criatura, duplica seu amor, e quando quer amar ama em Si
mesma e ama dentro da alma, porque nela possui sua Vida; em meu Querer o amor está em sumo
acordo, as alegrias, a felicidade do puro amor estão em pleno vigor. Nossa paterna Bondade é
tanta para quem vive em nosso Querer, que numeramos os respiros, os batimentos, pensamentos,
palavras, movimentos, para corresponder com os nossos e preenchê-los todos de amor, e em
nossa ênfase de amor dizemos: „Nos ama e devemos amá-la’. E enquanto a amamos, libertamos
tais dons e agradecemos-lhe por deixar estupefatos o Céu e a terra. Foi o que fizemos com a
nossa Rainha, desabafamos tanto, mas sabes o que significa este desabafo? Nos olhamos a Nós
mesmos e queremos dar o que somos e o que possuímos, a dessemelhança nos poria em pena, e
a criatura vendo-se ao contrário de Nós não estaria Conosco com a confiança de filha e com o
domínio de quando se possuem os mesmos bens, os mesmos dons, esta disparidade seria um
obstáculo para formar uma só vida e para nos amar com um só amor, enquanto o viver em nosso
Querer Divino é propriamente isto, uma só Vontade, um só amor, bens comuns, e tudo o que
poderia faltar à criatura damos-lhe do nosso para supri-la em tudo e poder dizer: „O que queremos
Nós quer ela, o nosso amor e o seu é um só, e assim como a amamos ela nos ama’.
(5) Minha filha, nos faltaria a força se não elevássemos a criatura que vive em nossa Vontade ao
nível de nossa semelhança e fazê-la possuir nossos bens, tão é verdade, que minha Mãe Celestial,
como vivia em meu Fiat, possuía a mesma Vida d‟Ele, nos amamos com um só amor, amamos as
almas com um amor gêmeo. E é tanto o nosso amor por Ela, que assim como Nós temos a
hierarquia dos anjos no Céu, a diversidade das ordens dos santos, Ela, por ser a Imperatriz
Celestial, a herdeira da grande herança de nossa Vontade, quando este reino se forme sobre a
terra, a grande Senhora chamará seus filhos a possuir sua herança e lhe daremos a grande glória
de fazê-la formar a nova hierarquia, semelhante aos nove coros dos anjos, assim que terá o coro
dos serafins, o dos querubins, e assim de todos os demais coros, como também formará a ordem
dos santos que viveram da sua herança, e depois de os ter formado na terra, os transportará ao
Céu, circundando-se da nova hierarquia, regenerados no Fiat Divino, em seu mesmo amor, tendo
vivido em sua herança. Isto será o cumprimento da obra da Criação, nosso „Consumatum resta’,
(discurso completo) porque tivemos o reino de nosso Querer nas criaturas em virtude da celestial
herdeira, que queria dar a vida por cada um para fazê-lo reinar.
E, oh! como ficaremos glorificados,felizes de que a soberana Senhora tenha sua hierarquia como a temos Nós, muito mais que a
nossa será sua, e a sua será nossa, porque tudo o que se faz em nosso Querer é inseparável. Se
você soubesse o quanto ama às almas esta Celestial Rainha, Ela, cópia fiel de seu Criador, olha
em Si mesma e encontra seus mares de amor, de graça, de santidade, de beleza, de luz; olha para
as criaturas e quer dar-se toda Si mesma com todos os seus mares, a fim de que possuam a Mãe
com todas as suas riquezas. Ver os filhos pobres enquanto a Mãe é tão rica, e só porque não
vivem na herança da Mãe, é uma dor, Ela gostaria de vê-los em seus mares de amor que
amassem a seu Criador como Ela o ama, escondidos em sua santidade, embelezados com sua
beleza, cheios de sua graça, e não vendo-os assim, se não fosse pelo estado de glória em que se
encontra, onde as penas não têm lugar, por pura dor teria morrido por cada criatura que não
vivesse no Querer Divino. Por isso Ela roga incessantemente, põe em oração todos os seus mares,
para impedir que a Divina Vontade se faça como no Céu assim na terra. É tanto seu amor, que em
virtude de nosso Querer se biloca em cada uma das criaturas para preparar o interior de suas
almas, as põe de acordo com seu coração materno, as estreita entre seus braços para dispô-las a
receber a Vida do Fiat Supremo, e oh! como ora em cada um dos corações a nossa Majestade
adorável dizendo-nos:
(6) “Fazei-o depressa, meu amor não pode mais conter-se, quero ver meus
filhos viverem junto Comigo nessa mesma Vontade Divina que forma toda minha glória, minha
riqueza, minha grande herança, confiem em Mim e Eu saberei defender tanto a meus filhos como à
mesma Vontade vossa que é também minha”.
(7) O amor desta Celeste Rainha e Mãe é insuperável, e somente no Céu conhecerão quanto ama
as criaturas e o que fez por elas. Seu ato mais exuberante, magnânimo e grande, é querer que
possuam o reino de meu Querer como o possuía Ela, e oh! o que esta Celestial Senhora não faria
para obter sua tentativa. Também tu, junta-te a Ela e roga por esta finalidade tão santa”.
36-2
Abril 15, 1938
Quem vive em nosso Querer Divino, conforme respira, move-se no Fiat, toda a corte celestial
sente em si o respiro, o movimento dela, e a virtude conquistante e felicitante da qual é
portadora. Condições dolorosas nas quais se encontra a Divina Vontade quando é rejeitada.
(1) Minha pobre mente corre, voa no Querer Divino como a seu centro para descansar, para deixar
seus trapos e tomar em troca os vestidos de sua luz, seu respiro, seu batimento, seu movimento
que se move em todos e em tudo, e que dá vida a todos e a tudo. Agora, enquanto nadava no mar
das alegrias do Fiat Divino, o meu sempre amável Jesus fazendo-me a sua breve visita, com um
amor indizível me disse:
(2) “Minha pequena filha de meu Querer, como é belo viver em minha Vontade, assim que a alma
entra n’Ela, respira com nosso respiro, bate com nosso batimento, se move em nosso movimento,
se põe em comunhão com todos e faz o que fazem os anjos, os santos, e todas as coisas criadas,
e faz todos fazerem o que ela faz. As maravilhas que há em nosso Querer são surpreendentes, as
cenas são tão comovedoras, que põem a todos atentos para desfrutar-se cenas tão singulares,
pelas quais ficam arrebatados, e quem sabe o que fariam com tal de ser espectadores e gozar
cenas tão deleitáveis de quem vive em nosso Querer?
(3) Agora, você deve saber que assim que a alma entra em nosso Querer, respira, bate e se move
em nosso movimento, mas sua respiração, batimento e movimento não os perde, nem se separam
dos nossos; e como nossa Vontade se encontra por toda parte e circula mais que respiro,
batimento e movimento de todos, o que está acontecendo? Acontece que os anjos e santos, nossa
própria Divindade, a Criação toda, sentem junto com minha Vontade o respiro, o batimento da
criatura neles, e a sentem mover-se em seu movimento, até no centro de suas almas; este
movimento da criatura feito em meu Querer está cheio de felicidade, de alegrias indizíveis e novas,
das quais a alma peregirna, não gozando mas sofrendo e conquistando com seu livre arbítrio, é
portadora para cada um dos bem-aventurados só ao respirar, bater ou mover-se. E na plenitude da
alegria da qual a alma é portadora, da qual o meu Querer não separa jamais suas sempre novas
alegrias, mesmo do respiro feito em sua Vontade, e como está o livre arbítrio que forma o ato
conquistador da criatura, põe o seu novo gosto sedutor neles, e oh! como são felicitados todos os
bem-aventurados, nossa própria Divindade e a Criação toda, e em seu ênfase de amor e na
plenitude da alegria dizem: ‘Quem é aquele que respira, pulsa e se move em nós? Quem é aquele
que da terra nos traz o ato conquistador das puras alegrias e do novo amor, o que não temos no
Céu e que tanto nos felicita e aumenta nosso amor por quem tanto nos ama?’ E todos em coro
dizem: ‘Ah, é uma alma que vive na Divina Vontade sobre a terra!’
Que prodígios, que maravilhas, que cenas tão encantadoras, um respiro que respira em todos, até em seu Criador, que se move
em todos, até no céu, nas estrelas, no sol, no ar, no vento, no mar, que toma tudo em um punho
em seu próprio movimento e dá a Deus amor, adoração, tudo o que cada um deveria e que não dá
e não deu, e dá a todos a seu Deus, seu amor, sua Vontade! A criatura se faz portadora de tudo a
Deus, e de Deus a todos. E ainda que nenhuma criatura nos tome, Nós ficamos igualmente
amados e glorificados, porque um ato, um movimento em nossa Vontade, é tanta sua plenitude,
que as criaturas e tudo ficam como tantas gotas de água de frente a um imenso mar, como tantas
pequenas chaminhas ante a grande luz do sol. Por isso, este movimento, respiro e batimento da
criatura em nossa Vontade, superabunda sobretudo, abraça a eternidade, neles se formam sóis e
mares extensíssimos que tudo podem nos dar, e se outros atos da criatura não são feitos em
minha Vontade, ficam tão pequenos como se não existissem. Oh minha vontade, como é
admirável, potente e amável! A criatura em Ti tudo nos pode dar, e tudo podemos dar-lhe, ela
cobre tudo e a todos com a tua luz, faz surgir o amor e dá-nos amor por todos, podemos dizer que
é a verdadeira reparadora, porque quando as criaturas nos ofendem, encontramos que em seu
amor pode nos esconder para nos amar, em sua luz para nos defender, e por caminhos de luz pôr
em fuga aqueles que nos querem ofender. Por isso, o que mais te importa é viver em nosso
Querer”.
(4) Depois acrescentou: “Minha filha, é tanto o amor por quem vive em nossa Vontade Divina, pois
conforme respira nos dá tudo o que temos feito: a Criação, os anjos, os santos, nosso mesmo Ser
Supremo, como homenagem, amor e glória nossa. E Nós, tomados por tal excesso de amor,
damos novamente a ela o que nos deu, assim que respira dá a Nós o que somos, e assim que
retira o fôlego, Nós lhe damos novamente o que nos foi dado, por isso estamos em relações
contínuas e trocamos dons contínuos. Com isto mantemos em contínuo vigor o amor, a
inseparabilidade, de não podermos nos separar um do outro e sentimos tal complacência que lhe
damos o que quer”.
(5) Mas enquanto me sentia imersa no Querer Divino, um pensamento me atormentava acerca de
meu pobre estado, o ter que sucumbir a uma espécie de morte cada noite, e já por cerca de
cinquenta anos ou mais, e além disso ter necessidade dos demais para sair desse estado. Meu
Deus, sinto uma pena que só Tu sabes quanto me custa, e só o temor de te desagradar e de não
cumprir tua Vontade me faz seguir adiante, de outra maneira quem sabe o que faria para não me
submeter. E o meu doce Jesus correu para mim, e, apertando-me fortemente nos seus braços,
disse-me:
(6) “Minha filha boa, ânimo, não te fiques tão aflita, Eu não quero que fiques. É o teu Jesus que
quer este teu estado tão doloroso. Este sucumbir como se perdesse a vida o sofro Eu junto contigo,
e o verdadeiro amor não sabe negar nada a quem ama. Além disso, este teu estado tão doloroso,
como se perdesses a vida, era necessário e querido por minha Divina Vontade, pois quis encontrar
em ti a reparação, a correspondência por tantas mortes que lhe fazem sofrer as criaturas quando a
rejeitam, não dando-lhe vida nelas. Seu submeter-se por tanto tempo a esta pena de morte,
ressarcia a minha Divina Vontade das tantas mortes sofridas, a chamava a beijar a humana
vontade para reconciliar-se mutuamente, e por isso pude falar tanto de minha Vontade para fazê-la
conhecer, e assim pudesse reinar, porque tinha quem me correspondesse e me ressarcisse as
tantas Vidas minhas, perdidas para elas, e para Mim rejeitadas, como sufocando-as na luz
inacessível de minha Vontade. Porque tu deves saber que em tudo o que a criatura faz, minha
Vontade corre para dar e formar uma Vida sua nela, e não recebendo-a, esta minha Vida morre
para a criatura, e te parece pouco? Oh, quão grande é minha dor ao ver tantas Vidas Divinas
minhas mortas para as criaturas! Por isso era necessário encontrar quem, de algum modo, me
ressarcisse, para voltar à tentativa de formar minha Vida nelas. Minha Vontade se encontra nas
condições de uma pobre mãe que está por dar à luz seu parto já maduro, e se impede que saia à
luz, sufocando-o no próprio seio; pobre mãe, sente morrer o parto em suas próprias entranhas, e
ela pela dor morre junto! Assim é minha Vontade, Ela sente em Si tantos partos de Vidas Divinas já
maduras, que quer tirá-las para dá-las às criaturas, mas enquanto quer tirá-las, sente-as sufocar no
próprio seio, e o parto morre para Ela, e enquanto morre o parto morre também Ela, porque sem a
minha Vontade não pode haver verdadeira vida de santidade, de amor, e de tudo o que pertence à
nossa Vida Divina. Por isso minha filha, acalma-te e não penses mais nisso, se isto fizemos, foi
feito com suma sabedoria, com amor que não podíamos conter, e pela ordem que temos em nosso
modo de agir. Por isso é necessário inclinar a testa e adorar o que Nós dispomos por amor das
criaturas”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade