20-57
Fevereiro 9, 1927
Incapacidade de escrever. Assim como o sol dá sempre luz, assim o Supremo Querer quer dar sempre a luz de suas manifestações. O que acontece quando se deixa de escrever o que Jesus diz.
(1) Sentia que não queria escrever porque me sentia incapaz, e não só isso, mas era tal e tanta a prostração das forças que sentia, que não podia fazê-lo, e pensava em mim que talvez não fosse mais Vontade de Deus que eu escrevesse, de outra maneira me daria mais ajuda e mais força, e
além disso se Ele quiser pode escrever sem mim”. E meu sempre amável Jesus movendo-se em meu interior me disse:
(2) “Minha filha, o sol dá sempre luz, não se cansa jamais de fazer seu curso e de investir a superfície da terra, e seu triunfo é quando encontra a semente para fazê-la germinar e desenvolvê-la para multiplicá-la, a flor para dar-lhe a cor e o perfume, o fruto para lhe dar a doçura e o sabor. O sol ao comunicar seus efeitos mostra com os fatos que é o verdadeiro rei da terra, por isso triunfa quando encontra a quem poder comunicar seus efeitos e exercitar seu ofício real sobre toda a natureza; em troca onde não encontra, em certas terras, nem sementes, nem flores, nem plantas,
nem frutos, não pode comunicar seus efeitos, se os tem todos nele e por isso se sente sem triunfo, é como um rei sem súditos, que não pode exercitar seu ofício, e por isso, como indignado porque não pode comunicar seus efeitos queima tanto aquela terra, que a faz estéril e incapaz de produzir um fio de erva. Agora minha filha, o sol é símbolo de minha Vontade e Ela por natureza sua, na alma onde reina quer fazer seu curso de luz, e como sua luz possui inumeráveis efeitos, não se cansa jamais nem se esgota, e por isso quer comunicar seus efeitos, e é seu triunfo quando
encontra em ti as disposições, nas quais mais que sementes, flores e frutos pode comunicar seus efeitos, o perfume, a cor, sua doçura, que convertendo-se em conhecimentos que a Ela pertencem forma o encanto de seu jardim, e o meu Fiat Divino, mais do que o sol, sente-se rei que pode exercer o seu ofício real, sente que não só tem os seus súditos, mas também a sua filha, à qual comunica os seus efeitos, as suas manifestações, assim lhe comunica as semelhanças de rainha, e isto é todo o seu triunfo, transformar a alma em rainha e enfeita-la com as vestes reais.
E como todas as minhas manifestações sobre o Fiat Supremo formarão o novo jardim dos filhos do meu Reino, por isso quer dar sempre com a sua luz os seus efeitos em ti, para formá-lo rico e opulento de todas as espécies de flores, frutos e plantas celestiais, de modo que todos, atraídos pela variedade de tantas belezas, se sentirão como arrebatados e buscarão viver em meu Reino. Agora, se em ti faltassem as disposições para receber as comunicações dos efeitos do Sol da minha Vontade e de tirá-los para escrevê-los, para fazer conhecer o bem que Ela contém e seus inéditos prodígios, minha Vontade faria como o sol, te queimaria, de modo que ficaria como terra estéril e infecunda, e além disso, como posso escrever sozinho sem você? Minhas manifestações devem ser palpáveis, não invisíveis, devem cair sob os sentidos das criaturas, as coisas invisíveis o olho humano não tem virtude de olhá-las, seria como se te dissesse: ¨Escreva sem tinta, sem caneta e sem papel.¨ Não seria absurdo e irracional? Então devo servir as minhas manifestações para uso de criaturas formadas de alma e corpo, também Eu tenho necessidade da matéria para escrever, e me a deves emprestar tu, assim que tu me serves de tinta, de pena e de papel, e com isto formo em ti meus caracteres, e tu, sentindo-os em ti, os faz sair e os torna palpáveis escrevendo no papel. Por isso você não pode escrever sem Mim, te faltaria o tema, o sujeito, o ditado diante para copiar, portanto não saberia dizer nada, e Eu não posso escrever sem você, me faltariam as coisas principais para escrever: O papel de sua alma, a tinta de seu amor, a pena de sua vontade. Por isso é um trabalho que devemos fazer juntos e de acordo de ambas as partes”.
(3) Então, enquanto escrevia, pensava em mim: “Antes de escrever certas pequenas coisas que Jesus me diz, me parecem de pouca importância e por isso não me parece necessário colocá-las no papel, mas no ato de escrevê-las, o modo em que Jesus as ordena em meu íntimo muda a cena
e me parecem pequenas na aparência, mas de grande importância na substância. Sendo assim, que contas darão a Deus aqueles que tiveram e têm autoridade sobre mim, quando não se impuseram com a obediência para fazer-me escrever, quantas coisas omiti quando não recebi nenhuma ordem? E Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:
(4) “Filha, certamente que me hão de prestar contas. Se acreditam que sou Eu, a conta será muito minuciosa, porque acreditar que sou Eu e não levar em conta até uma só palavra, é como se quisessem sufocar um mar de bem para utilidade das criaturas, porque minha palavra parte sempre
da força da potência criadora, com efeito, um Fiat disse na Criação e estendi um céu tachado com inumeráveis milhões de estrelas, outro Fiat e formei o sol; não disse vinte palavras para formar outras tantas coisas na Criação, mas um só Fiat bastou-me. Agora, minha palavra ainda contém
sua potência criadora, e não podem saber se minha palavra está destinada a formar um céu, uma estrela, um mar, um sol para as almas, portanto não levando em conta e não colocando-as à vista das criaturas, me vêm a rejeitar em Mim mesmo este céu, este sol, estrelas e mar que poderiam
fazer tanto bem às criaturas, e o dano que viria será imputado àquele que não dando importância o tem sufocado dentro de Mim. Se não acreditam que sou eu, pior ainda, porque são tão cegos que não têm olhos para ver o sol da minha palavra, e a incredulidade leva à obstinação e à dureza do
coração, em vez disso, a crença amolece o coração e o dispõe a fazer-se subjugar pela graça e a dar-lhe a vista para poder compreender minhas verdades”.
21-6
Março 13, 1927
Como a Vontade Divina não deixa ninguém. Como Ela tem a virtude regeneradora e tem tudo em seu próprio punho.
(1) Minha pobre existência vive sob a pesada pressão da privação de meu doce Jesus, as horas me parecem séculos sem Ele e sinto todo o peso de meu duro exílio. Oh Deus! que pena viver sem Aquele que forma minha vida, meu coração, meu fôlego. Jesus, que duro rasgo é para mim tua
privação, tudo é obstáculo, tudo é dificuldade, como pode resistir a bondade de teu terno coração me ver tão paralisada unicamente por tua causa? Como pode me deixar por tanto tempo? Não te ferem mais meus suspiros, não te comovem meus gemidos, meus delírios que te buscam, não por
outra coisa senão porque querem a vida, é vida o que quero, não outra coisa, e você me nega esta vida? Jesus, Jesus! Quem diria que você teria me deixado por tanto tempo. Ah! Volte, volte, porque não posso mais. Então enquanto desabafava minha dor, meu amado Jesus, minha doce Vida se moveu em meu interior e me disse:
(2) “Minha filha, se a ti parece que te deixei e não sentes a minha Vida em ti, a minha Vontade não te deixou, mas sim a sua Vida em ti estava na sua plenitude, porque Ela não deixa a nenhum, nem sequer aos condenados no inferno, mas bem ali está cumprindo sua Justiça inexorável e
irreconciliável, porque no inferno não há reconciliação, antes forma seu tormento; é justo que quem não quis recebê-la para ser amado, feito feliz, glorificado, a receba para ser atormentado e humilhado. Por isso a minha vontade não deixa a nenhum, nem no Céu, nem na terra, nem no inferno, tem tudo em Si como em seu próprio punho, nenhum pode lhe escapar, nem o homem, nem o fogo, nem a água, nem o vento, nem o sol, onde quer que tenha o seu império e estenda a tua Vida imperando e dominando tudo. Se nada deixa e tudo investe, poderia acaso deixar a sua pequena filha primogênita onde concentrou seu amor, sua Vida e seu Reino? Porque, se bem que a minha Vontade Divina se estenda por toda a parte e tenha sobretudo o seu império, se a criatura a ama, faz-se todo o amor e dá o seu amor; se a quer como vida, forma sua Vida Divina nela; se a quer fazer reinar, se forma seu Reino, desenvolve seus atos segundo as disposições das criaturas;
Tem a virtude regeneradora, regenera a Vida Divina, a santidade, a paz, a reconciliação, a felicidade, regenera a luz, a beleza, a graça; Ela sabe fazer tudo, dá-se a todos, estende-se onde quer que seja, os seus atos são inumeráveis, multiplicam-se ao infinito; a cada criatura dá um ato
novo conforme estão dispostas, a sua variedade é inalcançável. Quem pode jamais fugir da minha vontade? Ninguém, deveria sair da Criação ou ser um ser não criado por Nós, o que não pode jamais ser, porque o direito de criar é só de Deus. Por isso minha Vontade não te deixará jamais,
nem em vida nem em morte, nem depois de morta, muito mais que regenerando-te como seu parto especial, ambas quereis que forme seu Reino, e onde Ela está, estou Eu em meu pleno triunfo; pode haver uma vontade sem a pessoa que possui este querer? Certamente que não; nem te admires se frequentemente sentes em ti como se minha Vida terminasse, sentes que termina mas não é verdade. Acontece como às coisas criadas, que parece que morrem mas logo ressurgem sempre; o sol parece que morre, mas porque a terra gira perde o sol e parece que morre, mas o sol
vive e está sempre em seu posto, tão é verdade que girando mais a terra encontra de novo seu sol, como se renascesse a vida nova para ela. À terra parece que tudo lhe morre, as plantas, as belas flores, os frutos deliciosos, mas depois tudo lhe ressurgem e adquirem a vida, mesmo a mesma natureza humana, com o sono parece que morre, mas do sono ressurge mais vigorosa e refeita.
De todas as coisas criadas só o céu está sempre fixo, não morre jamais, símbolo dos bens estáveis da Pátria Celestial, não sujeitos a mudanças, mas todas as outras coisas, a água, o fogo, o vento, tudo, parece que morrem, mas depois ressurgem animadas todas por minha Vontade, não sujeita a morte e que possui o ato de fazer ressurgir quantas vezes quer todas as coisas. Mas enquanto parece que morrem, têm vida perene em virtude da força regeneradora da minha Vontade. Assim acontece em ti, parece-te que minha Vida morre, mas não é verdade, porque estando em ti meu Querer está a virtude regeneradora que me faz ressurgir quantas vezes quer. Onde está meu Fiat não pode haver nem morte nem bens que terminam, senão vida perene não sujeita a terminar”.
22-6
Junho 26, 1927
Todas as coisas de Deus têm o mesmo peso. Tudo o que Deus fez na Criação está adornado por seu amor, e isto o sente quem vive na Divina Vontade.
(1) Estava a fazer o meu habitual giro no Fiat Divino, e enquanto girava por toda a Criação pensavapara mim: “Quanta luz e calor terá em si o meu Criador, se tanto disso pôs fora ao criar o sol. Oh! Como se deve sentir queimar pelo seu calor se tanto contém”. E enquanto pensava assim, o meu
doce Jesus mexeu-se dentro de mim e disse-me:
(2) “Minha filha, em nossas coisas há perfeita e igual medida de tudo, assim na medida em que é o amor, o calor, a luz, outro tanto é a frescura, a beleza, a potência, a doçura, etc. Um é o peso de tudo e por isso o calor vem alimentado pela frescura e a frescura pelo calor; a luz vem alimentada
pela beleza e a beleza é alimentada pela luz, de modo que uma modera a outra; a fortaleza alimenta a doçura, e a doçura à fortaleza, e assim por todo o resto de nossas coisas divinas, de maneira que cada uma nos felicita. Cada uma de nossas qualidades, separadamente, nos oprimiriam, em troca juntas, sendo de perfeita igualdade, nos servem de felicidade, de alegria, de contentamentos, e todos fazem competição para nos fazer felizes: O calor nos leva a felicidade do amor e a frescura nos leva a alegria do belo, do fresco; a luz nos leva a alegria da luz, e a beleza moderando o viveiro da luz nos leva a felicidade do belo, do bom, do santo, da imensidão, ela entrelaça todas as nossas qualidades e todas as tornam belas, amáveis e admiráveis; a fortaleza leva-nos a felicidade dos fortes, e a doçura que traz toda a alegria nos traz as alegrias misturadas de doçura e força. E tudo o que se vê na Criação não são outra coisa que desabafos da abundância da luz, do calor, da frescura, beleza e fortaleza que possuímos dentro de nós, e estes desabafos foram postos fora de Nós para alimentar e fazer felizes às criaturas com nossos mesmos desabafos, em modo de fazê-las felizes, e por meio de alimentar-se de nossas qualidades fazer-se semelhantes a Nós, e as criaturas deviam ser portadoras de felicidade e de alegrias ao seu Criador. Como devia ser belo vê-las luminosas como sóis, mais belas que prado florido e céu estrelado, fortes como vento impetuoso adornado de frescura divina, de forma a manter-se sempre novos e frescos sem se mudar. Nossa Vontade lhes levaria todos nossos desabafos unidos juntos, onde um felicita ao outro, mas como o homem se subtraiu do Fiat Supremo recebe nossos desabafos separados um do outro, e por isso o calor o queima, a luz o eclipsa, o frio o entorpece, O vento o danifica e muitas vezes o aterroriza, o derruba. Nossas qualidades não vendo no homem a cópia de seu Criador, nem o vínculo da união com o Fiat Divino, agem separadas sobre ele e não recebe a felicidade que unidas elas contêm. Por isso com minha Vontade a criatura teria sido o ser mais feliz; em troca sem Ela é o mais infeliz”.
(3) Depois continuava meu voo no Querer Divino, e sobrevoando sobre cada pensamento de criatura e ato, sobre cada planta e flor, selava meu te amo e pedia o reino do Fiat Divino. Mas enquanto fazia isto pensava para mim: “Que grande história em minha pobre mente, não parece que possa me afastar, devo ir encontrando todos os tempos, todos os lugares, todos os atos humanos, até plantas e flores e tudo, para imprimir um te amo, um te adoro, um te abençoo, um obrigado, e pedir seu reino”. Mas enquanto eu pensava assim, o meu doce Jesus a mover-se de
novo dentro de mim disse-me:
(4) “Minha filha, achas que és tu quem está a fazer isto? Não, não, é minha Vontade que vai buscando todos seus atos que pôs fora na Criação, adornando cada ato seu, pensamento, palavra, passo, com seu te amo, e este te amo corre através de cada ato e pensamento para cada criatura.
Quem está em minha Vontade sente este amor de Deus espalhado por toda parte, até nas plantas, nas flores, até debaixo da terra nas raízes, seu amor está escondido, porque não podendo contê-lo rasga a terra e adorna plantas e flores com seu te amo para manifestar seu ardente amor pela
criatura, e minha Vontade reinando na alma quer continuar seu te amo da Criação e por isso te chama a seguir seu amor eterno, e chamando cada um dos pensamentos e atos, e todos os elementos criados, diz e faz-te dizer, e faz-te pedir com a sua própria Vontade o seu reino para o ligar de novo entre as criaturas. Que encanto minha filha, ver teu te amo unido àquele de meu Querer, que corre em cada pensamento e ato de criatura e pede meu reino, ver correr este te amo na impetuosidade do vento, estender-se nos raios do sol, murmurar no murmúrio do mar, no fragor das ondas, imprimir-se sobre cada planta e elevar-se com a adoração a mais bonita no perfume das flores e mais do que voz trêmula dizer, eu amo-o no tremor doce e cintilação das estrelas’, em resumo, em toda parte. Quem não vive no meu Querer Divino não escuta esta linguagem do meu eterno amor em todos os seus atos e em cada uma das coisas criadas, mas quem vive n’Ele sente-se tantas vezes chamada a amar por quantas vezes o seu Criador a amou. Todas as coisas lhe falam com santa eloquência de meu amor. Que ingrata seria se não seguisse o amor falante de
meu eterno Fiat”.
23-6
Outubro 6, 1927
Como quem trabalha na Divina Vontade trabalha nas propriedades divinas e com seus atos forma sóis. Como quer encontrar a alma em todas as coisas criadas.
(1) Estava continuando meus atos no Fiat Divino, e meu doce Jesus movendo-se dentro de mim me disse:
(2) “Minha filha, que trabalha em minha Vontade trabalha em minhas propriedades divinas, e ela forma em meus intermináveis bens de luz, de santidade, de amor, de felicidade sem fim, seus atos, os quais se transformam em tantos sóis, reproduzidos estes sóis por minhas mesmas qualidades que se prestaram ao ato da alma por decência dela e para fazer que fossem atos dignos do seu Criador e para permanecer estes atos como atos perenes no próprio Deus, que o glorificam, o amam com seus mesmos atos divinos. Então Adão antes de pecar formou tantos sóis em seu Criador por quantos atos fez; agora, quem vive e trabalha em minha Vontade encontra estes sóis feitos por ele, por isso teu empenho é de seguir os primeiros atos da Criação, de tomar teu posto de trabalho junto ao último sol, ou melhor, do último ato que fez Adão quando possuía a unidade de Vontade com seu Criador, deves suprir ao que ele não continuou fazendo porque saiu de dentro de minhas propriedades divinas e seus atos já não foram sóis, porque não tinha mais em seu poder minhas qualidades divinas que se prestavam para fazê-lo formar os sóis, ao mais, seus atos se reduziram por quanto bons eram, a pequenas chamas, porque a vontade humana sem a minha não tem virtude de poder formar sóis, faltam-lhe as matérias primas, seria como se você quisesse formar um objeto de ouro sem ter em seu poder o metal do ouro, por mais boa vontade que tivesse, seria impossível. Somente minha Vontade tem luz suficiente para fazer formar os sóis à criatura, e esta luz a dá a quem vive nela, em suas propriedades, não a quem vive fora dela. Então deves suprir todas as outras criaturas que não possuíram a unidade com minha Vontade, teu trabalho é grande e extenso, tens muito que fazer em meus intermináveis confins, por isso sê atenta e fiel”.
(3) Depois continuava meus atos em seu Querer adorável, e girando por toda a Criação, meu Sumo Bem Jesus adicionou:
(4) “Minha filha, assim como minha Vontade Divina está espalhada em toda a Criação, assim tu, unida com Ela, posso encontrar-te em todas as coisas criadas, como espalhada em cada uma delas: Serás o coração da terra, para encontrares nela a tua vida palpitante, que com o seu contínuo pulsar me dá o amor de todos os seus habitantes; serás a boca do mar, que me fará ouvir a tua voz nas suas ondas altíssimas e no seu contínuo murmúrio, que me louvas, me adoras, me agradeces, e no serpenteio dos peixes me dê teus beijos afetuosos e puros, por ti e por aqueles que atravessam o mar; serás os braços do sol, que te estendendo e alargando-te em sua luz, onde sinta teus braços que me abraçam, me estreitam fortemente para dizer-me que só a Mim buscas, só a Mim queres e amas; serás os pés do vento para correr a meu lado e fazer-me sentir o doce
caminhar de teus passos, que jamais deixam de correr embora não me encontres; não estou contente se não encontro a minha pequena filha em todas as coisas criadas por Mim por seu amor.
Eu pergunto a toda a Criação: Será que a pequena filha da minha Vontade está aqui? Porque eu quero entreter-me e me alegrar com ela’. E se eu não encontrá-la, Eu perco minha alegria e meu doce entretenimento”.
(5) Depois disto seguia o meu amado Jesus nos atos que fez na Redenção, tentava segui-lo palavra por palavra, obra por obra, passo a passo, não queria que nada me fugisse, para apressá-lo e pedir-lhe em nome de todos os seus atos, lágrimas, orações e penas, o reino de sua Vontade Divina entre as criaturas, e meu adorado Jesus me disse:
(6) “Minha filha, quando Eu estava na terra, minha Vontade Divina que por natureza reinava em Mim, e aquela mesma Vontade Divina que existia e reinava em todas as coisas criadas, a cada encontro se beijavam mutuamente e suspirando seu encontro faziam festa, e as coisas criadas faziam concorrência para encontrar-me e dar-me as homenagens que me convinham. A terra enquanto sentia meus passos, para me dar sua homenagem ficava verde e florescia sob meus pés, queria fazer sair de seu seio todas as belezas que possuía, o encanto das flores mais belas a meu passo, tanto que eu muitas vezes tive que lhe ordenar que não me fizesse estas demonstrações, e ela para me prestar homenagem obedecia, assim como por me honrar florescia. O sol procurava sempre encontrar-se comigo para me dar as homenagens de sua luz, fazendo sair de seu seio solar toda a variedade das belezas, das cores, diante de minha vista para me dar as honras que merecia. Tudo e todos procuravam encontrar-me para fazer sua festa: o vento, a água, até o passarinho para me dar as honras de seus trinos, gorjeios e cânticos, todas as coisas criadas me reconheciam e faziam concorrência para ver quem mais pudesse me honrar e me fazer festa.
Quem possui minha Divina Vontade tem a vista para conhecer o que pertence a minha mesma Vontade, só o homem não me conheceu porque não possuía a vista e o fino olfato dela, devia dizer-lhe para me fazer conhecer, e muitos, com todo meu dizer, nem sequer acreditaram em mim, porque quem não possui meu Querer Divino é cego, surdo e sem olfato para conhecer o que a Ele pertence. O não possuí-lo é a maior infelicidade da criatura, é o pobre cretino, cego, surdo e mudo, que não possuindo a luz do meu Fiat Divino, serve-se das mesmas coisas criadas tomando os
excrementos que elas jogam, e deixam dentro delas o verdadeiro bem que contêm. Que dor, ver as criaturas sem a nobreza da Vida da minha Vontade Divina!”
24-6
Volume 24
15
Abril 12, 1928
Analogia entre o Éden e o Calvário. Não se forma um reino com um só ato. Necessidade da morte e ressurreição de nosso Senhor.
(1) Estava fazendo a meu giro no Fiat Divino e acompanhava o meu doce Jesus nas penas da sua Paixão, e seguindo-o no Calvário a minha pobre mente parou para pensar nas penas dilacerantes de Jesus sobre a cruz, e Ele movendo-se dentro de mim disse-me:
(2) “Minha filha, o Calvário é o novo Éden onde lhe vinha restituído ao gênero humano o que perdeu ao subtrair-se de minha Vontade.
Analogia entre o Calvário e o Éden: No Éden o homem perdeu a graça, sobre o Calvário a adquire; no Éden lhe foi fechado o Céu, perdeu sua felicidade e se tornou escravo do inimigo infernal, aqui no novo Éden lhe vem reaberto o Céu, quer a paz, a felicidade perdida, o demônio está
acorrentado e o homem fica livre de sua escravidão; no Éden escureceu e retirou-se o Sol do Fiat Divino e para o homem foi sempre noite, símbolo do sol que se retirou da face da terra nas três horas de minha tremenda agonia sobre a cruz, porque não podendo sustentar a vista da dor de seu
Criador, causado pelo querer humano que com tanta traição tinha reduzido a minha humanidade a este estado, horrorizado se retirou, e quando Eu expirei reapareceu de novo e continuou o seu curso de luz; assim o Sol do meu Fiat, as minhas dores, a minha morte, chamaram novamente o
Sol do meu Querer a reinar no meio das criaturas, Então o Calvário formou a aurora que chamava o Sol do meu Eterno Querer resplandecer de novo entre as criaturas. A aurora é certeza de que o sol deve nascer, assim a aurora que formei no Calvário assegura, ainda que tenham passado cerca de dois mil anos, que chamará o Sol de meu Querer a reinar de novo no meio das criaturas. No Éden meu amor foi derrotado pelas criaturas, aqui no Calvário triunfa e vence a criatura; no primeiro Éden o homem recebe a condenação de morte para a alma e o corpo, no segundo fica
livre da condenação e vem reconfirmada a ressurreição dos corpos com a ressurreição da minha humanidade. Há muitas relações entre o Éden e o Calvário, o que o homem perdeu no primeiro, no segundo o readquire; no reino de minhas dores tudo lhe vem dado e reconfirmado a honra, a glória
da pobre criatura por meio de minhas penas e de minha morte.
(3) O homem ao subtrair-se de minha Vontade formou o reino de seus males, de suas fraquezas, paixões e misérias, e Eu quis vir à terra, quis sofrer tanto, permiti que minha Humanidade fosse lacerada, lhe fora arrancada em pedaços sua carne toda cheia de chagas, e quis também morrer
para formar por meio de minhas tantas penas e de minha morte, o reino oposto aos tantos males que se tinha formado a criatura. Um reino não se forma com um só ato, senão com muitos e muitos atos, e por quanto mais atos tanto maior e glorioso se torna um reino, assim que minha morte era
necessária a meu amor, com minha morte devia dar o beijo de vida às criaturas, e das minhas tantas chagas devia fazer sair todos os bens para formar o reino dos bens às criaturas; por isso as minhas chagas são fontes que transbordam bens, e a minha morte é fonte de onde brota a Vida em
proveito de todos.
(4) Assim como foi necessária minha morte, foi necessária a meu amor a Ressurreição, porque o homem ao fazer sua vontade perdeu a Vida de meu Querer, e Eu quis ressuscitar para formar não só a ressurreição dos corpos, senão a ressurreição da Vida de minha Vontade neles, então, se Eu não tivesse ressuscitado, a criatura não poderia ressurgir de novo em meu Fiat, lhe faltaria a virtude, o vínculo da ressurreição na minha e portanto meu amor se sentiria incompleto, sentiria que poderia fazer mais e não o fazia e teria ficado com o duro martírio de um amor não
completado; que depois o homem ingrato não se sirva de tudo o que fiz, o mal é todo seu, mas meu amor possui e goza seu pleno triunfo”.
25-6
Novembro 4, 1928
A verdade é luz que parte de Deus e se fixa na criatura. Bênçãos de Jesus.
(1) Minha pobre inteligência se sente como levada pela luz do Fiat Divino, mas esta luz não leva só calor e luz, mas sim é portadora de vida, a qual, concentrando-se na alma forma nela sua vida de luz, de calor e do centro renasce a Vida Divina. Como é belo ver que a luz do Eterno Querer tem
virtude de fazer renascer no coração da criatura a Vida de seu Criador, e tantas vezes por quantas vezes esta Divina Vontade se abaixa para fazer conhecer à criatura outras manifestações que lhe pertencem. Enquanto minha mente se perdia nesta luz, meu doce Jesus movendo-se nela, que
parecia que estava como que abismado em dita luz, me disse:
(2) “Minha filha, por quantas verdades te manifestei sobre minha Divina Vontade, tantas luzes desprenderam-se do nosso seio divino e fixaram-se em ti, mas sem se separar do centro do teu Criador, porque a luz é inseparável de Deus, comunica-se, fixa-se na criatura, mas nunca perde o
seu centro de onde saiu. Como é belo ver a criatura fixada por todas estas luzes que têm virtude de fazer ressurgir na criatura Aquele que a criou, e tantas vezes por quantas verdades lhe vêm manifestadas. E como o que te manifestei sobre minha Divina Vontade são verdades inumeráveis,
tantas que você mesma não pode chegar a numerá-las todas, tantas luzes, ou seja tantos raios luminosos são fixados em você, que descendem de Deus, mas sem separar-se de seu seio divino.
Estas luzes formam o mais belo ornamento em você e o maior dom que você poderia receber de Deus, porque, estando estas verdades fixas em ti, te dão o direito sobre as propriedades divinas, e tantos direitos por quantas verdades te manifestou. Você não pode compreender o grande dote
com o qual foi dotada por Deus com estas verdades, que como tantas luzes estão fixadas em sua alma. Todo o Céu está maravilhado ao ver tantas luzes em você, todas elas grávidas de outras tantas Vidas Divinas; e conforme você as comunica às outras criaturas, esta luz se move, fixa-se
nos outros corações, mas sem deixar você, e forma a Vida Divina aonde chega. Minha filha, que grande tesouro te foi confiado com tantas verdades que te disse sobre minha Divina Vontade, tesouro que tem sua fonte no seio divino, que dará sempre luz sem cessar jamais. Mais que sol
são minhas verdades, pois o sol dá luz à terra, a investe, a fixa e ao fixá-la dá à luz sobre sua superfície e a cada coisa, os efeitos e os bens que contém sua luz, mas zeloso não separa a luz de seu centro, tão é verdade, que assim que passa a iluminar outras regiões a terra fica às escuras;
em troca o Sol de minhas verdades, enquanto não se separa de seu centro, fixando-se na alma forma nela o dia perene”…
(3) Depois disto se dava a bênção com o Santíssimo Sacramento, e eu lhe rogava de coração que me abençoasse, e Jesus movendo-se em meu interior, fazendo eco ao que fazia Jesus no sacramento, levantava sua mão bendita em ato de abençoar-me e me disse:
(4) “Minha filha, te abençoo o coração e selo minha Divina Vontade nele, a fim de que palpite em todos os corações teu batimento unido com minha Vontade Divina, para que chame a todos os corações a amá-la; bendigo teus pensamentos e selo minha Divina Vontade neles, a fim de que chame todas as inteligências a conhecê-la; te bendigo a boca, a fim de que corra minha Divina Vontade em tua voz, e chame a todas as vozes humanas a falar de meu Fiat; toda te bendigo filha minha, a fim de que tudo chame em ti a minha Vontade Divina, e corra a todos para fazê-lo conhecer. Oh! como me sinto mais feliz ao agir, rezar, abençoar, em quem reina meu Querer, nesta alma encontro a vida, a luz, a companhia, e tudo o que Eu faço súbito surge e vejo os efeitos de meus atos e não estou só se rezo, se faço, mas sim tenho a companhia e quem trabalha comigo.
Ao contrário nesta prisão sacramental, os acidentes da hóstia são mudos, não me dizem uma só palavra, faço tudo por Mim só, não sinto um suspiro que se una com o meu, nem um batimento que me ame, mas sim um frio de sepultura para Mim, que não só me tem na prisão, mas que me sepulta, e eu não tenho a quem dizer uma palavra, nem com quem desabafar, porque a hóstia não fala, estou sempre em silêncio, e com uma paciência divina espero os corações que me recebam para romper meu silêncio e gozar um pouco de companhia. E na alma onde encontro a minha
Divina Vontade sinto-me repatriado para a minha pátria celestial”.
26-6
Maio 4, 1929
Poder, encanto, império de uma alma que vive no Querer Divino, como tudo gira em torno dela e domina o próprio Criador.
(1) Meu abandono no Fiat Divino continua, e minha pobre mente hora se detém em um ponto, hora em outro d‟Ele, mas não sabe sair de dentro da imensidão de seus confins intermináveis, é mais, não encontra nem caminhos nem portas para sair d‟Ele. E enquanto caminho no Querer Divino,
deixo-o atrás de mim, e enquanto o deixo para trás põe-se diante de Sua Majestade, à direita e à esquerda, até abaixo de meus pés e me diz: “Sou tudo para ti, para dar-te a minha Vida e formá-la em ti, assim não há outra coisa para ti que a minha Vontade Divina e adorável”. Enquanto minha
pobre mente se perdia nele, meu doce Jesus se moveu em meu interior e me disse:
(2) “Minha filha, quem vive em meu Querer Divino, sente em si o ato contínuo e constante do agir divino de meu Fiat Divino, este ato contínuo gerado por seu poder na criatura, tem tal força, tal império sobre todos, que arrebata a todos com seu doce encanto, de modo que todos giram em
torno dela, os anjos, os santos, a Trindade Sacrossanta, as esferas celestes e toda a Criação, todos querem ser espectadores para gozar uma cena tão doce, encantadora e bela, do ato contínuo da criatura no Fiat Divino, ela entra no banco do Ente Supremo e unificando-se no ato contínuo de seu Criador, ela não faz outra coisa que colocar fora, com o seu ato contínuo, as inúmeras belezas, os sons mais doces, as raridades insuperáveis das qualidades do seu Criador. E o que mais arrebata é ver sua pequenez, que toda ousada e corajosa, sem temer nada, como se quisesse dominar o próprio Criador para lhe dar prazer, para o raptar a si, para lhe pedir o reino do seu Querer sobre a terra, toma e põe fora do banco divino todas as nossas alegrias e felicidade como se quisesse examiná-las, e vendo que não as esgota não se cansa, repete seu ato contínuo, de modo que todos esperam que termine, e não vendo-a terminar se põem em torno dela, tanto, que ela se torna o lugar central, e todos giram ao redor para não perder uma cena tão consoladora e jamais vista, isto é, o ato contínuo da pequenez humana na unidade do Fiat Supremo. Muito mais do que o agir contínuo é somente de Deus, e ao vê-lo repetir pela criatura, desperta as maiores surpresas, que fazem assombrar Céus e Terra. Minha pequena filha, se você soubesse o que significa um ato contínuo em minha Vontade, este ato é incompreensível a mente criada, ela é a bilocadora de nosso ato contínuo, ela entra em nosso ato e faz surgir e põe fora, mostrando a todos nossa rara beleza, nosso amor invencível, a nossa potência que tudo pode, a nossa imensidão que tudo abraça, gostaria de dizer a todos: „Vede quem é o nosso Criador.‟ E Nós a fazemos fazer e gozamos ao ver que a pequenez da criatura quer nos dar nosso paraíso, e nosso Ser Divino, como nosso e como seu. O que não pode fazer e dar-nos quem vive em nosso Fiat?
Tudo! Muito mais, porque estando na terra esta feliz criatura, em virtude do livre arbítrio tem a virtude conquistadora, o que nem mesmo os santos têm no Céu, e com esta pode conquistar e multiplicar o bem que quer. E nosso Querer que a tem dentro de Si, a torna conquistadora de nosso Ser Divino”.
27-6
Outubro 15, 1929
Como todos estão à expectativa da narração da história da Divina Vontade. Vazio dos atos da criatura na Divina Vontade.
(1) Sentia-me imersa no Fiat Divino; diante da minha pobre mente via toda a Criação e os grandes prodígios operados pela Divina Vontade nela. Parecia que cada coisa criada quisesse narrar o que possuía do grande Fiat Divino para fazê-lo conhecer, amar e glorificar. Enquanto minha mente se perdia em olhar a Criação, meu doce Jesus saiu de dentro de mim e me disse:
(2) “Minha filha, todos estão à espera da narração do grande poema da Divina Vontade, e como a Criação foi o primeiro ato externo do agir de meu Fiat, por isso contém o princípio de sua história de quanto fez por amor da criatura. Eis a causa pela qual, querendo contar-te toda a história do
meu Querer Divino, encerrei dentro toda a história da Criação, com tantos particulares e modos simples e especiais, para que tu e todos saibam o que fez e o que quer fazer o meu Fiat Divino, e os seus justos direitos pelos quais quer reinar no meio das gerações humanas. Tudo o que se fez
na Criação não é conhecido de todo pelas criaturas, o amor que tivemos ao criá-la, como cada coisa criada leva uma nota de amor distinta uma da outra e encerra dentro um bem especial às criaturas, tanto é verdade, que a vida delas está atada com vínculos indissolúveis com a Criação, e
se a criatura quisesse subtrair-se dos bens da Criação, não poderia viver; quem lhe daria o ar para respirar, a luz para ver, a água para beber, o alimento para se alimentar, a terra sólida para fazê-la caminhar? E enquanto minha Divina Vontade tem seu ato contínuo, sua Vida e sua história para fazer-se conhecer em cada coisa criada, a criatura a ignora e vive dela sem conhecê-la. Por isso todos estão à expectativa, a mesma Criação, porque querem fazer conhecer um Querer tão santo, e o ter-te falado da mesma Criação com tanto amor, e do que o meu Fiat Divino faz nela, mostra seu grande desejo de ser melhor conhecida, muito mais que o bem desconhecido, não leva vida nem os bens que possui. Por isso minha Vontade está como estéril entre as criaturas, não pode produzir a plenitude de sua Vida em cada uma delas, porque não é conhecida”.
(3) Depois disto sentia em mim uma força interna que queria seguir todos os atos que o Fiat Divino tinha feito na Criação e Redenção, mas enquanto isso fazia pensava em mim: “Qual é o bem que faço, que em tudo quero seguir o Querer Divino?” E o meu amado Jesus acrescentou:
(4) “Minha filha, tu deves saber que tudo o que meu Querer Divino fez, tanto na Criação como na Redenção, o fez por amor das criaturas, e para que estas, conhecendo-o, subissem em seu ato para olhá-lo, amá-lo e unir o ato delas ao seu para fazer-lhe companhia, e pôr embora seja uma
vírgula, um ponto, um olhar, um te amo, às tantas obras grandes e prodígios divinos que meu Fiat no ímpeto de seu amor fez para todos. Agora, quando você o segue em seus atos, sente sua companhia, não se sentirá sozinho, sente seu pequeno ato, seu pensamento que segue seu ato,
assim que se sente correspondido; em troca, se você não o seguisse, sentiria o vazio de você e de seus atos na Imensidão de meu Querer Divino, e com dor gritaria: ‘Onde está a filha do meu Querer? Não a sinto em meus atos, não gozo seus olhares que admiram o que faço para me dar
um obrigado, não ouço sua voz que me diz te amo, oh! Como me pesa a solidão.’ E te faria ouvir seus gemidos no fundo de seu coração dizendo: ‘Siga-me em minhas obras, não me deixe sozinho,’ Então, o mal que faria seria formar o vazio de suas ações na minha Divina Vontade; e se
o fizesse, faria o bem de lhes fazer companhia, e se soubesses o quanto apreciamos a companhia na obra, estarias mais atenta. E assim como meu Fiat Divino sentiria o vazio de seus atos se não o seguisse, assim sentiria você o vazio de seus atos em sua vontade, e se sentiria sozinha, sem a
companhia de minha Vontade Divina que ama te ocupar tanto, para não te fazer sentir mais que seu querer vive em você”.
28-6
Março 24, 1930
A criatura não é outra coisa que efeito dos reflexos de Deus. Amor de Deus ao criá-la. A firmeza em repetir os mesmos atos, forma na alma a vida do bem que se quer.
(1) Estava fazendo a volta no Fiat Divino para seguir todos seus atos, e tendo chegado ao Éden, compreendia e admirava o ato magnânimo de Deus, e seu amor exuberante e transbordante na criação do homem, e meu sempre amável Jesus, não podendo conter suas chamas de amor me
disse:
(2) “Minha filha, nosso amor se apaixonou tanto no ato em que criamos o homem, que não fizemos outra coisa que refletir sobre ele, a fim de que fosse obra digna de nossas mãos criadoras, e conforme nossos reflexos choviam sobre ele, assim no homem lhe vinha infundida inteligência, a
visão, o ouvido, a palavra, o batimento do coração, o movimento às mãos, o passo aos pés. Nosso Ser Divino é puríssimo espírito, e por isso não tínhamos sentidos, no conjunto de todo o nosso Ser Divino somos luz puríssima e inacessível, esta luz é olho, é ouvido, é palavra, é obra, é passo. Esta luz faz tudo, olha tudo, sente tudo, escuta tudo, encontra-se por todas as partes, ninguém pode fugir do império da nossa luz. Por isso, enquanto criávamos o homem foi tanto o nosso amor, que a nossa luz, levando os nossos reflexos sobre ele, o formava, e formando-o, levava-lhe os efeitos dos reflexos de Deus. Vê então minha filha com quanto amor foi criado o homem, até chegar a desfazer-se de nosso Ser Divino em reflexos sobre ele, para comunicar-lhe nossa imagem e semelhança; podia-se dar amor maior? Não obstante se serve de nossos reflexos para nos ofender, enquanto se devia servir destes nossos reflexos para vir a nós, e com estes reflexos dados por nós dizer-nos: Quão belo me criou o teu amor, e eu por correspondência te amo, amar-te-ei sempre, e quero viver na luz da tua Divina Vontade”.
(3) Depois continuava a seguir os atos no Fiat Divino, e pensava em mim: “Estou sempre aqui, repetir, repetir sempre a longa história de meus atos no Querer Divino, a longa história do meu ‘te amo’, mas quais são os efeitos? Oh! se pudesse obter que a Divina Vontade fosse conhecida e reinasse sobre a terra, ao menos me seria de ganho”. Mas enquanto pensava assim, o meu amado Jesus aproximou-me do seu coração divino e disse-me:
(4) “Minha filha, a firmeza no pedir forma a vida do bem que se pede, dispõe a alma a receber o bem que quer, e move Deus a dar o dom que se pede. Muito mais do que com os tantos atos repetidos e orações que fez, formou em si a vida, o exercício, o costume do bem que pede. Deus, vencido pela firmeza do pedir lhe fará o dom, e encontrando na criatura, em virtude de seus atos repetidos, como uma vida do dom que lhe faz, converterá em natureza o bem pedido, de modo que a criatura se sentirá possuidora e vitoriosa, se sentirá transformada no dom que recebeu. Por isso teu pedir incessantemente o reino de minha Divina Vontade formará em ti sua Vida, e teu contínuo ‘amo-te’ forma em ti a Vida de meu amor; e havendo-te Eu feito o dom do um e do outro, sentes em ti como se a tua própria natureza não sentisse outra coisa senão a virtude vivificadora do meu Querer e do meu amor. A firmeza no pedir é certeza de que o dom é seu; e ao pedir para todos o reino da minha Divina Vontade, é prelúdio de que os outros possam receber o grande dom do meu Fiat Supremo. Por isso continue repetindo e não se canse”.
29-6
Março 9, 1931
O primeiro amor de Deus pelo homem foi externado na Criação. Amor cumprido na criação do homem.
(1) Meu abandono no Fiat Divino continua, e como estava fazendo meus atos nele para poder unir-me a seus atos, toda a Criação se alinhava ante minha mente, e em sua mudo linguagem dizia que tantas vezes de mais me havia amado o Querer Divino por quantas coisas de mais havia criado, e que agora tocava minha vez de amá-lo em cada coisa criada, para corresponder-lhe com outros tantos atos meus de amor, a fim de que seu amor e o meu não estivessem isolados, senão que se fizessem doce companhia. Agora, enquanto fazia isto, meu doce Jesus saiu do fundo de minha
alma, que parecia que estava tão dentro dela, que não me era dado vê-lo e me disse:
(2) “Minha filha, o nosso amor pela criatura foi um eterno amor, dentro de nós sempre a amamos, mas fora de nós foi externado o nosso primeiro amor na Criação. Conforme nosso Fiat se ia pronunciando e passo a passo criava o céu, o sol, e todo o resto, assim ia externando em cada
coisa criada, quase passo a passo nosso amor contido desde a eternidade por amor das criaturas.
Mas deves saber minha filha, que um amor chama ao outro; tendo-se externado na criação do universo e tendo provado como é refrescante, como é doce o desabafo do amor, e só externá-lo se desabafa, e se sente como é doce amar, por isso o nosso amor, tendo começado a externar, não se deu mais paz se não criasse aquele, por causa do qual tinha dado início a externar seu amor, como semeando-o em todas as coisas criadas. Por tanto transbordava forte dentro de nós, querendo fazer ato cumprido de amor, chamando do nada àquele para dar-lhe o ser e criar nele nossa mesma Vida de amor; se não criávamos nele a Vida de amor para ser amados, não havia nenhuma razão, nem divina nem humana de externar tanto amor para com o homem; se tanto o amamos era razoável e com direito que ele nos amasse, mas não tendo nada de si mesmo, convinha a nossa sabedoria criar Nós mesmos a Vida do amor para ser amados pela criatura. Mas escuta filha o excesso de nosso amor, antes de criá-lo não estávamos felizes de ter externado nosso amor na Criação, mas chegou a tanto que pondo fora de nosso Ser Divino nossas qualidades, pusemos fora mares de potência e o amamos em nossa potência, mares de santidade, de beleza, de amor, e assim do resto, e o amamos em nossa santidade, em nossa beleza, em nosso amor, e estes mares deviam servir para investir o homem, a fim de que encontrasse em todas as nossas qualidades o eco de nosso amor potente, e nos amasse com amor potente, com amor santo, e com amor de beleza raptora. Por isso quando estes mares de nossas qualidades divinas foram postos fora de Nós, criamos ao homem enriquecendo-o de nossas qualidades por quanto mais podia conter, a a fim de que também ele tivesse um ato que pudesse fazer eco em nossa potência, em nosso amor, em nossa bondade, para poder nos amar com nossas mesmas qualidades. Queríamos ao homem, não servo, mas filho; não pobre, mas rico; não fora de nossos bens, mas dentro de nossa herança, e como confirmação disto lhe dávamos por vida e por lei nossa própria Vontade. Esta é a causa pela qual amamos tanto a criatura, porque tem do nosso, e não amar as coisas próprias é contra a natureza e contra a razão”.
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