Estudo 56 Evangelho como me foi revelado – Escola da Divina Vontade

Estudo 56 Evangelho como me foi revelado – Escola da Divina Vontade
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635. Lições sobre Sacramentos e predições sobre a Igreja.
22 de abril de 1947.

635.1Eles estão sobre um monte alto, mais coberto ainda de bosques, não muito distante de Nazaré, para onde conduz uma estrada que costeia a base do monte.
Jesus faz que eles se sentem em círculo. Os apóstolos, mais perto dele, e os discípulos logo atrás (aqueles entre os setenta e dois que não foram para algum outro lugar) e também José e Marziam. Marziam está aos seus pés em uma posição distinta.
Logo que eles se sentam, Jesus começa a falar, e todos estão atentos às suas palavras. Ele diz:
– Prestai-me toda a vossa atenção, porque Eu vou dizer-vos coisas de importância. Por enquanto, vós não as entendereis todas nem as entendereis bem. Mas Aquele que virá depois de Mim vos fará compreender. Escutai, portanto.

635.2Ninguém mais do que vós tem a convicção de que sem a ajuda de Deus o homem peca facilmente, visto que é extremamente frágil a sua constituição enfraquecida pelo Pecado. Portanto, Eu seria um Redentor imprudente se, depois de vos ter dado tanto para vos redimir, não desse também os meios para conservar-vos com os frutos do meu Sacrifício.
Vós sabeis que toda a facilidade para pecar vem da Culpa que, privando os homens da Graça, ainda os despoja de sua fortaleza, que é a união com a Graça. Vós dissestes: “Mas Tu nos deste a Graça.” Não. Ela foi dada aos justos até à minha Morte[94]. Para dá-la aos futuros há necessidade de um meio. É um meio que não será somente uma figura ritual, mas que imprimirá verdadeiramente em quem o recebe o caráter real de filhos de Deus, como eram Adão e Eva, cuja alma, vivificada pela graça, possuía dons excelsos dados por Deus à criatura bem-amada.

Vós bem sabeis o que o Homem tinha e o que o homem perdeu. Agora, pelo meu Sacrifício, as portas da Graça estão reabertas, e o rio dela pode descer a todos aqueles que a pedem por amor a Mim. Porque os homens terão o sinal de filhos de Deus pelos méritos do Primogênito entre os homens, Daquele que vos está falando, o vosso Redentor, vosso Pontífice eterno, vosso Irmão no Pai e vosso Mestre. Será de Jesus Cristo e por Jesus Cristo que os homens presentes e futuros poderão possuir o Céu e gozar de
Deus, até o último homem.
Até agora, mesmo os justos mais justos, ainda que circuncidados como filhos do povo eleito, não podiam chegar a este fim. Consideradas por Deus as suas virtudes, estão preparados os lugares deles nos céus, mas ainda fechados e negado o gozo de Deus, porque em suas almas, ilhas benditas onde floresceram todas as virtudes, estava também a árvore maldita da Culpa original, e nenhuma ação, por santa que fosse, poderia destruí-la;  nem se pode entrar no Céu com raízes e ramos de uma árvore tão maléfica.
No dia de Parasceve, o suspiro dos Patriarcas e Profetas e de todos os justos de Israel se aplacou na alegria da Redenção cumprida, e as almas, mais cândidas do que a neve da montanha em tudo o que consistia a virtude delas, perderam também a única Mancha que as separava do Céu.
Mas o mundo continua. Gerações e mais gerações surgem e surgirão.
Povos e mais povos irão a Cristo. Pode Cristo morrer para cada nova geração para salvá-la, ou para cada povo que a Ele venha? Não. O Cristo morreu uma vez e não morrerá nunca mais, por toda a eternidade. Então, essas gerações, esses povos, devem se tornar sábios pela minha Palavra, mas sem possuir o Céu e gozar de Deus, porque estão manchados pela Mancha original? Também não. Isso não seria justo, nem para com eles, pois seria vão o amor deles por Mim, e nem para Comigo, pois por muito
poucos Eu teria morrido. E, então? Como conciliar essas diferentes coisas?
Qual o milagre novo que Cristo fará, além dos muitos que já fez, antes de deixar o mundo a fim de ir para o Céu, depois de ter amado os homens até o ponto de querer morrer por eles?

635.3Um milagre ele já fez, deixando-vos o seu Corpo e o seu Sangue como alimento fortificante e santificante, e como recordação do seu amor, dando-vos a ordem de fazer aquilo que Eu fez como recordação de Mim e como um meio santificador para os discípulos, até o fim dos tempos. Mas, naquela noite, vós, já estando purificados externamente, estais lembrados do que foi que Eu fiz? Eu cingi uma toalha e vos lavei os pés, e a um de vós, que se escandalizava com aquele gesto tão aviltante, Eu disse: “Se Eu
não te lavar, não terás parte Comigo.”
Vós não compreendestes aquilo que Eu queria dizer, do que Eu estava falando, a que símbolo me referia. Mas agora Eu vo-lo digo.

Além de ter-vos ensinado a humildade e a necessidade de ser puros para poderdes entrar no meu Reino e poderdes fazer parte dele, além de ter-vos feito observar benignamente que Deus, de alguém que é justo e por isso puro no espírito, na inteligência, Ele exige unicamente um último banho na parte que necessariamente é a mais fácil para contaminar-se, até nos justos, talvez somente pela poeira que a necessária convivência entre os homens espalha sobre os membros limpos, sobre a carne, Eu ensinei uma outra coisa. A vós Eu lavei os pés, a parte mais baixa do corpo, aquela que vai da lama para a poeira, que algumas vezes está no meio das sujeiras, para significar a carne, a parte material do homem, que sempre tem imperfeições, exceto naqueles que estão sem a Mancha de origem[95], ou por obra de Deus ou pela natureza divina. Imperfeições até mesmo pequenas, muitas vezes; a tal
ponto que só Deus as vê, mas que, na verdade, é preciso vigiar, antes que se tornem fortes, transformando-se em hábito natural, e é preciso extirpá-las.
635.4Eu lavei os vossos pés, portanto. Quando? Antes de repartir o pão e o vinho e transubstanciá-los no meu Corpo e no meu Sangue. Porque Eu sou o Cordeiro de Deus e não posso descer onde Satanás deixou a sua marca. Por isso é que antes Eu vos lavei. Só depois me dei a vós. Vós também lavareis com o Batismo[96] aqueles que virão a Mim, para que não recebam indignamente o meu Corpo e este não se transforme em condenação de morte para eles.
Vós estais surpresos. E vos entreolhais. Em vossos olhares estais perguntando: “E Judas, então?” Eu vos digo: “Judas comeu sua morte.” O supremo ato de amor não lhe tocou o coração. A última tentativa de seu Mestre esbarrou na pedra do coração dele, e aquela pedra, em vez de Tau, tinha gravada a horrenda sigla de Satanás, o sinal da Besta.
Por isso é que vos lavei antes de admitir-vos no banquete eucarístico, antes de ouvir a confissão dos vossos pecados, antes de infundir-vos o Espírito Santo e, assim, o caráter de verdadeiros cristãos, reconfirmados pela Graça e como Sacerdotes meus. Portanto, seja feito assim também com os outros que vós deveis preparar para a vida cristã.

635.5Batizai com a água no Nome de Deus uno e trino, em meu Nome e pelos meus méritos infinitos, de modo que seja cancelada nos corações a Culpa original, sejam cancelados os pecados, infundidas a Graça e as santas Virtudes, e o Espírito Santo possa descer e fazer morada nos templos consagrados, que serão os corpos dos homens que vivem na graça do Senhor.
Era necessária a água para anular o Pecado? A água não toca a alma, não. Mas também o sinal imaterial não toca a vista do homem, que é tão material em todas as suas ações. Eu podia muito bem infundir a Vida mesmo sem os meios visíveis. Mas quem acreditaria? Quantos são os homens que acreditam firmemente sem ver? Pegai, pois, da antiga lei mosaica a água lustral[97], usada para purificar os imundos e readmiti-los, depois que se contaminaram com um cadáver, nos acampamentos. Na verdade, todo homem que nasce está contaminado, tendo tido contato com uma alma morta para a Graça. Que ela seja, pois, purificada com a água lustral do contato imundo, e dignificada para entrar no Templo eterno.

E considerai de muito valor a água… Depois de ter expiado e redimido com trinta e três anos de uma vida afadigada, que culminou na Paixão, depois de ter dado todo o meu Sangue pelos pecados dos homens, eis que do Corpo esvaído em Sangue e esgotado do Mártir foram ainda tiradas as águas salutares para lavarem a Culpa Original. Com o Sacrifício consumado Eu vos redimi daquela mancha. Se sobre as soleiras desta vida um meu milagre divino me tivesse feito descer da Cruz, na verdade Eu vos digo que, pelo Sangue derramado, Eu teria limpado as culpas, mas não a Culpa. Para essa foi necessária a consumação total. Em verdade, as águas salutares das quais fala[98] Ezequiel saíram deste meu Lado. Mergulhai nele as almas, que elas saiam dele sem manchas para receberem o Espírito Santo que — em memória daquele sopro que o Criador deu sobre o rosto de Adão para dar-lhe uma alma e, portanto, a imagem e semelhança com Ele — tornará a soprar e a habitar nos corações dos homens redimidos.
Batizai com o meu Batismo, mas em nome do Deus Trino, pois em verdade, se o Pai não houvesse querido e o Espírito operado, o Verbo não teria se encarnado, e vós não teríeis tido Redenção. E por isto é justo e de dever que cada homem receba a vida Daqueles que se uniram querendo doá-la, e que se chamam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, quando nós fomos batizados, e que de Mim,tomará o nome de cristão, para diferenciá-lo de outros, passados ou futuros, os quais serão ritos, mas não sinais
indeléveis sobre a parte imortal.

635.6E tomai o Pão e o Vinho assim como Eu fiz, e no meu Nome abençoai-os, reparti-os e distribuí-os; e que os cristãos se nutram de Mim.
E, ainda, com o pão e o vinho, fazei uma oferta ao Pai dos Céus, consumando-a depois em memória do Sacrifício que Eu ofereci e consumei sobre a Cruz por vossa salvação. Eu, Sacerdote e Vítima, por Mim mesmo me ofereci e consumei, já que ninguém podia — se Eu não tivesse querido — fazer isso de Mim. Vós, meus Sacerdotes, fazei isso em memória de Mim, e para que os tesouros infinitos do meu Sacrifício subam suplicantes a Deus, e desçam propícias sobre todos aqueles que os invocam com fé firme.
Fé firme, Eu disse. Não se exige ciência para se fruir do Alimento Eucarístico e do Sacrifício Eucarístico, mas fé. Uma fé de que naquele Pão e naquele vinho, que alguém autorizado por Mim e por aqueles que virão depois de Mim — vós, tu Pedro, o Pontífice novo da nova Igreja, e tu, Tiago de Alfeu, e tu, João, tu, André, tu, Simão, tu, Filipe, tu, Bartolomeu, tu, Tomé, tu, Judas Tadeu, tu, Mateus, tu Tiago de Zebedeu — consagrará em meu Nome, está o meu verdadeiro Corpo, o meu verdadeiro Sangue; e quem com ele se alimenta Me recebe em Carne, Sangue, Alma e Divindade; e quem me oferece realmente oferece Jesus Cristo como Ele se ofereceu pelos pecados do mundo. Um menino ou um ignorante podem receber-me, assim como um douto ou um adulto. E tanto o menino como o ignorante terão iguais benefícios, do Sacrifício oferecido, como os que qualquer de vós tiver. Basta que neles haja fé firme e a gdo Senhor.

635.7Mas vós estais para receber o novo Batismo, o do Espírito Santo. Eu vo-lo prometi e ele vos será dado. O próprio Espírito Santo descerá sobre vós. Eu vos direi quando. E vós ficareis plenos Dele, na plenitude dos dons sacerdotais. Por isso, vós podereis — assim como Eu fiz convosco — infundir o Espírito do qual estais plenos, para confirmar na graça os cristãos e infundir neles os dons do Paráclito. Sacramento régio, pouco inferior ao Sacerdócio, que ele tenha a solenidade das consagrações mosaicas[99], com a imposição das mãos e a unção com o óleo perfumado, que em outros tempos era usado para consagrar os Sacerdotes.

Não. Não ficareis olhando-vos uns aos outros assim espantados! Eu não digo palavras sacrílegas! Não vos ensino atos sacrílegos! A dignidade do cristão é tão grande que, Eu vo-lo repito, é pouco inferior ao sacerdócio.
Onde é que vivem os sacerdotes? No Templo. E um cristão será um templo vivo. Que é que fazem os sacerdotes? Servem a Deus com suas orações, com os sacrifícios e com a cura dos fiéis. Isso Assim é que teriam devido fazer… E o cristão servirá a Deus com a oração, com o sacrifício e com a caridade fraterna.

635.8E escutareis a confissão dos pecados assim como Eu escutei as vossas e a de muitos, e perdoei onde vi que havia arrependimento verdadeiro.
Estais agitados? Por que? Tendes medo de não saberdes distinguir? Eu já falei outras vezes sobre o pecado e sobre o julgamento do pecado. Mas, ao julgardes, lembrai-vos de meditar nas sete condições[100] pelas quais uma ação pode ser ou não ser pecado e de gravidade diferente. Eu as resumo.
Quando se pecou e quantas vezes, quem foi que pecou, com quem, qual a matéria do pecado, qual a causa e por que é que se pecou. Mas vós não temais. O Espírito Santo vos ajudará.

O que Eu vos recomendo que observeis com todo o meu coração é uma vida santa. Ela aumentará de tal modo em vós as luzes sobrenaturais que chegareis a ler sem erro no coração dos homens e podereis, com amor ou com autoridade, dizer aos pecadores temerosos que revelem suas culpas, ou aos rebeldes, que confessem o estado de seus corações, ajudando os tímidos e humilhando os impenitentes. Lembrai-vos de que a Terra perde o seu Absolvedor, e que vós deveis ser o que Eu era: justo, paciente, misericordioso, mas não fraco. Eu vos disse: “O que desligardes na Terra estará desligado no Céu, e o que ligardes aqui será ligado no Céu.” Por isso, com uma prudente reflexão, julgai cada homem sem deixar-vos corromper por simpatias ou antipatias, por presentes ou por ameaças, sendo imparciais em tudo e para com todos, como é Deus, tendo presente a fraqueza do homem e as insídias dos seus inimigos.

Eu vos recordo que às vezes Deus permite até as quedas dos seus eleitos, não porque a Ele agrade vê-los cair, mas porque de uma queda pode vir um bem futuro maior. Estendei, pois, a mão a quem cai, porque não sabeis, mas talvez aquela queda seja a crise final de um mal que vai morrer para sempre, deixando no sangue uma purificação que redunda em saúde.
E, em nosso caso, que produz santidade.
Mas, ao contrário, sede severos para com aqueles que não tiverem respeito para com o meu Sangue, e que com a alma, que acabou de ser limpada pelo banho divino, vão-se jogar na lama uma vez e cem vezes. Não os amaldiçoeis, mas sede severos, exortai-os, setenta vezes sete, e recorrei ao castigo extremo de separá-los do povo eleito somente quando a pertinácia deles, em uma culpa que está escandalizando os irmãos, vos obriga a agir para não vos tornardes cúmplice de suas ações. Lembrai-vos
daquilo que Eu disse: “Se o teu irmão pecou, corrige-o entre ti e ele somente. Se ele não te ouve, corrige-o na presença de duas ou três testemunhas. E se não basta isso, leva o caso ao conhecimento da Igreja. E se ele não dá ouvidos nem a ela, considera-o, então, como um gentio e um publicano.”
635.9Na religião mosaica o matrimônio é um contrato[101]. Na nova religião cristã ele deve ser um ato sagrado e indissolúvel, sobre o qual desça a graça do Senhor para fazer dos cônjuges dois ministros seus na propagação da espécie humana.
Procurai, desde os primeiros momentos, aconselhar ao cônjuge, que já faz parte da nova religião, que converta o cônjuge, que ainda está fora do número dos fiéis, a começar a tomar parte na dele, a fim de evitar aquelas dolorosas divisões de pensamento, e, portanto, da paz, que sempre temos procurado conservar entre nós. Mas quando se trata de dois cônjuges que já são fiéis ao Senhor, por nenhum motivo se separe aquilo que Deus uniu. E, no caso de uma das partes que, sendo cristã, esteja unida a um gentio, Eu aconselho que esta parte carregue a sua cruz com paciência e mansidão, e com fortal eza também, até o ponto de saber morrer em defesa de sua fé, mas sem abandonar o cônjuge, ao qual se uniu com seu consentimento. Este é o meu conselho para uma vida mais perfeita no estado matrimonial, enquanto não for possível, com a difusão do cristianismo, haver matrimônios entre fiéis. E, nesse caso, o vínculo seja sagrado e indissolúvel, e santo seja o amor.

Um mal seria, se pela dureza de coração, devesse acontecer na nova fé o que aconteceu na antiga: que se permitisse o repúdio e a anulação do casamento para evitar os escândalos criados pela libidinagem do homem.
Em verdade, Eu vos digo que cada um deve carregar a sua cruz em todos os estados, também no estado matrimonial. E também em verdade Eu vos digo que nenhuma pressão deve fazer com que vossa autoridade se dobre, ao dizer: ‘Não é lícito’ a quem quer passar a novas núpcias antes que um dos cônjuges tenha morrido. É melhor, Eu vo-lo digo, que uma parte podre se separe sozinha, ou acompanhada por outros, do que tolerá-la no Corpo da Igreja, concedendo-lhe algo contrária à santidade do casamento, escandalizando os humildes e dando-lhes o ensejo de considerações desfavoráveis à integridade sacerdotal, e sobre o valor da riqueza ou do poder.
As núpcias são um ato grave e santo. E para mostrar isto, Eu participei de uma festa de núpcias e realizei o meu primeiro milagre. Mas ai deles se degeneram em libidinagem e capricho. O matrimonio é um contrato natural entre o homem e a mulher, e, de agora em diante, que se eleve à altura de um contrato espiritual, pelo qual as almas de duas pessoas que se amam juram servir ao Senhor, em um amor recíproco oferecido a Ele em obediência à sua ordem de procriar a fim de dar filhos ao Senhor.
635.10E ainda… Tiago, recordas o discurso sobre o Monte Carmelo[102]?
Desde então te falei sobre isso. Mas os outros não sabem… Vistes Maria de Lázaro ungir meus membros na ceia de sábado em Betânia. Na ocasião, Eu vos disse: “Ela me preparou para a sepultura.” Na verdade ela o fez. Não para a sepultura, porque ela acreditava que estivesse distante essa dor, mas para purificar e embalsamar os meus membros de todas as impurezas do caminho, para que eu subisse ao trono perfumado de óleo balsâmico.

A vida do homem é um caminho. A entrada do homem na outra vida deveria ser a entrada no Reino. Todo rei é ungido e perfumado antes de subir ao seu trono e mostrar-se ao seu povo. Também o cristão é um filho de rei, que percorre o seu caminho indo diretamente para o reino onde o Pai o está chamando. A morte do cristão não é mais do que a entrada no Reino para subir ao trono que o Pai lhe preparou. Não é assustadora a morte para aquele que não teme a Deus porque está em sua graça. Mas para aquele que deve subir ao trono, é preciso que a sua veste seja purificada de todos detritos, a fim de que se conserve bela para a ressurreição, e que seja purificado o seu espírito, para que resplenda sobre o trono que o Pai lhe preparou, a fim de que ele apareça na dignidade que condiz ao filho de tão grande rei. O aumento da Graça, o cancelamento dos pecados, dos quais o
homem tinha pleno arrependimento, suscitadora de um ardente desejo do Bem, doadora de força para o combate supremo, seja a unção dada aos moribundos cristãos, ou melhor, aos cristãos que estão morrendo, pois em verdade Eu vos digo que quem morre no Senhor nasce para a vida eterna.
Repeti aquele gesto de Maria sobre os membros dos eleitos. E ninguém se julgue indigno dele. Eu aceitei aquele óleo balsâmico oferecido por uma mulher. Todo cristão considere-se honrado com uma graça suprema por parte da Igreja, da qual ele é filho, e o aceite do sacerdote, para limpar-se de suas últimas manchas. E todo sacerdote fique alegre por repetir o ato de amor de Maria para com o Cristo sofredor sobre o corpo do irmão que está morrendo. Em verdade Eu vos digo que o que não fizestes por Mim naquela ocasião, deixando que uma mulher vos superasse e que agora pensais com tanta dor por tê-lo deixado de fazer, podeis fazê-lo no futuro, e por muitas vezes, sempre que vos inclinardes sobre alguém que está morrendo, a fim de prepará-lo para o encontro com Deus. Eu estou nos mendigos e nos que estão morrendo, nos peregrinos, nos órfãos, nas viúvas, nos prisioneiros, em quem tem fome, sede ou frio, em quem está angustiado ou cansado. Eu estou em todos os membros do meu Corpo Místico, que é a união dos meus fiéis. Amai-me neles e estareis dando uma reparação pelo vosso desamor de tantas vezes, e me dareis uma grande alegria e a vós mesmos dareis uma grande glória.

635.11Enfim, considerai que está conspirando contra vós o mundo, a idade, as doenças, o tempo, as perseguições. Não queiras, portanto, ser avarentos daquilo que recebestes e imprudentes. Por isso, em meu Nome, transmiti o Sacerdócio aos melhores dos discípulos, para que a terra não fique sem sacerdotes. E seja de caráter sagrado, concedido depois de um exame apurado, não verbal mas das ações daquele que pede para ser sacerdote, ou daquele que vós julgais que pode ser sacerdote.
Pensai no que é o Sacerdote. No bem que ele pode fazer. No mal que ele pode fazer. Vós já tivestes o exemplo do que pode fazer um sacerdote decaído do seu caráter sagrado. Em verdade Eu vos digo que pelas culpas do Templo esta nação será dispersa. Mas também em verdade Eu vos digo que igualmente será destruída a Terra quando a desolação[103] penetrar no novo Sacerdócio, conduzindo os homens para a apostasia a fim de abraçarem as doutrinas do inferno. E será então que surgirá o filho de Satanás e os povos gemerão em um tremendo espanto, e poucos ficarão fiéis ao Senhor; e então, também no meio de convulsões de horror, virá o fim depois da vitória de Deus e dos seus poucos eleitos, e a ira de Deus sobre todos os malditos. Ai, três vezes ai, se para aqueles poucos não houver ainda santos, os últimos pavilhões do Templo de Cristo! Ai, três vezes ai se, para confortar os últimos cristãos, não houver verdadeiros sacerdotes como haverá para os primeiros.

Em verdade, a última perseguição será horrenda, não sendo uma perseguição feita por homens, mas pelo filho de Satanás e seus sequazes. Sacerdotes? Mais do que sacerdotes deverão ser aqueles da última hora, de tão feroz que vai ser a perseguição pelas hordas do Anticristo. Semelhantes ao homem vestido de linho, que é tão santo a ponto de estar ao lado do Senhor na visão[104] de Ezequiel, eles assinalar incansavelmente com sua perfeição um Tau sobre o espírito dos poucos fiéis, para que as chamas do
inferno não cancelem aquele sinal. Sacerdotes? Não, Anjos. Anjos agitando o turíbulo cheio do incenso de suas virtudes, a fim de purificar o ar dos miasmas de Satanás. Anjos? Mais do que Anjos. Eles são outros Cristos, outros Eu, para que os fiéis dos últimos tempos possam perseverar até o fim. Isto é o que deverão ser.

635.12Mas o bem e o mal futuro têm suas raízes no presente. As avalanches têm início num floco de neve. Um sacerdote indigno, impuro, herético, infiel, incrédulo, morno ou frio, apagado, insípido, luxurioso, faz um mal dez vezes maior do que faz um fiel culpado pelos mesmos pecados, e arrasta muitos outros para o pecado. O relaxamento no Sacerdócio, a acolhida de doutrinas impuras, o egoísmo, a avidez, a concupiscência no Sacerdócio, vós sabeis onde desemboca: no deicídio. Ora, nos séculos
futuros, o Filho de Deus não poderá mais ser morto, mas a fé em Deus, a ideia de Deus, sim. Portanto, haverá um deicídio ainda mais irreparável, porque não terá a ressurreição. Oh! Haverá, sim. Eu vejo… Haverá deicídio por causa dos muitos Judas de Keriot dos séculos futuros. Horror!…
A minha Igreja desintegrada pelos seus próprios ministros! E sou Eu que a sustento, com a ajuda das vítimas. E eles, os sacerdotes, que terão somente a veste mas não a alma do sacerdote, que ajudam o ferver das ondas agitadas pela Serpente   infernal contra a tua barca, ó Pedro. Põe-te de pé! Levanta-te! Transmite esta ordem aos teus sucessores: “Mão no leme, açoite nos náufragos que quiseram naufragar, e que tentam fazer naufragar a barca de Deus.” Castiga, mas salva e vai para a frente. Sê severo, porque para com os salteadores é justo o castigo. Defende o tesouro da fé.

Conserva no alto a luz, como um farol sobre as ondas agitadas, para que aqueles que acompanham a tua barca vejam e não pereçam. Como pastor e navegante para os tempos tremendos, recolhe, guia, alça o meu Evangelho, porque nele, e não em qualquer outra ciência, é que está a salvação.
635.13Virão os tempos nos quais, assim como aconteceu a nós de Israel e de forma mais profunda, o Sacerdócio acreditará ser uma classe eleita, porque tem o supérfluo e não conhece mais o indispensável, ou o conhece na forma morta com a qual agora os sacerdotes da Lei conhecem: na sua veste exageradamente acrescida de franjas, mas não no seu espírito. Virão os tempos em que todos os livros substituirão o Livro, e este será usado somente como quando alguém forçosamente tem que usar um objeto manejado mecanicamente, assim como um camponês que ara a terra, semeia, recolhe sem meditar sobre a maravilhosa providência que é a multiplicação das sementes que todo ano se renova: cada semente lançada na terra arada depois se torna caule, espiga, depois será farinha e pão graças ao amor paterno de Deus. Quem é que, ao colocar na boca um pedaço de pão, eleva o espírito Àquele que criou a primeira semente e há séculos a faz renascer e crescer, dosando a chuva e o calor para que floresça e cresça e amadureça sem apodrecer ou sem se queimar? Assim, virá o tempo em que será ensinado o Evangelho cientificamente bem, espiritualmente mal.

Ora, o que é a ciência se faltar a sabedoria? É como palha. A palha incha, mas não nutre. E em verdade Eu vos digo que um tempo virá em que muitos dos Sacerdotes que serão parecidos com uns palheiros inchados, palheiros soberbos, que estarão  empertigados em seu orgulho de estarem tão inchados, como se por si próprios tivessem produzido aquelas espigas que coroavam as palhas, como se as espigas ainda estivessem na ponta das palhas, e crerão que eles são tudo, porque, em vez de um punhado de grãos, a verdadeira nutrição que é o Evangelho, ficarão com toda aquela palha: um montão! Um montão! Mas será que somente palha bastará? Nem mesmo para o ventre do jumento ela basta, e, se o dono dele não ajudar o animal com rações e ervas frescas, o jumento, alimentado só com aquelas palhas, vai definhando até morrer.
No entanto, Eu vos digo que chegará um tempo no qual os Sacerdotes, esquecidos de que com poucas espigas Eu instruí os espíritos para a Verdade, e esquecidos também do que custou ao Senhor deles aquele verdadeiro pão do espírito — que proveio todo e somente da Sabedoria divina, ou seja, da divina Palavra, todo cheio de dignidade em sua forma doutrinária, incansável em sua repetição para que não se afastassem das verdades ensinadas, humilde em sua forma, sem a pompa de ciências humanas, sem complementações históricas e geográficas — não se preocuparão com o lado espiritual dele, mas sim, com a veste que deverão
lançar sobre ele a fim de mostrar às multidões quantas coisas eles sabem, e assim o espírito do Evangelho se extraviará neles sob avalanches de ciência  humana. E se eles não o possuem, como é que poderão transmiti-lo? Que darão aos fiéis esses palheiros inchados? Darão palhas. E que nutrição receberão os espíritos dos fiéis? O tanto que baste para arrastarem uma vida doentia. Que fruto para eles amadurecerá com esses ensinamentos e com o conhecimento deles a respeito do Evangelho? Um resfriamento dos
corações, uma substituição por doutrinas heréticas, por doutrinas e ideias ainda mais do que heréticas, em lugar da única e verdadeira Doutrina. E isso é uma preparação do terreno para a Besta, para o seu reino fugaz de gelo, de trevas e de horror.

Em verdade Eu vos digo que assim como o Pai e Criador multiplica as estrelas a fim de que não fique despovoado o Céu delas, que no fim de suas vidas perecem, assim igualmente Eu deverei, cem e mil vezes, evangelizar discípulos que Eu espalharei entre os homens e entre os séculos. E também, em verdade eu vos digo que a sorte deles será semelhante à minha: a sinagoga e os soberbos os perseguirão, como Me perseguiram. Mas tanto Eu como eles teremos a nossa recompensa: a de fazer a vontade de Deus e poder servi-lo até à morte de cruz, a fim de que a sua glória resplenda e o seu conhecimento não pereça.

635.14Mas tu, Pontífice, e vós, Pastores, vigiai em vós e nos vossos sucessores para que não se perca o espírito do Evangelho, e pedi incansavelmente o Espírito Santo para que em vós se renove uma contínua Pentecoste — vós ainda não entendeis o que estou querendo dizer, mas logo entendereis — de modo que possais compreender todos os idiomas e discernir e escolher as minhas vozes daquelas do Antropoide de Deus: Satã.

E não deixai que caia no vazio as minhas vozes futuras. Cada uma delas é uma misericórdia minha que vem em vosso auxílio. E serão tanto mais numerosas quanto mais Eu vir que o Cristianismo, por várias, razões, tem necessidade delas para superar as tempestades dos tempos.
Pastor e navegante, ó Pedro! Pastor e navegante! Não te bastará que sejas pastor se não fores navegante, nem seres navegante se não fores pastor. Isto e aquilo deverás ser para manteres juntos os cordeiros, que os tentáculos infernais e as garras ferozes procurarão arrebatar-te, ou as músicas mentirosas cheias de promessas impossíveis te seduzirão, e, para levar para a frente a barca, que será sacudida por todos os ventos do Norte e do Sul, do Oriente e do Ocidente, esbofeteada e sacudida pelas forças das
profundezas, atingida pelos arqueiros da Besta, esfolada pelo hálito do dragão e varrida em suas beiras pela cauda dele, de tal modo, que os imprudentes serão queimados e perecerão, precipitando-se na onda tempestuosa.

Pastor e navegante em tempos tremendos… E que tua bússola seja o Evangelho. Nele está a Vida e a Saúde. E nisso está tudo dito. Cada artigo do Código Santo, cada resposta para os casos bem diferentes das almas estão nele E faze que dele não se afastem os Sacerdotes e os fiéis. Faze que não apareçam dúvidas sobre ele. Nem haja alterações nele, nem substituições nem sofisticações.
O Evangelho sou Eu mesmo. Desde o Nascimento até a Morte. No Evangelho está Deus. Porque nele estão manifestas as obras do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O Evangelho é amor. Eu disse: “A minha é Vida.” Eu disse: “Deus é caridade.” Portanto, os povos conheçam a minha Palavra e tenham amor a ela, isto é, a Deus, para terem o Reino de Deus.

Porque quem não está em Deus não tem em si a Vida. Porque aqueles que não acolherem a Palavra do Pai não poderão formar uma só coisa com o Pai, comigo e com o Espírito Santo no Céu, e não poderão ser do único Ovil que é santo, como Eu quero. Não serão ramos unidos à Videira, porque quem rejeita totalmente ou em parte a minha Palavra é um membro no qual não corre mais a linfa da videira. A minha Palavra é o suco que nutre, que faz crescer e carregar-se de frutos.

635.15Tudo isso fareis em memória de Mim, que o ensinei a vós. Teria ainda muito a dizer sobre o que vos disse agora. Mas Eu somente lancei a semente. O Espírito Santo o fará germinar em vós. Eu desejei dar-vos a semente porque conheço os vossos corações e sei que ficaríeis titubeantes de medo a comandos espirituais, imateriais. O medo de um engano paralisaria a vossa vontade. Portanto, Eu por primeiro vos falei de todas as coisas. Depois, o Paráclito vos recordará as minhas palavras e as amplificará nos particulares. E vós não temereis porque vos lembrareis que a primeira semente fui Eu que vo-la dei.
Deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo. Se minha Mão era doce quando vos guiava, a Luz dele é dulcíssima. Ele é o amor de Deus. Por isso, Eu vou-me embora contente, porque sei que Ele tomará o meu lugar e vos conduzirá ao conhecimento de Deus. Vós ainda não o conheceis, por mais que Eu vos tenha falado Dele. Mas a culpa não é vossa. Vós tendes feito todo o esforço para me compreenderdes e por isso estais justificados, mesmo se por três anos entendestes pouco. A falta da graça tornava obtuso
o vosso espírito. Ainda agora compreendeis pouco, mesmo que a graça de Deus já tenha descido da minha Cruz sobre vós. Vós precisais do Fogo. Um dia Eu falei disso[105] a um de vós, quando íamos andando pelo caminhos
da beira do Jordão.

Agora chegou a hora. Eu vou voltar para o meu Pai, mas não vos deixo sozinhos, porque vos deixo a Eucaristia, e isto é o vosso Jesus feito alimento dos homens. Mas Eu vos deixo o vosso Amigo: o Paráclito. Ele vos conduzirá. Passo as vossas almas da minha luz para a Luz dele, e ele completará a vossa formação.

635.16– Tu vais nos deixar agora? Aqui? Sobre este monte? Estão todos desolados.
– Não. Ainda não. Mas o tempo voa. E logo chegará o momento. – Oh! Não nos deixes na Terra sem Ti, ó Senhor. Eu te amei desde o teu nascimento até a tua morte, até a tua Ressurreição, e sempre. Mas seria triste demais saber que não estás mais entre nós. Eu ouvi a oração do pai de Eliseu. Tu já deste ouvidos a tantos! Escuta também a minha oração, Senhor! –suplica Isaque, de joelhos, com as mãos estendidas.
– A vida que poderíeis ainda ter seria para a pregação sobre Mim, e talvez a glória do martírio. Tu já soubeste ser mártir por amor de Mim quando Eu era pequeno, e agora tens medo de sê-lo por Mim glorioso?
– A minha glória seria acompanhar-te, Senhor. Eu sou pobre e tolo.
Tudo o que eu podia dar eu dei de boa vontade. Agora, o que eu quereria é isto: acompanhar-te. Contudo, que se faça como Tu queres, agora e sempre.
Jesus põe a mão sobre a cabeça de Isaque e a deixa lá em uma longa carícia, enquanto fica virado para todos, e diz:
– Não tendes pedidos a fazer-me? Serão as últimas lições. Falai ao vosso Mestre… Estais vendo como os pequenos têm confiança em Mim?
De fato, também hoje Marziam apoia sua cabeça no corpo Dele, apertando-se todo em Jesus, e Isaque não mostrou dificuldade em expor o seu desejo.
– Na verdade… Sim… Temos algumas coisas a pedir-te… Sim…
–diz Pedro.
– Pois, então, pedi.

635.17Pois bem… Ontem à noite, depois que Tu nos deixaste, falávamos entre nós sobre tudo o que dissestes. Agora, outras palavras se acavalam em nós por aquilo que disseste. Ontem, e também hoje, se refletirmos bem, Tu falaste como se heresias e separações fossem surgir, e logo. Isso nos leva a pensar que deveremos ser muito prudentes em relação àqueles que quiserem
vir para o meio de nós. Porque certamente haverá neles a semente da heresia e da separação.
– Achas que é assim? E Israel já não está separado, deixando de vir a Mim? Tu queres dizer o seguinte: que Israel que me amou não será nunca herético nem separado. Não é verdade? Não é verdade? Será que ele já foi unido, nos séculos passados, pelo menos na antiga formação? E, por acaso, ele esteve unido em seguir-me? Na verdade Eu vos digo que a raiz da heresia está nele.
– Mas…
– Mas idólatra e herege ele sempre o foi, ainda que sob a aparência externa de fidelidade. Os seus ídolos, vós os sabeis quais são. As suas heresias também. Os gentios serão melhores do que isso. E por isso Eu não os excluí, e vos digo que façais o que Eu fiz.
Esta será para vós uma das coisas mais difíceis. Eu sei disso. Mas lembrai-vos dos profetas. Eles profetizavam a vocação dos gentios[106] e a dureza dos judeus. Por que haveríeis de fechar a porta do Reino para aqueles que me amam e encontram a Luz que suas almas procuravam?
Achais que eles são mais pecadores do que vós porque até agora não conheceram a Deus, pois seguiram a religião deles, e a seguirão, enquanto não forem atraídos pela nossa? Não o deveis fazer. Eu vos digo que muitas vezes são melhores  do que vós, porque, tendo uma religião não santa, sabem ser justos.

Os justos não faltam em nenhuma nação e religião. Deus observa as obras dos homens e as suas palavras. E se vê que algum gentio, sendo justo de coração, faz naturalmente o que a Lei do Sinai manda, por que haveria de considerá-lo desprezível? Não é ainda mais meritório, se um homem — que não conhece os Mandamentos de Deus que orientam a não fazer isto ou aquilo porque é mal — impõe a si mesmo uma ordem de não fazer o que sua razão lhe diz que não é bom, e obedece fielmente, em comparação ao mérito muito relativo de quem, conhecendo a Deus, o fim do homem e a Lei que permite alcançar tal fim, faz contínuos compromissos e cálculos para proporcionar um mandamento perfeito e sua vontade corrompida? O que vos parece isso? Será que Deus aprova as escapatórias que Israel introduziu em sua obediência, para não ter muito do que possa sacrificar para atender à sua concupiscência? Será que, quando um gentio sair deste mundo, tendo sido um justo aos olhos de Deus por ter seguido a justa Lei que sua consciência lhe impunha, será que Deus por isso o julgará um demônio? Eu vo-lo digo: Deus julgará as ações dos homens, e o Cristo, como Juiz de todas as gentes, premiará[107] aqueles nos quais o desejo da alma teve a voz de uma íntima lei para se chegar ao último fim do homem, que é reunir-se ao seu Criador, ao Deus desconhecido pelos pagãos, mas ao Deus que eles julgam ser Verdadeiro e Santo, e que está do lado de lá, além do cenário pintado dos falsos Olimpos.

635.18Aliás, tomai cuidado e fazei muita atenção para que vós não sejais causa de escândalo para os gentios. O nome de Deus já foi ridicularizado demais entre os gentios por causa das obras dos filhos do povo de Deus.
Não vos considereis tesoureiros absolutos dos meus dons e dos meus méritos. Eu fui morto pelso judeus e pelos gentios. O meu Reino será de todos os povos. Não abusai da paciência com a qual Deus vos tratou até aqui, dizendo a vós mesmos: ‘Tudo é permitido para nós’. Não. Eu vos digo. Não existe mais este ou aquele povo. Existe o meu povo! E nele têm valor igual os vasos usados no serviço do Templo como aqueles que são depostos agora na mesa de Deus. Aliás, muitos vasos consumados no serviço do Templo, mas não no serviço de Deus, serão jogados num canto e sobre o altar, no lugar deles, serão colocados aqueles que ainda não conhecem incenso, óleo, vinho e bálsamo, mas que estão desejosos de preencher-se deles e de serem usados para a glória do Senhor.
Não exijais muito dos gentios. Basta que eles tenham fé e obedeçam à minha Palavra. Uma nova circuncisão vem substituir a antiga. O homem é circuncidado no coração, de agora em diante; no espírito, melhor ainda que no coração, porque o sangue dos circuncidados significará a purificação da concupiscência, que excluiu Adão da filiação divina, tomando o lugar do meu sangue puríssimo. Isto é válido tanto no circunciso como no incircunciso no corpo, contanto que ele receba o meu Batismo e renuncie a
Satanás, ao mundo, à carne, por amor de Mim. Não desprezeis os incircuncisos. Deus não desprezou Abraão. Pela sua justiça, escolheu-o para chefe do seu povo antes que a circuncisão tivesse mordido as carnes dele. Se Deus fez aproximar-se de Si Abraão incircunciso, para transmitir-lhe as suas ordens, vós podereis aproximar-vos dos incircuncisos para instruí-los na Lei do Senhor. Considerai quantos pecados e a qual pecado chegaram os circuncisos. Por isso, não sejais inexoráveis para com os gentios.
– Mas nós lhes deveremos dizer isso que Tu nos ensinaste? Não entenderão, porque não conhecem a Lei.
– Vós é que dizeis assim. Mas, por acaso, Israel, que conhecia a Lei e os Profetas, compreendeu?
– É verdade.
– Portanto, tomai cuidado. Direis aquilo que o Espírito vos sugerirá de dizer, verbalmente, sem medo, sem querer agir por vós mesmos.
635.19Quando , então, surgirem os falsos profetas entre os fieis, que apresentarão suas ideias como ideias inspiradas, e serão heréticos, então, vós combatereis com meios mais fortes do que a palavra as doutrinas heréticas deles. Mas não vos preocupeis. O Espírito Santo vos guiará. Eu nunca digo coisas que não se realizam.
– E que faremos com os hereges?
– Combatei com todas as forças a heresia em si mesma, mas com todos os meios mais eficazes procurai converter os hereges ao Senhor. Não vos canseis de procurar as ovelhas que se desviaram, para as trazerdes de volta ao Ovil. Rezai, sofrei, fazei rezar, ide pedindo a esmola de sacrifícios e sofrimentos aos puros, aos bons, aos generosos. A fim de que aqueles nossos irmãos se convertam com estas coisas. A Paixão de Cristo continua nos cristãos. Eu não vos excluí desta grande obra, que é a Redenção do
mundo. Todos vós sois membros de um único corpo. Ajudai-vos entre vós, e quem for forte e são, trabalhe pelos fracos; e os que já forem unidos, estendam as mãos e chamem os irmãos que estão longe.
– Ainda haverá deles? Mesmo depois de estarem em uma única causa?
– Ainda haverá.
– E por que?
– Por muitas razões. Eles ainda terão o meu Nome. E até se gloriarão desse Nome. E até trabalharão para o tornarem conhecido. Contribuirão para que Eu seja conhecido até às extremidades da Terra. Deixai-os fazer assim, porque, Eu vo-lo quero relembrar, quem não está contra Mim, está Comigo. Mas, meus pobres filhos, o trabalho deles será sempre parcial, e os seus merecimentos sempre imperfeitos. Não poderão estar em Mim se estiverem separados da Videira. Suas obras serão sempre incompletas. Vós,
digo vós referindo-me aos futuros, que continuarão vossas obras, estai onde eles estão. Não fiqueis dizendo farisaicamente: “Eu não vou para não contaminar-me.” Ou preguiçosamente: “Eu não vou porque já há quem pregue o Nome do Senhor.” Ou medrosamente: “Eu não vou para não ser perseguido por eles.” Ide. Eu vos digo: ide. Ide a todos os povos. Até aos confins do mundo. Para que toda a minha doutrina seja conhecida e a minha Única Igreja e as almas tenham como entrar e começar a fazer parte dela.
– E diremos ou escreveremos todas as tuas ações.
– Eu já vo-lo disse: O Espírito Santo vos aconselhará sobre o que for bom dizer ou calar, conforme as circunstâncias. Vós estais vendo! Tudo o que Eu fiz, é acreditado ou negado, e por vezes é até usado como arma contra Mim,e os que me odeiam lançam mão de tudo. Eu fui chamado de Belzebu, quando, como Mestre e na presença de todos, Eu operava milagres. E que dirão  agora, quando souberem que Eu agi assim por um poder sobrenatural? Blasfemarão mais ainda contra Mim. E vós seríeis perseguidos, antes da hora.

635.20– Mas e se essa hora chegasse quando nós, testemunhas, já tivéssemos morrido?

– Na minha Igreja haverá sempre sacerdotes, doutores, profetas, exorcistas, confessores, operadores de milagres, inspirados, tudo o que for necessário para Ela a fim de que o povo receba Dela o que for necessário. O Céu: a Igreja triunfante não deixará sozinha a Igreja padecente, e esta irá em socorro da Igreja militante. Não são três corpos. São um só corpo. Não há divisão entre elas, mas uma comunhão de amor e de fim: amar a Caridade, gozar dela no Céu, que é o seu Reino. Também por isto a Igreja
militante deverá com amor recorrer aos sufrágios da parte dela, que já está destinada a ir para a triunfante, pois ainda dela está excluído para uma expiação satisfatória pelas faltas já absolvidas, mas não inteiramente descontadas, diante da perfeita e divina Justiça. No Corpo Místico tudo se deve fazer no amor e pelo amor. Porque o amor é o Sangue que circula nela.
Ajudai os irmãos que estão se purificando. Assim como eu disse que as obras de misericórdia corporais vos conquistam o prêmio no Céu, assim também Eu disse que conquistam ainda as espirituais. Em verdade Eu vos digo que o sufrágio aos mortos, a fim de que entrem na paz, é uma grande obra de misericórdia pela qual Deus vos abençoará e vos serão reconhecidos aqueles que receberam os vossos sufrágios. Quando, no dia da ressurreição da carne, estiverdes todos reunidos diante de Cristo Juiz, entre
aqueles que Eu abençoarei estarão também aqueles que tiveram amor àqueles que estavam se purificando, oferecendo reparações e orações pela paz deles. Eu vo-lo digo. Nenhuma de vossas ações boas ficará sem fruto, e muitos brilharão vivamente no Céu sem terem pregado, nem administrado, nem feito viagens apostólicas, nem abraçado estados especiais, mas somente por terem rezado e sofrido para darem paz aos que estão sofrendo, e para levar à conversão os mortais. Também estes sacerdotes ignorados pelo mundo, apóstolos desconhecidos, vítimas que só Deus vê, receberão o prêmio dos operários do Senhor, por terem feito de suas vidas um perpétuo sacrifício de amor para com os irmãos e para a glória de Deus. Em verdade, Eu vos digo que à Vida Eterna se chega por muitos caminhos, e um deles é este, que é tão querido por meu Coração. 635.21Tendes alguma outra coisa a perguntar? Falai.
– Senhor, ontem, e não só ontem, ficamos pensando no que Tu disseste:
“Vós vos assentareis sobre doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.”
Mas agora somos onze…

– Elegei o duodécimo. Cabe a ti, Pedro.
– Eu? Eu, não! Indica-o, Tu.
– Eu já escolhi os doze na primeira vez, e os formei. Depois escolhi o chefe deles. Depois Eu lhes dei a Graça, e infundi neles o Espírito Santo.
Agora chegou a vez para deles caminharem, pois eles não são mais bebês incapazes de caminhar.
– Mas, dize-nos, pelo menos, onde é que devemos parar os nossos olhares…
– Eis aqui. Esta é a parte mais escolhida do rebanho –diz Jesus, fazendo um gesto sobre os que estão presentes dos setenta e dois discípulos.
– Nós, não, Senhor. Nós, não. O lugar do traidor nos causa medo
– dizem eles suplicantes.
– Vamos escolher Lázaro. Queres este, Senhor?
Jesus fica calado.
– Queres José de Arimateia? Nicodemos?
Jesus fica calado.
– Mas, sim. Vamos escolher Lázaro.
– E ao amigo perfeito é que quereis dar o posto que vós não desejais? –
diz Jesus.
– Senhor, eu desejaria dizer uma palavra –diz Zelotes.
– Então, fala.
– Lázaro, por teu amor aceitaria aquele lugar, eu estou certo disso, e o exerceria de modo tão perfeito que até faria que se esquecesse de quem havia sido aquele lugar. Mas não me parece conveniente escolhê-lo, por outros motivos. As virtudes espirituais de Lázaro estão também em muitos dos mais humildes do teu rebanho. E eis o que eu penso. Eu acho que seria melhor dar a estes a preferência, para que os fiéis não vão dizer que se foi atrás só do poder e das riquezas, como os fariseus, em vez de irmos atrás só da virtude.
– Falaste bem, Simão. E tanto melhor tu falaste, porque falaste com justiça, sem que a tua amizade com Lázaro fosse um motivo para que não deixasses de aceitá-lo.
– Façamos então Marziam o duodécimo apóstolo. É um menino.
– Eu, para cancelar este vazio horrível, aceitaria, mas não sou digno. E como é que eu, um menino, poderia falar a quem já é um adulto? Senhor, Tu é que deves dizer se eu não tenho razão.
– Tu tens razão. Mas não tenhais pressa. A hora chegará e, então, ficareis espantados por terdes todos o mesmo pensamento. Mas, por enquanto, rezai. E Eu já me vou. Vós, retirai-vos para orar. Eu me despeço de vós, por enquanto. Procurai estar todos em Betânia no dia décimo quarto do mês de Ziv.
Ele se levanta, enquanto todos se ajoelham com o rosto sobre a grama.
Ele os abençoa, e a luz, sua serva, que o anuncia e o precede em suas vindas, bem como o acolhe na hora de suas partidas, o abraça e o esconde, fazendo-o desaparecer uma vez mais.
[94] aos justos até a minha Morte, isto é, aos justos que viveram até a minha Morte, diferente dos futuros pelos quais é necessário um meio.

[95] sem Mancha de origem são Maria Ss. por obra de Deus e Jesus por natureza de Deus, como anota MV numa cópia
datilografada. Referente a Maria Ss., a afirmação da sua imaculada concepção é constante em toda a obra, começando por 1.3 e
4.5. Com relação a Jesus, está reafirmada, por exemplo, em 126.3 e in 642.3. Todavia, é preciso acrescentar que também João
Batista era privo da mancha original, tendo sido pré-santificado no seio da mãe, como foi dito em 9.5, narrado em 127.5 e
recordado várias vezes (por exemplo, em 45.6, 166.8, 567.16). Por conseguinte, como está explicado muito bem em 414.8, é
preciso dizer que Jesus (como Homem) e Maria Ss. foram concebidos sem o pecado original (o primeiro por natureza de Deus, a
segunda por obra de Deus); e que João Batista foi redimido do pecado original, por obra de Deus, após a concepção e antes do
nascimento.
[96] Batismo, cuja instituição como sacramento, portanto, parece estar em relação com o lava-pés (in 600.11). A natureza
diferente do batismo dado por João Batista, e naquela ocasião (117.3 – 119.7/9) também por Jesus e os seus apóstolos, é
evidenciada em: 96.4 – 259.3/4 – 600.11 – 630.19 – 638.11.

[97] a água da purificação, como no ritual prescrito em: Números 19,17-22.
[98] fala, em: Ezequiel 47,1-12.
[99] consagrações mosaicas, como as prescritas em: Êxodo 29,1-35; Levítico 8.
[100] sete condições, como aquelas enunciadas e explicadas em 126.2/8.
[101] é um contrato, como em: Tobias 7,14.
[102] o discurso sobre o Monte Carmelo, no capítulo 258; na ceia de sábado em Betânia, em 586.6/8.
[103] a desolação, do qual se fala em: Daniel 9,27; 11,31; 12,11.
[104] visão, que está em: Ezequiel 9,2.3.11; 10,2.6.7.
[105] faloi disso, em 361.5.
[106] profetizam a vocação dos gentios, por exemplo, em: Isaías 45,14-17; 49,5-6; 55,5; 60; Jeremias 16,19-21; Miqueias 4,1-2;
Sofonias 3,9-10; Zacarias 8,20-23; e a dureza dos judeus, por exemplo em: Êxodo 32,7-10; 33,5; 34,8; Deuteronômio 9,1-14;
31,24-27; 2 Crônicas 30,7-8; 36,14-16; Jeremias 3,6-25; 4,1-4; 7,21-28; Ezequiel 2,3-8; 3,4-9; 6,11-14; 7,15-27; 8; 11,2-12; 20;
22. Em 177.4.
[107] premiará: porque pertencem à alma da Igreja, assim anota MV nunca cópia datilografada.
[108] escolheu-o, por exemplo, em: Gênesis 12,1-3.7

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