INTRODUÇÃO
12-7
Maio 2, 1917
Como Jesus morria pouco a pouco.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, estava a lamentar-me com o meu doce Jesus das suas privações, dizendo-lhe: “Meu amor, quem poderia pensar, que a tua privação me devia custar tanto? Sinto-me morrer pouco a pouco, cada ato meu é uma morte que sinto, porque não encontro a vida, mas morrer e viver é mais cruel ainda, melhor, é dupla morte”. E meu amável Jesus, de carreira veio e me disse:
(2) “Minha filha, ânimo e firmeza em tudo, ou o que, não queres me imitar? Também eu morria pouco a pouco, conforme as criaturas me ofendiam em seus passos, Eu sentia o rasgo em meus pés, mas com tal acerbidade de espasmos, capazes de me dar a morte, e enquanto me sentia morrer não morria; conforme me ofendiam com suas obras Eu sentia a morte em minhas mãos, e pelo cruel rasgo Eu agonizava, sentia-me desfalecer, mas a Vontade do Pai me sustentava, morria e não morria; conforme as palavras más, as blasfêmias horrendas das criaturas se repercutiam em minha voz, Eu me sentia sufocar, afogar, amargar a palavra e sentia a morte em minha voz, mas não morria. E meu coração dilacerado conforme pulsava, sentia em meu coração as vidas más, as almas que se arrancavam, e meu coração estava em contínuos dilaceramentos e lacerações; agonizava e morria continuamente em cada criatura, em cada ofensa, não obstante o amor, O Querer Divino, obrigavam-me a viver. Eis por que de
sua morte pouco a pouco, te quero junto Comigo, quero sua companhia em minhas mortes, não está contente?”
13-8
Julho 14, 1921
Assim como o sol forma a vida de toda a natureza, o Divino Querer forma a vida das almas.
(1) Minha vontade nadava no Querer Eterno, e uma luz incompreensível me fazia compreender e me dizia:
(2) “Minha filha, para quem vive em minha Vontade acontece como à terra que está exposta ao sol; o sol, rei de tudo o criado está acima de tudo, e toda a natureza parece mendigar do sol o que forma sua vida, sua beleza, sua fecundidade: a flor mendiga do sol sua beleza, O seu colorido, o seu perfume, e conforme vai brotando e abrindo-se, assim abre a boca para receber do sol o calor e a luz para colorir, perfumar e formar a sua vida; as plantas mendigam do sol a maturidade, a doçura, o sabor; todas as coisas mendigam do sol a sua vida.
(3) Meu Querer é mais que sol, e conforme a alma entra em seus ardentes raios, assim recebe a vida, e ao ir repetindo seus atos em meu Querer, assim recebe, agora minha beleza, agora minha doçura e fecundidade, agora minha bondade e santidade, assim que cada vez que entra nos raios de meu Querer, tantas qualidades divinas de sobra recebe. ¡ Oh! quantas belezas variadas adquire, quanta vivacidade de cores, quantos perfumes, se isto pudesse ser visto pelas demais criaturas, formaria seu paraíso na terra, tal é a beleza destas almas, elas são meus refletores, minhas verdadeiras imagens”.
14-8
Março 1, 1922
Como Jesus fica acorrentado pela alma que faz sua Vontade, e a alma por Jesus.
(1) Estava muito aflita pela privação de meu doce Jesus, e depois de muito esperar veio, e de suas chagas fazia correr seu sangue ao redor de meu pescoço e sobre meu peito, e à medida que caíam sobre mim essas gotas de sangue formavam-se como tantos rubis brilhantíssimos, que formavam o mais belo dos adornos. E Jesus olhou para mim e disse:
(2) “Minha filha, como te fica bem o colar do meu sangue, como te embeleza, olha, olha tu mesma como te faz parecer bela”.
(3) E eu, um pouco aborrecida porque me tinha feito esperar tanto tenho dito:
(4) “Meu amor e minha vida, oh! Por muito que gostasse de colar o teu braço apertado ao meu pescoço, isso até me agradaria, porque sentiria a vida e me apegaria tanto a Ti, que não te deixaria fugir mais. Suas coisas, é verdade, são belas, mas quando as separa de Ti eu não te encontro a Ti, não encontro a vida, e apesar de ter suas coisas meu coração delira, desvairia e sangra pela dor, porque Você não está comigo. ¡ Ah! se soubesse em que tortura me põe quando não vem, teria mais cuidado de não me fazer esperar tanto”.
(5) E Jesus todo enternecido circundou o meu pescoço com o seu braço, tomando uma mão na sua, e acrescentou:
(6) “Eu sei, sei quanto sofres, e para te contentar eis o meu braço como um colar ao redor do teu pescoço, não estás agora contente? Deve saber que a quem faz minha Vontade não posso fazer menos que satisfazê-la, porque conforme respira assim forma o ar de meu Querer em torno de mim, de modo que não só me cinja o pescoço, mas toda a vida, e Eu fico como acorrentado e impedido pela alma com a mesma força da minha Vontade, mas isto não me desagrada, mas sim pelo grande contentamento que sinto, acorrentando-a a ela, e se tu não sabes estar sem Mim, são minhas correntes, minhas algemas que te têm tão estreitada, que basta um momento sem Mim para te dar um martírio tão doloroso, que não há outro igual. Pobre filha, pobre filha, tens razão, Eu terei conta de tudo, mas não te deixo, mais bem me encerro em ti para desfrutar o ar de meu Querer que me forma você mesma, porque ar de minha Vontade é teu bater de coração, teu pensamento, teu desejo, o teu movimento, e eu neste ar encontrarei o meu apoio, a minha defesa e o mais belo repouso sobre o teu peito”.
15-8
Fevereiro 22, 1923
Medo ao fingimento. Quem deve subir mais alto que todos, deve descer no mais baixo.
(1) Eu estava muito angustiada pelo pensamento de que o meu estado era um fingimento contínuo.
Que golpe cruel é isso para mim! Chama-me todas as desgraças, põe-me por debaixo de todos os desgraçados e até dos mesmos condenados; alma mais perversa que eu nunca existiu na terra, mas o que mais me dói é não poder sair deste estado de fingimento, pois confessaria a minha culpa e às custas da minha vida não o faria mais, e Jesus que é tão bom, em sua infinita misericórdia perdoaria a esta alma, a mais perversa de todas. Então, depois de ter passado uma destas tormentas, o meu sempre amável Jesus fez-se ver, e eu lhe disse:
(2) “Amado Jesus meu, que pensamento feio é este, ah! Não permita que exista em mim o fingimento, mande-me a morte antes que te ofenda com o vício mais feio, como é o fingimento, isto me aterroriza, me esmaga, me aniquila, me arranca de seus doces braços e me põe sob os pés de todos, mesmo dos mesmos condenados. Meu Jesus, Tu dizes que me amas muito, e depois permites esta separação de minha alma de Ti? Como teu coração pode resistir ante tanta dor minha?”
(3) E Jesus: “Minha filha, coragem, não te abatas, quem deve subir mais alto que todos, deve descer no mais baixo, abaixo de todos. De minha Mãe, Rainha de todos, se diz que foi a mais humilde de todos, porque devia ser superior a todos, mas para ser mais humilde que todos devia descer no mais baixo, por baixo de todos, e minha Celestial Mãe com o conhecimento que tinha de seu Deus Criador, e quem era Ela, criatura, descia tanto no baixo, que à medida que Ela descia assim Nós a elevávamos, mas tanto, que não há nenhum que a iguale. Assim é de ti, a pequena filha de meu Querer, para lhe dar o primado em minha Vontade, devendo elevá-la sobre todos, a faço descer ao mais baixo, por debaixo de todos, e por quanto mais desce tanto mais a elevo e a faço tomar lugar no Querer Divino. Oh, como me rapta quando quem está acima de todos a vejo por debaixo de todos! Eu corro, vôo, para te tomar em meus braços, e faço ampliar teus confins em minha Vontade, por isso permito tudo para teu bem e também para cumprir meus mais altos desígnios sobre ti. Mas não quero que perca tempo pensando e pensando nisso, quando te tomo em meus braços faça tudo a um lado e siga meu Querer”.
16-8
Julho 24, 1923
A vontade é o depósito de toda a obra da criatura.
(1) Sentia-me muito oprimida pela privação do meu sempre amável Jesus e dizia entre mim: “Tudo acabou para mim, porque quanto o busco não vem, que tortura, que martírio”. Mas enquanto isso eu pensava, meu adorável Jesus fez-se ver crucificado, que se estendia sobre minha pobre pessoa, e uma luz que saía de dentro da sua adorável testa dizia-me:
(2) “Minha filha, a minha Vontade contém todo o meu Ser, e quem em si a possui, possui a Mim mais que se tivesse minha contínua presença, porque minha Vontade penetra em qualquer lugar, nas mais íntimas fibras; conta os batimentos, os pensamentos, torna-se vida da parte mais bela da criatura, isto é, de seu interior, do qual brotam como de uma fonte as obras externas, tornando-a inseparável de Mim; enquanto a minha presença, se não encontrar a minha vontade na alma, não pode ser vida de todo seu interior, e ela fica como dividida de Mim, quantas almas depois de ter gozado de meus favores e de minha presença, não estando nelas a plenitude de minha Vontade, sua luz, sua santidade, foram engolfados de novo na culpa, tomaram parte nos prazeres, se separaram de Mim porque não estava nelas essa Vontade Divina que volta à alma intangível de qualquer culpa, ainda mínima, por isso as obras mais puras, mais santas, maiores, são formadas em quem possui toda a plenitude da minha Vontade. Veja, também na criatura sua vontade tem a primazia, assim se esta esta tem vida, e se esta não está, parece uma árvore que enquanto tem tronco, galhos, folhas, está sem fruto; a vontade na criatura não é pensamento, mas dá a vida à atitude da mente; não é olho, mas dá a vida ao olhar, porque se tem vontade o olho quer ver, quer conhecer as coisas, de outro modo é como se o olho não tivesse vida; não é palavra, mas dá vida a cada uma das palavras; não é mão, mas dá vida à ação; não é passo, mas dá vida ao passo; não é amor, desejo, afeto, mas dá vida ao amor, ao desejo, ao afeto. Mas isto não é tudo, enquanto é vida de todos os atos humanos, ao cumpri-los a criatura fica despojada de seus mesmos atos, como a árvore carregada de frutos é despojada pelas mãos de quem os toma; em vez disso, na vontade ficam como seladas as olhadas que deu, os pensamentos que formou, as palavras que disse, as ações que fez; assim que a mão operou, mas sua ação não fica em suas mãos, passa além e quem sabe para onde vai, mas na vontade fica, por isso tudo fica escrito, formado, selado na vontade humana, e se isto passa na vontade humana só porque pus o germe, a semelhança da minha, pensa tu mesma como será a minha em Mim mesmo, e como será se a criatura se faz possuir de mim Vontade”.
17-10
Setembro 2, 1924
Quanto dano causa a desconfiança na alma.
(1) Sentia-me muito oprimida, mas toda abandonada nos braços de Jesus, e lhe pedia que tivesse compaixão de mim, mas enquanto isso fazia senti perder os sentidos, e via que saía de dentro de mim uma pequena menina, débil, pálida e toda absorta em uma profunda tristeza; e Jesus bendito, indo ao seu encontro, tomava-a nos braços e, movendo-se com piedade, apertava-a ao coração, e com as mãos acariciava-lhe a testa, marcando-lhe com sinais de cruz os olhos, os lábios, o peito e todo o resto da menina; enquanto isso fazia a menina se revigorava, adquiria a cor e se sacudia do estado de tristeza, e Jesus vendo que a menina readquiria as forças, a estreitava mais forte para mais energizar e lhe dizia:.
(2) “Pobre pequena, a que estado estás reduzida, mas não temas, teu Jesus te fará sair deste estado”.
(3) Então, enquanto isso acontecia eu pensava entre mim: “Quem será esta menina que saiu de mim e que Jesus ama tanto?” E meu doce Jesus me disse:.
(4) “Minha filha, esta menina é a tua alma, e Eu a amo tanto que não tolero ver-te tão triste e débil, por isso vim para infundir-te nova vida e novo vigor”.
(5) Então eu, ouvindo isto, disse-lhe chorando: “Meu amor e minha vida, Jesus, quanto temo que Tu me deixes, como farei sem Ti? Como poderei viver, a que estado deplorável se reduzirá minha pobre alma? Que pena tão dilacerante é o pensamento de que Você possa me deixar! Pena que me lacera, me tira a paz e me põe o inferno no coração. Jesus, piedade, compaixão, misericórdia de mim, pequena menina, não tenho ninguém, se me deixares, tudo terá terminado para mim”.
(6) E Jesus, falando de novo acrescentou: “Minha filha, acalma-te, não temas, teu Jesus não te deixa. Eu sou ciumento de sua confiança, não quero que desconfie minimamente de Mim. Olhe, Eu amo tanto que as almas estejam com toda confiança Comigo, que muitas vezes escondo algum defeito ou imperfeição delas, ou alguma incorrespondência a minha graça, para não dar-lhes ocasião de que não estejam Comigo com toda confiança, porque se perde a confiança a alma fica como dividida de Mim e toda encolhida em si mesma, põe-se a distância de Mim e fica paralisada no lançar-se ao amor, e por isso paralisada no sacrificar-se por Mim. ¡ Oh! quanto dano faz a desconfiança, pode-se dizer que é como essa geada primaveril que apaga a vida às plantas, e muitas vezes se a geada é forte as faz mesmo morrer; assim a desconfiança, mais que geada detém o desenvolvimento às virtudes e põe o gelo ao mais ardente amor; OH! quantas vezes por falta de confiança ficam presos meus desígnios e as maiores santidades, por isso Eu tolero qualquer defeito exceto a desconfiança, porque jamais lhe podem produzir tanto dano. E além disso, como posso deixá-la se trabalhei tanto em sua alma? Olhe um pouco quanto tive que
trabalhar”..
(7) E enquanto dizia isto, fazia ver um palácio suntuoso e imenso, construído pelas mãos de Jesus
no fundo da minha alma e depois acrescentou:
(8) “Minha filha, como posso deixar-te? Veja quantas permanências, são quase inumeráveis; por
quantos conhecimentos, efeitos, valores e méritos em minha Vontade te fiz conhecer, tantas
permanências formava Eu em ti, para depositar todos esses bens. Não me resta outra coisa, que
acrescentar alguma outra variedade de outras cores diferentes para pintar outras raras belezas de
minha Suprema Vontade, para dar mais realce e honra a meu trabalho. E você duvida, pensando
que poderia deixar tanto trabalho meu? Me custa muito, está minha Vontade comprometida, e onde
está minha Vontade está a Vida, Vida não sujeita a morrer. Seu temor não é outra coisa que um
pouco de desconfiança de sua parte, por isso confia de Mim e estaremos de acordo, e Eu cumprirei
o trabalho de minha Vontade”..
18-8
Outubro 21, 1925
Efeitos de um ato feito na Divina Vontade. A dor de Jesus está suspensa na Divina Vontade esperando o pecador.
(1) Esta manhã meu doce Jesus me disse: “Minha filha, trago-te o beijo de todo o Céu”. E enquanto isso dizia me beijou e acrescentou:.
(2) “Todo o Céu está em minha Vontade, e tudo o que Eu faço, estando eles neste Supremo Querer, sentem o eco de meus atos e repetem como respondendo ao meu eco o que faço Eu”.
(3) Dito isto desapareceu, mas depois de algumas horas voltou dizendo-me:.
(4) “Minha filha, devolve-me o beijo que te dei, porque todo o Céu, minha Mãe, nosso Pai Celestial e o Divino Espírito estão esperando a correspondência de teu beijo, porque tendo saído um ato deles em minha Vontade para a criatura que vive no exílio, desejam que lhes seja restituída a correspondência em minha mesma Vontade”.
(5) Então, aproximando sua boca à minha, quase tremendo lhe dei meu beijo, o qual produziu um som harmonioso nunca ouvido, que se elevava ao alto e se difundia em tudo e a todos. E Jesus, com um amor indescritível acrescentou:.
(6) “Como são belos os atos na minha Vontade! Ah! você não sabe a potência, a grandeza, a maravilha de um ato em minha Vontade, este ato move tudo, Céu e terra como se fosse um ato só, e tudo o criado, anjos, santos, dão e recebem a correspondência desse ato. Por isso um ato feito em minha Vontade não pode estar sem correspondência, de outra maneira todos sentiriam dor de um ato divino que moveu a todos, no qual todos puseram do seu, e no entanto não correspondido.
O obrar da alma em minha Vontade é como o som argentino de um vibrante e sonora sino que soa tão forte, que chama a atenção de todos, e soa e ressoa tão doce, que todos conhecem nesse som, o obrar da alma em minha Vontade, recebendo todos a glória, a honra de um ato divino”..
(7) E, dito isto, desapareceu. Mais tarde, continuando a fundir-me na Vontade Divina, magoando-me por cada ofensa que foi feita a meu Jesus, desde o primeiro até o último homem que virá sobre a terra, e enquanto me doía pedia perdão, mas enquanto isso fazia dizia entre mim:
(8) “Meu Jesus, meu amor, não me basta magoar-me e pedir-te perdão, senão que quisesse aniquilar qualquer pecado, para fazer que jamais, jamais, sejas ofendido”. E Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:.
(9) “Minha filha, Eu tive uma dor especial por cada pecado, e sobre minha dor estava suspenso o perdão ao pecador. Agora, esta minha dor está suspensa em minha Vontade esperando o pecador quando me ofende, a fim de que, magoando-se de me ter ofendido, desça a minha dor para que se magoe juntamente com a sua, e em breve lhe dê o perdão; mas quantos me ofendem e não se magoam? E minha dor e perdão estão suspensos em minha Vontade e como isolados. Obrigado minha filha, obrigado por vir em minha Vontade a fazer companhia a minha dor e a meu perdão.
Continua girando em minha Vontade e fazendo tua minha mesma dor, grita por cada ofensa: talha dor, perdão’, a fim de que não seja só Eu a me doer e a impetrar o perdão, senão que tenha a companhia da pequena filha de meu Querer que se dói junto Comigo”..
19-8
Março 28, 1926
Com viver no Querer Divino todos os bens ficam concentrados na alma. A finalidade primária da Redenção foi o Fiat Divino.
(1) Tendo recebido a Santa Comunhão, estava chamando a todos, a minha Rainha Mãe, aos santos, ao primeiro homem Adão, com o séquito de todas as gerações até o último homem que virá sobre a terra e além de todas as coisas criadas, a fim de que todos junto comigo, prostrados à volta de Jesus, adoremo-lo, abençoá-lo e amá-lo, a fim de que a Jesus nada lhe faltasse em torno de todas as obras que saíssem das suas mãos, nem um só coração que pulsasse, nem um sol que resplandecesse, nem a vastidão do céu azul adornado de estrelas, nem o mar que murmura, nem sequer a pequena flor que eleva seu perfume, tudo e a todos gostaria de concentrar em torno de
Jesus Hóstia, a fim de que lhe rendessem as honras devidas; seu Querer me fazia tudo presente como se tudo fosse meu, e eu queria dar tudo a Jesus. Agora, enquanto fazia isto, parecia-me que Jesus era feliz ao olhar para todas as gerações e as suas coisas em torno dele, e, estreitando-me a Si, disse-me:.
(2) “Minha filha, como estou contente ao ver em torno de Mim todas as minhas obras, sinto-me restituir a alegria, a felicidade que lhes dei ao criá-las, e Eu lhes retribuo com nova felicidade; este é o grande bem que contém e leva a minha Vontade, e em quem vive nela concentra os bens de todos nela, porque a minha Vontade não há bem que não leve e vincula a alma a todos e a tudo o que a Ela pertence, assim que se a criatura não se houvesse subtraído do meu Querer, Eu devia encontrar a todos em uma, e a cada uma em todos; os bens, a luz, a força, a ciência, o amor, a beleza, deviam ser comuns a todos, não devia haver nem teu nem meu, nem na ordem natural nem na ordem espiritual, cada uma das criaturas poderia tomar quanto quisesse. Símbolo do sol devia ser a vida humana em minha Vontade, que todos podem tomar a luz por quanto queiram, sem que a nenhum lhe falte; mas como se subtraiu de minha Vontade, os bens, a luz, a força, o amor, a beleza, ficaram divididos e como incompletos entre as criaturas, Por isso não houve mais ordem, nem harmonia, nem verdadeiro amor, nem para Deus nem entre eles. Oh! Se o sol pudesse ser dividido em tantos raios, separando-se do centro da luz, estes raios solares acabariam se tornando trevas, e o que seria da terra? Ah, certamente nenhum poderia ter tido mais uma luz toda sua e toda para si! Assim foi da minha Vontade, o homem ao subtrair-se dela perdeu a plenitude dos bens, a plenitude da luz, da força, da beleza, etc., e por isso foi obrigado a viver com privações. Por isso sê atenta, teu viver em meu Querer seja contínuo, a fim de que tu contenhas tudo e Eu encontre a todos em ti”.
(3) Depois estava pensando entre mim: “Se tanto bem contém o verdadeiro viver na Suprema Vontade, por que minha Mãe Celestial, que era toda Vontade de Deus, não conseguiu junto ao suspirado Redentor o Fiat Voluntas Tua como no Céu assim na terra, e assim fazer regressar o homem naquele Fiat Supremo de onde saiu, para dar-lhe novamente todos os bens e o fim pelo qual tinha sido criado? Muito mais que Ela, sendo toda Vontade de Deus, não tinha nenhum alimento estranho a Deus, portanto possuía a mesma potência divina e com esta tudo podia
conseguir”. E meu doce Jesus movendo-se de novo dentro de mim, suspirando acrescentou:.
(4) “Minha filha, tudo o que minha Mãe fez e tudo o que eu fiz na Redenção, sua finalidade primária era que meu Fiat reinasse sobre a terra; não seria nem decoroso, nem verdadeiro amor, nem grande magnanimidade, nem muito menos agir como aquele Deus que era, se, vindo ao mundo, eu devesse e quisesse dar às criaturas a coisa mais pequena, como eram os meios para salvar-se, e não a maior coisa, como era a minha Vontade, que contém não só os remédios mas todos os bens possíveis que há no Céu e na terra, e não só a salvação e a santidade, mas aquela santidade que a eleva à própria Santidade do seu Criador. Oh, se você pudesse penetrar em cada oração, ato, palavra e pena de minha indivisível Mamãe, você encontraria dentro de si o Fiat que suspirava e pedia; se pudesse penetrar dentro de cada gota de meu sangue, em cada coração meu, respiro, passo, obra, dor e lágrima, encontrarias dentro o Fiat que tinha a supremacia, que suspirava e pedia para as criaturas, mas enquanto o fim primário era o Fiat, minha bondade devia descer ao fim secundário e quase fazer como um mestre que enquanto possui as ciências mais altas, e poderia dar lições nobres e sublimes, dignas de si, como os escolares são todos analfabetos deve-se abaixar a dar lições de: a, b, c, para poder pouco a pouco chegar à sua finalidade primária de dar as lições da ciência que possui para fazer outros tantos mestres dignos de tal mestre; se este mestre não se quiser rebaixar a dar lições de estudos inferiores e quiser dar lições de sua alta ciência, os escolares, sendo analfabetos, não o teriam entendido e confundidos por tanta ciência ignorada por eles o teriam deixado, e o pobre mestre por não ter querido baixar-se, não deu nem o pequeno bem de sua ciência nem o grande.
Agora minha filha, quando Eu vim à terra as criaturas eram todas analfabetas nas coisas do Céu, e se Eu tivesse querido falar do Fiat e do verdadeiro viver nele, teriam sido incapazes de compreendê-lo se não conheciam o caminho para vir a Mim, em sua maior parte eram coxos, cegos, doentes, devia ter-me abaixado nos vestidos da minha Humanidade que cobriam aquele Fiat que queria dar, irmanar-me com eles, misturar-me com todos para poder ensinar as primeiras noções, o a, b, c, do Fiat Supremo, e tudo o que Eu ensinei, fiz e sofri, não foi outra coisa que preparar o caminho, o Reino e o domínio a minha Vontade. Este é o costume em nossas obras, fazer as coisas menores como ato preparatório às coisas maiores, não fiz contigo outro tanto? Ao princípio não te falei do Fiat Supremo, nem da altura, nem da santidade a que Eu queria que você chegasse em meu Querer, nem te fiz nenhuma menção da grande missão a que te chamava, senão que te tive como a uma pequena menina, com a qual eu me deleitava em te ensinar a obediência, o amor ao sofrer, o desapego de tudo e de todos, a morte a teu próprio eu; e conforme tu te prestavas eu me alegrava, porque via em ti preparado o posto onde colocar o meu Fiat e as lições sublimes que pertenciam à minha Vontade. Assim foi na Redenção, tudo foi feito com a finalidade de que o Fiat pudesse de novo reinar na criatura, como quando a tiramos de nossas mãos criadoras; nós não temos pressa em nossas obras, porque temos não somente os séculos mas toda a eternidade a nossa disposição, por isso vamos a passo lento, mas com o nosso triunfo; primeiro preparamos e depois fazemos. Não por haver-me regressado ao Céu minha potência diminuiu de como era quando estava na terra, minha potência é sempre igual, tanto estando no Céu como na terra; não chamei e escolhi a minha Mãe estando em minha pátria celestial? Assim te chamei e escolhi a ti com aquela mesma potência que nenhum pode resistir-me para o suspirado Fiat, mas bem te digo que para obter isto, tu tens à tua disposição coisas maiores e mais importantes que não as teve minha amada Mamãe, por isso tu és mais feliz, Porque ela não teve uma Mãe, nem as suas obras por ajuda para conseguir o suspirado Redentor, mas só teve o cortejo dos atos dos profetas, dos patriarcas e dos bons do antigo testamento e dos grandes bens previstos do futuro Redentor. Mas tu tens uma Mãe e todas as suas obras por ajuda, tens as ajudas, as penas, as orações e a mesma Vida, não prevista mas realizada, do teu Redentor; não há bem nem orações que tenham sido feitas ou feitas na Igreja que não estejam contigo para te ajudar a obter o suspirado Fiat; e como tudo o que foi feito por Mim, pela Rainha do Céu e por todos os bons, o fim primário era o cumprimento da minha Vontade, por isso tudo está contigo para implorar a realização da sua finalidade. “Por isso seja atenta, Eu estarei junto contigo, também minha Mãe, não estarás sozinha a suspirar o triunfo de nossa Vontade”.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade