ESTUDO 50 LIVRO DO CÉU VOL. 29 A 36 – ESCOLA DA DIVINA VONTADE

Escola da Divina Vontade
ESTUDO 50 LIVRO DO CÉU VOL. 29 A 36 – ESCOLA DA DIVINA VONTADE
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29-3
Fevereiro 17, 1931

Imposições, lágrimas amarguíssimas; Jesus consola-a assegurando-lhe que lhe concede a
graça de não a fazer cair nos sofrimentos. O sofrimento voluntário constitui a verdadeira vítima.

(1) Passo dias amargos, a minha pobre existência desenvolve-se sob o pesadelo de uma tragédia.
Meu Jesus, ajuda-me! Não me abandones! Tu que sempre foste tão bom para mim e que com
tanto amor me sustentaste nas lutas da minha vida, ah! Não me deixes agora que as lutas são
mais tremendas e encarniçadas. Meu amor, mostra o teu poder, olha! Jesus, não são demônios
que lutam comigo, que com um sinal da cruz os faria fugir quem sabe para onde, senão que são
superiores que só Tu os podes pôr em seu lugar; sou a condenada pobre, e eu mesma não sei o
que fiz, oh! Como a minha história é dolorosa.

Disseram-me que me querem colocar outro sacerdote designado pelo Bispo, que chamará médicos e fará todas as provas que quiser,
deixando-me abandonada por todos os outros em seu poder. Diante de tal anúncio rompi em
pranto, sem poder cessar de chorar, meus olhos se tornaram fontes, toda a noite a passei
chorando e rogava a Jesus que me desse a força e que pusesse fim a tantas tempestades; olha,
dizia, Meu amor, já são dois meses e mais em lutas contínuas, lutas com as criaturas, lutas contigo
para que não me faças cair nos sofrimentos, e oh! Quanto me custa lutar com meu Jesus, mas não
porque não quisesse sofrer, mas porque assim querem aqueles que têm direito sobre mim, mas
agora não posso mais, e só deixarei de chorar quando me disser que me concede livrar-me do
aborrecimento que dou ao sacerdote, por isso é toda a guerra, e chorava e chorava com tal
amargura, que me sentia a envenenar o sangue nas veias, tanto que muitas vezes me sentia como
sem vida, sem fôlego, mas como me sentia assim, continuava a chorar e soluçar. E, quando eu
estava num mar de lágrimas, o meu doce Jesus abraçou-me a Si nos seus braços, e com voz
terna, como se eu também quisesse chorar, disse-me Ele:

(2) “Minha filha boa, não chores, meu coração não pode mais, tuas lágrimas desceram até o fundo
dele, e sinto tua amargura tão viva que me sinto estourar; minha filha, ânimo, você sabe que te
amei muito, muito, e agora este amor me obriga a te contentar, se até agora Eu te tive suspensa do
estado de sofrimento algum dia, para fazê-los compreender que a minha Vontade era a de
continuar a ter-te como tive durante quarenta e seis anos. Mas agora que querem pôr-te de costas
para a parede, põem-me em condições de fazer uso da minha Vontade permissiva, não querida, de
suspender-te do estado de vítima. Por isso não temas, de agora em diante não te comunicarei mais
minhas penas, não me estenderei mais em ti de modo que tu ficavas rígida e sem movimento; por
isso ficarás livre sem ter necessidade de nenhum. Fique calma filha, até que não se aquietem e
que não queiram que você caia nos sofrimentos, não o farei mais. Agora, você deve saber que o
estado de sofrimentos nos quais Eu te colocava correspondiam a minha Humanidade, a qual queria
continuar sua Vida de penas em você. Agora fica a coisa mais importante, minha Vontade; dai-me
tua palavra de que viverás sempre nela? Que será a sacrificada, a vítima de minha Vontade, que
fazendo-a dominar em você não cederá um só ato de vida a sua vontade? Assegura-me filha boa
que nada omitirás do que te ensinei a fazer, e de seguir o que tens feito até agora em meu Fiat.
Este é o ponto culminante do teu Jesus sobre ti, pôr a salvo os direitos da minha Vontade em tua
alma. Por isso fá-lo logo, diz-me que me contentarás”.

(3) E eu: “Meu Jesus o prometo, o juro, o quero, seguir o que Tu me ensinaste, mas Tu não me
deves deixar, porque Contigo sei fazer tudo, sem Ti não sou boa para nada”. E Jesus voltou a
dizer:

(4) “Não temas, não te deixo; deves saber que te amo e se me induziram a ceder em que tu não
caias no estado de sofrimento, não foi outra coisa que um amor grande, intenso, excessivo para ti,
meu amor ao ver-te chorar tanto venceu a minha Vontade e pôs um basta por agora, mas deves
saber que os flagelos choverão como chuva densa, o merecem, quando não querem as vítimas
como gosto a Mim, e no modo querido por Mim, justamente merecem que sejam golpeados
severamente, e não acredite que o farei hoje mesmo, mas deixe que passe um pouco de tempo e
então verá e ouvirá o que minha Justiça tem preparado”.

(5) Então passei o primeiro dia livre sem lutar com meu Jesus, porque tendo-me assegurado que
não me teria feito cair nos sofrimentos, não me sentia mais incitar, empurrar, a que aceitasse
submeter-me às penas que Jesus queria dar-me. Por isso, enquanto a luta havia cessado, havia
ficado ainda um temor de que meu amado Jesus de improviso me surpreendesse, e para me
tranquilizar me disse:

(6) “Minha filha, não temas, te disse Jesus, e basta, não sou uma criatura que posso faltar à
palavra, sou Deus, e quando falo não mudo, te disse que até então não se tranquilizam e não
queiram as coisas, não te farei cair, e assim será, e ainda que o mundo se ponha de cabeça,
porque a minha Justiça quer castigar as criaturas, Eu não mudarei a minha palavra, porque tu
deves saber que não há coisa que aplaque mais a minha Justiça, e que chegue a mudar os
maiores castigos em reescritos de graças, que o sofrer voluntário, e se podem chamar verdadeiras
vítimas não aquelas que sofrem por necessidade, por doença, por infortúnio, todo o mundo está
cheio destes sofrimentos, mas aquelas que voluntariamente se expõem a sofrer o que Eu quero e
no modo como quero, estas são as vítimas que me assemelham, meu sofrer foi todo voluntario,
nenhuma pena podiam dar-me, inclusive mínima, se Eu não o quisesse. É por isso que quase
sempre te perguntava quando te devia fazer cair nos sofrimentos, se tu voluntariamente aceitavas,
para ter teu sofrer voluntário, não forçado; não é algo grande diante de Deus um sofrer forçado ou
por necessidade, o que apaixona, que rapta e que chega a atar ao mesmo Deus, é o sofrer
voluntário.

Se tu soubesses como me magoava o coração quando te punhas nas minhas mãos
como uma cordeirinha, a fim de que te amarrasse e fizesse o que quisesse, te tirava o movimento,
te petrificava, posso dizer que te fazia sentir penas mortais, e você me deixava fazer, e isto era
nada, o nó mais forte era que tu não podias sair daquele estado de penas no qual teu Sacrificador
Jesus te tinha posto se não viesse meu ministro para te chamar à obediência; era isto o que te
constituía verdadeira vítima, a nenhum enfermo, nem sequer aos mesmos encarcerados lhes é
negado o movimento e o pedir ajuda nas necessidades extremas, só para você meu amor tinha
preparado a cruz maior, porque coisas grandes queria e quero fazer de você, quanto maiores são
meus desígnios tanta cruz singular forma, e posso dizer que não houve jamais no mundo cruz
semelhante àquela que com tanto amor teu Jesus tinha preparado para ti. Por isso minha dor é
indescritível ao ver-me contrariado pelas criaturas, por quanta autoridade têm, nos modos que
quero ter com as almas querem impor-me as leis como se elas as entendessem melhor que Eu.
Por isso minha dor é grande, e minha Justiça quer punir aqueles que foram causa de tanto
sofrimento meu”.

30-3
Novembro 16, 1931

Cada ato humano é um jogo, uma prenda para vencer as graças celestiais. O ato humano é
terra onde o Querer Divino põe sua semente. Como o amor constitui um direito.

(1) Sinto-me em poder da Divina Vontade, mas não forçada, mas voluntária, e sinto a viva
necessidade de conseguir também eu uma presa que me faça feliz no tempo e na eternidade, e por
isso em todos meus atos trato de tomar presa à luz da Divina Vontade, à sua santidade, à sua
própria Vida. Por isso a chamo, a tomo para raptá-la em meus atos, para encerrá-la neles e poder
dizer: “Cada ato meu é uma presa e uma conquista que faço”. Presa e conquista da Vontade
Divina, muito mais, que tendo aprisionado a minha, sem vontade não posso viver, portanto é justo
e direito, que eu faça presa da sua, e neste tomar-nos como presa reciprocamente parece-me que
mantemos a correspondência, o jogo, e o amor de ambos os lados acende mais. Agora, enquanto
pensava isto, meu doce Jesus parecia que se agradava ao ouvir minhas loucuras, e eu dizia entre
mim: “Além disso sou pequena e recém-nascida apenas, se digo desatinos não é grande coisa,
mas bem há que me compadecer, porque os pequenos é fácil que digam desatinos, e muitas vezes
o amado Jesus se deleita dos desatinos feitos por puro amor, e toma ocasião deles para dar uma
lição, como de fato o fez”. Visitando minha pequena alma me disse:

(2) “Minha pequena filha do meu Querer, é certo que tudo o que acontece entre o Criador e a
criatura, os atos que ela faz, e o que recebe de Deus, serve para manter a correspondência, para
conhecer-se mais, para amar-se mais e para manter o jogo entre um e outro, para conseguir o
intento do que quer Deus da criatura, e do que ela quer de Deus. Assim, cada ato é um jogo que se
prepara para fazer as mais belas vitórias e levá-las em penhor reciprocamente. O ato serve como
matéria para jogar e como penhor para ter o que dar a quem vence. Deus com dar põe sua prenda,
a criatura ao fazer seu ato põe a sua e organizam o jogo, e nossa bondade é tanta, que nos
fazemos fracos para fazer vencer a criatura, outras vezes nos fazemos fortes e vencemos Nós, e
isto o fazemos para colocá-la no ponto de que fazendo mais atos, ponha mais roupas e assim
poder vencer para refazer-se da derrota. Além disso, como poderia manter-se a união se nada
devíamos dar, e nada devia dar-nos a criatura?

Cada ato é um compromisso de gratidão, e umacorrespondência entre o Céu e a Terra,
e um jogo em que você chama seu Criador para se divertir
com você. Muito mais que cada ato feito pela Divina Vontade no ato da criatura, é uma semente
divina que germina nela, o ato prepara a terra onde minha Vontade lança sua semente para fazê-la
germinar em planta divina, porque de acordo com a semente que se lança no seio da terra, essa
planta nasce; se a semente é de flores, nascem flores; se a semente é de fruto, nasce o fruto.
Agora, minha Divina Vontade em cada ato de criatura lança uma semente diferente, onde lança a
semente da santidade, onde a semente do amor, em outros a semente da bondade, e assim do
resto, quanto mais atos faz nela, tanta terra prepara onde meu Querer põe sua semente distinta
para encher a terra destes atos humanos. Então, quem se faz dominar por minha Vontade Divina é
bela, é formosa, cada ato seu contendo a variedade de sementes divinas, é uma nota de seu
Criador: Um ato diz santidade, outro misericórdia, outro justiça, sabedoria, beleza, amor, em
resumo, se vê uma harmonia divina, com tal ordem que aponta o dedo de Deus que age nela. Vês
então a necessidade do ato da criatura para poder encontrar a terra onde pôr nossa semente
divina? Caso contrário, onde o colocaria? Nós não temos terra, por isso deve-nos formar com seus
atos, para poder com nossas sementes germinar nosso Ser Divino na criatura. Por isso quem faz e
vive em nosso Querer Divino, pode-se chamar aquele que reproduz a seu Criador, e abriga nela
Aquele que a criou”.

(3) Depois continuava meus atos no Divino Querer, e minha pequenez queria abraçar tudo em meu
abraço de amor, para poder fazer correr meu pequeno amor em todas as coisas e por todas as
partes. Mas enquanto isso fazia, meu doce Jesus continuou:

(4) “Minha filha, amar significa possuir e querer fazer sua a pessoa ou ao objeto que se ama. Amar
significa vínculo, ou de amizade ou de parentesco ou de filiação, de acordo mais ou menos com a
intensidade do amor. Portanto, se entre a criatura e Deus não há nenhum vazio de amor divino, se
todos os seus atos correm para Deus para amá-lo, se do amor têm princípio e no amor terminam,
se olha todas as coisas que pertencem ao Ser Supremo como suas, isto diz amor de filho para com
o seu Pai, porque assim não se sai nem das propriedades divinas nem da habitação do Pai
Celestial, porque o amor verdadeiro constitui um direito na criatura, direito de filiação, direito de
participação de bens, direito de ser amado. Cada ato seu de amor é uma nota vibrante que bate no
coração divino e com seu som diz ‘Eu te amo, e me ame’, e o som não termina se você não ouvir a
nota do seu Criador, que ecoando ao som da alma responde, ‘te amo oh filho’. Oh! Como
esperamos o te amo da criatura para fazê-la tomar o seu lugar no nosso amor, para ter o doce
gosto de poder dizer-lhe ‘te amo, oh filho’, e assim poder dar-lhe mais direito de nos amar e de
fazê-lo pertencer à nossa família. Um amor interrompido e que não faz suas coisas, nem as
defende, não se pode chamar amor de filho, mas poderá ser amor de amizade, amor de
circunstância, amor de interesse, amor de necessidade, que não constitui um direito, porque só os
filhos têm direito de possuir os bens do Pai, e o Pai tem o sacrossanto dever, mesmo com leis
divinas e humanas de fazer possuir os bens a seus filhos. Por isso ama sempre, a fim de que
encontres em todos os teus atos o amor, o encontro, o beijo do teu Criador”.

31-3
Agosto 14, 1932
Quem não vive na Divina Vontade, se encontra nas condições dos ociosos ante a luz do sol.
Quem vive nela possui a Santíssima Trindade em ato.

(1) Estava pensando na Divina Vontade e como quem se faz dominar por Ela, dando-lhe o pleno
domínio, todos os direitos são seus e tudo o que os demais obtêm por piedade, por misericórdia,
por bondade de Deus, ela o obtém por direito: por direito obtém a santidade, porque aquela que a
domina é Santa e tem virtude de transformar alma e corpo em santidade, em bondade, em amor,
assim que todas as vitórias, as conquistas, os direitos, são seus e como dona toma o Céu por
assalto. Que grande diferença entre quem vive na Divina Vontade e entre quem vive de vontade
humana! Mas enquanto isso eu pensava, meu adorável Jesus repetindo sua breve visita me disse:

(2) “Filha bendita, a diferença entre uma e outra é grande e incalculável; para quem não vive em
minha Vontade, Ela é como o sol para os ociosos, porque os investe com sua luz e os impele com
seu calor, eles não fazem nada, nada aprendem e nada ganham, e tornam estéril para eles a luz
do sol, e como estão sem fazer nada, cansam-se, aborrecem-se da mesma luz e buscam a
escuridão como repouso de sua infeliz ociosidade. Mas, para quem trabalha, a luz é operosa; é luz
ao olho para lhe mostrar o que deve fazer; porque, quanto à luz que tem fora, se o seu olho não
tem a vida da luz, de nada lhe servirá a luz que a circunda, e se não tem a luz exterior, de nada lhe
aproveitará ter a vida da luz em seu olho; minha paterna bondade tem posto tal união entre a luz
exterior que pode ter a criatura, e a de seu olho, que uma não pode agir sem a outra; é luz para as
mãos se quiser agir, se quiser escrever, se quiser ler, e assim do resto. Assim, a primeira parte que
atua na criatura é tomada pela luz, sem ela, seria sem dúvida difícil poder fazer algum bem, e
poder ganhar um pedaço de pão para viver. Agora, tal é a luz de minha Vontade para quem não
vive Nela, Ela investe e existe para todos, mas não é constante nem dominante no ato da criatura,
esta, com toda sua luz permanece ociosa, não aprende nada de divino, nem faz nenhuma
conquista, e as coisas mais belas cansam-na e estragam-na. A vontade que quer viver na minha é
como o olho cheio de luz, que se torna capaz de unificar-se com a luz da minha Vontade, que,
pondo-se de acordo entre elas, fazem e formam trabalhos e obras prodigiosas, capazes de fazer
maravilhar Céus e terra. Veja então o que significa viver em minha Vontade: Não estar ocioso, pôr-
se de acordo com a pequena luz da alma com a luz do Fiat eterno, para convertê-lo constante em
seus atos, e assim formar a inseparabilidade entre um e outro”.

(3) Por isso a multidão de pensamentos sobre a Divina Vontade continuava em minha mente, e
meu Celestial Jesus adicionou:

(4) “Filha bendita, minha Vontade produz a luz na alma, a luz gera o conhecimento, luz e
conhecimento se amam e se geram ao amor. Assim que reina minha Vontade Suprema reina a
Trindade Sacrossanta em ato. Nossa Divindade adorável é levada por natureza, em modo
irresistível, sem jamais cessar, a gerar continuamente, e o primeiro ato gerador o fazemos em Nós
mesmos. O Pai me gera continuamente, e Eu, seu Filho, sinto-me gerado continuamente n’Ele, o
Pai Celestial me gera e me ama, Eu sou gerado e o amo, e de um e outro procede o amor. Neste
ato generativo que não cessa jamais, encerram-se todos nossos conhecimentos admiráveis,
nossos segredos, nossas felicidades, os tempos, nossas disposições, nossa potência e sabedoria,
tudo quanto a eternidade encerra, em apenas um ato gerador que forma todo o conjunto do nosso
Ser Divino. Por isso, este nosso amor recíproco que forma a Terceira Pessoa de nosso Ente
Supremo, inseparável de Nós, parece que não se contenta com nosso ato gerador em Nós, mas
quer gerar fora de Nós mesmos, nas almas, e eis que a tarefa a confiamos a nossa Vontade
animada por nosso amor, que desça nas almas e vá formar com sua luz nossa geração divina, mas
isto pode fazer em quem vive em nosso Querer, fora dele não há lugar para formar nossa Vida
Divina, nossa palavra não encontraria o ouvido para fazer-se ouvir, e faltando nossos
conhecimentos, o amor não encontraria a substância para gerar, e aqui a nossa Trindade
Santíssima desordenada na criatura. Por isso só nossa Vontade é a que pode formar nossa
geração divina, por isso seja atenta a escutar o que te quer dizer esta luz, para dar o campo a seu
ato gerador”.

32-3
Março 26, 1933
A pequenez na Vontade Divina. Como as obras maiores, Deus as faz gratuitamente.
Exemplo: a Criação e Redenção, assim o reino da Divina Vontade. Na Encarnação os Céus se abaixam.

(1) Sinto-me como assediada, investida pela luz do Eterno Querer, minha pequenez é tanta, que
temendo de mim mesma não faço outra coisa que me esconder sempre mais nesta doce morada.
Oh! como desejaria destruir esta minha pequenez, a fim de não sentir outra coisa que o Querer
Divino, mas compreendo que não o posso, nem Jesus quer que seja de todo destruída, senão que
a quer pequena, mas viva, para poder operar dentro de um querer vivo, não morto, para poder ter
seu pequeno campinho de ação em minha pequenez, a qual sendo pequena, incapaz, débil, com
razão deve prestar-se a receber o grande agir do Fiat Divino. Agora, nesta morada às vezes tudo é
silêncio, pacífico, com uma serenidade que nem sequer um sopro de vento se sente, outras vezes
sopra um leve ventinho que refresca e fortifica, e o Celestial Habitante Jesus se move, se deixa
ver, e com todo amor fala de sua morada e do que fez e faz seu amável e adorável Querer.
Enquanto estava nisto, a minha amada Vida fazendo-se ver me disse:

(2) “Minha pequena filha da minha Vontade, tu deves saber que a pequenez da criatura nos serve
como espaço onde poder formar nossas obras, nos serve como o nada da Criação, e porque é
nada, chamamos a vida dentro dela nossas obras mais belas; queremos que esta pequenez esteja
vazia de tudo o que a Nós não pertence, mas viva, a fim de que sinta quanto a amamos, e sinta a
vida das obras de nossa Vontade que desenvolve nela, por isso deve contentar-se em ficar viva
sem que você seja a dona, porque este é o grande sacrifício e heroísmo de quem vive de Vontade
Divina, sentir-se viva para sofrer o domínio divino, a fim de que faça o que quer, como quer, quanto
quer, este é o sacrifício dos sacrifícios, o heroísmo dos heroísmos. Parece-te pouco sentir a vida do
próprio querer para servir-se não a si mesmo, como se não tivesse direitos, perder a própria
liberdade voluntariamente para que sirva a minha Vontade, dando-lhe seus justos direitos?”

(3) Jesus fez silêncio, e depois, como se lesse em minha alma certas dúvidas passadas minhas
acerca da Divina Vontade, acrescentou:

(4) “Minha filha, as maiores obras feitas por nosso Ente Supremo, todas foram feitas gratuitamente,
sem levar em conta se as criaturas as mereciam ou nos sugeriam; se puséssemos atenção a isto
nos conviria atar os braços e não fazer mais obras, porque as criaturas ingratas não nos
glorificariam; e ficarmos sem sequer ter o bem de nos fazer glorificar e louvar pelas nossas próprias
obras, ah não, não! uma só obra nossa nos glorifica mais que todas as obras unidas de todas as
gerações humanas, um ato cumprido de nossa Vontade enche Céu e terra, e com sua virtude e
potência regenerativa e comunicativa nos regenera tanta glória que não termina jamais, e que as
criaturas apenas as gotinhas lhes é dado compreender. Com efeito, que mérito tinha o homem
quando criamos o céu, o sol, e todo o resto? Ele não existia ainda, nada nos podia dizer, assim que
a Criação foi uma obra grande, de magnificência maravilhosa, toda gratuita de Deus.

(5) E a Redenção, acha que o homem a mereceu? De maneira nenhuma, foi toda gratuita, e se nos
rogou foi porque Nós lhe fizemos a promessa do futuro Redentor, e não foi ele o primeiro a nos
dizer, senão Nós, era nosso decreto todo gratuito que o Verbo tomasse carne humana, e foi
cumprido quando o pecado, a ingratidão humana galopavam e enchiam toda a terra, e se alguma
coisa pareceu que faziam, eram apenas gotinhas que não seriam suficiente para merecer uma obra
tão grande, que dá no incrível, que um Deus se faça semelhante ao homem para colocá-lo a salvo,
e que por acréscimo o tinha ofendido tanto.

(6) Agora, a grande obra de fazer conhecer minha Vontade, a fim de que reine no meio das
criaturas, será uma obra nossa toda gratuita; e aqui está o engano, que creem que haverá mérito e
a parte das criaturas, ah! sim, estará, como as gotinhas dos hebreus quando vim redimi-los, mas a
criatura é sempre criatura, por isso nossa parte será toda gratuita, que abundando-a de luz, de
graça, de amor, a atropelaremos de modo que sentirá uma força jamais sentida, amor jamais
provado, sentirá mais viva nossa Vida palpitante em sua alma, tanto, que lhe será doce fazer
dominar a nossa Vontade. Esta nossa Vida existe ainda na alma, foi-lhe dada por Nós desde o
princípio de sua criação, mas está tão reprimida e escondida, que está como se não a tivesse, está
como o fogo sob as cinzas, que coberto e como esmagado sob elas não faz sentir o benefício da
vida de seu calor, mas suponha que um vento forte afasta as cinzas do fogo, e este faz ver e sentir
sua vida; assim o vento forte da luz de meu Fiat porá em fuga os males, as paixões, que como
cinzas escondem a Vida Divina nelas, e sentindo-a viva terão vergonha de não fazer dominar a
nossa Vontade. Minha filha, o tempo dirá tudo, e os que não acreditam ficarão confusos”.

(7) Depois disto seguia a Divina Vontade na Encarnação do Verbo, para fazer correr meu amor,
minha adoração e agradecimento neste ato tão solene e cheio de ternura e de amor excessivo que,
Céu e terra são sacudidos e ficam mudos, não encontrando palavras dignas para louvar um
excesso de amor tão surpreendente, e meu doce Jesus com uma ternura que me faz partir o
coração me disse:
(8) “Filha amadíssima, em minha Encarnação foi tanto o amor, que os Céus se abaixaram e a terra
se elevou; se os Céus não se abaixavam, a terra não tinha virtude de elevar-se, foi o Céu de nosso
Ente Supremo que levado por um excesso de amor, o maior já ouvido, se abaixou, beijou a terra
elevando-a a Si, e formou-se as vestes de minha Humanidade para cobrir-se, ocultar-se, identificar-
se, unindo-se juntos para fazer vida comum com ela; e formando não um só excesso de amor,
senão uma cadeia de contínuos excessos, restringia a minha imensidão no pequeno cerco da
minha humanidade, para Mim a potência, a imensidão, a força, eram natureza, e usá-las não me
teria custado nada, o que me custou foi que na minha Humanidade devia restringir a minha
imensidão e ficar como se não tivesse nem potência, nem força, enquanto estavam comigo e
inseparáveis de Mim, e devia adaptar-me aos pequenos atos de minha Humanidade, e só por
amor, não porque não podia, assim que descendo em todos os atos humanos para elevá-los e dar-
lhes a forma e a ordem divina. O homem com fazer sua vontade destruiu em si o modo e a ordem
divina, e minha Divindade coberta por minha Humanidade veio a refazer o que ele tinha destruído;
pode-se dar amor maior para uma criatura tão ingrata?”

33-3
Dezembro 10, 1933

A primeira palavra que Adão pronunciou. Qual foi a primeira lição que Deus lhe deu. A Divina Vontade operante no homem.

(1) Sou sempre a pequena ignorante do Ser Supremo, e quando o Querer Divino me submerge em
seus mares, vejo que apenas as vogais, se acaso, conheço de sua Majestade adorável, é tanta
minha pequenez que apenas algumas gotas sei tomar de tanto que possui o Criador. Então,
girando nas obras do Fiat Divino, detive-me no Éden, onde me fez presente a criação do homem e
pensava para mim: “Qual terá sido a primeira palavra que Adão disse quando foi criado por Deus”.
E meu Sumo Bem Jesus, visitando-me com sua breve visita, com toda bondade, como se Ele
mesmo quisesse me dizer me disse:

(2) “Minha filha, também Eu sinto o desejo de te dizer qual foi a primeira palavra pronunciada pelos
lábios da primeira criatura criada por Nós. Tu deves saber que assim que Adão sentiu a vida, o
movimento, a razão, viu o seu Deus diante dele, compreendeu que Ele o tinha formado, sentia em
si, em todo o seu ser ainda frescas as impressões, o toque de suas mãos criadoras, e agradecido,
num ímpeto de amor pronunciou sua primeira palavra: ‘Te amo Deus meu, Pai meu, autor da minha
vida’. Mas não foi só a palavra, mas a respiração, o batimento, as gotas de seu sangue que corriam
por suas veias, o movimento, todo seu ser unido, a coro disseram: ‘Te amo, te amo, te amo’.
Assim, a primeira lição que aprendeu do seu Criador, a primeira palavra que aprendeu a dizer, o
primeiro pensamento que teve vida em sua mente, a primeira batida que formou em seu coração,
foi: ‘Te amo, te amo’. Ele se sentiu amado e amou. Poderia dizer que seu te amo não terminava
jamais, foi tão prolongado que só foi interrompido quando teve a infelicidade de cair em pecado.
Por isso nossa Divindade sentiu-se ferida ao ouvir sobre os lábios do homem, te amo, te amo, era
a mesma palavra que Nós havíamos criado no órgão de sua voz que nos dizia: ‘Te amo’. Era nosso
amor, criado por Nós na criatura que nos dizia te amo, como não ficar ferido, como não
corresponder com um amor mais abundante, mais forte, digno de nossa magnificência?
Assim que o ouvimos dizer te amo, assim Nós lhe repetimos ‘te amo’, mas em nosso ‘te amo’ fizemos correr
em todo seu ser a Vida que age de nossa Divina Vontade, assim que encerramos no homem, como
dentro de nosso templo, nossa Vontade, para que encerrada no círculo humano, enquanto
permanecia em Nós, operasse coisas grandes e fora Ela o pensamento, a palavra, o batimento, a
passagem, a obra do homem; o nosso amor não podia dar coisa mais santa, mais bela, mais
potente, que pudesse formar a Vida do Criador na criatura, que a nossa Vontade que age nele, e
oh! como nos era agradável ver que nossa Vontade tinha seu posto de atuação, e o querer humano
deslumbrado por sua luz gozava seu paraíso, e dando-lhe plena liberdade o fazia fazer o que
queria, dando-lhe o primado em tudo, e o posto de honra que a um Querer tão Santo convinha. Vê
então como o princípio da vida de Adão foi um ato pleno de amor a Deus de todo seu ser, que
lições sublimes, como o princípio do amor devia correr em tudo feito pela criatura.

A primeira lição que recebeu do nosso Ser Supremo na correspondência do seu ‘te amo’, foi que enquanto a amava
ternamente respondendo-lhe ‘te amo’, dava-lhe a primeira lição sobre a nossa Divina Vontade, e
enquanto o instruía lhe comunicava a Vida d’Ela e a ciência infusa do que significava nosso Fiat
Divino, e cada vez que nos dizia ‘te amo’, nosso amor preparava-lhe outras lições mais belas sobre
nosso Querer; ele ficava arrebatado e Nós nos deleitávamos em conversar com ele, e fazíamos
correr sobre ele rios de amor e de alegrias contínuas, assim que a vida humana era encerrada por
Nós no amor e em nossa Vontade. Por isso minha filha, não há dor maior para Nós que ver nosso
amor como destroçado na criatura e nossa Vontade impedida, sufocada, sem sua Vida constante e
como submetida ao humano querer. Por isso seja atenta e em todas as coisas tenha por princípio o
amor e minha Divina Vontade”.

34-3
Dezembro 15, 1935

O verdadeiro amor quer fazer-se conhecer, expande-se, corre e voa em busca de quem ama,
porque sente a necessidade de ser amado. Poder do ato criador que é recebido quando se gira na Criação.

(1) Minha pobre mente é sempre transportada no mar da Divina Vontade, a qual me faz presente e
tem como em ato tudo o que tem feito por amor das criaturas, e suspira que elas reconheçam o
que tem feito, quanto nos amou, e nos espera em seus atos para dizer: “Façamos juntos, não me
deixe operar sozinha, a fim de que o que Eu fiz, o faça você, e assim poderemos dizer, com igual
amor nos amamos”. Como é belo poder dizer uns aos outros: “Você me amou e eu te amei”. É a
recompensa das obras maiores e dos sacrifícios mais dolorosos.

(2) Depois minha mente girava na Criação, naquele ato quando o Fiat Onipotente pronunciando-se
criava e estendia o céu azul, e meu eterno amor para ter-me junto com Ele neste ato, e meu doce
Jesus, fazia festa porque tinha sua companhia, e parando me disse:

(3) “Minha filha boa, amar e não fazer-se conhecer é contra a natureza do verdadeiro amor, porque
o verdadeiro amor por si mesmo se expande e corre, voa em busca de quem ama, e só se detém
quando a encontrando a prende, a esconde em seu amor, e transformando-a nas suas próprias
chamas quer encontrar o seu mesmo amor nela, as suas próprias obras feitas por quem ama por
amor d’Ele. E como a criatura jamais pode fazer o que fazemos Nós por ela, nosso Amor para
conseguir o que quer chama a criatura a Si, a esconde em seu mesmo amor e fá-la trabalhar
juntamente com o nosso ato criador e conservante, e assim na realidade a criatura pode dizer:
‘Amei-te, o que Tu fizeste por mim, eu fiz por Ti’.

E Nós nos sentimos em realidade amados por ela com nosso Amor e com nossas mesmas obras.
Você deve saber que quando a criatura se eleva com sua vontade na nossa nas coisas criadas por Nós,
nossa Entidade Suprema renova sobre ela o ato criador, e oh! as maravilhas que fazemos de graças,
de santidade, de céu, de sóis em sua
alma, nosso ato deleita-se em repetir-se, e quando ela gira nas coisas criadas, nosso amor quer
fazer-se conhecer, quer que sinta quanto a ama, e repete sobre ela o nosso ato criador que não
está jamais sujeito a cessar, de modo que sente todo o ímpeto de nosso amor, a potência de
nossas obras, e presa de estupor nos ama com nossa força criadora que infundimos nela; e oh!
nosso contentamento por nos vermos conhecidos e amados por quem tanto amamos. Por isso
criamos tantas coisas, porque esperávamos a criatura para fazer conhecer quanto a amamos, e
para dar a ela em cada coisa criada o potencial de nosso amor para nos fazer amar; o amor
quando não é conhecido se torna infeliz, e quando não é amado por quem ama sente perder a
vida, impedido, romper os passos, e pôr no esquecimento suas obras mais belas.

Mas quando é conhecido e amado, sua vida se multiplica, e eis nosso ato criador sobre a criatura para ser amada
como Nós a amamos, nossos passos são livres, mas bem voam para tomar a amada criatura,
estreitá-la a nosso seio para amá-la e fazer-nos amar, nosso amor sente a felicidade do amor que
ela lhe leva. Por isso não há honra maior que nos possa dar do que vir em nossa Divina Vontade,
Nós assim que a vemos vir colocamos à sua disposição toda a Criação, porque é sua, para ela foi
feita, e conforme gira em cada coisa criada encontra nossa potência criadora, que ao investi-la
comunica o nosso amor que cada uma possui, e nos possa amar com a nossa força criadora, que
é fonte, e nos possa amar como queira e quanto queira, e assim o amor do Criador e da criatura se
dão o beijo, um se repousa no outro e ambos sentem o contentamento de amar-se
verdadeiramente. Oh! como é bela a companhia de quem nos ama, é tanto nossa alegria, que
nosso amor surge e inventa outras obras mais belas, outras indústrias amorosas para amar e fazer-
nos amar”.

35-3
Agosto 15, 1937
Império que possuem os atos feitos na Divina Vontade. Deus é cabeça dos atos de quem vive n’Ela.

(1) Meu voo continua no Querer Divino, suas surpresas são sempre novas, investidas de tal amor,
que fica um envolto e com a alma transbordante de alegria, e se quisesse estar escondida n‟Ele
sem jamais sair. Oh! Vontade adorável, como gostaria que todos te conhecessem, te amassem, te
fizessem reinar e se fizessem tomar em tua rede de amor. Mas enquanto isso pensava, meu doce
Jesus visitando minha pequena alma, todo bondade me disse:

(2) “Pequena filha de meu Querer, as surpresas, as novidades, os segredos, os atrativos que meu
Querer possui são sem número, e quem entra n‟Ele fica renovado, magnetizado, tanto, que não
pode nem quer sair d‟Ele, sente seu império divino que o investe, o bálsamo celestial que mudando
sua natureza o faz ressurgir a nova vida. Agora, tu deves saber que minha Divina Vontade dá tal
império à criatura que vive n‟Ela, que conforme faz seus pequenos atos, sente seu império: se
ama, sente o império de seu amor; se fala, sente sua força criadora; se age, sente o império, a
virtude de suas obras que se amontoam ao redor das suas, e dando-lhe seu mesmo império a
levam a cada coração para fazê-la imperar e dominar sobre cada um. Meu Querer sente seu
império no ato da criatura e se sente obrigado a ceder o que a criatura quer naquele ato: Se quer
amar, com seu ato nos faz amar e nos faz dar amor; se quer que nossa Vontade reine, com seu
império nos faz chegar a pedir às almas que a recebam. Um ato feito em nosso Querer não se
detém, nos diz: „Sou ato teu, deves dar-me o que quero’. Pode-se dizer que toma em um punho
nossa potência, a duplica, a multiplica, e imperante não pede mas toma o que seu ato quer, muito
mais que em nosso Querer, Nós mesmos não queremos que haja atos diferentes dos nossos, por
isso somos Nós mesmos os que nos fazemos imperar e dominar”.

(3) Jesus fez silêncio, e eu não sei nem sequer dizer o que sentia, minha mente estava tão
magnetizada por suas palavras e investida por seu império, que queria pôr a vida para que todos
conhecessem a Divina Vontade. E meu amado Jesus, retomando seu dizer me disse:

(4) “Minha filha, não há nada de que se maravilhar, o que te digo é a pura verdade, minha Vontade
é tudo e pode tudo, e não pôr em nossas condições quem vive n‟Ela não é de nosso Ser Supremo,
ao mais se pode ver que em Nós é natureza, e para quem vive n‟Ela é graça, participação,
desabafo do nosso amor, Vontade nossa que quer que assim seja a criatura. Por isso queremos
que viva em nosso Querer, para fazer que seus atos e os nossos estejam fundidos juntos e soem
com um mesmo som, tenham um mesmo valor, um só amor. Resistir a um ato nosso nem podemos
nem queremos, é mais, você deve saber que viver em nosso Querer é unidade, tanto, que se a
criatura ama, Deus está à cabeça de seu amor, assim que o amor de um e da outra é um só; se
pensa, Deus está à cabeça de seu pensamento; se fala, Deus é princípio de sua palavra; se a
criatura trabalha, Deus é o primeiro ator e obrador de suas obras; se caminha, põe-se à cabeça de
seus passos.

Por isso viver em minha Vontade não é outra coisa que a vida da criatura em Deus, e
a de Deus nela; deixar separada de nosso amor, de nossa potência, de nossos atos a quem vive
em nosso Querer, nos resulta impossível, se uma é a Vontade todo o resto vai junto, unidade de
amor, de obras e de tudo. É por isso que viver em nosso Fiat Divino é o prodígio dos maiores
prodígios, jamais visto nem ouvido, é nosso amor exuberante, que não podendo conter-lhe
queríamos fazer este prodígio que só um Deus podia fazer na criatura, mas que ingrata não
aceitou, mas Nós não mudamos Vontade, e apesar de termos sido combatidos e de que nosso
amor foi reprimido de tal forma que nos faz sentir espasmos, usaremos tais excessos de amor, tais
indústrias e estratagemas, que conseguiremos nossa tentativa, que uma seja nossa Vontade com a
da criatura”.

36-3
Abril 20, 1938

Como o “tenho sede” de Jesus na cruz, continua ainda a gritar a cada coração: “Tenho
sede”. A verdadeira ressurreição está em ressurgir no Querer Divino. A quem vive n’Ele nada é negado.

(1) Meu voo continua no Querer Divino, e sinto a necessidade de fazer meu tudo o que tem feito,
pôr nisso meu pequeno amor, meus beijos afetuosos, minhas adorações profundas, meu obrigado
por tudo o que tem feito e sofrido por mim e por todos, e tendo chegado ao momento em que o
meu amado Jesus foi crucificado e levantado na cruz entre espasmos atrozes e penas inéditas,
com sotaque terno e lastimoso, tanto que me sentia partir o coração, disse-me:

(2) “Minha filha boa, a pena que mais me transpassou sobre a cruz foi minha sede ardente, me
sentia queimado vivo, todos os humores vitais tinham saído por minhas chagas, que como tantas
bocas queimavam e sentiam uma sede ardente que queriam apagar, tanto, que não podendo me
conter gritei: ‘Sede’. Esta ‘sede’ permanece sempre no ato de dizer: ‘Tenho sede’. Não termino
jamais de dizê-lo, com minhas chagas abertas e com minha boca queimada digo sempre: ‘Eu ardo,
tenho sede, ah! Dá-me uma gota do teu amor para dar um pequeno refresco à minha sede
ardente’. Portanto, em tudo o que a criatura faz, eu repito-lhe sempre com a minha boca aberta e
queimada pela sede: ‘Dá-me de beber, tenho sede ardente’. E como minha Humanidade deslocada
e chagada tinha um só grito: ‘Tenho sede’, por isso, conforme a criatura caminha, Eu grito a seus
passos com minha boca ardida:

‘Me dê seus passos feitos por meu amor para acalmar minha
sede’; se age, peço-lhe suas obras feitas só por meu amor para refresco de minha sede ardente; se
fala, peço-lhe suas palavras; se pensa, peço-lhe seus pensamentos como tantas gotinhas de amor
para aliviar a minha sede ardente. Não era somente minha boca que se queimava, mas toda minha
Santíssima Humanidade sentia a extrema necessidade de um banho de refresco ao fogo ardente
de amor que me queimava, e como era pela criatura que Eu queimava em meio de penas
dilacerantes, por isso somente elas podiam, com o seu amor, extinguir a minha sede ardente e dar
o banho de refresco à minha Humanidade. Agora, este grito: ‘Sede’, deixei-o em minha Vontade, e
Ela tomava o empenho de fazê-lo ouvir a cada instante nos ouvidos das criaturas, para movê-las a
compaixão de minha sede ardente, para dar-lhes meu banho de amor e receber seu banho de
amor, ainda que sejam pequenas gotinhas, como alívio da minha sede que me devora, mas quem
me escuta? Quem tem compaixão de mim? Só quem vive em minha Vontade, todos os demais se
fazem surdos e aumentam com sua ingratidão minha sede, o que me deixa intranquilo, sem
esperança de alívio. E não só o meu ‘sede’, mas tudo o que fiz e disse o deixei em minha Vontade;
estou sempre em ato de dizer à minha Mãe sofredora: ‘Mãe, eis seus filhos’. E a coloco a seu lado
como ajuda, por guia, para fazê-la amar por filhos, e Ela a cada instante se sente pondo por seu
Filho ao lado de seus filhos, e oh, como os ama como Mamãe, e lhes dá sua Maternidade para me
fazer amar por eles como Ela me ama! E não só isto, mas também ao dar sua Maternidade põe o
amor perfeito entre as criaturas, a fim de que se amem entre elas com amor materno, que é amor
de sacrifício, de desinteresse e constante. Mas quem recebe todo este bem? Que vive no nosso
Fiat. Esta criatura sente a Maternidade da Rainha; Ela, pode-se dizer que põe o seu coração
materno na boca dos seus filhos para que suguem e recebam a Maternidade do seu amor, as suas
doçuras e todos os seus dotes, das quais está enriquecido o seu materno coração.

(3) Minha filha, quem quiser nos encontrar, quem quiser receber todos nossos bens e a minha
própria Mãe, deve entrar em nossa Vontade e deve permanecer dentro, Ela não só nos é Vida,
mas também forma em torno de Nós com sua imensidão, nossa sala, na qual mantém todos os
nossos atos, palavras e tudo o que somos, sempre em ação. Nossas coisas não saem de nossa
Vontade, quem as queira se deve contentar em fazer vida junto com Ela, e então tudo é seu, nada
lhe é negado; enquanto que se queremos dar-lhe e não vive em nosso Querer, não as apreciará,
não as amará, não se sentirá com o direito de fazê-las suas, e quando as coisas não se tornam
próprias, o amor não surge e morre”.

(4) Depois disto continuava meu giro em tudo o que fez Nosso Senhor sobre a terra, e detive-me
no ato da Ressurreição. Que triunfo, que glória! O Céu se derramou sobre a terra para ser
espectador de uma glória tão grande. E o meu amado Jesus regressou e disse-me:

(5) “Minha filha, na minha Ressurreição foi constituído o direito a todas as criaturas de ressurgir em
Mim para uma nova vida, foi a confirmação, o selo de toda a minha Vida, das minhas obras, das
minhas palavras, e confirmação de que se vim à terra foi para dar-me a todos e a cada um como
Vida que lhes pertencia. Minha Ressurreição era o triunfo de todos e a nova conquista que todos
faziam d’Aquele que tinha morrido por todos, para lhes dar vida e fazê-los ressurgir em minha
mesma Ressurreição. Mas queres saber onde consiste a verdadeira ressurreição da criatura? Não
no final dos dias, mas enquanto ainda vive na terra; quem vive na minha Vontade ressurge à luz e
pode dizer: ‘Minha noite acabou’; ressurge no amor do seu Criador, de modo que não existe mais
para ela o frio, as neves, mas sente o sorriso da primavera celestial; ressurge à santidade, a qual
põe em precipitosa fuga às fraquezas, às misérias, às paixões; ressurge a tudo o que é Céu, e se
olha a terra, o céu, o sol, olha-os para encontrar as obras do seu Criador, para ter ocasião de lhe
contar sua glória e sua longa história de amor. Por isso quem vive em meu Querer, pode dizer
como disse o anjo às piedosas mulheres quando foram ao sepulcro:

‘Ressuscitou, não está mais aqui’, e diz: ‘Minha vontade não está mais comigo, ressuscitou no Fiat’. E se as circunstâncias da
vida, as ocasiões, as penas, circundam a criatura como buscando sua vontade, ela pode
responder: ‘Minha vontade ressuscitou, não a tenho mais em meu poder, em substituição tenho à
Divina Vontade e com sua luz quero investir tudo o que me circunda: Circunstâncias, penas, para
formar nelas tantas conquistas divinas’. Quem vive em nosso Querer encontra a vida nos atos de
seu Jesus, e corre sempre nela nossa Vontade trabalhadora, conquistante e triunfante, e nos dá tal
glória que o Céu não pode contê-la. Por isso vive sempre em nosso Querer, não saia jamais d’Ele
se quiser ser nosso triunfo e nossa glória”.

 

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