LIVRO DO CÉU VOLUME 2-22
12 de Maio de 1899
22 – A Caridade perfeita tem a única intenção de agradar a Jesus e comunica a Luísa a sua doçura e amargura.
Esta manhã, meu adorável Jesus, continuando a fazer-Se ver afligido, transportou-me para fora de mim mesma e me fazia ver as ofensas que recebia, e eu comecei a pedir de novo que derramasse em mim suas amarguras. Jesus no princípio não me ouvia e só me disse: “Minha filha, a caridade só é perfeita quando é feita com o único fim de me agradar, e então é verdadeira e é reconhecida por Mim quando está despojada de tudo”.
Eu, tomando ocasião de suas mesmas palavras, lhe disse: “Amado Jesus meu, é precisamente por isso que quero que Tu derrames em mim tuas amarguras, para poder aliviar-te em tantas penas, e se te peço que poupes também as criaturas, é porque recordo bem que em outras ocasiões, depois de as haver castigado, ao vê-las sofrer tanto a pobreza e outras coisas, também muito sofreste. Mas quando eu estive atenta e te pedindo e importunado até te cansares que derramasses em mim tuas amarguras — tanto que te agradavas em derramar em mim, livrando-as a elas — depois Tu ficaste muito contente, não te lembras? Além disso, não são as tuas imagens?
Jesus, vendo-se convencido, disse-me: “Por ti é necessário contentar-te. Aproxima-te e bebe do meu lado”.
Assim fiz, aproximei-me para beber de seu lado, mas em vez de sair a amargura, sorvia um sangue dulcíssimo, que toda me embriagava de amor e de doçura; sim, por isso estava contente, mas não era esta minha intenção, por isso dirigindo-me a Ele disse-lhe: “Querido Bem meu, o que faz? Não é amargo o que me dás, mas doce. Ah, rogo-te, derrama Tu em mim tuas amarguras!”.
E Jesus olhando-me benignamente, disse-me:
“Continua a beber, que depois virá o amargo”.
Assim, pondo-me de novo ao seu lado, depois de ter continuado a sair o doce, saiu também o amargo. Mas quem pode dizer a intensidade da amargura?
Depois que me fartei de beber, me retirei. E vendo em sua cabeça a coroa de espinhos, a tirei e pus em minha cabeça, e Jesus parecia todo condescendente, enquanto em outras ocasiões não havia permitido isto. Como era bonito ver Jesus depois que derramou suas amarguras! Parecia quase desarmado, sem força, mas todo manso, como um humilde cordeirinho, todo condescendente. Eu adverti que a hora era muito tardia, e como o confessor tinha vindo cedo esta manhã para me chamar à obediência, não é porque ante a obediência Jesus me deixava livre, por isso voltei-me para Ele e lhe disse: “Jesus dulcíssimo, não permitas que eu sirva de incômodo à família e de incômodo ao confessor por fazê-lo vir de novo. Ah, te peço, faz-me voltar a mim mesma. E Jesus me disse: “Minha filha, não te quero deixar neste dia”. E eu: “Nem eu tenho coração para te deixar, mas só por um pouquinho, para fazer ver a família que estou em mim mesma e depois voltaremos a estar juntos”.
Assim, depois de um longo debate, dando-nos um adeus recíproco, me deixou um pouco. Era exatamente a hora do almoço e a família vinha me chamar, e se bem me sentia em mim mesma, mas me sentia toda cheia de sofrimento, a cabeça não a aguentava. Aquela bebida amarga e doce do lado de Jesus me dava tal saciedade e sofrimento ao mesmo tempo, que me era impossível poder tomar alguma outra coisa. A palavra dada a Jesus me fez ficar no limite; assim, com o pretexto de quem e doía a cabeça, disse à família: “Deixai-me só, que não quero nada”. E assim fiquei livre de novo e em seguida comecei a chamar o doce Jesus, e Ele sempre benigno voltou; mas quem pode dizer o que passei hoje, quantas graças Jesus fez à minha alma, quantas coisas me fez entender? É impossível poder expressá-lo com palavras. Assim, depois de um longo tempo, Jesus para acalmar meus sofrimentos, de sua boca verteu um leite doce e depois à noite me deixou dando-me sua palavra de que logo voltaria, e assim encontrei-me de novo em mim mesma, mas um pouco mais livre de sofrimentos.
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