LIVRO DO CEU VOLUME 1 – 12
Depois dessas coisas, um dia, após a Comunhão, sentia-O
todo amoroso em mim, e que me amava tanto, que ficava
maravilhada, porque me via tão má, e sem corresponder, e
dizia dentro de mim: “Ao menos fora boa e lhe correspondera, ainda
tenho medo de que me deixe” (esse medo de me deixar sempre tive
e ainda tenho, e às vezes é tanta a dor que sinto, que acho que
a pena de morte seria menor, e se Ele próprio não vier a me
acalmar, não sei como me dar paz11); entretanto, Ele quer
estreitar-se mais intimamente a mim.
E enquanto O sentia dentro de mim, com uma voz interna
me disse: “Minha amada, as coisas passadas foram apenas
uma preparação. Agora eu quero chegar aos fatos, e para
dispor teu coração para fazer o que eu quero de ti, isto é, a
imitação da minha Vida; quero que entres no imenso mar da
minha paixão, e quando tiveres compreendido bem a
amargura das minhas penas, o amor com que as sofri, quem
sou Eu que tanto sofri, e quem és tu, criatura vil, ah, teu
coração não se atreverá a opor-se aos golpes, à cruz, que Eu
preparei somente para o teu bem; mas sim, apenas pensando
que Eu, Teu Mestre, sofri tanto, tuas tristezas parecerão
sombras comparadas às minhas, o sofrimento será doce para
ti e serás incapaz de ficar sem algum sofrimento”.
Minha natureza tremia só de pensar no sofrimento. Pedi-Lhe
para dar-me força, porque sem Ele eu teria usado seus próprios
dons para ofender o doador. Então comecei a meditar na
Paixão, e isso fez tanto bem à minha alma, que acho que todo o
bem chegou a mim dessa fonte. Via a paixão de Jesus Cristo
como um imenso mar de luz, que com seus inúmeros raios me
feriam muito, isto é, raios de paciência, de humildade, de
obediência e de tantas outras virtudes; eu me vi toda cercada
por essa luz e fui aniquilada me vendo tão diferente d’Ele.
Aqueles raios que me inundaram eram para mim muitas outras
censuras que me diziam: “Um Deus paciente, e tu? Um Deus
humilde e submetido até aos seus próprios inimigos, e tu?
Um Deus que sofre tanto por teu amor e teus sofrimentos por
seu amor, onde estão eles?”
Às vezes, Ele mesmo me narrava as penas sofridas, e eu
ficava tão comovida que chorava amargamente.
Um dia, enquanto trabalhava, estava considerando as penas
muito amargas que meu bom Jesus sofreu. Porém, meu coração
se sentiu tão oprimido pela dor, que me faltava a respiração;
temendo algo, eu queria me distrair inclinando-me para a
varanda. Começo a olhar no meio da rua, mas o que vejo? Vejo
a rua cheia de gente e, no meio, meu amado Jesus com a cruz
nos ombros; um o puxava de um lado e outro alguém por outro,
todo ofegante, com o rosto gotejando sangue, e levantando os
olhos em minha direção, numa atitude de me pedir ajuda.
Quem pode contar a dor que senti, a impressão que uma
cena tão lamentável causou em minha alma? Entrei
rapidamente em meu quarto, eu mesma não sabia onde estava,
sentia meu coração rasgar em pedaços por causa da dor, e
chorando lhe dizia: “Meu Jesus, se ao menos eu pudesse ajudar-te,
pudesse libertar-te daqueles lobos furiosos! Ai! Eu gostaria ao menos
de sofrer essas penas em teu lugar, para aliviar minha dor”. Ah, meu
bem, dá-me sofrimento, porque não é justo que Tu sofras tanto, e eu,
pecadora, fique sem sofrer”12.
Desde então, recordo, que se incendiou em mim tanto desejo
de sofrer que não se apagou até agora. Também me lembro que,
depois da Comunhão, pedia-Lhe ardentemente para me
conceder sofrimento, e Ele, às vezes, para me contentar,
parecia-me que tomava os espinhos da sua coroa e cravava-os
no meu coração; outras vezes, sentia que tomava meu coração
entre suas mãos, e o estreitava tão forte que pela dor que eu
sentia perdia os sentidos. Quando Lhe avisava que as pessoas
poderiam perceber algo, e Ele estava disposto a me dar essas
penas, eu logo lhe dizia: “Senhor, o que Tu estás fazendo? Peço que
me dês sofrimento, mas que ninguém perceba”. Assim, por algum
tempo, ele me contentou13, mas meus pecados me tornaram
indigna de sofrer secretamente, sem que ninguém o soubesse.
LIVRO DO CEU VOLUME 1 -12 – Jesus quer se apaixonar pela alma que sofre por amor a Ele: por isso a leva a mergulhar no mar sem limites de sua Paixão. A primeira visão de Jesus.
LIVRO DO CEU VOLUME 1 -12 – Jesus quer se apaixonar pela alma que sofre por amor a Ele: por isso a leva a mergulhar no mar sem limites de sua Paixão. A primeira visão de Jesus.
Tags: a cruz, a imitação da minha Vida; quero que entres no imenso mar da minha paixão, ah, ainda tenho medo de que me deixe” (esse medo de me deixar sempre tive e ainda tenho, apenas pensando que Eu, após a Comunhão, as coisas passadas foram apenas uma preparação. Agora eu quero chegar aos fatos, com uma voz interna me disse: “Minha amada, criatura vil, de humildade, e às vezes é tanta a dor que sinto, e dizia dentro de mim: “Ao menos fora boa e lhe correspondera, e isso fez tanto bem à minha alma, e para dispor teu coração para fazer o que eu quero de ti, e quando tiveres compreendido bem a amargura das minhas penas, e que me amava tanto, e quem és tu, e se Ele próprio não vier a me acalmar, e sem corresponder, Ele quer estreitar-se mais intimamente a mim. E enquanto O sentia dentro de mim, isto é, LIVRO DO CEU VOLUME 1 -12 Depois dessas coisas, não sei como me dar paz11); entretanto, o amor com que as sofri, o sofrimento será doce para ti e serás incapaz de ficar sem algum sofrimento”. Minha natureza tremia só de pensar no sofrimento. Pedi-Lhe para dar-me força, porque me via tão má, porque sem Ele eu teria usado seus próprios dons para ofender o doador. Então comecei a meditar na Paixão, que acho que a pena de morte seria menor, que acho que todo o bem chegou a mim dessa fonte. Via a paixão de Jesus Cristo como um imenso mar de luz, que com seus inúmeros raios me feriam muito, que Eu preparei somente para o teu bem; mas sim, que ficava maravilhada, quem sou Eu que tanto sofri, raios de paciência, sentia-O todo amoroso em mim, sofri tanto, teu coração não se atreverá a opor-se aos golpes, Teu Mestre, tuas tristezas parecerão sombras comparadas às minhas, um dia
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